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Curadoria por Luciano Sathler. CLIQUE NOS TÍTULOS. Informação que abre caminhos para a inovação educacional.
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July 10, 5:58 PM
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Inteligência Artificial na Educação: CEE-MG participa de Conferência Internacional

Inteligência Artificial na Educação: CEE-MG participa de Conferência Internacional | Inovação Educacional | Scoop.it

O Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais (CEE-MG) está representado na 25ª Conferência Internacional de Inteligência Artificial na Educação (AIED 2024), realizada de 8 a 12 de julho de 2024, no Recife, Pernambuco. Organizado pela CESAR School, o evento tem como tema "IA na Educação para um Mundo em Transição" e reúne mais de 500 participantes para discutir a necessidade de abordagens inovadoras para maximizar os benefícios educacionais da IA de forma responsável, enfatizando a alfabetização em IA e estruturas éticas para guiar a integração da IA nos ambientes educacionais.

Realizada pela primeira vez na América Latina, este ano a conferência conta com significativa participação brasileira, com cerca da metade dos trabalhos submetidos por pesquisadores do país. Celebrando seu trigésimo aniversário, a AIED se destaca pelo corpo de cientistas que pesquisa e publica sobre o tema, atuando muito antes da popularização da IA Generativa, iniciada com o lançamento do ChatGPT em novembro de 2022.

Participação do CEE-MG

No evento, o Conselho Estadual de Educação está representado pelo Conselheiro Luciano Sathler, PhD em Administração pela FEA/USP, e referência em Educação a Distância no Brasil. No órgão, Luciano Sathler preside a Comissão  Temporária encarregada de elaborar normas para a oferta de Educação a Distância (EaD), a utilização de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e a aplicação da Inteligência Artificial (IA) na Educação Básica.

O presidente do CEE-MG, Felipe Michel Braga, ressaltou a importância estratégica da participação do Conselho nesse fórum científico e de debates, anunciando planos para organizar um seminário sobre o tema ainda este ano. “Nós pensamos em organizar um seminário sobre IA na Educação, em formato híbrido, que as pessoas possam participar online ou presencialmente, para o segundo semestre, focado em debater se há necessidade ou não de uma regulação específica na área de educação, na melhor forma de destravar e construir um futuro melhor a partir dessas tecnologias”, afirmou.

Avanços e Desafios da IA na Educação

A professora Blaženka Divjak, da Universidade de Zagreb, ressaltou a inevitabilidade da IA na educação e a importância de empoderar, e não substituir, os educadores. Ela destacou a necessidade de repensar os métodos de aprendizado e promover uma mudança cultural nas escolas, com base em uma reflexão profunda sobre o que é necessário aprender e como realmente se aprende. Segundo ela, a aprendizagem deveria ser o foco principal na educação há anos, demandando uma mudança significativa na cultura escolar. Nesse sentido, é fundamental definir quais atividades devem permanecer exclusivamente humanas para garantir que a IA beneficie os estudantes, empoderando os professores e promovendo uma cooperação crítica e criativa entre humanos e máquinas.

Outro destaque foi a apresentação dos pesquisadores do Advanced Innovation Center for Future Education, da Beijing Normal University, na China. Eles desenvolveram uma versão própria de assistente virtual com IA, utilizando modelos de LLM disponibilizados em código aberto, para auxiliar no acompanhamento e suporte a estudantes com dificuldades de foco, atenção e aprendizagem.

A organização da AIED celebrou a participação de muitos profissionais que não são cientistas da área, demonstrando o crescente interesse de empresas, governos, instituições educacionais e educadores nas aplicações da IA na educação. Os trabalhos científicos apresentados abordam o desenvolvimento e a aplicação de soluções de IA em diversos contextos globais. A lista completa dos trabalhos está disponível no site oficial da conferência: https://aied2024.cesar.school/program/accepted-papers.

O Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais da Universidade Federal de Alagoas disponibilizou integralmente 24 trabalhos apresentados por seus pesquisadores associados, acessíveis no link: https://mailchi.mp/nees.ufal.br/25-aied-2024.

Para informações adicionais sobre a AIED 2024, acesse: https://aied2024.cesar.school/home.

Entenda o que é LLM e Assistentes Virtuais

Um LLM é um tipo de IA generativa que foi alimentado com um conjunto enorme de textos da internet. Ao analisar esse conjunto de dados, um LLM como o ChatGPT ou o Gemini aprende a prever que palavras têm mais chance de ser colocadas em sequência para completar frases. Isso é capaz de garantir uma coerência linguística e uma estrutura gramatical perfeitas – mas não a qualidade ou veracidade do conteúdo gerado (definição dada pelo Glossário Anotado de Educação Midiática e Inteligência Artificial. São Paulo: Educamídia, 2024).

Assistentes virtuais são programas de computador que ajudam usuários a realizar tarefas ou serviços por meio de comandos de voz ou texto. Utilizam tecnologias como processamento de linguagem natural e aprendizado de máquina para entender e responder a perguntas, realizar tarefas online, como agendar compromissos, enviar mensagens, ou fornecer informações em tempo real. Exemplos populares incluem Siri, Alexa e Google Assistant. Essa tecnologia torna a interação com dispositivos e serviços digitais mais intuitiva, facilitando o acesso a informações e a realização de atividades cotidianas (definição dada pelo Glossário Anotado de Educação Midiática e Inteligência Artificial. São Paulo: Educamídia, 2024).

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July 26, 8:11 PM
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Como ter um currículo alinhado às necessidades do mercado

Como ter um currículo alinhado às necessidades do mercado | Inovação Educacional | Scoop.it

À medida que o mundo enfrenta transformações significativas em suas estruturas econômicas e sociais, novas oportunidades de carreira surgem, especialmente nas chamadas economias emergentes. Os “empregos verdes”, por exemplo, se tornaram cada vez mais fundamentais para o desenvolvimento econômico alinhado à sustentabilidade ambiental. O Brasil deve posicionar-se ativamente no cenário internacional com foco na reestruturação da matriz energética para fontes renováveis e na expansão dos mercados sustentáveis.
Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) mostra que iniciativas como o reflorestamento podem criar milhões de empregos até 2030, evidenciando o potencial de políticas ambientais bem direcionadas para mitigar o desemprego e promover a inclusão social. Paralelamente, a economia digital também surge como um campo promissor, com a expansão dos processos de digitalização.
A revolução digital não só modifica a natureza dos empregos existentes, como também cria novas categorias de trabalho. No Brasil, dados do LinkedIn mostram que 9 das 15 carreiras em ascensão estão ligadas à economia digital.
Segundo dados do Fórum Econômico Mundial, até 2025, estima-se que milhões de empregos sejam transformados ou substituídos com o avanço da automação e da inteligência artificial. Essa transformação exige uma atenção especial à formação e à capacitação profissional. “Diferentemente da tecnologia, esses mercados emergentes (economia verde) ainda não têm mão de obra qualificada”, afirma Leonardo Berto, gerente de filial da Robert Half, uma consultoria de recrutamento.
Para o especialista, surge então a importância da academia em antecipar e responder às demandas emergentes. “Reduzindo a distância entre a academia e as demandas práticas, conseguimos uma leitura de cenário mais ágil”, diz. “Anos atrás, quando os smartphones começaram a se popularizar, enfrentávamos uma grande complexidade: investir em iOS ou Android? Hoje, o mercado é mais híbrido, e as instituições educacionais precisam estar preparadas para essa realidade.”
Conexão academia e mercado
Nesse contexto, para as instituições educacionais e o setor privado estarem na mesma página é preciso garantir que os currículos estejam alinhados às necessidades do mercado. No campo da sustentabilidade, por exemplo, 40% dos trabalhadores atuais precisarão se requalificar para ocupar os empregos verdes do futuro, segundo dados do Fórum Econômico Mundial.
Para Carla Chiamarelli, gerente de gestão de conhecimento do Itaú Educação e Trabalho, a integração entre teoria acadêmica e prática de mercado é indispensável para preparar os jovens para as exigências futuras, seja em qual área for. A especialista acompanhou o estudo “Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras”, lançado em 2023, realizado por uma parceria entre a Fundação Roberto Marinho (FRM), Itaú Educação e Trabalho, e as Fundações Arymax, Telefônica Vivo e Goyn SP.
O estudo destacou que as economias verde (sustentável), prateada, digital, criativa e do cuidado representarão os principais vetores de emprego para os jovens brasileiros nos próximos anos. O relatório, que analisou mais de 500 publicações sobre juventude e trabalho e encaminhou questionários a 34 empresas, revelou que 27% dos jovens no Brasil não têm oportunidade de estudo nem de trabalho.
Além disso, 58,8% das empresas afirmaram que as classes profissionalizantes não estão atualizadas ou em sintonia com as expectativas do mercado. “Temos muitos indicadores que olham apenas para o passado, mas precisamos agora pensar no futuro. Os currículos precisam preparar os jovens para profissões que não sejam facilmente substituídas daqui a dez anos”, diz.
Construindo a intersetorialidade
Para beneficiar os jovens brasileiros, que representam cerca de 24% da população e enfrentam altas taxas de desemprego e desalento – particularmente mulheres, negros e pessoas com menor escolaridade –, é essencial que academia e mercado atuem juntos para que esse público possa desenvolver habilidades que atendam às demandas emergentes.
Para Vivianne Naigeborin, superintendente da Fundação Arymax, falta muito. Ela explica que pouco se discute sobre quais conteúdos pedagógicos precisam ser desenvolvidos, como e por quem serão oferecidos e como se dará a inclusão disso em escolas públicas, cursos técnicos e ensino superior.
“Precisamos que os jovens tenham acesso a uma formação que efetivamente se conecte às demandas reais desses novos postos de trabalho, que ofereça competências técnicas, mas também socioemocionais, capazes de prepará-los para esse novo contexto”, diz a superintendente.
Futuro sustentável
O Brasil se destaca no cenário global pelo aumento da integração de habilidades e empregos verdes em sua economia. De acordo com um estudo da Universidade de São Paulo (USP), mais de 6,5 milhões de empregos no País estão atualmente vinculados a setores ambientais críticos, como gestão de recursos hídricos, tratamento de esgoto e resíduos, silvicultura e transporte sustentável. Esses empregos representam mais de 6% do total de postos de trabalho no território nacional.
Além disso, as habilidades relacionadas à sustentabilidade estão se tornando cada vez mais importantes. Em 2021, segundo o LinkedIn, essas habilidades foram exigidas em 10% dos anúncios de emprego, destacando a demanda por competências ambientalmente responsáveis no mercado de trabalho.
Segundo Vivianne, as empresas são as que estão mais bem posicionadas para contribuir no desenho dos currículos, apontando os conteúdos e também as competências técnicas e socioemocionais necessárias para a formação de profissionais conectados com suas demandas de sustentabilidade. “São elas que podem ampliar sua oferta de programas de aprendizagem, de trainees e de estágios, contribuindo para o processo de formação contínua desses profissionais.”
Envelhecimento populacional gera oportunidades
De acordo com o levantamento da World Population Ageing, em 2050 o Brasil será a sexta nação com o maior número de cidadãos maduros. As novas configurações familiares e o envelhecimento populacional têm provocado um aumento significativo no número de profissionais cadastrados como cuidadores, destacando oportunidades nas economias do cuidado e prateada e a importância da formação desses profissionais.
“Uma estrutura de cuidado vai se tornar cada vez mais importante. Como se trata de um cuidado que exige conhecimentos, habilidades e competências específicas, não pode ser simplesmente uma acompanhante’', afirma Johannes Doll, professor titular e membro do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre o Envelhecimento da UFRGS.
De acordo com o estudo “Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras”, diversas profissões estão em ascensão na economia do cuidado. Entre elas, destacam-se médicos, biomédicos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e enfermeiros. Também há uma demanda crescente por assistentes e profissionais de apoio, como transcritores médicos e técnicos em radioterapia.
Além disso, as carreiras voltadas para o bem-estar estão ganhando destaque, incluindo treinadores físicos, coaches de saúde e bem-estar, cabeleireiros e manicures. No âmbito do suporte doméstico, por exemplo, sobressaem-se as funções de cuidador de idosos, empregada doméstica e personal organizer.
O que é preciso?
Conhecimento gerontológico: É essencial que profissionais entendam aspectos do envelhecimento, incluindo as condições médicas para saber lidar com comportamentos e limitações dos idosos de forma adequada.
Empatia e compaixão: Capacidade de entender e respeitar os sentimentos, desejos e a dignidade dos idosos, oferecendo um cuidado que reconheça suas necessidades individuais e mantenha sua integridade.
Ouvir e acompanhar: Essenciais no atendimento, ouvir significa perceber as comunicações dos idosos, incluindo expressões de emoções, e interpretar esses sinais corretamente. Acompanhar envolve apoiar os idosos nas atividades que ainda conseguem realizar, garantindo que não se sintam sozinhos.

