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Regulação digital em prol da inovação

Regulação digital em prol da inovação | Inovação Educacional | Scoop.it
A dinâmica de poder global é representada por tecnologias emergentes que funcionam como infraestrutura de competitividade: Inteligência Artificial, semicondutores, redes ultrarrápidas, computação quântica, biotecnologia, dados e cibersegurança. Esses vetores determinam, cada vez mais, a posição dos países na disputa geoeconômica.

O Global AI Index da Tortoise (2024/2025) sintetiza esse movimento ao medir o compromisso e a capacidade de 83 países em desenvolver e aplicar IA. A liderança de Estados Unidos, China, Cingapura e Reino Unido indica onde o futuro está sendo construído, enquanto o Brasil, na 30ª posição, evidencia o tamanho do desafio competitivo que enfrentamos em termos de investimento, inovação, implementação, talento, infraestrutura, pesquisa e estratégia governamental.
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Curadoria por Luciano Sathler. CLIQUE NOS TÍTULOS. Informação que abre caminhos para a inovação educacional.
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September 10, 2024 9:19 AM
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Igualdade Artificial, um risco para a educação. Por Luciano Sathler

Igualdade Artificial, um risco para a educação. Por Luciano Sathler | Inovação Educacional | Scoop.it

O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa?
Luciano Sathler
É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais
As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática.
Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing.
O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais.
Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho.
A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados.
A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar.
No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes.
Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador".
Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante.
Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos.
Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano.
O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.

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December 10, 11:48 AM
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O estudante de hoje não cabe mais na universidade de ontem

O estudante de hoje não cabe mais na universidade de ontem | Inovação Educacional | Scoop.it

Poucas instituições atravessaram tantos séculos com tão poucas alterações essenciais quanto a universidade. Nascida no século 12, ela sobreviveu a impérios, guerras, pandemias e revoluções tecnológicas — mas permaneceu fiel ao mesmo desenho mental: conhecimento organizado de forma linear, hierárquica e relativamente lenta. Durante séculos, essa estabilidade foi uma força. Hoje, tornou-se um risco — não porque o passado deva ser descartado, mas porque já não responde sozinho à complexidade do presente.
O estudante contemporâneo chega à universidade vindo de um mundo que a própria universidade ainda não compreende plenamente. Um mundo de excesso informacional, estímulos incessantes e atenção fragmentada. Ele pensa rápido, sente rápido, sofre rápido. Cresceu em ecossistemas digitais que dissolvem fronteiras entre verdade e opinião, entre público e privado, entre atenção e dispersão. O gesto de deslizar o dedo na tela introduz uma “lógica do instantâneo” que molda a forma de interpretar o mundo. Para muitos, o celular tornou-se uma extensão corporal — uma prótese tecnológica que condiciona percepções, emoções e escolhas. Já a universidade opera noutra temporalidade: ritualizada e previsível, estruturada por currículos longos e rígidos, calendários imutáveis, ritos herdados de uma matriz eclesiástica e práticas expositivas concebidas para um tempo em que o professor era a única porta de acesso ao conhecimento.
Não estamos diante de um conflito geracional, mas de um desencontro civilizacional. A universidade funciona segundo o tempo longo da tradição; o estudante vive na velocidade da multiplicidade de vozes. A instituição pede profundidade — e tem razão ao fazê-lo —, mas oferece estruturas que dificultam essa profundidade. O estudante pede sentido — e tem o direito de pedi-lo —, mas encontra dispositivos que confundem rotina com relevância. Como observam Kim e Maloney (Learning Innovation and the Future of Higher Education, 2020), muitas instituições continuam a servir “o passado dos seus professores” quando deveriam preparar “o futuro dos seus aprendentes”.
O aluno de hoje vive entre a hiperconexão e a solidão cognitiva. Procura compreender a complexidade, mas depara-se com estruturas que tratam a dúvida como falha e a heterogeneidade como ameaça. No plano emocional, enfrenta níveis inéditos de ansiedade. No epistêmico, lida com a erosão da autoridade científica num mundo saturado de narrativas concorrentes. E no plano institucional, observa a perda de valor simbólico dos diplomas e a promessa — ilusória — de que a tecnologia resolverá aquilo que apenas a inteligência humana pode interpretar.
Por isso, a universidade também enfrenta vulnerabilidades próprias: pressão financeira, dependência de legitimidade externa e a tentação de substituir reflexão por adaptação acrítica ao “espírito do tempo”. Ensinar hoje não significa apenas transmitir conteúdos, mas ajudar os estudantes a discernir, avaliar e interpretar; cultivar a capacidade de decidir sob incerteza, compreender a ambiguidade, distinguir o essencial do acessório e agir com responsabilidade ética. A missão da universidade não é competir com o ruído do presente, mas oferecer uma linguagem diferente: a da análise, da evidência e da prudência. Não deve ser um centro de entretenimento cognitivo, mas uma comunidade de consciência crítica.
Nesse cenário, cresce a promessa de que plataformas alimentadas por inteligência artificial poderão “personalizar infinitamente” a aprendizagem. A ideia seduz: algoritmos que ajustam conteúdos ao ritmo de cada estudante. Mas confunde personalização com humanidade. Um algoritmo ajusta exercícios; não interpreta dúvidas, não acolhe inquietações, não desperta curiosidade, não oferece a presença ética que define o ato de ensinar. Como lembra Neil Selwyn (Should Robots Replace Teachers?, 2019), a tecnologia pode ampliar o alcance da educação, mas não substitui “a dimensão moral e relacional que sustenta qualquer aprendizagem significativa”.
Ao mesmo tempo, a expansão do ensino superior atingiu uma escala inédita. Milhares — às vezes centenas de milhares — de estudantes estão vinculados a instituições que funcionam como verdadeiros ecossistemas educacionais. Isso democratiza o acesso, mas pode reduzir a formação a processos industriais de entrega de conteúdos. Por isso, a escolha estratégica não é entre presencial, híbrido ou digital; é entre dois modelos de futuro: universidades que apenas certificam competências ou universidades que cultivam discernimento, responsabilidade e consciência crítica.
Para os dirigentes universitários, o desafio é inequívoco, ajustar instituições concebidas para a estabilidade a um mundo que vive da mudança constante. Isso exige coragem para abandonar rotinas que já não servem, enfrentar interesses instalados, admitir que qualidade não se mede apenas por eficiência e reconhecer que a agenda da educação superior é, também, uma agenda de soberania cognitiva.
No fim, nenhuma ferramenta substituirá o que realmente está em crise: a capacidade coletiva de compreender o mundo. O estudante de hoje já não cabe na universidade de ontem — mas a universidade de amanhã só existirá se ousar mudar sem renunciar à liberdade de pensar, que a sustenta desde a sua origem medieval. O maior risco não é a inteligência artificial; é a desistência humana. A universidade que abdica da dúvida e da verdade não perde apenas relevância: perde a sua alma.
Uma universidade que perde a sua alma não perde apenas o seu propósito. Rompe o pacto de confiança com a sociedade e renuncia ao futuro que lhe cabia iluminar.

