O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa? Luciano Sathler É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática. Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing. O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais. Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho. A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados. A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar. No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes. Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador". Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante. Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos. Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano. O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.
O historiador e autor de best-sellers internacionais Yuval Noah Harari defende em seu novo livro, "Nexus", que informação e verdade não são a mesma coisa. Embora pareça óbvia, a afirmação não corresponde ao entendimento do público. Nossa tendência é tomar uma coisa pela outra, o que explicaria o efeito contagioso das fake news. O livro é um alerta enfático contra o vale-tudo das redes às vésperas da revolução da inteligência artificial.
"Nexus" se propõe a fazer a genealogia admonitória das redes de informação desde a pré-história até a inteligência artificial, passando pela Bíblia, pelas guerras de religião e pelo advento da democracia e dos totalitarismos na modernidade. A promessa se sustenta até se perder em especulações reiteradas à exaustão sobre o que nos reserva o futuro nada radiante da IA. É como Cassandra pregando para surdos.
Yuval Harari em Beverly Hills, na Califórnia - Emily Berl/10.set.18/The New York Times É claro que a informação muitas vezes leva à verdade, mas ela costuma ser mais palatável quando também produz algum tipo de ordem. Não é possível abrir mão da ordem social em nome da verdade, por exemplo. E as duas nem sempre combinam. Daí o conforto da ilusão, e da confusão entre uma e outra.
O problema potencial da IA é a criação de uma rede de informação absoluta e inquestionável. A solução, como nos mostra a história, seria a instauração simultânea e urgente de um sistema de contrapesos formado por instituições transparentes e falíveis, mas sempre prontas a prestar contas umas às outras e ao cidadão, que relativizassem e regulassem o poder das redes de informação como transmissoras da verdade, sem abrir mão da ordem, à imagem das democracias e da ciência moderna.
Harari trata diversas redes de informação ao longo da história como produtoras de ficção, narrativas ordenadoras e normativas, como a Bíblia, as identidades nacionais e os racismos. Aí mora o perigo de uma rede de informação autointerpretativa e inquestionável como a IA, com o poder de estabelecer, por meio de um pensamento e de uma lógica inacessíveis, uma ordem ficcional absoluta travestida de verdade.
Em oposição a esse sentido negativo e ilusório, o modelo de ficção exaltado por Harari no livro é um episódio da série "Black Mirror". A boa ficção, para ele, seria a representação especular, parábola ilustrativa, advertência sobre os riscos que corremos. Aí estaria a contribuição especulativa da arte para a verdade. Há, porém, outra dimensão positiva da ficção, que parece escapar ao escopo do livro.
A ficção é o discurso que se desdiz e se desconstrói por definição. Assim como a arte, ela é um exercício de verdade em si, independente da informação. A verdade nela já não é referencial; é a própria criação. E por isso talvez ela já não faça sentido para muita gente num mundo dominado por redes de informação, porque foi reduzida à utilidade de instrumento de reconhecimento e confirmação, conquista de mercado e motivação social.
Ao contrário das redes nas quais ela se confunde com a verdade, como na Bíblia ou nas fake news, a ficção assumida como tal traz o sistema de contrapesos embutido na própria porosidade de um discurso falível e questionável, que pode tomar formas polifônicas, contraditórias e paradoxais. A ficção é, por natureza, duplo e duplicidade, afirmação e negação simultâneas, diálogo e reflexão. É a sua verdade.
1 10 Conheça autores que já trabalharam com a autoficção em seus livros
A escritora Annie Ernaux aos 22, em novembro de 1962, cinco antes da morte de seu pai, que originaria "O Lugar" Acervo Pessoal de Annie ErnauxMAIS
VOLTARFacebookWhatsappXMessengerLinkedinE-mailCopiar link Quando a escritora argentina Ariana Harwicz disse recentemente, num encontro em São Paulo, sentir-se chantageada pela autoficção, como leitora, era disso que ela estava falando. De uma ficção que quer passar por verdade referencial, confundindo informação e verdade, e que por isso depende antes de mais nada da crença na expressão da identidade do autor para poder existir como prova, documento.
Tomando o modelo da palavra divina, essa "ficção absoluta" é um oximoro que não admite questionamento. Nela, ou a dúvida é banida como imoral ou é ignorada como fraqueza.
A justiça climática é um termo que revela a faceta ética e política das mudanças do clima, muitas vezes observada apenas como uma questão puramente ambiental. Neste contexto, surge o debate do racismo climático, que relaciona o impacto dos efeitos do clima sobre populações mais vulneráveis e marginalizadas historicamente.
A pesquisa Vigilância por Lentes Opacas: Mapeamentos da Transparência e Responsabilização de Projetos de Reconhecimento Facial no Brasil foi desenvolvido pelo CESeC (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania) e pelo Lapin (Laboratório de Políticas Públicas e Internet).