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July 26, 7:15 PM
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CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM IAED | Anais CIET:Horizonte

Este artigo apresenta uma revisão narrativa sobre o uso de tecnologias de Inteligência Artificial na Educação (IAED), com foco em destacar os limites e possibilidades percebidos por educadores. A abordagem epistemológica se centraliza na percepção da prática pedagógica, explorando a demanda crescente por habilidades no contexto das complexas relações entre tecnologia e educação. O estudo busca justificar a crescente adoção da IAED. A metodologia adotada é a revisão narrativa, que explora estudos sobre a percepção de professores em relação à IA como recurso pedagógico em 4 artigos brasileiros e 2 relatórios internacionais. A partir de uma epistemologia crítica da tecnologia, fundamentou-se teoricamente no conceito de inteligência em máquinas e na superação do antropocentrismo, tendo a Educação como eixo nuclear dos processos educativos que envolvem a IA. O artigo revisa percepções de professores sobre a IAED em diferentes regiões, evidenciando entusiasmo da maioria dos respondentes, destaca a importância da alfabetização em IA e examina o conhecimento sobre ferramentas de IA entre professores, ressaltando preocupações sobre o real entendimento da IAED e enfatizando a necessidade de formação dos professores diante desse novo contexto de desafios, inovações e a necessidade de reavaliar paradigmas educacionais em decorrência do avanço da IA.
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July 26, 6:32 PM
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Como alfabetizar nossas crianças? | Opinião

Como alfabetizar nossas crianças? | Opinião | Inovação Educacional | Scoop.it

Como a gestão educacional é descentralizada e cada município tem independência para implementar as políticas que achar adequadas, as chances de sucesso de programas descentralizados são bem menores
Por Naercio Menezes Filho
Desde os anos 1990, conseguimos aumentar bastante a permanência dos jovens na escola. Porém, ainda não conseguimos melhorar de forma significativa o aprendizado dos nossos alunos, apesar de todos os esforços da sociedade, incluindo seguidos aumentos de recursos. As dificuldades começam pelo processo de alfabetização. Por que é tão difícil alfabetizar as nossas crianças? Quais seriam as políticas mais efetivas para melhorar o aprendizado no Brasil?
O desempenho dos nossos alunos nos exames internacionais de aprendizado é muito ruim em todas as faixas etárias, tanto nas escolas públicas como na maioria das escolas privadas. Já aos 10 anos de idade, as crianças brasileiras estão entre as últimas colocadas nas provas internacionais de leitura. Assim, quando chegam aos 15 anos, 70% dos nossos jovens não conseguem alcançar os níveis básicos de proficiência em matemática, ciências e leitura. Como consequência, ao atingir a idade adulta, somente 12% dos brasileiros são plenamente alfabetizados, ou seja, são capazes de elaborar textos complexos e interpretar tabelas e gráficos elaborados.
Dois fatores principais contribuem para explicar este nosso relativo fracasso escolar. Em primeiro lugar, grande parte das nossas crianças ainda cresce em condições de alta vulnerabilidade. Apesar dos grandes avanços sociais realizados nos últimos anos, muitas crianças ainda moram em casas que não têm saneamento básico e vivem em regiões muito violentas, com famílias que ainda têm dificuldades para comprar roupas e pagar por remédios, transporte e lazer.
Muitas das crianças que vivem nestas famílias não conseguem se desenvolver plenamente. Isso afeta suas habilidades cognitivas, como raciocínio e memória, e também as habilidades socioemocionais, como persistência e concentração, que são muito importantes na escola e no mercado de trabalho. Estas crianças muitas vezes não conseguem se concentrar nos estudos, fazer a lição de casa, nem persistir após tirar notas baixas, e acabam saindo da escola.
Para começar a resolver este problema, o governo federal assinou recentemente um decreto para instaurar a “Política Nacional Integrada para a Primeira-Infância (PNIPI). O principal componente desta nova reforma é integrar os dados dos vários ministérios que atendem as crianças brasileiras. O Ministério da Educação, por exemplo, é responsável pela creche e pré-escola, ao passo que o Ministério da Saúde coordena os programas da atenção básica da saúde. Já o Ministério da Assistência Social tem milhões de famílias com crianças no seu cadastro único e no Programa Criança Feliz.
Estudos mostram que as iniciativas que têm maior impacto nas crianças são as multifacetadas, que englobam educação, saúde física e mental e assistência social. Se identificarmos as crianças que são atendidas por cada um dos programas dos vários ministérios por meio do seu CPF, poderemos conhecer os déficits de atendimento de cada uma delas e procurar corrigi-los. Por exemplo, uma criança pode estar recebendo o Bolsa Família, mas não estar matriculada na creche, enquanto outra pode estar incluída na estratégia Saúde da Família, mas não estar no Cadastro Único.
As iniciativas do governo federal que envolvem somente seus próprios ministérios têm mais chance de funcionarem, pois suas equipes são mais qualificadas. Por exemplo, estas equipes já implementaram as urnas eletrônicas, a declaração de imposto de renda pré-preenchida, as carteiras digitais de vacinação e de motorista. Tudo isto está acessível rapidamente no site “gov.br”.
Mas este será apenas o primeiro passo para resolvermos o problema de alfabetização. Depois disto, teremos que lidar com a questão da gestão escolar, que é bem mais difícil. Quando as crianças chegam na escola, encontram um sistema educacional que não funciona a contento na maioria das cidades. No caso da alfabetização, por exemplo, a tecnologia que deve ser utilizada para ensinar as crianças a ler e escrever é conhecida. Todos os professores da rede pública deveriam ser capazes de aplicá-la. Mesmo assim, as redes só conseguem alfabetizar metade das nossas crianças.
Para tentar resolver este problema, o governo federal lançou no ano passado o “Compromisso Nacional Criança Alfabetizada”, definindo iniciativas, métricas e metas para alfabetização, medidas a partir dos testes padronizados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB). O novo plano envolve parcerias dos Estados e municípios, além de iniciativas de formação de professores e avaliações externas. Apesar dos esforços do governo federal, não devemos esperar que todos os municípios alcancem suas metas, pois a adesão à política é voluntária e muitos municípios não serão capazes de alfabetizar suas crianças, mesmo em parceria com os Estados.
O problema central é que a responsabilidade de ensinar as crianças a ler e escrever está a cargo de cada uma das mais de 5.500 secretarias municipais de educação, espalhadas por todos os municípios brasileiros, grande parte dos quais têm menos de 20.000 habitantes. Na maior parte destes municípios, as secretarias não têm estrutura suficiente para implementar políticas educacionais baseadas em evidências, como ensinar as crianças a ler e escrever. Além disso, muitos prefeitos não estão dispostos a investir o seu capital político em amplas reformas educacionais, tratando o aprendizado como prioridade, pois os incentivos são baixos e o retorno político incerto.
Por isso, é tão difícil transpor a experiência bem-sucedida de Sobral para o país inteiro, mesmo que alguns dos responsáveis por este caso de sucesso estejam agora no Ministério da Educação. Uma alternativa seria oferecer, além das parcerias, apoio operacional direcionado e incentivos financeiros para os municípios que atingirem as metas de alfabetização. Mas as iniciativas existentes de transferências de recursos para os municípios com base em resultados estão enfrentando grandes dificuldades de implementação.
Em suma, como a gestão educacional é descentralizada e cada município tem independência para implementar as políticas que achar adequadas, as chances de sucesso de programas descentralizados são bem menores. Já as iniciativas do governo federal que envolvem apenas seus próprios ministérios têm mais chance de funcionar. Para melhorarmos o aprendizado será necessário formular programas multissetoriais na primeira infância e desenhar um sistema de apoio e incentivos que faça com que os municípios queiram empreender todos os esforços possíveis para alfabetizar suas crianças.

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July 26, 6:23 PM
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‘O que as criptomoedas mudaram? Nada. Elas não são dinheiro’, diz autora de livro sobre invenções monetárias &

‘O que as criptomoedas mudaram? Nada. Elas não são dinheiro’, diz autora de livro sobre invenções monetárias & | Inovação Educacional | Scoop.it

O fenômeno da invenção monetária mostra que o dinheiro é fruto de diferentes tipos de “design”, a tal ponto que não se reduz às noções clássicas da moeda nacional ou do equivalente geral, segundo a espanhola-sueca Ester Barinaga, professora de empreendedorismo social da Universidade de Lund, na Suécia. No livro “Remaking Money for a Sustainable Future” (Refazer a moeda para um futuro sustentável), Barinaga mostra que cada uma dessas iniciativas — criptomoedas, moedas comunitárias, moedas locais — ressalta um aspecto diferente da instituição complexa que é o dinheiro.
Iniciativas de moedas locais, como na Sardenha (Sardex) ou em Málaga, na Espanha (Málaga Común), buscam fomentar relações comerciais locais, protegidas das flutuações do mercado nacional ou global. Outro mecanismo tradicional é a moeda carimbada, que perde valor com a passagem do tempo. Baseado nas ideias do economista alemão Silvio Gesell (1862-1930), foi implantada pela primeira vez em 1933 no vilarejo austríaco de Wörgl. A ideia era induzir as pessoas a gastarem, em vez de acumular. Na época, a experiência foi considerada bem-sucedida por reduzir o desemprego local, mas acabou abortada por decisão do Banco Central do país.
Já as criptomoedas enfatizam a perspectiva da moeda como mercadoria, cuja principal característica é possuir liquidez infinita. De acordo com Barinaga, apesar do grande interesse que suscitou, essa tecnologia não é muito transformadora e só reproduz a ideia mais disseminada sobre a natureza do dinheiro.
O Brasil se destaca no mundo da invenção monetária. O Banco Palmas, fundado na periferia de Fortaleza em 1998, foi uma iniciativa pioneira e segue ativo. No Rio de Janeiro, a cidade de Maricá emite desde 2013 a moeda Mumbuca, que já inspirou outros municípios vizinhos. Centenas de bancos comunitários se espalham pelas periferias do país, reforçando laços locais por meio do comércio.