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December 9, 5:47 PM
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A surpreendente compra da Warner Bros pela Netflix que pode revolucionar indústria do cinema nos EUA

A surpreendente compra da Warner Bros pela Netflix que pode revolucionar indústria do cinema nos EUA | Inovação Educacional | Scoop.it
O grande acordo com Hollywood significa que a Netflix assumirá a propriedade de franquias como Harry Potter e Game of Thrones.
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December 9, 5:05 PM
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Lideranças brasileiras realizam imersão na Índia para conhecer Infraestruturas Públicas Digitais aplicadas à educação

Lideranças brasileiras realizam imersão na Índia para conhecer Infraestruturas Públicas Digitais aplicadas à educação | Inovação Educacional | Scoop.it
Ao longo da semana, a programação inclui encontros com autoridades indianas, visitas a instituições de ensino e análises de soluções que já funcionam em escala no país asiático. A agenda contempla discussões sobre interoperabilidade entre sistemas educacionais, segurança e governança de dados, inclusão digital e o impacto de plataformas abertas na implementação de políticas públicas. A expectativa do grupo é identificar caminhos que possam ser adaptados à realidade brasileira de forma responsável, com foco em inovação, eficiência e equidade.

A missão também reforça a cooperação internacional entre Brasil e Índia em temas relacionados à transformação digital do Estado. Essa relação ganhou força em 2024, quando representantes de diferentes órgãos brasileiros estiveram no país para conhecer experiências de governo digital e infraestruturas públicas digitais, impulsionando o desenho de ações conjuntas. Entre os avanços recentes está a criação de centros de pesquisa e formação voltados ao desenvolvimento de tecnologias abertas que apoiem políticas públicas no Brasil, especialmente na educação.
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December 9, 5:04 PM
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Inteligência artificial na educação: impactos de regulamentações

Inteligência artificial na educação: impactos de regulamentações | Inovação Educacional | Scoop.it
Adoção da inteligência artificial na educação deve estar ligada ao respeito à privacidade e à proteção dos direitos dos estudantes
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December 9, 4:56 PM
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Publicidade busca equilíbrio entre IA e o fator humano

Publicidade busca equilíbrio entre IA e o fator humano | Inovação Educacional | Scoop.it
Em três anos de popularização da inteligência artificial (IA) generativa, com o lançamento do ChatGPT, da OpenAI, o uso da ferramenta avançou em ritmo crescente. A redução de tempo de produção e custos prometida pela IA tem atraído de microempreendedores a grandes anunciantes. Para especialistas ouvidos pelo Valor, a eficiência é bem-vinda, mas o fator humano é o que faz diferença no engajamento do público com as marcas.

“A IA tem que ser apenas o copiloto, apoiando a tomada de decisão dos humanos”, afirma o vice-presidente para a América Latina da empresa de análise de mídia Comscore, Ivan Marchant. O executivo acrescenta que hoje o uso é mais aceito por parte da audiência que tem utilizado com mais frequência a ferramenta. Segundo a companhia, cerca de 61 milhões de brasileiros usaram IA em 2025 - o dobro de 2024. “Cada vez mais vai ser difícil diferenciar o que foi feito pela ferramenta e o que foi feito por humanos”, acrescenta.

Ainda assim, as marcas estão cautelosas com a adoção da IA. O índice do Google que mede a maturidade digital de grandes anunciantes aponta para um cenário mediano no país. Apenas 14% das empresas brasileiras estão nos estágios mais avançados do uso dessas ferramentas.

Em uma escala global, 88% das empresas no mundo já usaram IA e, deste total, 39% registraram impacto financeiro positivo, segundo a consultoria McKinsey. Trata-se de um avanço considerável em relação a 2024, quando menos de 10% das companhias tinham obtido lucro com o uso da IA. Foram ouvidos quase 2 mil executivos de 105 países, incluindo o Brasil.

Segundo Gabriel Codo, sócio da McKinsey, uma das áreas mais avançadas na aplicação é o setor de publicidade e propaganda. “A próxima fronteira será quando os anunciantes deixarem de usar modelos genéricos e passarem a utilizar a imagem do consumidor na propaganda. Isso funciona bem no caso de marcas de roupas, por exemplo”, prevê.

A aceitação de conteúdos gerados por IA é percebida e aceita na propaganda, diz o neurocientista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Álvaro Machado Dias. “A propaganda feita com IA não causa mais o nível de rechaço que causaria há dois anos e não é porque as pessoas não percebam, mas porque estão normalizando essa experiência”, afirma.

A campanha de Natal da fabricante de bebidas Coca-Cola é um exemplo disso. Pelo segundo ano consecutivo, a marca mistura o uso de IA com a criatividade humana. “As narrativas, os conceitos e a visão criativa nascem do olhar humano: são roteiristas, diretores e artistas que definem o que queremos contar. A IA entra como uma ferramenta para potencializar essa visão, ajudando a transformar palavras, ideias e sentimentos em imagens surpreendentes e em atmosferas visuais que, muitas vezes, seriam impossíveis de criar por outros métodos”, afirma a diretora de marketing da marca Coca-Cola no Brasil, Catarina Lopes.

Por sua vez, o Grupo Toky, que reúne as varejistas de casa e decoração Tok&Stok e Mobly, lançou vídeos curtos feitos com a tecnologia Veo 3, do Google, que partiram de imagens reais de produtos e de roteiros escritos por humanos. “O profissional de criação é fundamental em todo o processo, afinal, é o olhar estratégico que orienta como a ferramenta deve desenvolver a campanha”, afirma diretora de marca e criação da holding, Paula Jaber.

A propaganda feita com IA não causa mais o nível de rechaço que causaria há dois anos”
— Álvaro M. Dias
O uso da IA para criar um cenário de filme de terror e a contratação de um ator humano no papel de vampiro para apresentar uma maionese da Heinz inspiradas no Dia das Bruxas é um exemplo de equilíbrio entre tecnologia e fator humano na propaganda, defende o sócio, gestor de talentos e diretor executivo da produtora Balma Filmes, Thiago Balma. “A gente conseguiu criar uma narrativa [com IA] e chegar no momento do produto trazendo o consumo real, sem perder a essência do artista”, explica o executivo da produtora. Com a IA, o trabalho foi concebido em duas semanas, metade do tempo estimado para uma produção deste nível sem o uso do recurso. “É um caso interessante de uso de IA com responsabilidade”.

A criação de uma marca de ovos premium, a Gracyovos, em uma campanha fictícia da empresa de softwares de design Canva, foi uma forma de “mostrar que o Canva poderia ajudar qualquer negócio a vender, a se desenvolver”, afirma o diretor de marketing da empresa australiana, Felipe Godoy. “A gente entendeu que, ao trazer um caminho lúdico pra contar a história conseguiria alcançar um nível de engajamento muito maior”.

A campanha estrelada pela modelo, fisiculturista e empresária Gracyanne Barbosa, conhecida pelo alto consumo de ovos em sua dieta, usou elementos de IA e realidade, incluindo as galinhas com as quais Barbosa interage no vídeo, e tomou conta da internet no fim de novembro. Em 48 horas, o filme teve 67 milhões de visualizações, inspirou influenciadores e até o governo brasileiro, que fez uma paródia sobre ovos ainda não estarem nas exceções ao tarifaço americano sobre produtos brasileiros. “A gente não esperava que a campanha fosse ser tão rapidamente ser inserida na cultura e já virar um meme”, diz Godoy.

A mistura de recursos de IA e realidade foi proposital na campanha, conta o líder de estratégia de marca do Canva no Brasil, Bruno Sabino. “A IA produz um efeito estético de sonho. Buscamos utilizar esse efeito ou a ausência dele a nosso favor”, explica. Pouco antes da Gracyovos, o Canva fez uma campanha bem-humorada com a apresentadora Xuxa. O filme teve 22 milhões de visualizações em 48 horas.

Para entidades do setor, este é o momento de intensificar ações educacionais, de formação técnica e ética para anunciantes e agências.