O estudo calcula uma média a partir da transparência ativa, na qual os órgãos públicos divulgam as informações por iniciativa própria, e da passiva, em que a publicação de informações depende da LAI (Lei de Acesso à Informação).
Os paralelos se desenham sozinhos. Em 1999, o governo dos Estados Unidos prevaleceu em um processo antitruste de alto perfil contra um gigante da tecnologia que alegava estar abusando de um monopólio. O caso girou em torno do "poder do padrão" nos navegadores de internet: o "Tio Sam" conclui que a Microsoft estava forçando os fabricantes de computadores a distribuir seu navegador junto com o software Windows. Isso resultou em propostas para dividir a Microsoft (embora a empresa tenha vencido em recurso e permanecido inteira).
Os observadores de tecnologia poderiam ser perdoados por sentir um dèjá-vu. Em agosto, os reguladores antitruste marcaram sua primeira grande vitória contra as big techs em um quarto de século, quando Amit Mehta, juiz do Distrito de Columbia, decidiu que o Google praticava monopólio nas buscas online.
Desmantelamento do Google é uma das possíveis sanções do processo antitruste nos EUA - Andrew Kelly/Reuters Usando o poder do padrão, ele argumentou, o Google bloqueou rivais e aumentou os preços de seus anúncios além das taxas de mercado livre. Em 8 de outubro, o Departamento de Justiça deve apresentar propostas de soluções para esse abuso de poder de monopólio. Isso pode incluir uma proposta para desmantelar o gigante da tecnologia —talvez separando o Chrome, seu navegador, ou o Android, seu sistema operacional para dispositivos móveis.
Essa medida seria imprudente. Não está nada claro que isso resolveria a questão central apresentada no caso. Além disso, embora o Google tenha desfrutado por muito tempo dos vastos lucros associados ao seu domínio na busca, pode não continuar a fazê-lo. Novas ferramentas de inteligência artificial generativa, como Chatgpt e Claude, estão rapidamente ganhando participação de mercado.
O Google é o mecanismo de busca mais usado na web, lidando com cerca de 90% das consultas nos EUA. Esse domínio, decidiu Mehta, foi consolidado por meio de "acordos de busca padrão". Abra o Safari em um iPhone ou o Mozilla Firefox em um laptop e digite uma consulta na barra de pesquisa, e será o Google que retornará os resultados. Pelo privilégio de fazer isso, o Google compartilha parte da receita de publicidade que seu mecanismo de busca gera. Esses pagamentos totalizaram US$ 26 bilhões em 2021. Cerca de US$ 20 bilhões foram para a Apple sozinha.
1 5 As empresas mais valiosas dos EUA
Nvidia - US$ 3,33 trilhão Dado Ruvic/ReutersMAIS
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VOLTARFacebookWhatsappXMessengerLinkedinE-mailCopiar link Empresas pagarem para estar na frente da fila para potenciais clientes não é uma ideia absurda. Fabricantes de cereais pagam supermercados para estarem "ao nível dos olhos" nas prateleiras; editoras pagam livrarias por lugares em suas cobiçadas "mesas frontais". O problema com os acordos de busca padrão é que eles não apenas tornam uma opção mais proeminente —eles tiram o poder de escolha por completo.
Separar o Chrome ou o Android não resolveria esse problema, desde que o Google ainda pudesse pagar aos seus eventuais proprietários para ser o mecanismo de busca padrão. Portanto, o tribunal deve direcionar os arranjos padrão diretamente.
A Justiça poderia restringir a opção do Google de pagar para ser uma das várias opções de mecanismo de busca, uma solução que reguladores europeus já implementaram. Na ausência do cheque gordo que o Google paga para ser o padrão, a Apple e outras empresas de tecnologia com grandes recursos financeiros poderiam se concentrar em construir seus próprios mecanismos de busca.
Uma ordem para forçar o Google a tornar pública parte da tecnologia que permite que seu mecanismo de busca funcione, como seu índice de páginas da web e registros de consultas de busca, poderia facilitar a tentativa de rivais. O julgamento revelou que custa cerca de US$ 20 bilhões para construir um mecanismo de busca, além de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões por ano em pesquisa e desenvolvimento anual. Reduzir esses custos permitiria que empresas menores competissem também.
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Como a derrota do Google em caso antitruste pode mudar a indústria da tecnologia Character.ai abandona criação de modelos de IA após acordo com o Google Quem é quem no tabuleiro da IA: veja os modelos, apps e empresas desse mercado Outra razão para evitar uma solução tão drástica quanto a divisão da empresa é que a tecnologia avança muito mais rápido do que qualquer sistema legal pode. Adicione o processo de apelação e qualquer ação contra o Google ainda está a anos de distância.
No entanto, já há evidências emergentes de que o domínio do Google na busca está enfraquecendo à medida que as ferramentas de IA generativa ganham terreno. Uma pesquisa do banco Evercore descobriu que o Chatgpt é o "mecanismo de busca preferido" para 8% dos americanos. A inovação enfraqueceu dramaticamente o domínio da Microsoft há um quarto de século também. A empresa foi rapidamente deixada para trás à medida que a tecnologia móvel decolou.