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July 25, 10:23 AM
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Funcionários promovem seus empregadores na internet 

Funcionários promovem seus empregadores na internet  | Inovação Educacional | Scoop.it

Você deixaria seu chefe examinar suas redes sociais? Para muitos a resposta seria um grande “não”. E quanto a permitir que seu gestor diga a você o que publicar?
Pode soar distópico, mas é cada vez mais frequente ver funcionários dispostos a fazerem publicações a favor de seus empregadores. Muitas empresas já identificaram o potencial de marketing dos perfis pessoais dos funcionários em plataformas como X, LinkedIn ou Instagram, e os incentivam a compartilhar notícias positivas sobre a empresa. “Os funcionários [são] os melhores e mais autênticos influenciadores de uma organização”, diz Scott Morris, diretor de marketing da empresa de softwares Sprout Social. “As marcas vêm usando programas de apoio para aproveitar a influência de seus funcionários, incentivando-os a promover a empresa e produtos.”

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July 25, 10:22 AM
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Transição climática: como não deixar a agricultura familiar para trás?

Transição climática: como não deixar a agricultura familiar para trás? | Inovação Educacional | Scoop.it
Reconhecer a assistência técnica como uma ferramenta de justiça climática é urgente, já que somente 18% dos estabelecimentos de agricultura familiar recebem este tipo de orientação
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July 24, 4:11 PM
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Estilos de parentalidade e o bem-estar dos filhos

Estilos de parentalidade e o bem-estar dos filhos | Inovação Educacional | Scoop.it

Na escola, eu sempre gostei de história e matemática. Quando chegou a hora de decidir qual curso prestar no vestibular, pensei em seguir uma dessas áreas. Ao discutir minha escolha com minha mãe, ela me perguntou se eu pretendia ser professora e me alertou sobre a baixa valorização da profissão. Isso me deixou em dúvida e comecei a conversar com várias pessoas sobre outros cursos. Acabei optando por economia. Adorei o curso, mas adivinhem? Sou professora. É difícil ir contra a própria vocação.
Quem nunca ouviu uma história parecida com essa? Os pais, em geral, querem guiar seus filhos na direção que acham que será melhor para eles. Muitas de suas decisões são baseadas por amor a seus filhos. Eu não tenho dúvida. Porém, precisamos ter cuidado com os exageros. Matthias Doepke e Fabrizio Zilibotti discutem no livro "Love, Money and Parenting" (amor, dinheiro e parentalidade, em tradução para o português) como estilos parentais diferentes podem afetar o bem-estar das crianças.
Segundo a contribuição seminal de Diana Baumrind, existem três tipos de mães e pais: os autoritários, os permissivos e os autoritativos. No primeiro caso, os pais demandam obediência de seus filhos e exercem controle estrito nas atitudes e no comportamento das crianças. O segundo é o caso oposto em que os pais permitem que seus filhos façam suas próprias escolhas e agem sem impor punições. Já o autoritativo fica no meio dos dois extremos. Os pais buscam influenciar seus filhos e moldar suas escolhas, não por comando e disciplina estritos, e sim de uma forma mais orientada, explicando suas decisões.
Estudos indicam que o comportamento dos pais afeta a performance de seus filhos na escola. Na média, crianças de pais autoritativos apresentam resultados melhores do que crianças de pais autoritários ou permissivos. Por exemplo, pesquisas indicam que jovens ingleses de pais autoritativos não apenas obtêm melhores resultados acadêmicos, mas também apresentam melhores indicadores de saúde e menor propensão a se engajar em comportamentos de risco, tais como, fumar e consumir drogas. No Brasil, 55% dos pais são autoritários, 35% autoritativos e 10% permissivos segundo a World Value Survey (2014). A proporção de pais autoritários no Brasil é bem maior do que a média de países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que é de 27%.
Doepke e Zilibotti utilizam o termo parentalidade intensiva para descrever pais que combinam elementos do estilo autoritário e autoritativo. Esses pais, conhecidos como "pais-helicóptero", se envolvem de forma intensa nas escolhas e na criação de seus filhos e são mais protetores. Eles tendem a pressionar seus filhos para que busquem um maior desempenho escolar, visando maiores chances de sucesso econômico. A lógica por trás dessa abordagem é que, quanto maior o nível de escolaridade alcançado, maiores serão as chances de sucesso econômico após a graduação.
Esse tipo de parentalidade cresceu nas últimas décadas. O número de horas despendido por mães e pais nos cuidados de seus filhos vêm aumentando. Os dados para os Estados Unidos mostram que, na média, um casal em 1976 despendia 2 horas por semana brincando, lendo e conversando com seus filhos e 17 minutos ajudando na lição de casa. Em 2012, essa interação aumentou para 6 horas e meia e uma hora e meia, respectivamente. O mesmo resultado é encontrado na Itália. Por que houve esse aumento? O tempo despendido com os filhos cresceu mais, em média, entre pais com maior nível de escolaridade. Além disso, dados americanos mostram que quase 40% dos pais com maior nível de escolaridade são autoritativos. Além disso, não podemos desconsiderar que o número de nascimentos vem caindo em muitos países, incluindo o Brasil.
Essa intensificação da parentalidade pode ser benéfica para o sucesso acadêmico, mas pode prejudicar a autonomia dos jovens e reduzir a sua capacidade de lidar com as frustrações. Será então que os pais devem ser menos intensos? Como todo remédio, tudo depende da dose.

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July 24, 4:08 PM
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Troca de dados pessoais por serviço público expõe cidadão

Troca de dados pessoais por serviço público expõe cidadão | Inovação Educacional | Scoop.it

Companhias como o Serpro tratam informações de brasileiros para elaborar e vender serviços; para especialistas, há desvio de finalidade Com avanço da digitalização de serviços, brasileiros compartilham cada vez mais dados pessoais com os governos. Se por um lado isso pode elevar a segurança das contas dos usuários e prevenir fraudes, por outro, há riscos associados à falta de transparência no uso dessas informações e à estrutura incipiente do setor para garantir a proteção dos dados.
Governos usam essas estatísticas para formular políticas públicas baseadas em evidências, uma finalidade prevista pela LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais). A lei também prevê que dados pessoais podem ser tratados se houver consentimento do usuário.
Na gestão pública, o objetivo de recolher informações é aumentar a segurança das contas ou oferecer uma melhor experiência ao usuário. Para especialistas, cada vez mais o cidadão se vê compelido a compartilhar seus dados, já que isso oferece acesso facilitado a serviços.
Esta é a quinta reportagem da série Governo Digital, de Vida Pública, uma parceria entre a Folha e o Instituto República.org, que discute o presente e o futuro de avanços e entraves tecnológicos na gestão pública do Brasil.
No gov.br, o usuário só consegue usar a maior parte dos serviços, como inscrição no MEI e declaração pré-preenchida do imposto de renda, ao fornecer uma foto do rosto para que o site faça o reconhecimento facial. A imagem também é um dado pessoal, segundo a LGPD.
Atividades que tem atendimento presencial, como CadÚnico e INSS, também coletam informações do cidadão que acessa o serviço por site ou aplicativo, incluindo localização geográfica, aparelho usado para fazer login, entre outros.
O projeto da nova CIN (Carteira de Identidade Nacional) prevê que brasileiros compartilhem mais dados com o gov.br, visando facilitar o acesso de diferentes níveis da gestão pública a informações da vida inteira dos brasileiros.
Em nota, o Ministério da Gestão, responsável pela carteira, diz que uma das possibilidades é notificar cidadãos sobre deveres, como dívidas na declaração do imposto de renda, contanto que respeite normas de proteção de dados. Segundo a pasta, o compartilhamento de informações entre órgãos vai obedecer às regras da LGPD.
A lei prevê que instituições públicas só podem tratar dados que tenham a ver com sua função. Na prática, significa que, como a Receita Federal é responsável pela tributação, saberá a informação de renda da pessoa, mas não o total de consultas que ela agendou pelo SUS.
No entanto, a integração de dados pode tornar o cidadão mais exposto aos governos, já que ainda falta transparência sobre como é feito o compartilhamento das informações entre órgãos, segundo Alexandre Pacheco, professor de direito digital da FGV-SP.
"O governo não é proprietário do dado. A não ser em raríssimas exceções, a gestão pública não deve utilizar informações para qualquer propósito estranho ao que foi designado pela legislação."
Para o professor, empresas públicas de tecnologia são as que mais se beneficiam das permissões que a administração pública tem pela lei. Companhias como o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) tratam dados dos cidadãos para elaborar e vender serviços, o que, de acordo com Pacheco, representa um desvio de finalidade do uso dessas informações.
O Serpro comercializa para o setor privado um software que valida dados pessoais, elaborado a partir de bancos cadastrais públicos. As empresas enviam informações de clientes para a plataforma do Serpro, que consulta bases da Receita Federal e da Secretaria Nacional de Trânsito para verificar a autenticidade.
O serviço pode ser usado por bancos, seguradoras, varejistas, entre outras instituições privadas que queiram usar a confiabilidade do governo para evitar fraudes.
"O Serpro só consegue realizar esse serviço pelo acesso privilegiado às bases de dados públicas. Uma autorização que se deu para que a empresa pudesse complementar a receita se tornou uma forma indireta de os cidadãos pagarem a conta. E não pagamos apenas com recursos financeiros, mas com nossos dados", diz Pacheco.
Em nota, o Serpro afirma que os serviços prestados estão em conformidade com a LGPD e são autorizados pelos órgãos públicos que controlam os dados. Segundo a empresa, as soluções aderem à finalidade pública por contribuir com a prevenção a fraudes e a melhoria do ambiente de negócios.
A ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) é responsável por fiscalizar a gestão de dados no Brasil, nos setores público e privado. No entanto, a empresa ainda não conta com estrutura suficiente para ampliar a atuação, de acordo com especialistas.
Segundo Pedro Saliba, coordenador da área de Assimetrias e Poder na Data Privacy Brasil, a falta de servidores é um dos principais motivos. A ANPD não teve concurso desde sua criação, em 2019.
No ano passado, a Autoridade divulgou uma lista de processos sancionatórios para verificar se entidades infringiram a LGPD. Entre os oito listados, sete eram órgãos públicos, dos quais quatro estavam sendo investigados por falta de medidas de segurança.
"Isso não mostra que o setor público está menos desenvolvido do que o privado, mas sim que os governos ainda precisam se preparar melhor", diz Saliba.
O vazamento também é um dos riscos ligados ao alto volume de dados nas mãos dos governos. Casos como o do INSS, que teve milhões de informações sigilosas dos usuários expostas em junho deste ano, resultam da capacidade incipiente do Estado para proteger esses registros, segundo especialistas.
Nos Executivos estaduais e federais, só 61% contam com departamento específico para tratamento de dados e implementação da LGPD, atrás dos demais poderes, de acordo com a TIC Governo Eletrônico de 2023.
Para Edimara Mezzomo, professora da Escola de Negócios da PUC-RS, a gestão pública ainda engatinha na governança de dados, que trata do protocolo de acesso às informações –quem tem permissão, quais trechos podem ser visualizados, quando e por quais sistemas, entre outros.
"É importante ampliar a literacia [qualidade] sobre uso de dados entre servidores públicos que não são apenas de direito ou tecnologia, mas que também atuam em áreas fim, como no INSS. Assim, eles podem entender sobre como a governança deve ser estabelecida especificamente naquele órgão."