“A IA traz mais eficiência em várias disciplinas como criação, mídia, estratégia e planejamento, mas a criatividade não vai se perder”, afirma Pyr Marcondes, consultor estratégico em Inovação e IA do Espaço de Articulação Coletiva do Ecossistema Publicitário (Abap), que representa 250 agências de publicidade no país.

Em janeiro, a Abap lança um guia de adoção de IA pelas agências de publicidade para orientar as agências a implementarem IA nas diversas áreas do negócio, bem como um curso de capacitação em IA generativa.

A executiva-chefe (CEO) da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) e membro do Comitê Executivo da Federação Mundial de Anunciantes (WFA, na sigla em inglês), Sandra Martinelli, defende que “a inovação precisa caminhar lado a lado com a responsabilidade e a ética, e que a tecnologia deve ser um instrumento para potencializar a criatividade humana e nunca para substituí-la”. No fim de outubro, a ABA lançou o “Checklist de Boas Práticas para a contratação de agências de publicidade e uso de Inteligência Artificial”.

Além de realizar cursos sobre o tema, a associação de publicidade digital Interactive Advertising Bureau Brasil (IAB) atualizará, em 2026, seu “Manual de Conformidade e Boas Práticas sobre Inteligência Artificial na Publicidade Digital”, informa a CEO do IAB Brasil, Denise Porto Hruby. “O IAB Brasil tem o papel de guiar o mercado para um uso equilibrado da IA Generativa assegurando que o foco na eficiência tecnológica não comprometa a autenticidade e a conexão com o consumidor”, afirma Hruby.
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Regulação digital em prol da inovação

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A dinâmica de poder global é representada por tecnologias emergentes que funcionam como infraestrutura de competitividade: Inteligência Artificial, semicondutores, redes ultrarrápidas, computação quântica, biotecnologia, dados e cibersegurança. Esses vetores determinam, cada vez mais, a posição dos países na disputa geoeconômica.

O Global AI Index da Tortoise (2024/2025) sintetiza esse movimento ao medir o compromisso e a capacidade de 83 países em desenvolver e aplicar IA. A liderança de Estados Unidos, China, Cingapura e Reino Unido indica onde o futuro está sendo construído, enquanto o Brasil, na 30ª posição, evidencia o tamanho do desafio competitivo que enfrentamos em termos de investimento, inovação, implementação, talento, infraestrutura, pesquisa e estratégia governamental.
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December 9, 4:51 PM
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Envelhecimento do Brasil vai pesar mais no mercado de trabalho que Bolsa Família, aponta pesquisa

Envelhecimento do Brasil vai pesar mais no mercado de trabalho que Bolsa Família, aponta pesquisa | Inovação Educacional | Scoop.it
A escassez de mão de obra no Brasil aumenta à medida que o país passa por uma transição demográfica - o contingente de jovens em idade ativa começa a encolher, enquanto a população idosa cresce em ritmo acelerado. Se o movimento continuar, a pressão sobre a oferta de trabalho será resultado do quadro demográfico, e não do Bolsa Família, segundo levantamento do pesquisador Daniel Duque.

Especialistas arrematam que o envelhecimento é gradual, ao mesmo tempo que tira trabalhadores do mercado formal também indica uma mudança social de pessoas com maior idade ativa trabalhando ou gerando postos de trabalho em áreas ligadas à longevidade.

Até agora, a mudança etária afeta mais os setores da indústria e comércio, ambos carentes de novos funcionários. Nos próximos dez anos, a população com 65 anos ou mais deve quase dobrar, enquanto a faixa de 25 a 29 anos tende a cair de forma gradual, aponta Duque a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE.

O estudo, antecipado ao Valor, mostra que a mudança na demografia está criando uma escassez estrutural de trabalhadores jovens - algo mais profundo e duradouro do que as flutuações associadas a programas sociais.

Por meio de simulações, o estudo estima o que teria ocorrido se o padrão de emprego por idade e sexo de 2012 tivesse se mantido até hoje, isolando o efeito puramente demográfico sobre a taxa de ocupação. O resultado aponta que a formação populacional ao longo do tempo é o principal fator por trás da atual escassez de mão de obra.

“Nada disso implica que o Bolsa Família seja irrelevante para decisões de oferta de trabalho em margens muito específicas. Mas esses efeitos são locais e transitórios, enquanto a demografia é nacional e duradoura”, afirma Duque.

No diagnóstico que cobre o período de 2012 a 2025, o pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) destaca que o exercício não responsabiliza efeitos do Bolsa Família ou de políticas específicas - o que enfraquece a tese de que o programa seja responsável pela falta de trabalhadores.

“O fator demográfico é um dos principais responsáveis pela redução da oferta de mão de obra no Brasil. É um problema estrutural, enquanto o Bolsa Família é um problema episódico”, diz.

Em estudos anteriores, Duque atribuía ao benefício à escassez de trabalhadores. “Não mudei minha opinião de que o Bolsa Família reduziu a participação de trabalhadores no mercado, mas entendo que não é o grande culpado, como se costuma dizer. O ponto central é que a demografia está afetando a economia de forma contínua”, alerta.

Sozinho, não é o Bolsa Família que tira trabalhadores dos postos formais, mas o programa precisa de revisão, defende o professor da USP e da Insper Naércio Menezes.

O aumento recente do valor do programa tem levado parte dos beneficiários a migrar para a informalidade para não perder o auxílio. “É preciso ajustar o programa para que as pessoas possam trabalhar formalmente sem perder o benefício”, defende.

Menezes alerta ainda para a fragilidade do financiamento da Previdência. A ampliação do trabalho via MEI e PJ, usada por empresas para reduzir encargos, pode comprometer o sistema no longo prazo. “Falta dinheiro para financiar a Previdência, e isso será um problema em breve”, diz.

Duque complementa que a população em idade de trabalhar se torna um desafio crescente, diante da estagnação das taxas de natalidade. “A demografia está construindo uma escassez estrutural de trabalhadores, sobretudo jovens, e isso atinge alguns setores com muito mais força do que qualquer variação episódica de programas de transferência de renda.”

A técnica de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Maria Andreia Lameiras, também atribui o fenômeno demográfico à redução da entrada de jovens no mercado e à permanência cada vez maior de pessoas mais velhas em atividade, vetores que ela classifica como estruturais da sociedade brasileira.

Somado a eles, elementos de conjuntura como a reforma da Previdência e mudanças no padrão de renda das famílias têm levado trabalhadores mais velhos a postergar a saída do mercado. “A necessidade de contribuir por mais tempo para garantir aposentadorias integrais, somada ao aumento do número de domicílios sustentados por pessoas idosas, tem ampliado a presença desse grupo na força de trabalho”, explica Lameiras.

Ela prevê para os próximos anos, a consolidação de uma economia prateada, isto é, mais dependente da força ativa mais velha. “Se a força de trabalho tende a se estabilizar ou até diminuir, será preciso compensar esse efeito por meio de maior qualificação e eficiência individual”, diz.

A tendência é que os trabalhadores mais jovens, ainda que em menor número, apresentem níveis de escolaridade mais altos, enquanto os mais velhos - que permanecem no mercado por necessidade ou opção - tragam experiência, mas enfrentem limitações em habilidades tecnológicas. “Empresas que investirem na atualização desse público poderão capturar ganhos expressivos de produtividade”, aponta.

O impacto, porém, varia regionalmente, segundo a pesquisa de Duque. A indústria, concentrada no Sul e Sudeste, sente mais os efeitos do envelhecimento populacional. Já o comércio, tradicional porta de entrada para adolescentes e jovens adultos, perde justamente o público que abastecia seu mercado de trabalho.