A intervenção antitruste pode ter acelerado o declínio da empresa. É por isso que é importante para os reguladores olharem tanto para o futuro quanto para o passado. Se o Google for deixado sem controle, o perigo é que sua posição de incumbente impeça a competição.
Com seus enormes conjuntos de dados proprietários, o Google pode um dia construir ferramentas de IA melhores do que seus rivais. Impulsionado por seus lucros de monopólio, oferece suas ferramentas de IA atuais gratuitamente, ao contrário dos novos concorrentes que devem cobrar assinaturas para ajudar a cobrir seus custos.
Se o Google estivesse realmente bloqueando futuros rivais, então limitar a capacidade de usar seu mecanismo de busca para distribuir seus produtos de IA poderia impedi-lo de explorar um monopólio para adquirir outro. Uma divisão, por mais politicamente atraente que possa ser para alguns, não é a resposta.
Texto de The Economist, traduzido por Helena Schuster, publicado sob licença.
Visão de que medida pioraria qualidade dos currículos era a velha demofobia O Censo da Educação Superior mostrou que o Brasil está prestes a bater a marca dos 10 milhões de jovens nas universidades. Como os dados são de 2023, é possível que isso já tenha acontecido. O mesmo censo revelou que 51% dos alunos que entraram nas universidades graças às cotas concluíram os cursos. Entre os não cotistas, esse desempenho ficou em 41%. Além da simples estatística, há aí uma lição política, indicativa do grau de demofobia incrustado na vida nacional. Nos últimos anos do século passado, quando se discutia a Lei das Cotas, muita gente boa, inclusive professores, era contra a ideia, por motivos supostamente pedagógicos. As cotas comprometeriam a qualidade dos currículos, pois os cotistas não seriam capazes de acompanhar as aulas. Além disso, muitos deles acabariam deixando os cursos. Era apenas a velha demofobia. Todos os argumentos contra as cotas revelaram-se errados. Na segunda metade do século 19, argumentava-se que os escravizados não estavam preparados para a Lei do Ventre Livre nem para a alforria dos sexagenários e muito menos para a Abolição.
Especialistas concordam que é errado classificar um menor de 18 anos como psicopata, mas existe uma condição similar, detectada ainda na infância e na adolescência, que aumenta o risco de desenvolver a psicopatia na vida adulta.
Censo do Ensino Superior mostra que 59% de quem se forma em colégios privados vai para a faculdade no ano seguinte, ante 21% na rede pública Alunos que terminaram o ensino médio em escola particular foram direto para o ensino superior são quase o triplo daqueles que estudaram na rede pública, aponta levantamento do Ministério da Educação. Segundo os dados do Censo do Ensino Superior, divulgados nesta quinta-feira (3), 59% dos jovens que concluíram o ensino médio em escola particular em 2022 ingressaram em uma graduação no ano seguinte. Entre os alunos egressos de redes estaduais, esse percentual é de 21%. Dos cerca de 2,2 milhões de jovens que concluíram o ensino médio em 2022, 85% estudavam em escolas estaduais. É a primeira vez que o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão responsável pelo censo, calcula quantos alunos ingressam no ensino superior imediatamente após terminar a educação básica. "É um dado que nos indica para uma série de problemas no nosso sistema educacional", disse Carlos Eduardo Moreno, diretor de estatísticas do Inep. Além dos alunos de escola particular, os egressos da rede federal de ensino também acessam o ensino superior com mais frequência —58% entraram em uma graduação no ano subsequente ao que se formaram. As escolas federais, no entanto, são responsáveis por apenas 2,6% das matrículas no ensino médio. Para Jhonatan Almada, membro da Rede de Especialistas em Política Educativa da Unesco, os dados escancaram a baixa qualidade do ensino que é ofertado para a maioria dos estudantes brasileiros e como essa situação compromete o futuro desses jovens. "As redes estaduais de modo geral não possuem as mesmas condições de funcionamento e organização da rede privada e da rede federal. Além disso, o país nunca regulamentou o padrão mínimo de qualidade e só recentemente começamos a discutir e implementar políticas de permanência para o ensino médio." Os dados do censo mostram ainda outras desigualdades, sobretudo a racial. Entre os jovens brancos, 37% entraram em uma graduação no ano seguinte ao que se formaram no ensino médio. Entre os pardos, o número cai para 20%. Para os pretos, é de 17% e chega a apenas 12% para os indígenas. Mais do que a qualidade do ensino nas escolas estaduais não ser suficiente para os alunos conseguirem a aprovação no ensino superior, Almada destaca o desalento dos jovens para continuar estudando. Muitos alunos sequer cogitam fazer faculdade seja pela necessidade de trabalhar ou por não enxergar o ensino superior como uma perspectiva de melhora. Segundo o censo, 55,9% dos alunos que concluíram o ensino médio se inscreveram para fazer o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em 2023. Em alguns estados esse percentual é ainda menor. Em São Paulo, por exemplo, foi de 44,8% —o segundo menor índice, atrás apenas de Roraima. Para Almada, os efeitos negativos do novo ensino médio podem ter aumentado o desânimo dos alunos para cursar uma graduação, já que a queda de inscritos foi maior em estados que implementaram antes as mudanças, como ocorreu em São Paulo. "Na rede privada e na rede federal esse modelo do novo ensino médio não foi implementado a ponto de modificar a forma como levavam seu trabalho. Contudo, nas redes estaduais esse modelo foi implementado de forma incisiva e que pode ter gerado um impacto negativo na perspectiva de quem conclui essa etapa."