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July 24, 3:48 PM
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TV do Futuro deve ter padrão dos EUA

TV do Futuro deve ter padrão dos EUA | Inovação Educacional | Scoop.it

Segundo o Ministério de Comunicações, o novo padrão de TV aberta deveria estar pronto para transmissão em 2025 com a promessa de "revolucionar o setor" ao promover a integração dos canais de TV com a internet —o que abre novas oportunidades de negócios para radiodifusores.
No entanto, existem dificuldades operacionais. Para que o sistema funcione, será preciso migrar determinados serviços para outras faixas de frequência.
Essa mudança já ocorreu quando a TV digital foi implantada no país. Radiodifusores deixaram a faixa de 700 MHz (megahertz), que passou a ser usada pelas operadoras de telefonia celular.
Hoje, essa manobra é mais complicada porque há mais canais de TV e as faixas de frequências aventadas —entre 300 MHz e 600 MHz— estão ocupadas por serviços de radioamador e comunicação de órgãos de segurança pública.

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July 24, 12:01 PM
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‘A favela existe em razão das anomalias sociais’, diz líder da Cufa

‘A favela existe em razão das anomalias sociais’, diz líder da Cufa | Inovação Educacional | Scoop.it

Reuniões no Brasil e em 41 países trazem as demandas das favelas: discriminação, intolerância religiosa, saneamento básico, combate ao racismo, educação, segurança
“Se os problemas são globais, as soluções também devem ser”, diz Celso Athayde, criador da Central Única das Favelas, a Cufa, com atuação em mais de cinco mil favelas no Brasil e em 41 países. “O G7 é a riqueza global, e eles se entendem nas suas riquezas”, diz, referindo-se ao grupo das sete economias mais ricas do mundo. “Então a gente também pode se entender nas nossas dificuldades econômicas”. A Cufa prepara um encontro internacional em setembro, no Rio de Janeiro, e espera 4 mil pessoas.
A agenda são as pautas das favelas e a inserção no G20, o encontro das maiores economias do mundo. Reuniões em todos os Estados brasileiros e nos 41 países onde a Cufa existe têm levantado as demandas das favelas: discriminação, intolerância religiosa, saneamento básico, combate ao racismo, educação, segurança, desemprego, alimentação, saúde e desigualdades racial e salarial.
Athayde, que lembra ter morado na rua e em favelas e se tornou um empreendedor social reconhecido no Brasil e no exterior, diz que o processo começou com uma indignação. “Como vocês (os países do G20) podem fazer uma iniciativa falando de desigualdade, racismo e direitos humanos sem as pessoas que sofrem essas consequências?”. A seguir alguns trechos da entrevista que concedeu ao Valor:
Valor: Como foi fundar a Cufa?
Celso Athayde: A Cufa existe há 27 anos. A ideia sempre foi como a gente assumia esse nome, Cufa, porque se hoje falar de favela continua sendo uma questão estigmatizada, imagine 27 anos atrás. Nos últimos anos, projetos de ONGs falavam periferia, no máximo. O reconhecimento da favela como território de potência, esquece.
Valor: Há algum tempo se falava comunidade.
Athayde: Quando você fica em dúvida, para não se arriscar a ofender alguém, fala comunidade. Mas comunidade precisa de um adjetivo, para definir o território. Se alguém diz “sou de comunidade”, pode ser uma comunidade evangélica, uma comunidade de umbanda, uma comunidade internacional. Para ser de favela terá que ser comunidade carente. Já se cria, automaticamente uma linha entre quem é carente e quem não é. Quem mora em favela não é necessariamente carente, mas de baixa renda. Bancos querem estar na favela para vender microcrédito. Morei na rua, em abrigo público. Eu era carente quando o Estado me alimentava. Mas quando vou morar em favela, vendo um peixe na feira e não sou mais carente.
Quem mora em favela não é necessariamente carente, mas de baixa renda; bancos querem vender microcrédito para aquelas pessoas”
Valor: O termo foi incorporado.
Athayde: Quando a gente coloca o nome favela na organização, colocamos o nome favela no discurso. Sofremos com isso, mas nunca mudamos o nome, Central Única das Favelas. Fomos construindo a Cufa no país inteiro. Em cada Estado, ouvíamos “ah, aqui não tem favela. Aqui tem periferia”. Foi quando comecei a provocar o IBGE.
Valor: De que forma?
Athayde: Perguntei: “IBGE, como vocês chamam favela? Ah, chamamos de aglomerado subnormal". É o cúmulo do absurdo. Quando você mora em favela, você é favelado. Mas o que você é quando mora em um aglomerado subnormal? Um anormal? Na Cufa fomos montando um monte de coisas, holding, tudo com o nome favela e avançando com essa narrativa. Até que montamos um instituto de pesquisa, o DataFavela.
O IBGE não consegue fazer pesquisa em favela e precisava fazer o Censo 2023. Falei que podia ajudá-los, mas com uma condição: tinha que trocar o nome para favela.
Valor: Deu certo?
Athayde: Em novembro, o IBGE fez um seminário, com movimentos políticos, juventude, academia, periferia. Eram mais de 600 pessoas e abrimos o debate. No final ficou favela. Em janeiro a ministra Simone Tebet (Planejamento), a quem o IBGE é subordinado, fez uma fala dizendo que agora era oficial, o IBGE passava a chamar favela de favela. Fiz um vídeo, agradecendo a ministra. Mas dizendo também que a gente não precisa que o IBGE legitime o nosso nome. A favela é autossuficiente e tem capacidade de elaboração.
Valor: Como isso entra no G20?
Athayde: Tudo isso tem a ver com o G20. Não estamos falando de uma ação do G 20 no Brasil, mas de uma agenda que é nossa, como instituição. Nasci numa favela na Baixada Fluminense, em Nilópolis. Morei embaixo do viaduto de Madureira durante seis anos e em abrigo público por dois anos. Aos 14 anos fui morar em uma favela novamente. Antes de eu ter criado a Cufa, essa já era a minha agenda.
Mas como incluir estas pessoas no debate social e econômico? Por isso montei uma holding e hoje temos 28 empresas. Eu não quero dar cesta básica para ninguém. Quero que as pessoas tenham emprego, renda e gerem riqueza na favela para poder comprar cesta básica com o dinheiro que são capazes de produzir.
Valor: Por isso, empreender?
Athayde: Penso no empreendedorismo como uma forma de diminuir a desigualdade. Não como uma forma para ganhar dinheiro. Mas estamos em um país capitalista, precisamos disso.
Valor: E como evoluiu?
Athayde: Há dois anos recebi um prêmio no Fórum Mundial de Davos, de empreendedor de impacto e inovação global, pela Fundação Schwab. Talvez eu seja o primeiro favelado a ser reconhecido como empreendedor social. Ganhei o prêmio, falei “bacana temos voz aqui, mas somos exceção. Precisamos incorporar mais. A Cufa está hoje em 41 países.
A primeira sede global da Cufa foi no Bronx, em Nova York, em 2015. De lá para cá foi crescendo. Se os problemas são globais, as soluções também devem ser. Até porque o G7 é a riqueza global e eles se entendem nas suas riquezas. Então a gente pode também se entender nas nossas dificuldades econômicas. Se a Rocinha, Paraisópolis, Cidade de Deus são favelas de diferentes Estados que falam sotaques diferentes, são também parecidas. O Bronx não é uma realidade distante.
Até por conta desse fluxo global que temos hoje, vai mudando a realidade do mundo. Existem favelas em todos os lugares. Podem ter características diferentes, mas se existe riqueza vai sempre existir algum tipo de desigualdade.
Quando olho para a Cufa do Congo, da Guiné, do Cazaquistão, como é que não estamos falando do G20? O G 20 é um espaço onde 19 potências e países convidados debatem o futuro do mundo. É como se entidades empresariais fossem discutir a desigualdade entre empresários, periferias e trabalhadores, mas se o camelô do mercado informal não estiver dentro do debate, teremos sempre este gap. Tem que falar a linguagem do asfalto, networking, stakeholders, mas também as outras.
Países do Primeiro Mundo discutindo desigualdade social é uma piada se quem sofre as consequências da desigualdade não estiver nessa mesa com poder efetivo. Ou fica como aquelas empresas gastando e falando mais de ESG do que efetivamente fazendo.
Valor: Qual a estratégia?
Resolvemos fazer uma provocação para os três governos - Brasil, que hospeda agora o G 20, África do Sul, que presidirá em 2025 e os Estados Unidos, em 2026.
Valor: Qual provocação?
Athayde: Como vocês podem fazer uma iniciativa falando de desigualdade, racismo e direitos humanos sem ter as pessoas que sofrem essas consequências?
Fiz uma reunião com a Prefeitura do Rio, governo federal, com o G 20 Social, com Wellington Dias (ministro do Desenvolvimento e Assistência Social), com o governo do Estado do Rio. Todos diziam que querem a Cufa ali. O que a gente quer é participar, mas dentro do nosso modelo. Conseguimos que a Cufa fizesse parte, junto com a Unesco, oficialmente, da agenda social do G20. Estamos fazendo uma parceria com a prefeitura, o governo do Rio e o governo federal, para conteúdo - Cufa e a Frente Nacional antirracista, com mais de 600 organizações. E aí temos que fazer do nosso jeito.
Valor: Como é esse jeito?
Athayde: Favela não faz conferência. Eu, como homem de 60 anos, bem sucedido economicamente, que faz parte de uma instituição que é a mais importante do segmento com mais de 5.000 favelas, nunca fui a uma conferência. Imagine as pessoas da favela que estão tentando sobreviver no seu dia a dia. Esse modelo, de conferências e delegados, exclui a tia Maria do doce, o cara que vende pipoca. Vão ficar alijados do processo de emancipação porque não sabem nem do que se trata. Nosso modelo é a gente ir em 41 países, em 5.000 favelas e em 27 Estados debater com os moradores sobre as reflexões que desejam que sejam levadas para o encontro do G20. Há três meses fizemos isso, uma ação no Complexo da Penha/Alemão que prepara outras favelas também nesse modelo. O país inteiro está fazendo isso. Passei a acompanhar esse processo na Suécia, Luxemburgo, África do Sul, até bater nos 41 países.
Valor: Como funciona?
Athayde: Cada país faz seu encontro, nas Cufas locais. Pegam-se as demandas, sistematizam e faremos um encontro mundial das favelas para entregá-las ao G20 e aos 41 chefes de Estado que estarão aqui. No fundo, ninguém acredita que a sua demanda será atendida pelo G20, mas este movimento começa a encorajá-los a vir para o centro dos debates. Estes debates vão gerar entendimento, e o entendimento, vai gerar soluções.
Valor: Então o processo é talvez o mais importante?
Athayde: É exatamente isso que as favelas estão falando. São encontros debaixo de uma árvore, com 40 jovens debatendo. Ou numa tenda gente discutindo como gostaria que o G20 percebesse as religiões de matriz africana.
Valor: Quando será o encontro internacional?
Athayde: Em setembro. Esperamos 4.000 pessoas.
Valor: Quais são as demandas?
Athayde: Estamos discutindo os eixos definidos pelo G20 -a redução das desigualdades olhando para fome e pobreza; direitos humanos, raça e gênero; sustentabilidade e desafios globais enfrentados pelas favelas e periferias. Abrimos um pouco o debate porque as favelas têm demandas não tão óbvias como essas. O que as pessoas têm trazido são discriminação, intolerância religiosa, saneamento básico, combate ao racismo. Também aparece muito educação, segurança, desemprego, alimentação, saúde, desigualdade racial, desigualdade salarial e estigma do território de favela.
Valor: Qual a expectativa do senhor para o G20?
Athayde: O Brasil, historicamente, e com o governo atual, principalmente, tem vocação para dar ao G20 social uma visibilidade maior com a possibilidade de envolver governadores e chefes de Estado nessa agenda. O que não é garantia de nada, mas um espaço para compromissos serem feitos. Outro ponto é que as favelas aproveitem os holofotes do G20 para começar a se organizar, inclusive para a COP 30. A favela existe exatamente em função das anomalias sociais.