Em setores como agropecuária e administração pública, o componente demográfico aparece próximo de zero ou levemente positivo no agregado, reflexo de composições etárias diferentes - com mais adultos e idosos em ocupações rurais - e de uma transição demográfica mais lenta em algumas regiões. Serviços domésticos e outros serviços mostram impactos pequenos, coerentes com a maior diversidade etária e a dispersão territorial da mão de obra.

Já em informação, comunicação e atividades financeiras e imobiliárias, o efeito é negativo, mas menos intenso. Esses setores, que demandam trabalhadores jovens e qualificados, sofrem com a redução desse grupo, mas conseguem amortecer o impacto por meio de ganhos de produtividade e investimentos em educação.

Diante desse quadro, Lameiras e Duque defendem que políticas de longo prazo voltadas à formação de jovens, requalificação de adultos, automação e arranjos de trabalho mais flexíveis são essenciais para mitigar os gargalos de contratação provocados pela transição demográfica. “Sem planejamento de longo prazo, a produtividade laboral entra em xeque”, alerta Duque.

Para ele, só a produtividade permitirá evitar uma estagnação permanente do desenvolvimento econômico, que tende a ficar mais difícil e afetar estruturas como Previdência e gastos com saúde - que aumentam a partir dos 30 anos e já representam um custo significativo para o SUS.

“A transição demográfica está acontecendo. E, sem um salto de produtividade e de qualificação dos jovens, será difícil sustentar essa nova estrutura etária”, enfatiza Menezes. “Não aproveitamos o bônus demográfico para resolver o problema educacional e aumentar a produtividade. Agora, se não fizermos algo nessa direção, teremos dificuldades para sustentar uma população mais velha com uma base de jovens cada vez menor”, afirma.

O acadêmico prevê um cenário desafiador para a oferta de mão de obra e os gastos públicos nos próximos anos. As indústrias, com exceção do agro, estão atrasadas pelo menos 30 anos em investimentos de tecnologia capazes de manter o número de ocupações, mas produzindo mais, explica Menezes. Ele lembra que muitos países crescem impulsionados por ganhos de eficiência, e não apenas pela criação de vagas, ao contrário do ciclo que se estabeleceu no Brasil - de mais estímulos como aumento de salário e de transferência de renda.

Ao mesmo tempo, os números recordes de ocupação e as taxas mínimas de desemprego no Brasil parecem nublar o problema da escassez de mão de obra. O país tem 102,4 milhões de pessoas ocupadas, segundo os dados de setembro da Pnad Contínua - o maior patamar da série histórica. Apesar do recorde, a oferta de trabalhadores começa a encolher: a base de jovens em idade ativa (14 a 24 anos) representa pouco mais de 18% da população economicamente ativa, enquanto o grupo de 40 a 59 anos já concentra cerca de um terço da força de trabalho, segundo o IBGE.

Duque ressalta que as estatísticas ainda não refletem plenamente a transição do bônus demográfico para o envelhecimento populacional. “O ponto é que ainda há geração de empregos, apesar da demografia. Mas o fato de existirem vagas ociosas é justamente o reflexo do hiato demográfico”, explica. Ele adverte, porém, que o envelhecimento populacional tende a gerar um período de estagnação que, se não for planejado agora, pode se tornar permanente.

Para Lameiras, o país precisará se adaptar à nova estrutura etária, tanto em termos de políticas públicas quanto de organização produtiva. “Daqui a 20 anos, teremos uma pirâmide populacional invertida. A questão central não é apenas a oferta de mão de obra, mas o fato de que muitas famílias já dependem financeiramente dos mais velhos. Manter esse grupo em atividade, com renda e condições dignas, será um dos grandes desafios da economia brasileira”, assinala.

No horizonte de médio prazo, o envelhecimento da população deve interferir no tipo de ocupação e demanda por serviços voltados à longevidade, com mais vagas nas áreas de saúde, como cuidadores e fisioterapeutas, “mas também de políticas que permitam que o idoso se mantenha economicamente ativo por mais tempo”, pondera Lameiras.

Duque complementa que, com menos crianças nas escolas, abre-se uma janela de investimentos governamentais para qualificá-las como profissionais. “Precisamos pensar em formas eficazes de aumentar o nível de aprendizado para formar trabalhadores mais produtivos”, recomenda o economista.

Para Menezes, isso passa por ampliar programas de visita domiciliar na primeira infância, fortalecer iniciativas como o Criança Feliz, melhorar a qualidade das creches e pré-escolas e estabelecer metas nacionais de alfabetização. “Hoje, só 50% das crianças aprendem a ler até o segundo ano. A outra metade já entra em trajetória de desempenho pior. Estamos muito atrasados, e cada município segue uma política diferente, o que prejudica o país inteiro”, salienta.
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December 9, 4:49 PM
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Bem-sucedido, método japonês aposta em colaboração entre professores 

Bem-sucedido, método japonês aposta em colaboração entre professores  | Inovação Educacional | Scoop.it
Na última edição do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), em 2022, o Brasil teve menos de 30% de seus estudantes alcançando o nível mínimo de aprendizado em matemática. Já o Japão manteve bom desempenho, com 77% de proficiência, e segue como referência em qualidade de ensino nessa disciplina.

Um dos segredos do sucesso japonês é o Estudo de Aula. Praticada há mais de cem anos nas escolas do país asiático, a abordagem busca o desenvolvimento profissional por meio da pesquisa dos próprios professores sobre questões relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem dos seus alunos. A ideia é que os professores são criativos para superar essas questões quando trabalham juntos.

“É uma metodologia ascendente, no qual os professores trabalham em colaboração para desenvolver práticas compartilhadas”, afirma Akihiko Takahashi, professor-adjunto de matemática na Universidade DePaul, em Chicago (EUA), e pesquisador da metodologia há mais de 20 anos.

Ele explica que, em certos momentos, é necessário apoio externo de profissionais, como professores universitários e coordenadores de redes públicas de educação.

O Estudo de Aula possui uma prática que se divide em cinco partes. As três primeiras focam na preparação de um plano de aula detalhado, em que se fornece informações de pesquisa prévia, conexões com os padrões de aprendizagem locais, objetivos, justificativa e etapa.

No quarto momento, ocorre a observação de uma aula in loco ministrada aos alunos, que pode ser chamada de “aula de pesquisa”. E, por fim, há uma discussão após a aula, analisando o impacto nos alunos e as implicações para o ensino futuro.

“Trata-se, portanto, de um desenvolvimento profissional de baixo para cima, no qual os professores trabalham em colaboração para discutir e encontrar soluções para os desafios específicos de sua escola”, diz Takahashi. “Quando trabalham juntos, os professores são criativos para superar desafios.”

O docente japonês destaca que a discussão principal do Estudo de Aula é baseada nas observações sobre a aprendizagem dos alunos a fim de desenvolver um ensino eficaz em uma escola específica, que tem sua realidade e desafios próprios. Nos encontros, segundo ele, podem ser debatidos a importância e o uso de certos materiais didáticos. “[O sucesso do método está na] colaboração entre professores.”

Nas duas décadas de pesquisa sobre a metodologia, Takahashi desenvolveu um conjunto de recomendações para adaptar o Estudo de Aula em escolas fora do Japão. Atualmente, a abordagem está sendo aplicada em escala em San Francisco (EUA) e no Camboja.

Acompanhante do tema por mais de dez anos, a diretora-executiva do Instituto Reúna, Katia Smole, afirma que o Estudo de Aula tem seu diferencial no processo de melhora da prática real e cotidiana do docente, pois, segundo ela, no Brasil há a mentalidade de que formação continuada se resume a um curso que o professor precisa fazer.