"Tudo indica que precisamos trabalhar mais e melhor um tipo de nova gramática da soberania. O coronavírus nos mostrou a importância dessas cartografias, bem como nossa dependência do big data e os riscos associados ao uso (ou uso indevido) dessas informações", escreve Antonio Lafuente, físico, pesquisador do Centro de Ciências Humanas e Sociais do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) da Espanha, na área de estudos da ciência, em artigo publicado por Outras Palavras, 22-07-2020. A tradução é de Simone Paz.
“A mutação antropológica põe em causa o futuro de todo o gênero humano. As interrogações que surgem são, a esse respeito, as seguintes: que evolução nos espera? Qual destino para a espécie humana? E ainda: a inteligência artificial poderá evoluir até se auto-humanizar?”
Quando eu era pequeno, os meus pais foram à minha escola exigir que eu pudesse ir para as aulas com uma televisão, uma câmera de filmar, uma máquina fotográfica, um console de jogos, milhões de filmes e um toca-discos. As freiras não aceitaram, surpreendentemente. Disseram que a minha experiência escolar seria radicalmente diferente se eu tivesse acesso permanente a uma televisão, uma câmera de filmar, uma máquina fotográfica, um console de jogos, milhões de filmes e um toca-discos. Muito estranho. Enfim, tempos antigos. Felizmente, evoluímos. Hoje, todos os alunos vão para a escola com uma televisão, uma câmera de filmar, uma máquina fotográfica, uma console de jogos, milhões de filmes e um toca-discos. Está tudo contido num único dispositivo chamado smartphone. Além destas vantagens, o aparelho ainda lhes oferece a possibilidade de entrar em contato com amigos, conhecidos, ou até estranhos —instantaneamente. Os especialistas dizem que essa circunstância tem produzido efeitos preocupantes. Parece que as crianças e jovens não convivem, a não ser através do zingarelho. E o convívio digital é, segundo dizem, muito diferente do convívio real. O psicólogo social Jonathan Haidt, autor do livro "A Geração Ansiosa", nota que a atividade que as crianças levavam a cabo antigamente —brincar— foi substituída por outra coisa mais fria, mais distante, menos humana. Na prática, a exposição intensa ao smartphone e às redes sociais priva as crianças da sua infância, interfere na sua capacidade de frequentar a escola normalmente, e causa prejuízos mentais, físicos e sociais. Não sei se veem onde quero chegar. O que acabei de descrever são os malefícios do trabalho infantil —priva as crianças da sua infância, interfere na sua capacidade de frequentar a escola normalmente, e causa prejuízos mentais, físicos e sociais. O que significa que os problemas causados pelo antigo trabalho infantil são muito parecidos com os problemas causados pelo atual entretenimento infantil. A pobreza levava ao trabalho infantil, que desumanizava, e agora a riqueza leva ao entretenimento infantil, que desumaniza. Conseguimos substituir uma abominação por outra. Um dia ainda havemos de acertar.
Você conhece o termo? Uma fala da Ministra Anielle Franco conectando racismo como uma das causas de tragédias que aconteceram no último final de semana gerou polêmica. Mas o “Racismo Ambiental” já é amplamente usado em diversas áreas de pesquisa. Mas será que existe uma relação entre raça, classe social e as enchentes que atingem as cidades, do estado do Rio de Janeiro, ano após ano?
Na verdade, o modelo mais correto, pelo que indicam os estudos iniciais sobre a tema na área de comunicação científica, é exatamente o adotado pela dupla do "Nunca Vi 1 Cientista": dar nome aos bois. Deixar claro quem está falando bobagem e explicar tim-tim por tim-tim por que é bobagem, em vez de adotar formulações genéricas do tipo "tem gente falando a bobagem X por aí".
Além disso, no mesmo vídeo que deu origem ao processo, elas adotam outra estratégia fundamental: a de evitar o engajamento direto.
A questão é que não existe engajamento ruim na internet. Atacar uma postagem ou um vídeo diretamente no perfil do autor, ou compartilhar algo absurdo fazendo comentários indignados, só tende a aumentar o alcance –no sentido de número de perfis online alcançados mesmo– dos picaretas.