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July 23, 4:44 PM
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Senai e Sesi selecionam até 16/8 startups com projetos inovadores de educação

Senai e Sesi selecionam até 16/8 startups com projetos inovadores de educação | Inovação Educacional | Scoop.it
A premiação total pode chegar até o valor de R$ 4 milhões e, para participarem, as 16 iniciativas escolhidas têm de formar alianças com unidades do Senai e executar seus projetos em no máximo um ano.
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July 23, 4:32 PM
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Atrasado, Brasil discute estratégia para inteligência artificial

Atrasado, Brasil discute estratégia para inteligência artificial | Inovação Educacional | Scoop.it
O plano indica a necessidade de elaborar uma “nova geração de teoria básica sobre a IA no mundo”, além de construir uma tecnologia de IA de forma cooperativa, elevando a capacidade técnica do país em relação ao restante do mundo, envolvendo soluções em realidade virtual, microprocessadores, processamento em linguagem natural. Uma plataforma integrada foi elencada como base para dar apoio a aplicações e soluções a serem desenvolvidas por atores públicos e privados no país. Entre as metas está a aceleração da formação de talentos em ocupações de ponta na construção de sistemas de IA e o fomento a bens e serviços como hardware inteligentes (a exemplo de robôs), carros autônomos, realidade virtual e aumentada e componentes da Internet das Coisas.
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July 26, 8:19 PM
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Regras de direitos autorais do Japão atraem grupos de IA e alarmam os criadores

Regras de direitos autorais do Japão atraem grupos de IA e alarmam os criadores | Inovação Educacional | Scoop.it
Há dois anos, quando imagens e animes gerados por inteligência artificial (IA) começaram a se infiltrar nas redes sociais, o ilustrador Momoji Mokume lamentou que o Japão estava se transformando em um “paraíso para a violação dos direitos autorais e o aprendizado de máquina”.
“Achei que o trabalho de ilustrador iria desaparecer e até mesmo a cultura da criatividade seria perdida”, diz Mokume, um estudante universitário de 21 anos de Tóquio, usando seu pseudônimo de ilustrador, artista de anime e músico. “Pareceu que não haveria futuro para nós.”
Nesse período, executivos globais do setor de tecnologia, como Mark Zuckerberg da Meta e Sam Altman da OpenAI, se deslocaram para Tóquio para se encontrar com o primeiro-ministro Fumio Kishida, atraídos pelo enorme potencial da IA em uma economia que enfrenta o envelhecimento da população e uma escassez crônica de mão de obra. Posteriormente, a OpenAI escolheu Tóquio para abrir o seu primeiro escritório na Ásia.
Embora o Japão não tenha os seus próprios gigantes de IA, algumas empresas de tecnologia são atraídas para o mercado por outro motivo: a lei de direitos autorais do país, que, segundo os críticos, permite o uso disseminado de imagens protegidas por direitos autorais e outros materiais para fins comerciais, para treinar modelos de IA sem a necessidade de pedir autorização.
“Há muitas razões pelas quais as empresas de IA são atraídas para o Japão, incluindo a necessidade das empresas locais de desenvolver rapidamente as suas capacidades digitais e o declínio populacional do país, que é muito aberto à IA”, segundo afirma Yutaka Matsuo, um professor da Universidade de Tóquio e presidente do conselho de IA do governo.
“Outra atração é que as companhias de IA têm permissão para aprender com a informação sem infringir as leis dos direitos autorais”, acrescenta ele.
A abordagem aberta do Japão à IA destaca-se no momento em que outros países como Estados Unidos, membros da União Europeia e China desenvolvem regras mais rígidas sobre como as empresas de tecnologia treinam seus modelos de IA. Líderes das indústrias criativas também demonstraram preocupação com o uso de seu trabalho por empresas de IA sem autorização ou pagamento de taxas.
Mokume está entre as dezenas de milhares de ilustradores, artistas e músicos que vêm se manifestando contra a falta de proteção aos detentores de direitos autorais.
Em resposta, a Agência para os Assuntos Culturais divulgou, em março, novas diretrizes que delineiam os casos em que as empresas de IA poderão ser responsabilizadas por violações dos direitos autorais, mas não chegou a recomendar uma revisão da lei.
“No que se refere à IA generativa, a atual Lei dos Direitos Autorais do Japão não contribui para proteger os criadores. Na verdade, ela está concentrada em restringir os direitos dos criadores”, disse a Sociedade Japonesa dos Direitos dos Autores, Compositores e Editores em comunicado ao “Financial Times”.
O clamor da indústria criativa nacional ocorre no momento em que o premiê Kishida lidera esforços no G7 e outras reuniões internacionais para enfrentar o que ele chamou de “lado ruim” da IA, pedindo diretrizes internacionais para governar o uso dessa tecnologia emergente para reduzir o risco de desinformação.
“Diz-se que as regulamentações tendem a impedir a inovação, mas é necessário definir regras firmes que sejam transparentes, para criar um ambiente em que os usuários se sintam seguros para usar a IA generativa, uma vez que ela é uma tecnologia que tem um impacto social imenso”, diz Takeaki Matsumoto, ministro dos Assuntos Internos e das Comunicações.
“Para além das regras dos direitos autorais, alguns executivos da IA afirmam que o Japão é um mercado atraente por outras razões, desde as oportunidades em empresas privadas e instituições públicas, o apoio do governo e a capacidade de se destacar em um campo que está ficando muito concorrido nos EUA.
David Ha foi um dos fundadores da startup de IA Sakana em Tóquio, tendo anteriormente liderado a divisão de pesquisa de IA da Google no Japão e trabalhou na startup StabilityAI de Londres. “Se começássemos uma companhia na área da Baía de São Francisco, seríamos apenas uma de várias centenas de empresas”, diz Ha.
Para atrair startups de tecnologia, o governo de Koshida está usando subsídios, como capacidade computacional financiada pelo governo para algumas companhias importantes, que incluem a Sakana. É o mesmo tipo de estratégia, embora em um nível muito menor, que ele usou para convencer fabricantes globais de chips como a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) a produzir no Japão.
“Em termos de IA generativa, o primeiro-ministro liderou vários esforços nessa frente, por isso ele se reuniu com muitos líderes da área de Tecnologia da Informação e estes se voltaram para o Japão, uma vez que ele tem um ambiente adequado tanto do ponto de vista da facilidade de vida quanto da perspectiva industrial próspera”, diz Matsumoto.
“Acho que será um grande benefício para o futuro deste país que o Japão esteja no centro dessas tecnologias, incluindo centros de dados de IA”, acrescenta ele.
Mas o esforço para levar as companhias de IA para o Japão gerou alarme entre alguns. Mokume, que lidera um grupo de voluntários formado em grande parte por ilustradores, diz ter esperanças de que o Japão acabará implementando um sistema jurídico para proteger sua indústria criativa e os detentores de direitos autorais.
Mesmo sem revisar a atual lei de direitos autorais, ele diz que mais proteção poderá ser concedida através de uma interpretação mais rígida de certas cláusulas. Isso inclui uma que especifica que a exploração de trabalho para o desenvolvimento da IA não é permitida “se a ação prejudicar injustificadamente os interesses do proprietário dos direitos autorais à luz da natureza ou propósito do trabalho ou das circunstâncias da sua exploração”.
“Se o Japão pretende desempenhar um papel de liderança global nessa questão da IA, então ele não pode permitir esse tipo de situação em casa”, diz Mokume. “Na verdade, é inevitável que as empresas estrangeiras de IA vejam o Japão como um paraíso para a violação dos direitos autorais e aprendizado de máquina, uma vez que o aprendizado não autorizado continua, não importa o quanto os ilustradores estejam sendo prejudicados pela IA generativa.”
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July 26, 8:05 PM
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Inteligência artificial e educação: UNESCO vê benefícios na tecnologia

Inteligência artificial e educação: UNESCO vê benefícios na tecnologia | Inovação Educacional | Scoop.it
UNESCO lança guia de recomendações sobre inteligência artificial na educação. O documento apresenta o atual cenário da IA e destaca princípios que promovem impactos positivos
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July 26, 6:44 PM
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Inteligência artificial na educação: vislumbrar possibilidades e minimizar desafios

Inteligência artificial na educação: vislumbrar possibilidades e minimizar desafios | Inovação Educacional | Scoop.it