“[No método japonês] não se faz um curso sobre aula, mas o professor estuda sua própria aula com os pares”, diz. “O princípio de formação entre pares é forte porque se considera que uma escola melhora quando os professores estudam e, consequentemente, melhoram juntos. Além disso, essa abordagem faz com que os professores pratiquem e reflitam sobre a própria prática.”

Em 2017, durante o doutorado a professora Renata Bezerra, professora associada na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), conheceu o Estudo de Aula, por meio de textos que sua orientadora de tese lhe forneceu. Ela conta que seu “encantamento” surgiu da possibilidade de os professores trabalharem e refletirem juntos. Hoje, Bezerra atua na implementação de grupos da abordagem em sua região.

“No Estudo de Aula, o professor se percebe sujeito e ator principal no processo de ensino-aprendizagem e é participante ativo na construção da transmissão do conhecimento”, diz. “Até na escolha do tema vemos um diferencial: os professores trazem suas demandas e o colegiado escolhe qual é o mais importante nesse momento.”

Já para Richael Caetano, professor-adjunto na Unioeste, são dois os desafios para a ampla implementação da metodologia no Brasil: “a individualidade exacerbada” e a “criminalização do erro”. “No Brasil, o professor age como uma ilha, e o Estudo de Aula pede exatamente o contrário.”

Consequentemente, “o professor [que age individualmente] sente medo de se colocar, porque o erro é visto de uma forma muito ruim no nosso sistema educacional”, diz. “Não pode existir sujeitos que estão participando do Estudo de Aula que não querem falar ou não aceitam a perspectiva do outro.”

Para Caetano, o Estudo de Aula ajuda a profissionalizar a docência, pois “demarca um corpo de conhecimento específico de atuação”, explica. Segundo ele, tem-se ainda a visão de que o magistério é uma atividade distante da técnica, quando comparado com outras profissões. “Isso dá a impressão de que qualquer um consegue ensinar sem se preparar.”

“[O Estudo de Aula ajuda] os professores trabalharem com mais qualidade e dentro da unidade escolar, o que é fundamental para os desafios concretos da localidade”, diz Mila Molina, diretora pedagógica do Instituto Canoa.
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December 9, 4:40 PM
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Microsoft anuncia investimentos de US$ 23 bilhões em inteligência artificial, com foco na Índia

Microsoft anuncia investimentos de US$ 23 bilhões em inteligência artificial, com foco na Índia | Inovação Educacional | Scoop.it
Companhia prometeu investimentos pesados em todo o mundo este ano, enquanto corre para garantir mais capacidade para IA e competir com rivais como Amazon e Alphabet
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December 9, 1:28 PM
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O valor milionário do contrato da mulher de Alexandre de Moraes com o enrolado Banco Master

O valor milionário do contrato da mulher de Alexandre de Moraes com o enrolado Banco Master | Inovação Educacional | Scoop.it

Causou furor nos escritórios de advocacia que defendem o Master a informação de que o contrato do banco com a mulher do ministro Alexandre de Moraes, Viviane Barci de Moraes, foi apreendido na operação Compliance Zero, como informou o colunista Lauro Jardim.
Na ocasião, além de executar a ordem de prisão do controlador do banco, Daniel Vorcaro, e de outros seis executivos ligados ao caso, a PF também apreendeu celulares e notebooks. Mas o que mais preocupa os advogados do Master nem é propriamente o fato de existir um contrato, e sim a remuneração: R$ 3,6 milhões mensais por 36 meses a partir do início de 2024.
De acordo com informações a que a equipe da coluna teve acesso, é o que consta do documento, que não foi propriamente apreendido, mas estava em formato digital no celular de Vorcaro, entre os arquivos trocados por ele com funcionários de seu banco.
O contrato tem um escopo bastante amplo, o de representar o Master onde for necessário, e não especifica uma única causa ou processo. Caso fosse cumprido integralmente, teria rendido para o Barci de Moraes, escritório de Viviane, R$ 129 milhões – o que não ocorreu, já que o Master entrou em liquidação.
Tudo indica, porém, que o escritório foi regiamente pago enquanto possível, porque nas mensagens com a equipe Vorcaro deixava claro que os desembolsos para Viviane eram prioridade para o Master e não podiam deixar de ser feitos em hipótese alguma.
A equipe da coluna procurou o escritório de Viviane e o Master para saber o quanto afinal foi pago e por quais causas, mas não obteve retorno. No escritório, uma funcionária que atendeu o telefone disse que ninguém falaria e que também não poderia fornecer um email para o envio de um pedido de informação. Já o Master não respondeu aos questionamentos da reportagem.
Procuramos também o ministro Alexandre de Moraes, por intermédio da assessoria de imprensa do STF, mas não obtivemos resposta. O espaço está aberto para manifestação.
Queixa-crime
Um dos processos em que Viviane atuou foi uma queixa-crime apresentada em abril de 2024 por Vorcaro e pelo Master contra o investidor Vladimir Timerman, da Esh Capital, que possui um litígio antigo com o empresário Nelson Tanure, acionista da Gafisa.
Na queixa crime, Timerman é acusado de caluniar o banqueiro, qualificado como “renomado empresário mineiro de 40 anos de idade”, que de acordo com Timerman teria “participado e/ou realizado operações fraudulentas entre GAFISA e o Fundo Brazil Realty” – do qual, segundo o investidor, o Master era cotista.
O argumento dos advogados é que Timerman pretendia “atingir de forma criminosa a honra” de Vorcaro é do Master. Diz, ainda, que ele “desacreditou publicamente e comprometeu os atributos dos Querelantes que os tornam merecedores de respeito perante a sociedade civil”.
STF: Decisão de Gilmar Mendes sobre impeachment é vista como ‘blindagem’ para eleições 2026
Efeito dominó: Decisão de Gilmar Mendes barra ao menos 30 pedidos de impeachment contra o STF
Além da mulher de Moraes, assinam a queixa-crime outros 10 advogados do escritório, incluindo o filho do ministro, Alexandre Barci de Moraes, e a filha, Giuliana.
Vorcaro foi derrotado na primeira e na segunda instâncias, mas ainda cabem recursos.

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December 9, 12:06 PM
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IA aplicada à gestão das IES

Com a ascensão das tecnologias de Inteligência Artificial (IA), o setor educacional vive uma transformação profunda, em especial a área de gestão das Instituições de Educação Superior (IES). Pensando nisso, a ABMES realizará, no dia 8 de julho de 2025, o seminário “Inteligência Artificial aplicada à gestão das IES”.

Na ocasião, especialistas explicarão para os mantenedores, gestores e diretores presentes, de forma prática e aplicada, como a IA pode ser aliada na tomada de decisão, otimização de processos, personalização da experiência do aluno e sustentabilidade institucional.

Ao longo do encontro, serão apresentados cases reais de aplicação de IA na gestão educacional, com foco em:

Governança baseada em dados: como a IA pode apoiar decisões estratégicas;
Eficiência administrativa: automação de processos internos, captação e permanência de alunos;
IA e qualidade acadêmica: uso da tecnologia na avaliação, aprendizagem adaptativa e microcertificações;
Desafios éticos, jurídicos e operacionais no uso de IA nas IES;
Tendências futuras: como se preparar para uma gestão educacional mais inteligente e competitiva.
Horário: 9h às 12h
Formato: presencial (sem transmissão pelo youtube)
Local: Sede da ABMES (SHN Qd. 01, Bl. "F", Entrada "A", Conj. "A" Edifício Vision Work & Live, 9º andar - Asa Norte, Brasília/DF)

Coordenação

Janguiê Diniz – Diretor presidente da ABMES
Expositores

Celso Niskier – Vice-Presidente da ABMES e Conselheiro da Câmara de Educação Superior do CNE
Lucas Moraes – CEO da Toolzz e Fundador da Edulabzz
Luciano Sathler – CEO da CertifikEDU
Roberto Miranda - Reitor da URM Education (Silicon Valley, CA)
Investimento

Associados ABMES: Gratuito – mediante inscrição prévia
Não Associados: R$ 999,00


Além do conteúdo, os participantes também poderão conhecer serviços, soluções e tecnologias educacionais inovadoras por meio da exposição de produtos e parcerias estratégicas apresentadas por empresas convidadas, ampliando as possibilidades de conexão e atualização profissional.