O certo, portanto, é usar reproduções, e não links diretos para os perfis que vivem de desinformação, e aconselhar as pessoas a bloquearem e, se possível, denunciarem as redes sociais pseudocientíficas às plataformas, caso haja essa opção. (A não ser que o dono da rede social em questão seja o Elon Musk. Aí a gente entrega pra Deus mesmo.)
O cenário é de guerra. E a única chance de enfrentar a desinformação é usar todas as armas legítimas à nossa disposição.
Mesmo em colégios que afirmam acolher diversidade, alunos com deficiência enfrentam bullying e falta de conteúdo adaptado e de formação de professores
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20.set.2024 às 10h00 EDIÇÃO IMPRESSA Ouvir o texto Diminuir fonte Aumentar fonte Laura Mattos SÃO PAULO Encontrar escolas que se apresentam como inclusivas não é tão difícil hoje em dia. O complicado é achar aquelas em que a inclusão vá além do discurso e da propaganda, afirmam especialistas e pais de crianças e jovens com deficiência.
"É comum que as escolas não tenham currículos de inclusão e coloquem alunos com autismo, com TDAH [Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade] ou com outra dificuldade para tentar seguir o mesmo conteúdo oferecido para todos. Não pensam o que querem para cada estudante", afirma Lilian Feingold Conceição, psicóloga e orientadora educacional que se especializou em educação inclusiva.
A conscientização sobre a importância da inclusão social é um dos propósitos do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado em 21 de setembro. A data foi instituída por lei no país em 2005. Dez anos depois, em 2015, foi assinada a Lei Brasileira de Inclusão, que assegura os direitos das pessoas com deficiência, entre eles o acesso a uma educação de qualidade em escolas públicas ou privadas.
Crianças em sala da escola em São Paulo, em imagem ilustrativa - Danilo Verpa - 20.abr.2023/Folhapress No Brasil, mais de 6 milhões de estudantes têm algum tipo de deficiência ou transtorno de aprendizagem, 12,8% do total, de acordo com um levantamento da Equidade.info, iniciativa ligada à Escola de Educação da Universidade de Stanford, dos Estados Unidos.
Na rede privada, em especial, palavras como inclusão e diversidade são, muitas vezes, "colocadas em uma prateleira" sem que esses valores estejam contemplados em seus projetos pedagógicos, afirma a orientadora.
"As escolas particulares acabam se constituindo como produtos, estão dentro de um mercado e disputam os alunos. Boa parte levanta determinadas bandeiras verificando o que a sociedade quer naquele momento", diz.
MAIS SOBRE LUTA DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Conheça blogs da Folha
Assim como você: análises e histórias de um jornalista cadeirante Blog Vidas Atípicas aborda dúvidas e debates sobre autismo Repórter com baixa visão reflete sobre deficiência e aprendizagens em Haja Vista Advogada que presta consultoria sobre inclusão para famílias e escolas, Alynne Nunes diz que, "embora na rede pública o problema seja certamente mais profundo, com crianças sem laudos e sem atendimento, há muita negligência em escolas particulares".
"Temos que lembrar que a rede particular não é feita de escolas de elite –e mesmo essas não estão livres de ter problemas. Mas existem muitas escolas particulares de classe média, média baixa, e os problemas de falta de estrutura são grandes."
Presidente da Comissão dos Direitos das Pessoas com Deficiência da OAB de São Paulo e mãe de um jovem com autismo, Camilla Varella afirma que processos na Justiça envolvem uma série de colégios que se dizem inclusivos, até mesmo os mais caros.
É o caso da ação judicial movida pela família de Vicente, 16 (nome fictício), que tem TEA (Transtorno do Espectro Autista) nível 1 —precisa de apoio ocasional— com altas habilidades —é superdotado.
1 5 Características que podem ajudar a identificar pessoas com autismo
Falta de contato visual Zanone Fraissat/FolhapressMAIS
VOLTARFacebookWhatsappXMessengerLinkedinE-mailCopiar link Sua dificuldade principal é o convívio social. A escola, portanto, precisaria estar apta a desafiá-lo no conteúdo e, ao mesmo tempo, lhe dar apoio na interação social. Ele foi matriculado em um dos colégios mais caros de São Paulo, que, segundo sua mãe, tem um discurso inclusivo e de apoio à diversidade.
Mas Vicente acabou se tornando vítima de bullying e de acusações de assédio. Segundo conta a mãe, o jovem faz cálculos de matemática de nível superior, porém, em alguns aspectos, parece uma criança e não consegue entender alguns códigos sociais.
A escola, afirma a mãe de Vicente, só concordou em oferecer esse apoio depois que a família entrou com uma ação na Justiça. E, como mediador, foi colocado um professor sem preparo relacionado ao autismo.