Refletir sobre as aplicações de inteligência artificial (IA) na educação no Brasil tem mobilizado muitos profissionais que atuam tanto direta quanto indiretamente na área. Dentre os diversos desafios apresentados pela inserção da IA generativa no contexto social do País, um dos que mais gera atenção dos envolvidos por pensar a educação é, sem dúvida, o de garantir o cuidado nas questões de equidade, ética e representatividade, no contexto dos diferentes territórios do Brasil.
Como pesquisadores em educação, insistimos que o diálogo estabelecido entre a pedagogia e a tecnologia deve necessariamente compreender que as ações com a tecnologia na educação necessitam ser mobilizadas pela intencionalidade pedagógica e nunca ao contrário, como podem direcionar algumas demandas de mercado. Para tanto, é necessário que todas as atividades pedagógicas que se valem da tecnologia e mais especificamente da inteligência artificial generativa (IAG) sejam concebidas de modo a extrapolar o domínio técnico, ratificando a formação que almeja desenvolver plenamente a pessoa, prepará-la para a cidadania e para o mundo do trabalho.
Dessa forma, o debate e a promoção de princípios éticos, que devem acompanhar toda e qualquer utilização de IA na educação, são fundamentais. Isso inclui desde as escolhas técnicas e operacionais até o acompanhamento do uso dessa tecnologia em distintas frentes como educacional, econômica, cultural e social. Entendemos que a ética, mais do que qualquer regulação, será responsável por garantir o bom uso da IA na educação, pautando-se em princípios de justiça, inclusão, equidade, transparência e responsabilidade.
Além da reflexão sobre a ética, é importante que professores, gestores educacionais e demais profissionais que atuam na educação se apropriem do conhecimento sobre a utilização da IA no cenário brasileiro, para fazerem um uso consciente das ferramentas ou mesmo optarem por não utilizá-las em consonância com as necessidades e potencialidades locais, ainda que em diálogo com o contexto global. Assim, nosso GT nomeou alguns desafios e propôs recomendações essenciais para o uso responsável, por meio de uma Carta de Recomendações para o uso da Inteligência Artificial na Educação (IAED) e de um infográfico que apresenta nove desafios.
Tanto a carta de recomendações quanto o infográfico têm entre os principais objetivos promover o debate sobre o tema entre educadores, gestores, administradores e outros profissionais da educação, a fim de ampliar o conhecimento sobre o uso da IAED no contexto educativo brasileiro. Acredita-se que essa compreensão permitirá que se faça um uso informado dessas tecnologias, para que seja possível decidir conscientemente quando e como utilizá-las.
O primeiro desafio dos documentos elaborados aborda o risco que os sistemas de IA apresentam de exacerbar desigualdades e exclusões já presentes na sociedade, por diferentes fatores, inclusive pela dificuldade em representar grupos diversos e pelo uso de línguas dominantes. Por se ter a consciência de que a IA pode reforçar narrativas coloniais, étnico-raciais e sexistas, perpetuando a exclusão e limitando o pensamento crítico (Shams, Zowghi, Bano, 2023) é que se torna essencial supervisionar a linguagem para assegurar a representatividade linguística e sociocultural de todos os povos, com abordagens críticas e interculturais para desenvolver tecnologias educacionais inclusivas. Como podemos pensar em sistemas representativos sem a representação de grupos subalternizados nos campos STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática)? Uma das possibilidades é a integração de componentes de inclusão relacionados à diversidade nos currículos escolares, considerando aspectos como gênero, raça e etnia, de modo a assegurar perspectivas educacionais equitativas e representativas.
Outro desafio trata da dependência excessiva de plataformas digitais e a diminuição das interações pessoais em sala de aula e fora dela, que podem prejudicar o aprendizado. Adotar uma abordagem equilibrada, utilizando a tecnologia como um recurso complementar, é indicado, somado à formação contínua dos educadores sobre como integrar eficazmente a tecnologia em suas práticas pedagógicas.
É certo que o desconhecimento sobre IA pode levar a problemas éticos relacionados ao uso de dados dos estudantes, privacidade e discriminação algorítmica, comprometendo a confiança no sistema educacional (Salloum, 2024), por isso, compreendemos que um dos pilares para o uso adequado da IAG na educação é formar professores capazes de orientar a aprendizagem a partir de concepções pedagógicas e natureza educativa, considerando a oferta de um letramento em IA. Assim, espera-se que o professor tenha um pensamento crítico na interação com a IAG de modo a não se valer dos recursos com uma lógica de substituição, mas antes de complementaridade de interação. Se assim for, é possível que consiga, ainda que com todos os desafios que as dinâmicas de sala de aula impõem, equilibrar o uso de tecnologia com outras formas de aprender, garantindo o desenvolvimento de competências como pensamento crítico, criatividade, capacidade de pesquisa e interações colaborativas entre humanos e máquinas no trabalho pedagógico-didático com estudantes.
A formação de professores precisa contemplar os desafios da IA no trabalho pedagógico-didático e as questões éticas da IA no trabalho docente. Isso inclui desde a compreensão da IA generativa ao conhecimento das questões curriculares e pedagógicas como os usos de tecnologias de IA como chatbots para planejamento didático, usos na pesquisa, desenvolvimento de uma aprendizagem que considere a colaboração entre os sujeitos educativos e comunidade local das escolas, além do reconhecimento do desenvolvimento do algoritmo preditivo na interação entre os estudantes e as interfaces de IA utilizadas.
Conhecer os usos da IA nos alerta para o fato de que instituições de ensino e empresas desenvolvedoras de tecnologias de IA devem coletar apenas os dados estritamente necessários para fins educacionais específicos, estabelecendo políticas de privacidade transparentes e compreensíveis, além de implementar medidas de segurança para proteger os sistemas e dados contra possíveis ataques ou vazamentos.
Outro desafio apresentado é sobre a predominância de empresas privadas, especialmente dos EUA e do Norte Global no setor educacional, fornecendo produtos e serviços, limitando a transparência e a verificação da eficácia dessas tecnologias. Conforme dados do relatório AI in Education Market Size, Share & Trends Analysis Report (2022-2030), no ano de 2021, o mercado mundial de IA na educação foi avaliado em aproximadamente 1,82 bilhão de dólares, com previsão de crescimento anual de 36% no período de 2022 a 2030. Além disso, observou-se que a América do Norte teve uma expressiva participação de 35% nas tecnologias de IA no ano de 2021, destacando-se empresas no campo da educação como Amazon, IBM, Microsoft, Google, Pearson, entre outras.
Esse crescimento é impulsionado por fatores como o aumento dos investimentos em tecnologias de IA e educação tecnológica por entidades privadas. Nesse caso, recomenda-se que o governo apoie infraestruturas que reduzam a dependência de soluções privadas e visando fomentar pesquisas que articulem a IA com os objetivos educacionais. Políticas públicas devem garantir a avaliação independente e contínua da utilização de IA na educação para assegurar sua qualidade e alinhamento com os objetivos prioritariamente pedagógicos.
Estes são alguns dos desafios a serem observados e acompanhados na utilização responsável da IA, para que tanto professores quanto estudantes desenvolvam um olhar crítico e compreendam os potenciais e o funcionamento da IA, estando mais preparados para interagir com esse recurso de forma responsável e contribuir para a solução dos problemas da sociedade contemporânea, aproveitando suas potencialidades.
Desta forma, o conhecimento das possibilidades da IA no contexto educacional brasileiro requer o desenvolvimento da formação inicial e continuada dos educadores por meio de inclusão nos currículos, cursos de extensão, minicursos, oferta de pós-graduações, oficinas, workshops, e materiais de apoio com o objetivo de não apenas garantir o uso instrumental dos recursos de tecnologias, mas também promovendo entendimentos e reflexões sobre usos da IA na educação.
As orientações da Unesco (2021, 2022, 2023) e do Council of Europe (2022) apontam para a necessidade de garantir que o desenvolvimento tecnológico tenha o ser humano no gerenciamento dos processos e como agente principal nas tomadas de decisões. Espera-se que os resultados educacionais incluam habilidades para a resolução de problemas, integrando a colaboração humano-IA e a avaliação crítica do conteúdo gerado pela IA. Essas habilidades devem também abranger as novas exigências do mundo do trabalho tecnológico e profissões que ainda não existem, o que requer um compromisso com a aprendizagem ao longo da vida, flexibilidade curricular e a promoção de habilidades transversais como criatividade, empatia e adaptabilidade.
Por fim, ao abordar as questões relacionadas à IA na educação, não se pode ignorar os efeitos da divisão digital entre pobres e ricos e a necessidade de investimento nas escolas, especialmente nas escolas públicas. Sem políticas públicas governamentais sérias, que realmente venham a colaborar e proporcionar melhores condições educacionais para estudantes e professores, o fosso entre aqueles que possuem melhor acesso educacional e os que não têm continuará a se expandir.
Regulamentar não é tarefa fácil; é preciso compreender os problemas para legislar. Nesse contexto, seria adequado realizar audiências públicas para que os envolvidos possam participar abertamente do processo, apresentando não somente suas opiniões, mas também preocupações e sugestões em relação à adoção e uso da IA nas escolas. Isso fortaleceria a participação democrática, permitindo que as vozes de todos os envolvidos sejam ouvidas no processo de tomada de decisão.
O Grupo de Estudos IA Responsável, GT de Educação, segue investigando o cenário, refletindo sobre as possíveis soluções e divulgando algumas das ações por meio do site https://www.educamaisai.com.br/. Entendemos que é necessário vislumbrar as possibilidades da IA e agir em diferentes frentes para minimizar os desafios que esse novo contexto impõe aos setores e sujeitos da educação no País.
* Lívia Carolina Vieira, Márcia Azevedo Coelho e Paulo da Silva Quadros, pesquisadores da Cátedra Oscar Sala do Instituto de Estudos Avançados da USP

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July 26, 6:27 PM
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Vantagens do humor para a vida, o texto e o trabalho

Vantagens do humor para a vida, o texto e o trabalho | Inovação Educacional | Scoop.it