GVdasa - soluções para gestão de captação, pedagógica, financeira, operacional e de evolução de instituições de ensino.
Cerbrum - soluções para gestão educacional, plataformas EAD integrada com conteúdo acadêmico, emissão do Diploma no formato digital
Isaac - plataforma de finanças e gestão para Educação
Principia - inteligência financeira e previsibilidade para quem forma o futuro
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December 9, 10:32 AM
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50 milhões de brasileiros já usam IA, mas potenciais benefícios continuam limitados às camadas de maior renda e escolaridade

50 milhões de brasileiros já usam IA, mas potenciais benefícios continuam limitados às camadas de maior renda e escolaridade | Inovação Educacional | Scoop.it

A Inteligência Artificial (IA) generativa já faz parte da rotina de mais de um terço (32%) dos usuários de Internet no Brasil, o que equivale, em números absolutos, a cerca de 50 milhões de pessoas de 10 anos ou mais. Os dados são da TIC Domicílios 2025, que revela uma rápida adoção da tecnologia, mas também observa disparidades na apropriação de ferramentas de IA entre perfis de renda e escolaridade. A pesquisa foi lançada nesta terça-feira (9) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br)
“A TIC Domicílios 2025 destaca novos indicadores sobre a adoção de Inteligência Artificial generativa entre os usuários de Internet brasileiros. À medida que a IA ganha relevância em diferentes esferas da vida cotidiana, a desigualdade na apropriação dessa ferramenta entre os diferentes estratos de renda e escolaridade torna-se um elemento que chama a atenção”, alerta Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.
Além de trazer pela primeira vez dados sobre IA, o levantamento apresenta indicadores inéditos sobre apostas online e restrição ao uso da Internet devido a limitações de pacote de dados móveis. Os resultados também mostram um avanço da conectividade nos domicílios brasileiros: 86% deles têm acesso à rede (um aumento de três pontos percentuais em relação a 2024), com crescimento da proporção de domicílios com banda larga fixa (76%, ante 71% em 2024). Ao mesmo tempo, os dados expõem a persistência de desafios de inclusão digital.

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December 10, 11:54 AM
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MEC Normas

MEC Normas | Inovação Educacional | Scoop.it
A plataforma reúne todas as normas publicadas no Diário Oficial da União (DOU): Leis, Decretos, Portarias, Instruções Normativas, Resoluções e demais atos editados pelo Ministério, suas Secretarias e órgãos vinculados (CNE, Capes, FNDE e INEP) que dizem respeito ao planejamento das políticas públicas para a educação brasileira e outras normas aplicadas à Administração Pública de interesse do MEC.  
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December 9, 5:56 PM
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Relatório da OKBR e da Fundação Lemann indica não haver justificativa técnica para ocultação de microdados do Inep

O acesso a microdados educacionais é fundamental para que redes de ensino, academia e pessoas gestoras compreendam melhor a realidade no chão da escola e planejem políticas públicas baseadas em evidências. Para contribuir com esse debate, a Open Knowledge Brasil e a Fundação Lemann lançam hoje (dia 9/12) o estudo “Microdados Educacionais: da transparência à opacidade”.
A publicação, inédita, reúne análises e recomendações para aprimorar o uso e a governança desses dados no país e conclui não haver justificativa técnica para a descontinuidade de publicação dos microdados da autarquia. 

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December 9, 5:46 PM
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Seu psicólogo é de carne e osso — mas pode estar usando IA na terapia: entenda os riscos

Seu psicólogo é de carne e osso — mas pode estar usando IA na terapia: entenda os riscos | Inovação Educacional | Scoop.it
Empresas oferecem serviços que oferecem até sugestão de abordagem com pacientes, a partir de transcrição das sessões e anotações
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December 9, 5:05 PM
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O que uma criança deve saber de Matemática aos 7 anos? MEC vai lançar novo indicador de aprendizagem

O que uma criança deve saber de Matemática aos 7 anos? MEC vai lançar novo indicador de aprendizagem | Inovação Educacional | Scoop.it
O Ministério da Educação (MEC) vai lançar nesta terça-feira, 2, um novo índice que estabelece o que uma criança precisa saber para ter uma aprendizagem adequada em Matemática, no 2º ano, no 5º ano e no 9º ano do ensino fundamental. O governo vai ainda estabelecer metas de desempenho na disciplina que devem ser cumpridas pelas redes de ensino municipais, estaduais e pelo País na próxima década.

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Segundo o Estadão apurou, para ser considerado proficiente em Matemática, o aluno deverá ter atingido pelo menos 750 pontos na escala do Sistema Nacional da Avaliação Básica (Saeb). Isso significa uma criança de 7 anos (2º ano fundamental) deverá saber adição, subtração, multiplicação até 5, noções de horas e de moedas, identificar algumas figuras geométricas e representar os dados de uma pesquisa em um gráfico de colunas simples.
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December 9, 4:57 PM
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Por que a Netflix comprar a Warner Bros. é um movimento defensivo que faz sentido | Guilherme Ravache

Por que a Netflix comprar a Warner Bros. é um movimento defensivo que faz sentido | Guilherme Ravache | Inovação Educacional | Scoop.it
Agora, o desafio da Netflix é conter o YouTube e plataformas de vídeos verticais como o TikTok. No final do dia, a Netflix compete pelo tempo das pessoas e os algoritmos de suas concorrentes têm sido efetivos em atrair a atenção delas. O preço também ajuda. No YouTube e TikTok é possível assistir a bilhões de horas de vídeo de graça, na Netflix é preciso pagar assinatura. A qualidade da atenção é diferente, mas o fato é que o crescimento de assinaturas no “streaming” desacelerou mostrando que existe um limite para o bolso dos consumidores.

Com a Warner Bros. a Netflix ganhará mais alguns assinantes que já estão no HBO Max, streaming da Warner.

Principal benefício

Mas sem dúvida o principal benefício é receber uma estrutura que comprovadamente sabe desenvolver sucesso e chega com algumas das franquias mais amadas do mundo. “Stranger Things” é ótima, mas “Harry Potter” é muito superior como franquia.

O co-CEO da Netflix, Ted Sarandos, afirmou aos investidores na sexta-feira que o acordo deve ser visto como um investimento em gastos com conteúdo. Segundo a empresa, a transação permitirá à Netflix expandir significativamente a capacidade de produção nos Estados Unidos. A expectativa de Netflix e Warner é que o negócio gere entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões em sinergias anuais após sua conclusão, afirmaram as companhias.

A Netflix nem mesmo tem um universo de heróis memoráveis. Com a Warner Bros. passa a ter à disposição todo o universo da DC, em um momento em que a Disney parece derrapar com suas franquias da Marvel. No universo da ficção científica, por exemplo, “The Matrix”, “Game of Thrones” e “O Senhor dos Anéis” são da Warner Bros., para ficar apenas em três exemplos.