O jovem tem sido também impedido pela escola de participar de excursões, o que, para a mãe, reforça o preconceito dos colegas. Ela afirma que um dos maiores problemas é a falta de um trabalho de conscientização para toda a comunidade escolar: professores, funcionários, alunos e famílias.
Lilian Feingold Conceição diz que a inclusão, se for feita de forma equivocada, pode gerar insegurança para todos na escola, o que, obviamente, complica ainda mais a situação daqueles que têm deficiência ou algum transtorno de aprendizado.
"Mesmo em escolas que se dizem inclusivas, em que todas as famílias, ao matricular seus filhos, compram essa ideia, há o risco de que alguns pais passem a se questionar: ‘Será que isso não atrapalha? Será que não vai atrasar o aprendizado?’", diz.
A psicóloga defende um trabalho profundo de conscientização para mostrar que a inclusão é positiva para todos e para "descaracterizar a meritocracia". "A melhor escola não pode ser aquela que coloca um aluno no 1º lugar de medicina da USP, mas a que, além disso, coloca o aluno com autismo em seu melhor desempenho."
Taiza Stumpp, professora e pesquisadora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) que coordena um grupo de estudo sobre o autismo e o Observatório de Saúde Mental da universidade, diz que famílias de crianças e jovens com TEA relatam pressão de alguns pais de alunos típicos (como são chamadas os que não têm deficiência ou transtorno de aprendizado) para um ensino centrado no conteúdo.
A escola sente que "deve explicações" a esses pais sobre a inclusão, explica Taiza, e não consegue dizer que a educação inclusiva é importante para formar todos os alunos como cidadãos que valorizam a diversidade.
Tanto em escolas públicas quanto em privadas os pesquisadores se deparam com profissionais "aflitos", conta Taiza, sem formação e protocolos para colocar a inclusão em prática. "A falta de apoio gera estresse para os professores e para as famílias", diz. "Entre as demandas estão a falta de material didático especial e de um desenho pedagógico concebido com a colaboração dos professores, profissionais especializados, gestores e as famílias, que pense em cada um dos estudantes."
Para o próximo ano, o grupo da Unifesp terá um curso de formação de professores e gestores escolares, com a participação de famílias de estudantes com TEA.
Marçal não é Bolsonaro, vai mais fundo: não foi adotado pelo mundo político, nem pelo centrão mais podre; espezinha políticos. É um garoto-propaganda das mentalidades da teologia da prosperidade ou da prosperidade teológica, temperado pelo que se chama dos valores da direita, que ele dissemina por meio de doutrinação, choque midiático e células familiares militantes. A precarização do trabalho e a descrença na capacidade do Estado de melhorar vidas (quando não atrapalha) aumentam o apelo desse messianismo individualista, se diz. Pode ser, mas sabemos pouco de detalhes do mundo do trabalho. Pelos grandes números, a formalização do trabalho está pouco abaixo do recorde do começo da década de 2010, assim como a parcela ocupada da população em idade de trabalhar; o salário médio passou do pico de 2013. A vida melhora um tico. Não parece social ou politicamente relevante. Há precarização no trabalho, mas não sabemos de seu tamanho e o que é apenas nova forma de precarização. Certo é que o emprego desta economia meio pobre não dará vida satisfatória à massa ou acesso à vida instagramável. A grande mudança seria o vislumbre dessa existência fotogênica conspícua e exemplos raríssimos, mas inspiradores, de que há atalhos para se chegar lá, driblando desigualdades, emprego ruim e escola inútil. A mudança religiosa tem peso, mas menos de um quarto dos eleitores paulistanos é evangélico e só um terço deles vota em Marçal (aliás, 15% não têm religião). Ideias de certos evangélicos é que parecem fazer parte de mudança cultural maior, revolução ainda pouco compreendida e que estoura outra vez na nossa fuça, na forma sórdida de um Marçal.
"A Substância", vencedor de melhor roteiro no Festival de Cannes deste ano, tematiza as consequências das expectativas sociais sobre a aparência física nos dias de hoje. Autor reflete sobre a disseminação do medo de envelhecer, que impulsiona procedimentos estéticos e tratamentos que prometem o rejuvenescimento e consome parcela crescente do PIB de países de todo o mundo.
O filme "A Substância" tem mais substância do que aparenta. Não se trata apenas de um suspense de terror. É um filme sobre como tudo o que é esperado das pessoas molda o estado de espírito.
Sobre ele, explica a diretora Coralie Fargeat: "É sobre o ódio a si mesma e a sensação de que nunca se é boa o suficiente, bonita o suficiente, magra o suficiente, jovem o suficiente".
Demi Moore em cena do filme 'A Substância', de Coralie Fargeat - Christine Tamalet/Divulgação O começo: uma grua sobre a calçada da fama da Hollywood Boulevard; uma nova laje é moldada, a da estrela Elisabeth Sparkle (Demi Moore), atriz ganhadora de um Oscar; num plano fixo, o tempo passa, ela é inaugurada e, depois, rachada, pisoteada, suja por ketchup, ignorada.