Lembrei dessa cena lendo “Humor, seriously – Why humor is a secret weapon in business and life” (Humor, a sério – Por que humor é uma arma secreta no trabalho e na vida), de Jennifer Aaker e Naomi Badgonas. Jennifer, cientista comportamental e professora de Stanford, e Naomi, que passou uma década trabalhando com estratégia corporativa e comédia, criaram a disciplina “Humor: serious business”, para a Stanford Business School. Foi um sucesso.
No livro, lançado em 2021, elas reúnem pesquisas e depoimentos para provar que humor é mais do que uma habilidade, mas um ativo importante para o ambiente de trabalho. E o melhor: não está definido pelo nosso código genético, podendo ser incorporado com prática e conhecimento. As autoras derrubam alguns mitos sobre o humor – como o de que pode arruinar sua credibilidade no ambiente profissional – e revelam que a imensa maioria das lideranças (98%) prefere contratar pessoas com senso de humor.
Como ferramenta para comunicar, o humor é imbatível, porque humaniza, torna as pessoas mais verdadeiras e derruba barreiras. O livro de Jennifer e Naomi enumera vantagens competitivas dessa habilidade. Líderes que sabem se autodepreciar são mais admirados, por exemplo. E isso não tem a ver com farta contação de piadas.
Um estudo recente divulgado pela London Business School sugere que a tentativa de fazer graça – quando parte de lideranças – pode ter um efeito deletério sobre a equipe. O responsável pela pesquisa, Randall Peterson, explica: o time tem uma fração de segundo para decidir se vai fingir ter achado graça da piada, quais seriam as consequências de não rir ou rir de forma não convincente. Esse esforço emocional invisível estressa.
Humor, muitas vezes, é o olhar inesperado sobre algo ou, muito pelo contrário, o olhar honesto sobre o óbvio. Numa das crônicas de seu livro ‘Se não entenderes, eu conto de novo, pá” (Tinta da China), o humorista português Ricardo Araújo Pereira faz exatamente isso com a declaração de uma celebridade a uma revista: “É bom receber este prêmio em vida porque quando se morre não tem o mesmo significado.” Então Pereira escreve: “Eu já sabia, mais por ouvir dizer do que por experiência própria, que a morte era razoavelmente desagradável. Mas só quando contactei com o pensamento de Maria João Bahia me ocorreu que, de fato, os prêmios não têm o mesmo significado quando os recebemos depois de mortos. Há uma má vontade generalizada, entre os defuntos, para com os prêmios.”
A “má vontade dos mortos” não deixa de ser uma expressão da invejável capacidade de rir da morte.
Em 2010, Jennifer conheceu Amit Gupta, um jovem de origem sul-asiática diagnosticado com leucemia aguda que precisava urgente de doadores de medula óssea. Não havia doadores compatíveis no sistema americano de doação quando ele lançou a própria campanha, pensada de forma leve e bem-humorada, a começar pela foto. Deu certo. Ele conseguiu um doador em 2012 e doadores para outros casos, aliás. Foi essa história que fez Jennifer querer se aprofundar na “ciência do humor”, logo ela, eleita pelos três filhos a menos engraçada da família, perdendo até para o cachorro.
As autoras argumentam que humor ajuda a construir confiança. Rindo juntas, as pessoas criam uma conexão emocional mais forte, mérito da ocitocina, o mesmo hormônio secretado durante o relacionamento sexual e do parto. A ocitocina, também conhecida como “a molécula da moralidade” (título da obra do neuroeconomista Paul Zak que mergulhou no assunto), torna as pessoas mais confiantes e confiáveis, comprovando que há um mecanismo físico em curso por trás do riso e da emoção.
Logo na introdução do livro, Naomi conta como ficou chocada ao saber da imagem dupla que carregava, sendo uma pessoa leve nos relacionamentos e vista como séria demais no trabalho. Uma pessoa perguntou se ela assistia a documentários sobre história às sextas-feiras de noite, enquanto passava suas camisas para a semana seguinte. “Eu tinha tanta alegria. Queria me sentir mais autêntica no meio do trabalho”, disse.
No meu caso, fica fácil entender. A minha imagem tinha a ver com o tipo de texto que eu escrevia – e que era o meu trabalho – porque o texto acaba sendo, de certa forma, uma face da nossa personalidade. A cada postagem nas redes sociais, a cada email, a cada mensagem, projetamos algumas ideias a nosso respeito. Textos raivosos remetem a pessoas raivosas; textos previsíveis, a pessoas previsíveis e por aí vai.
Uma redação cheia de jornalistas costuma ser um ambiente engraçado. O índice de bobeira é alto, a quantidade de bobagem impublicável maior ainda. Desse cenário caótico, emergem talentos notáveis. Por uma década, trabalhei lado a lado com metade da equipe original do Sensacionalista, o site de humor em formato de notícia. Testemunhei piadas famosas no nascedouro.
Em outras redações, desprovidas de humoristas profissionais, os amadores davam conta da interação pontuada por gargalhadas. Chamavam essa diversão de salário-ambiente. Não pagava as contas, mas me fazia feliz. É o tipo de coisa que trabalho remoto não oferece na mesma proporção que o presencial porque, tem hora, que o humor surge de um esbarrão na porta do banheiro, da dificuldade de um trabalho, de uma conversa regada por café e também de um comentário feliz diante de alguém triste porque, como disse Ariano Suassuna, “o humor ajuda a temperar o choro”.
Fica então a pergunta: como o humor poderia temperar o seu trabalho?

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July 26, 6:15 PM
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Comércio ampliou total de empregados

Comércio ampliou total de empregados | Inovação Educacional | Scoop.it

O número de pessoas ocupadas em empresas comerciais subiu 2,6% em 2022 frente o ano anterior e atingiu 10,3 milhões de trabalhadores, superando pela primeira vez o patamar pré-pandemia. As informações constam da Pesquisa Anual de Comércio 2022 (PAC 2022), divulgada nesta quinta-feira (25), pelo IBGE.
Na comparação com 2019, último ano antes da pandemia, o comércio empregou 157,3 mil pessoas a mais, uma alta de 1,5%.
A maior parte dos empregados (7,6 milhões) estava no comércio varejista em 2022, enquanto 1,9 milhão trabalhavam no comércio por atacado e 846,2 mil no comércio de veículos, peças e motocicletas. O maior empregador em 2022 era o segmento de hiper e supermercados, empregando 1,5 milhão de pessoas, 14,8% do total ocupado no comércio.
Em 2022 as 1,4 milhão de empresas comerciais geraram R$ 6,7 trilhões em receita líquida operacional e pagaram R$ 318 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações. A maior parte dessa receita, 51%, foi gerada pelo comércio por atacado, seguido pelo comércio varejista (40,2%), e pelo comércio de veículos, peças e motocicletas (8,8%). O valor adicionado bruto do setor em 2022 somou R$ 1,1 trilhão.
A pesquisa também mostrou que as oito maiores empresas comerciais do país vêm ganhando participação no total da receita após uma queda significativa na pandemia. Em 2019, essas companhias representavam 10% da receita total, fatia que caiu para 8,9% no ano seguinte, avançando para 9,4% em 2021 e 10,1% em 2022.

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July 25, 10:22 AM
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Trabalhador tem receio de ser afetado por evento climático

Trabalhador tem receio de ser afetado por evento climático | Inovação Educacional | Scoop.it
Nove em cada dez trabalhadores brasileiros ouvidos em uma pesquisa têm receio de serem afetados por questões climáticas. O dado é de levantamento feito em junho pela Cajuína, frente de inteligência da empresa de soluções de benefícios Caju, com apoio da Opinion Box. Participaram 1.039 pessoas, homens (49%) e mulheres (51%) de diferentes regiões do país, sendo 46% no Sudeste, 22% no Nordeste e 18% no Sul. Todos empregados sob o regime CLT em empresas com mais de 100 funcionários.
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July 25, 9:11 AM
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Em Mato Grosso do Sul, novas fábricas de celulose esbarram na escassez de mão de obra e moradia

Em Mato Grosso do Sul, novas fábricas de celulose esbarram na escassez de mão de obra e moradia | Inovação Educacional | Scoop.it

Wi-fi nos ônibus para percorrer as longas distâncias entre zona urbana e áreas de plantio de eucalipto. Conectividade a todos durante as jornadas de trabalho na operação florestal, antes compulsoriamente offline. Tecnologia importada para garantir que os trabalhadores recebam suas refeições a exatos 70 graus de temperatura, no meio da floresta.
Essas são algumas das melhorias incorporadas pelos produtores de celulose em Mato Grosso do Sul para atrair e reter trabalhadores, diante da falta de mão de obra especializada que veio junto com o boom de novas fábricas na costa leste do Estado.

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July 24, 4:08 PM
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Meta deixa Brasil de fora de lançamento de IA e culpa ANPD

Meta deixa Brasil de fora de lançamento de IA e culpa ANPD | Inovação Educacional | Scoop.it
Inteligência artificial em Instagram, Facebook e WhatsApp estará disponível em outros países da América Latina; chegada à Europa também foi adiada
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July 24, 4:06 PM
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Lula quer que IA do governo identifique postos de trabalho

Lula quer que IA do governo identifique postos de trabalho | Inovação Educacional | Scoop.it

Às vésperas da divulgação do plano de inteligência artificial, ministros envolvidos no projeto receberam um pedido do presidente Lula.
O presidente quer que a IA do governo sirva para a criação de oportunidades de trabalho em vez de cortar postos.
Para isso, pediu que a plataforma de IA cruze as demandas da população incluída no Cadastro Único para Programas Sociais, o CadÚnico, com ofertas de cursos de qualificação, oportunidades de trabalho e ações de apoio ao empreendedorismo.
Lula não quer ser visto como o mandatário que implementou uma política de desestímulo ao emprego, especialmente para os menos favorecidos.

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July 24, 12:23 PM
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O Projeto de Lei nº 252 e o financiamento de startups

Tendo em vista as dificuldades enfrentadas por essas sociedades iniciantes, em 2021 foi sancionada a Lei Complementar nº 182/2021, conhecida como Marco Legal das Startups e do Empreendedorismo Inovador no Brasil. Seu objetivo foi estruturar um ecossistema que contribuísse para a boa saúde desses negócios, especialmente por meio de medidas como (i) a simplificação da abertura, operação e fechamento dessas empresas; (ii) o impulsionamento do fluxo econômico e tecnológico no país; e (iii) a valorização da segurança jurídica e da liberdade contratual.
Ainda que o Marco Legal das Startups represente avanços importantes, outras dificuldades ainda persistem, dentre as quais o endividamento de empresas iniciantes com vistas ao levantamento de capital de giro ou à alavancagem.
O instrumento contratual mais utilizado pelas startups para obter investimentos é o mútuo conversível em participação societária. Nele, o investidor compromete-se a aportar determinado montante à empresa, tendo a faculdade de, ao vencimento do contrato, optar por receber de volta o valor investido ou convertê-lo em participação societária na investida.
Por conta de sua natureza creditória, o mútuo conversível levanta duas questões sensíveis para as startups que dele se valem: (i) as ineficiências tributárias, que ocorrem independentemente da conversão ou não do investimento em participação societária, o que, por conseguinte, acarreta maiores custos de transação; e (ii) o risco de o Poder Judiciário interpretar que o investidor, na condição de mutuante, pode vir a cobrar a quantia que fora injetada como se fosse um empréstimo clássico, com a aplicação de juros e correção monetária, o que importa em total subversão do propósito inicial de toda a operação.
Justamente com o objetivo de fomentar o surgimento de nova modalidade contratual, mais adequada às particularidades dos investimentos em startups no Brasil, o plenário do Senado aprovou, em 10 de abril, o Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 252/2023, que altera o Marco Legal das Startups e institui o Contrato de Investimento Conversível em Capital Social (CICC). Trata-se o CICC de nova modalidade contratual por meio da qual o investidor pode transferir para uma startup recursos conversíveis em capital social. Diferentemente do mútuo conversível, no entanto, esse contrato não enseja o surgimento de uma dívida conversível.
Assim, inspirado no Simple Agreement for Future Equity (SAFE) - instrumento contratual amplamente difundido na experiência norte-americana -, o CICC surge como uma alternativa aos contratos de mútuo conversível, e como um aprimoramento ao financiamento de startups, ao eliminar a natureza de dívida atribuída ao investimento, conferindo maior segurança jurídica à captação de recursos por tais empresas iniciantes. Até que a conversão em participação societária seja concretizada, a monta investida não integra o capital social da startup, ou seja, o investidor não se submete a riscos outrora comuns nas searas operacional, trabalhista ou fiscal.
Portanto, a incorporação do CICC ao nosso ordenamento jurídico por meio do PLP 252/2023 está profundamente alinhada à tutela do princípio da livre iniciativa, consagrado no caput do artigo 170 da Constituição Federal, contribuindo para o ingresso e manutenção de startups mais bem estruturadas em nosso mercado. Essa nova modalidade contratual não apenas endossa o compromisso constitucional com a livre iniciativa, mas também se apresenta como catalisadora da criação de um ecossistema empresarial mais robusto, capaz de gerar mais empregos e renda, tão necessários em nosso país.