A mudança destoa da prudência financeira que o setor tenta recuperar, especialmente depois da euforia do “streaming” pós-pandemia. Mas, quando examinamos a lógica econômica e industrial que sempre guiou a mídia — escala, biblioteca, distribuição e controle dos custos —, o negócio passa a fazer mais sentido do que parece.
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December 9, 4:54 PM
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Presença de professor negro pode levar alunos mais longe

Presença de professor negro pode levar alunos mais longe | Inovação Educacional | Scoop.it
Elevar a proporção de professores negros nas escolas ajuda os alunos negros não apenas a terem desempenho melhor, mas também aumenta as chances de os estudantes terminarem o ensino médio, chegarem à faculdade e - em consequência disto - alcançarem melhores rendimentos do trabalho. É o que sugere a tese de doutorado do economista Pedro Lopes, da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP).

Em seus cálculos, aumentar de zero para 50% a proporção de professores negros - aproximadamente a mesma fatia na população em geral - eleva a probabilidade de conclusão do ensino médio em 1,9%, a probabilidade de entrar na faculdade em 3,9% e de terminar a faculdade aos 25 anos em 5,2%. A maior escolaridade também se reverte em melhora nos rendimentos mensais do trabalho, quando atingem a idade adulta: alta de 2,3%.

São porcentagens que podem parecer pequenas à primeira vista, mas se traduzem em uma queda de 30% na diferença de anos de estudo entre alunos negros e brancos de características semelhantes e que frequentavam as mesmas escolas. Aos 27 anos, a mesma mudança significa uma redução de 60% na diferença de rendimentos entre negros e brancos.

O exercício mostrou ainda que os efeitos são mais fortes para garotos que tinham desempenho escolar abaixo da média, justamente os que têm maior probabilidade de evadir o ensino médio.

No Brasil, pessoas negras têm 53% menos de chance de completar o ensino superior e ganham 41% menos do que pessoas brancas. Um relatório recente do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra), mostrou que a taxa de evasão no ensino médio entre negros foi de 9,3% quase o dobro da de brancos (5%).

Para chegar a esses resultados, Lopes comparou alunos de características semelhantes - gênero, raça e escolaridade dos pais, bem como estrutura familiar, nível socioeconômico e notas parecidas -, mas que diferiam apenas na proporção de professores negros a que foram expostos em determinado ano.

Com metodologia semelhante, o economista também acompanhou o desempenho de alunos negros no sexto ano ensino fundamental. Os resultados apontam na mesma direção: houve melhora nas notas de português, na probabilidade de conclusão do ensino médio e de entrada na faculdade.

Em ambos os casos, o exercício não encontrou efeito negativo do aumento da presença de professores negros sobre os alunos brancos da mesma escola. “Ou seja, é possível melhorar a situação de um grupo sem piorar a do restante”, diz o autor.

O professor projeta seu passado no jovem, o aluno projeta seu futuro no professor”
— Frei David
A maior presença de professores negros influencia os alunos de duas formas, diz. Uma delas é que os próprios professores, por partilharem da mesma origem étnica e de histórias de vida semelhantes, podem acabar dando mais atenção para esses alunos, o que se traduz em monitoria, suporte e conselhos de vida.

Outra possibilidade é a de agirem como modelos aspiracional. “Muitas vezes, esses alunos de grupos minoritários se sentem subrepresentados. Faltam exemplos de sucesso de pessoas que partiram de lugares parecidos com eles, passaram por problemas parecidos. Então é uma questão de desigualdade de aspirações, que se alimenta da falta de exemplos de sucesso”, descreve Lopes.

Em um exercício adicional que ajuda a ilustrar esse efeito, o economista analisou o desempenho de português e matemática de alunos negros em turmas em que o professor dessas matérias era branco. Os resultados mostraram que, quando a proporção de professores negros crescia, as notas dessas disciplinas também crescia. “É evidência bastante sugestiva de que esses resultados não ocorrem por causa de professores em disciplinas específicas, mas da proporção em si”, explica.

“O professor projeta o seu passado no jovem, reconhece as dificuldades que ele passa, e o aluno projeta seu futuro no professor, que venceu todas as barreiras e estava em uma posição mais confortável”, diz o fundador da rede de cursinhos pré-vestibular Educafro Brasil, Frei David. Ele relata ter observado resultados semelhantes ao encontrados por Lopes em uma turma que funcionou durante uma década no bairro de Campo Grande, zona oeste do Rio, com aulas ministradas apenas por negros com mestrado ou doutorado. A taxa de evasão dessa turma era significativamente menor que a observada em outro grupo, de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e que tinha apenas professores brancos, diz.

Para Lopes, os resultados indicam que políticas focadas em aumentar e reter professores negros podem ser benéficas para esses alunos. Segundo dados do Censo Escolar de 2024, 44,4% dos professores são negros, proporção abaixo da média nacional, de aproximadamente 55%, e também do corpo estudantil (56,8%). “Sem contabilizar as diferenças regionais, há uma subrepresentação de 12,4 pontos percentuais no número de professores para que proporção refletisse o corpo estudantil. Para chegar à paridade, o número de professores negros precisaria aumentar em 27,9%”, nota.

“A questão do modelo de sucesso, em quem o jovem possa se inspirar, é importante. Para negros, durante muito tempo, havia basicamente jogadores de futebol ou artistas. Essa desigualdade ocupacional afeta as expectativas das gerações mais novas, acaba se perpetuando na cultura. O lugar do negro, da mulher... É algo que vai condicionando”, explica o coordenador do Núcleo de Estudos Raciais (Neri) do Insper, Michael França. “Mas, se você melhora as oportunidades no mercado de trabalho para que qualquer um possa almejar determinada ocupação, independente em raça, gênero ou outro critério, todas essas pessoas viram modelo para as gerações mais novas.”

Desigualdade ocupacional afeta as expectativas das gerações mais novas”
— Michael França
França dá como exemplo outro estudo, dos economistas Jorge Ikawa, Clarice Martins, Pedro Sant’Anna e Rogerio Santarrosa. O trabalho mostrou que, em municípios que elegem prefeitos negros, as inscrições de estudantes negros para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) crescem aproximadamente 25% dois anos após as eleições, e esses índices permanecem mais altos mesmo após o fim do mandato.

Em sua avaliação, os resultados encontrados por Lopes poderiam, inclusive, não existir algumas décadas atrás. “A questão racial mudou muito no Brasil desde 2000. Houve maior valorização da identidade negra, de reflexão em relação a essa agenda. O debate sobre aspectos raciais avançou muito”, ressalta.

Aos 17 anos, a hoje vice-presidente da Women in Global Health Brazil e colaboradora da Fiocruz Laurenice Pires entrou num cursinho pré-vestibular negros e carentes, também conhecido como PVNC. “O grande diferencial daquela experiência era entrar em contato com outros jovens negros que já tinham entrado na faculdade, eles é que organizavam o cursinho. Era uma referência: se ele conseguiram, eu também tinha chance”, conta.

O ano era 1995 e não havia unidade do PVNC em seu bairro, o Realengo, no Rio. A experiência foi tão significativa na vida de Laurenice que, após ser aprovada no curso de Serviço Social na PUC, ela e alguns amigos ajudaram a criar uma unidade do cursinho onde morava.

“Minha turma na faculdade era praticamente só de negros, brincávamos que era como uma ‘cota reversa’. O corpo de professores, por outro lado, era só de brancos. Mas já fazíamos esse debate no cursinho: o que é ser um aluno periférico, as contradições nos discursos... vários temas que estavam presentes no movimento negro mas que, hoje, vejo que é mais parte do senso comum” diz. “Então consigo ver resultado daquela luta de Frei David e outros lá no início, para incluir alunos negros nas universidades públicas.”