Está indicada a trajetória de uma mulher que precisa da sua juventude para colocar alimento na mesa e no ego. Ao final, numa referência à Jane Fonda, ela vira estrela de um programa de TV de ginástica. Mas aos 50 anos é demitida por ser "velha demais".
Sua saída é aderir a um procedimento experimental com um tratamento invasivo e rejuvenescer: Activator, que mais se parece uma injeção de Ozempic master. No banheiro da sua casa, ela aplica o produto e dá à luz seu clone, Sue (Margaret Qualley, a Pussycat de Tarantino em "Era uma Vez em... Hollywood"), uma jovem bailarina pronta para brilhar.
Criadora não conhece criatura. Quando uma vive, a outra hiberna. Uma depende dos fluídos da outra. A cada uma, o direito de viver uma semana. Assim, ela mesma, em versão mais jovem, a substitui magnificamente no programa de TV.
Com o tempo, Elizabeth e Sue começam a temer uma à outra, a se boicotar, a se odiar. Então, o filme entra num corredor percorrido por Oscar Wilde em "O Retrato de Dorian Gray" e por Robert Louis Stevenson em "O Médico e o Monstro" ("Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde").
O dândi Dorian Gray tem uma pintura de corpo inteiro retratada pelo artista Basil Hallward, absorto por sua beleza. O retratado é seduzido pela vida de luxúria e sexo que sua aparência atrai, sabe que um dia irá envelhecer e faz um pacto: deseja que o retrato envelheça, não ele.
1 11 Veja cenas de 'A Substância', de Coralie Fargeat
Demi Moore em cena do filme "A Substância", de Coralie Fargeat Christine Tamalet/DivulgaçãoMAIS
VOLTARFacebookWhatsappXMessengerLinkedinE-mailCopiar link Dorian leva uma vida libertina e amoral, enquanto o retrato absorve tudo o que existe de ruim e decai. Seu sorriso despenca. Sua pele enruga. O sacrifício, fruto da vaidade, o levou a uma vida infeliz, criminosa e sem amores realizados. Por fim, num acesso de fúria, apunhala o retrato e se torna um cadáver desfigurado, enquanto a pintura recupera sua juventude.
O ódio de criadora e criatura extrapola em "A Substância". Ambas são a mesma pessoa, e quem as lembra é a voz misteriosa do call center da "clínica". A criatura não se reconhece na criadora. A inveja que a mais velha sente pela jovem, assim como o desprezo que a jovem sente pela mais velha, são dois estados da mesma consciência.
A autoestima baixa impede que elas percebam quem é quem. Duas consciências passam a coexistir e competir. Um "self-hatred" (que mal traduzido seria uma autoaversão) torna a mais velha violenta.
Elas se juntam e se julgam. Movidas pelo desejo de ser a versão perfeita, uma tenta destruir a outra. Nesse caminho, Dr. Jekyll vira inspiração. No livro, ele quer provar que a maldade dentro de cada um é conscientemente controlada por um pacto social.
Cria uma substância que libera o cruel que reprimimos e o chama de Mr. Hyde. O mal está dentro do bem, e a grade que os separa é frágil. O doutor bom e generoso, ao tomar a poção, se transforma num monstruoso assassino. Mas são a mesma pessoa
Vi Brad Pitt passar em Veneza. Seu rosto parecia caju. Maquiagem ou bronzeamento artificial? O Apolo das nossas fantasias, que se veste como marceneiro, sobe num telhado, tira a camisa para consertar uma antena, sua e olha o pôr do sol abrindo uma lata de cerveja, como em "Era uma Vez em... Hollywood", o que lhe rendeu o Oscar de melhor ator coadjuvante, não está satisfeito com a paleta do rosto e o flambou.
1 20 Brad Pitt faz 60 anos; relembre curiosidades da vida e carreira do ator
Antes de começar a fazer sucesso em Hollywood, Pitt fez muitos bicos. Em um deles, usava uma fantasia de frango para atrair o público a uma @bradpittofflcial no InstagramMAIS
VOLTARFacebookWhatsappXMessengerLinkedinE-mailCopiar link Ele e parte da humanidade que, depois da pandemia, se viu em close durante o home office, não gostou e passou a temer pelo emprego. Achou quer podia passar por uma harmonização. A pele tem que estar radiante.
O que era obsessão de grandes atores de Hollywood, com medo de envelhecer, se popularizou. Por até R$ 200, se faz um peeling químico facial, ou dermoabrasão: um tratamento horripilante, como efeitos de filme de terror B, em que um ácido queima a pele, descama, remove manchas, acnes, reduz a oleosidade e aumenta a produção de colágeno.
O mercado também oferece o peeling de diamante e o ultrassônico. Peeling de fenol é mais agressivo e matou recentemente o empresário Henrique Chagas, que aos 27 anos achou que precisava rejuvenescer.