Segundo o Cedra, 58,9% das pessoas negras de 20 a 29 anos haviam concluído o ensino médio ou tinham o superior incompleto em 2023, alta de quase 13 pontos percentuais em relação a 2012. Por outro lado, a proporção de professores negros nas universidades ainda era grande: apenas 15,2% nas universidades públicas e 18% nas privadas.

Apesar dos avanços, este ainda é um debate que está atrasado nas escolas, continua França. “Trabalho muito com gestão pública, secretários e gestores de alto escalão da educação, e até hoje alguns têm dificuldade em entender por que alguns alunos ficam para trás. Não é questão de má vontade, mas de debate mesmo”, conta. “É algo relativamente básico, vários estudos mostram isso, mas há uma incompreensão grande sobre como diferentes canais afetam o desempenho das crianças de forma diferente. Muitos ainda entendem que tratar todos de forma igual é a melhora forma de avançar, mas não olham as desigualdades que eles trazem de largada.”
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December 9, 4:52 PM
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Apenas sete Estados já concluíram adesão a programa de ajuda federal

Apenas sete Estados já concluíram adesão a programa de ajuda federal | Inovação Educacional | Scoop.it
A menos de um mês para o fim do prazo de adesão ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), apenas sete unidades da federação já concluíram o processo e ao menos dez ainda não demonstraram evidências de que vão aderir à iniciativa que reduzirá dívidas dos Estados com a União em troca de que uma parte dos investimentos estaduais seja direcionada para ampliar o acesso em educação profissional e tecnológica, numa iniciativa batizada como “Juros por Educação”.
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December 9, 4:49 PM
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Inovação é centrada em melhorias e retorno rápido | 360º Época Negócios

Grande parte das iniciativas estão centradas em melhorias de processos e ações com retorno rápido. Os motivos podem estar relacionados ao custo de capital, bem como à visão estratégica sobre os benefícios para inovar. Todavia, a criação de uma agenda de futuro depende de uma melhor alocação de recursos, criação de novos produtos e modelos de negócios, pensando também no longo prazo.
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December 9, 4:42 PM
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Um novo olhar para o incentivo à indústria

O Brasil festejou, no mês passado, a decisão do governo dos Estados Unidos de suspender a taxação adicional de 40% sobre mais de 200 produtos brasileiros, a esmagadora maioria de commodities agrícolas, principalmente carne, café e suco de laranja. Foi um alívio para a economia brasileira, mas, no meio das comemorações, um “estraga-prazer” resolveu lembrar que nenhum país ficou rico apenas exportando commodities agrícolas.
Ou seja, o recuo no tarifaço trumpista é bem-vindo, mas o Brasil precisa interromper o seu processo de desindustrialização e exportar muito mais produtos industriais para escapar da célebre armadilha da renda média.
A reindustrialização está no radar do atual governo.
Porém, talvez seja importante olhar com atenção para um excelente trabalho feito pelos economistas André Nassif, Milene Tessarin e Paulo Morceiro. O título: “Nem toda desindustrialização é igual: por que a composição setorial da manufatura importa?”.
O estudo ganhou destaque nos meios acadêmicos porque sustenta a ideia de que a desindustrialização brasileira não se deu da forma como normalmente se imagina. Os dados conhecidos indicam que a participação da manufatura no emprego total do país caiu de 27,7% em 1986 para 15,1% em 2022. E que seu peso no PIB recuou de 27,3% para 14,4% nesse período de quase 40 anos.
Esse declínio, todavia, teria ocorrido de maneira nada uniforme. O economista Paulo Gala, em artigo, observa que o estudo apresenta “achados surpreendentes e impactantes”, mostrando que diferentes setores da indústria viveram dramas completamente distintos. A principal revelação do trabalho acadêmico é que a desindustrialização prematura, aquela que atinge países em desenvolvimento antes de alcançarem um nível de renda per capita de maturidade, impactou principalmente os setores de média-alta e alta tecnologia.
A indústria de veículos e equipamentos de transporte, por exemplo, começou a regredir quando o país tinha apenas um terço da renda per capita esperada para o início desse processo considerado natural.
Na de maquinaria e informática, o encolhimento foi ainda mais prematuro, começando quando o país tinha um quinto da renda esperada.
Em uma analogia esclarecedora, o estudo observa que a desindustrialização nos setores de alta tecnologia ocorreu tão cedo que foi como um “parto” que aconteceu com apenas 20% a 40% do tempo natural de gestação.
Nassif, Tessarin e Morceiro sugerem que isso “bloqueou o desenvolvimento do país no longo prazo”.
Outra revelação do estudo é que alguns setores se desindustrializaram de maneira “normal”, ou seja, idêntica à que se deu em países ricos como parte natural de seu amadurecimento, quando a economia se volta para serviços sofisticados. Entre esses setores estão os de alimentos e bebidas, têxtil e vestuário, madeira e móveis.
Uma revelação que Paulo Gala chama de “contraintuitiva”, é que 70% da queda de emprego industrial no período analisado veio de setores de média-baixa tecnologia, esses citados no parágrafo acima.
O trabalho dos três economistas deixa uma recomendação explícita aos formuladores de políticas públicas: os programas de reindustrialização precisam reagir à tendência de tratar os setores industriais como iguais. Políticas como desoneração de folhas de pagamento, por exemplo, que acabam beneficiando indiscriminadamente amplos setores, são equivocadas. “O resultado é o desperdício de recursos e a ineficácia estratégica”, diz Gala.
O ideal seria incentivar inovação, ciência e tecnologia. Hiram Andreazza de Freitas, diretor da Sew-Eurodrive Brasil, multinacional alemã, grande fabricante de redutores e motores com planta em Indaiatuba (SP), voltou da China há duas semanas e contou que as filiais chinesas de sua empresa, quando investem em processos que geram alguma inovação recebem do governo como cashback 10% do valor da máquina fabricada. E os engenheiros que trabalham em cargos de inovação têm descontos no Imposto de Renda. “É uma economia orientada para o crescimento tecnológico e da indústria”, diz Freitas.
Certamente os chineses têm lições a dar nesse quesito.

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December 9, 4:38 PM
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UE inicia investigação antitruste sobre uso de conteúdo on-line pelo Google para fins de IA | Empresas

UE inicia investigação antitruste sobre uso de conteúdo on-line pelo Google para fins de IA | Empresas | Inovação Educacional | Scoop.it
A preocupação da Comissão Europeia é se a empresa de tecnologia está usado conteúdo de editores da web para gerar serviços com IA em suas páginas de resultados de busca sem compensar editores
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December 9, 1:03 PM
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Quem paga a conta do capitalismo da solidão? Entrevista com Paul Klotz

Quem paga a conta do capitalismo da solidão? Entrevista com Paul Klotz | Inovação Educacional | Scoop.it
Existem estudos cujas conclusões oferecem esperança, e depois existem "os outros". Entre estes, Paul Klotz, advogado e economista formado pelo Sciences Po Paris, destaca um: segundo a Fundação da França, até 2025, 12% dos franceses com mais de 15 anos, especialmente jovens e pessoas com renda modesta, viverão em situação de isolamento objetivo. Em outras palavras, seu contato físico com outras pessoas será inexistente ou quase inexistente. Esse número é ainda mais preocupante porque está crescendo: em 2010, "apenas 9% das pessoas estavam isoladas".
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December 9, 10:40 AM
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‘I feel it’s a friend’: quarter of teenagers turn to AI chatbots for mental health support | Chatbots | The Guardian

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Scooped by Inovação Educacional
December 9, 8:37 AM
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