O laser lavieen no rosto traz os mesmos benefícios, usa a mesma degradação da pele e diminui a flacidez e olheiras. Ele remove vasinhos vermelhos próximos do nariz. Tem mais. Ultrassom micro e macro focado, por R$ 2.000, estimula a colagem por um ano. Fio de PDO (polidioxanona) enfiado no rosto estimula o colágeno por ser um corpo estranho com resultado imediato. Sem se esquecer a plástica.
Tem a opção do laser CO2, que deixa a pele inchada e avermelhada por quatro dias, mas é indicado para rugas e linhas de expressão, melhorar a textura da pele, manchas escuras ou melasma, manchas senis, estrias, cicatrizes de acne da região do rosto, trazendo rejuvenescimento.
O Botox, que paralisa o músculo, a neurotoxina da bactéria do botulismo, o veneno mais letal conhecido, bactéria que sobrevive até sem oxigênio, é talvez o procedimento mais popular, e por R$ 1.400 garante-se um rosto firme por seis meses.
Complexos vitamínicos, injeções de emagrecedores, eletroestimulação ou magnética, retirada de vértebras, raspagem de sobrancelhas, nariz, ácido hialurônico, fibras, hidratação, alimentos ricos em antioxidantes, cremes... Já se calculou a porcentagem do PIB que é consumida para retardar o envelhecimento?
Na Dinamarca, sim. Por conta do Ozempic, da farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, que impactou o PIB do país, existem dois números: o com e o sem a inclusão do faturamento da injeção de semaglutida, para se saber o real estado da economia.
1 7 O que a ciência diz sobre tratamentos para emagrecer
A semaglutida, composto dos medicamentos Ozempic e Wegovy, ganhou popularidade devido à eficácia. É considerada segura, mas pode ter efeitos George Frey/REUTERSMAIS
VOLTARFacebookWhatsappXMessengerLinkedinE-mailCopiar link Segundo a Bloomberg, em valor de mercado, a Nordisk (US$ 530 bilhões), que criou um medicamento para pacientes com diabete tipo 2 e obesos, é maior que a economia dinamarquesa (US$ 405 bilhões). Não existem tantos diabéticos assim.
Ou seja, o nível de autoestima e do viver bem e saudável comanda a economia mundial e talvez supere o investimento em bem-estar social e a saúde do planeta. Isso, sim, é um filme de terror.
O Microsoft Copilot também está disponível no WhatsApp, permitindo que o usuário faça perguntas, gere imagens a partir de descrições textuais e realize outras tarefas, assim como nas demais plataformas onde ele é encontrado. A inteligência artificial generativa foi liberada no mensageiro na terça-feira (1º). Ao interagir com a IA da Microsoft no app de mensagens da Meta, você pode aproveitar as sugestões dadas pela tecnologia ou fazer suas próprias solicitações, digitando as instruções. O usuário tem a possibilidade de pedir ao bot que crie um texto com um determinado tom, por exemplo. Fazer resumos e responder a diferentes tipos de questionamentos de forma clara e natural são algumas das outras capacidades da ferramenta. Ela também consegue criar imagens atendendo aos pedidos do usuário, como informado anteriormente, transformando ideias em artes, logotipos, memes, desenhos ou fotos. Cabe ressaltar que o Copilot no WhatsApp possui algumas limitações em relação às funcionalidades encontradas em outras plataformas. No mensageiro, a IA ainda não realiza a análise de imagens nem traz compatibilidade com áudio, pelo menos neste primeiro momento.
Andrés Moya (Valência, 1956) encarna a figura do cientista humanista que a Antiguidade e o Renascimento idealizaram. Doutor em filosofia e biologia, professor de genética na Universidade de Valência, ativo divulgador em publicações, palestras e conferências. Conversamos com ele a respeito da tensão entre ecoutópicos e tecnoutópicos que disputam o futuro. Suas respostas retiram a inquietação sobre para onde caminha a Humanidade. Pede para que abramos os olhos, que exijamos responsabilidades políticas que coloquem limites às grandes corporações tecnológicas: “Temos uma dependência crescente dos algoritmos. Isso conta com um enorme perigo, porque você não os controla, no fundo, eles controlam você”.
Ele acrescentou: "É improvável que a mudança climática leve a um bom resultado, mas se o desenvolvimento da IA for negativo, será muito pior do que as mudanças climáticas: a inteligência artificial poderia se revelar como algo realmente positivo para a humanidade, mas poderia também ter consequências muito graves”.
Por isso, defende Santaella, "não há divórcio entre a evolução biológica humana e a revolução tecnológica". "No ponto em que nos encontramos hoje, com as tecnologias digitais, o que está sendo expandido são as nossas capacidades cerebrais". Nesta entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, Santaella aborda ainda o fenômeno das redes digitais, que, segundo ela, são "um dos grandes índices que nos fornecem pistas para compreender a contemporaneidade".
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