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July 23, 4:45 PM
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É hora de ser franco: muitos jovens têm diplomas sem valor

É hora de ser franco: muitos jovens têm diplomas sem valor | Inovação Educacional | Scoop.it
ó fui gerente com responsabilidades de contratação uma vez. Eu me senti profundamente decepcionado enquanto vasculhava currículos registrando diploma inútil após diploma inútil . Por inútil, quero dizer 2.1 em sociologia, ou estudos de cinema, ou administração, ou jornalismo, ou estudos de negócios, ou estudos esportivos, ou aquelas combinações enigmáticas e tolas que se tornaram moda – “antropologia e contabilidade”; “comunicações e design de moda”.

Alguns desses diplomas eram de universidades do Russell Group, muitos não. Realmente não importava: a maioria me deixava frio, entediado e um pouco deprimido. Eu sabia muito bem que o cumprimento obediente dos candidatos do luxo obrigatório e paralisantemente caro de ir para a universidade não significava absolutamente nada no que diz respeito à competência, concisão, rigor, disciplina, habilidade de escrita, criatividade, curiosidade, inteligência e, acima de tudo, algum grau de erudição.

No entanto, como para a maioria dos empregos, um diploma é necessário. E então eu continuei, finalmente indo para alguém com um diploma de Oxford em PPE, e que, embora trabalhasse duro, não conseguia escrever nem por um toffee.

O Partido Trabalhista, com todos os seus laços históricos com a classe trabalhadora e sua suposta obsessão em igualar oportunidades e transformar nossa economia, tem uma chance real agora de revisar nossa custosa e trágica dependência de diplomas universitários. Para liberar o mercado de trabalho para os que estão concluindo a escola, de modo que seja igualmente, ou mais, atraente para eles fazer treinamento direcionado ou aprender no trabalho (qualquer trabalho, de publicação a private equity a RP) e ler livros em seu tempo livre (se quiserem), do que passar três anos na universidade.

E ainda assim, logo no começo, o Partido Trabalhista mostra sinais de que é apenas mais uma bolha tecnocrática hipócrita do establishment — muito estúpido ou cínico para ver que, exatamente onde ele alega estar tornando a Grã-Bretanha mais justa, ele está, na verdade, permitindo que a divisão de classes seja entrincheirada ao permitir que a universidade continue sendo o padrão ouro do sucesso profissional e do direito pessoal. Assim, em um momento que não pode ser uma coincidência, o Ucas, o serviço de admissão à universidade (uma instituição de caridade independente) foi em frente e anunciou que está descartando a declaração pessoal para inscrições na universidade. A declaração será substituída por três perguntas que são mais sobre o assunto que está sendo aplicado.

Até aqui, tudo bem. Mas o raciocínio é que, apesar das ofertas universitárias estarem em um recorde (91 por cento dos que abandonam a escola), menos crianças mais pobres se inscreveram na universidade do que no ano anterior e isso precisa ser corrigido. Claro, o complexo industrial do ensino superior tem uma necessidade desesperada de mais candidatos e pagadores de taxas.

Mas, da perspectiva do Governo, essa pequena lacuna de antecedentes deve ser vista não apenas como um não-problema, mas uma oportunidade de ouro para revisar atitudes. No entanto, Starmer permaneceu quieto — presumivelmente contente em ver o mostrador se movendo ainda mais em direção ao acesso geral à universidade. Afinal, uma de suas principais promessas (posteriormente abandonada) era tentar abolir as taxas de ensino. Mas onde estaria o próprio pai de Keir, o tão mencionado fabricante de ferramentas, no mundo de diploma ou fracasso que seu filho agora está comandando?

Eles falam sobre mensalidades , mas ouvimos muito menos do Partido Trabalhista sobre o problema raiz de diplomas obrigatórios inúteis que são tão venenosos e obstrutivos para os empregadores quanto para os jovens. Para um governo sério sobre abrir oportunidades para todos, eu esperaria uma discussão muito mais independente. Eu esperaria ver um plano no qual aqueles que quisessem ir para a universidade pudessem, e deveriam ser habilitados a fazê-lo, mas que precisariam mostrar um forte interesse existente em seu assunto escolhido (não apenas por que eles querem estudá-lo no futuro). Claro, para médicos, arquitetos e cientistas, que exigem os laboratórios que você só pode obter em grandes instituições, bem como ensino específico de redes complexas de ramificação de conhecimento, o ensino superior é essencial. De fato, dada a importância dos assuntos STEM no mundo de hoje, eu esperaria ouvir mais sobre incentivos para que os que deixam a escola estudem engenharia, matemática, programação, academicamente ou não. Mas não faz sentido algum revisar o sistema explicitamente para persuadir pessoas que de outra forma não se importariam.

Do jeito que as coisas estão, muitos são doutrinados a não perseguir sua vocação, seja finanças, encanamento, eletricidade, cabeleireiro, direção de trem ou caminhão, abertura de salão de beleza, soldagem, logística de supermercado, encadernação, trabalho em plataforma de petróleo ou hospitalidade. Eles são, portanto, enganados a não estabelecer uma carreira adequada com base em habilidades, ganhar um bom dinheiro e dar à economia do Reino Unido o que ela precisa, tudo porque ainda estamos presos em uma inércia esnobe que diz que tudo isso vale menos do que um diploma em comunicações ou antropologia. E a questão maior que os guerreiros de classe do Partido Trabalhista deveriam estar considerando: por que um aprendizado deve ser considerado "abaixo" de famílias e jovens aspiracionais, e certamente abaixo da classe média? Eu ficaria encantado se minha filha quisesse se tornar encanadora ou eletricista - muito mais feliz do que se ela fizesse um diploma em política.

E, finalmente, se o Partido Trabalhista levasse a sério o crescimento e a prosperidade para todos, ouviríamos muito mais sobre a construção de uma cultura séria de estágios como eles têm na Alemanha, não a oferta irregular, subfinanciada e pouco divulgada que temos atualmente. Só começaremos a reequilibrar nossa economia em direção às habilidades e ao crescimento, e longe de ideias de má qualidade e dívidas, quando abandonarmos o esquema Ponzi inchado de diplomas para todos e começarmos a abraçar a ideia de que a universidade não é o fim de tudo para muitos, se não para a maioria, dos que concluem a escola, independentemente da origem. 
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July 23, 4:34 PM
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Próximos passos da pesquisa sobre inteligência artificial na educação

Próximos passos da pesquisa sobre inteligência artificial na educação | Inovação Educacional | Scoop.it

Na conversa que você pode ler abaixo, Olga fala de sua atuação como pesquisadora, dos rumos da AIED e do papel da inteligência artificial como ferramenta para resolver problemas na educação nos mais diferentes contextos, incluindo o Brasil. Uma coisa é certa: os novos modelos de linguagem chamam a atenção de pesquisadores do mundo todo. “Quase metade dos artigos apresentados no congresso referem-se ao uso dos chamados grandes modelos de linguagem ou modelos fundacionais que são a base tecnológica do ChatGPT”, disse a professora.
Porvir – Poderia descrever sua atuação como pesquisadora e os principais focos do seu trabalho?
Olga Santos – Há mais de 20 anos pesquiso o uso da tecnologia, especialmente da inteligência artificial, para melhorar o aprendizado por meio de plataformas de e-learning. Para isso, investiguei como integrar tanto o uso de sensores para complementar as informações coletadas nas próprias plataformas das interações dos alunos, como seu estado fisiológico ou os movimentos físicos que realizam, quanto integrar sistemas de recomendação nessas plataformas para guiar o aluno em seu aprendizado de forma personalizada, conforme suas características individuais. 
Atualmente, estou focada no aprendizado psicomotor. Isso inclui ajudar os alunos a melhorar a aquisição de habilidades motoras, como aprender os movimentos na prática de um esporte ou se comunicar em linguagem de sinais. Além disso, busco reforçar o aprendizado de conceitos, como fórmulas de física, utilizando técnicas de artes marciais. Também estou abordando o desenvolvimento de estruturas éticas para garantir o uso responsável das informações coletadas dos alunos. Para isso, aplico o paradigma da inteligência híbrida, que foca na colaboração entre pessoas e sistemas para proporcionar uma solução tecnológica responsável.
Porvir – Como aproximar os resultados das pesquisas da AIED aos sistemas educativos?
Olga – Estamos em um momento crucial na comunidade da AIED e é necessário tirar a pesquisa do laboratório para os contextos nos quais realmente podem ser aplicados sistemas que utilizam a inteligência artificial para a educação, como escolas, universidades e centros de formação, mas também ambientes de aprendizagem menos formais, como a aprendizagem ao longo da vida ou a aquisição de habilidades motoras. Para isso, é necessário estabelecer uma colaboração direta com os responsáveis e usuários desses contextos, de forma que os sistemas da AIED realmente atendam às necessidades de aprendizagem existentes.
Porvir – Como é possível atrair pessoas de diferentes contextos para melhorar o impacto das pesquisas da AIED?
Olga – Acredito que é fundamental transmitir a experiência que temos na comunidade de AIED, baseada no conhecimento adquirido ao longo dos mais de 30 anos que estamos constituídos como sociedade científica. Nesse tempo, desenvolvemos metodologias, marcos de trabalho, guias, entre outros, para projetar, desenvolver e avaliar sistemas inteligentes no âmbito educativo. 
Agora que a inteligência artificial na educação está em alta, pois todos conhecem o ChatGPT e opinam sobre suas possibilidades de uso educacional e suas vantagens e desvantagens, precisamos atrair à nossa comunidade pessoas com novas ideias para que enquadrem suas propostas no contexto científico da AIED e unam forças para avançar na pesquisa e melhorar seu impacto na aprendizagem.
Porvir – Quais são os problemas comuns que surgem em diferentes países?
Olga – Cada país e contexto tem suas próprias dificuldades, daí a importância de implementar sistemas de educação que integrem a inteligência artificial, pois ela pode moldar de forma independente as necessidades de cada um desses contextos em geral, e de cada aluno em particular. Em todo caso, podem haver problemas comuns a diferentes países, como a avaliação efetiva do aprendizado, levando em conta esses contextos.
Porvir – Que tipo de projetos surgem a partir da colaboração entre pesquisadores de diferentes partes do mundo?
Olga – No congresso AIED 2024 tivemos a oportunidade de conhecer as pesquisas que estão sendo realizadas em diversos países e vimos que, em alguns casos, são complementares e podem estabelecer sinergias. 
Também internamente dentro de um mesmo país, especialmente no caso do Brasil, com um alto número de participantes. Os projetos podem ser de diversos tipos, embora predominem os que se concentram em aprofundar aspectos específicos da pesquisa, principalmente relativos ao uso dos grandes modelos de linguagem, ou os que unem perfis de pesquisadores com contextos educativos onde aplicá-los.
Porvir – Como a chegada de modelos de linguagem como o ChatGPT impactou a pesquisa em inteligência artificial para a educação?
Olga – O impacto foi grande, como pôde ser visto no congresso AIED 2024. Quase metade dos artigos apresentados no congresso referem-se ao uso dos chamados grandes modelos de linguagem ou modelos fundacionais que são a base tecnológica do ChatGPT. O que falta agora é aplicar o rigor científico que caracteriza a AIED para validar a utilidade e a efetividade dos mesmos para melhorar o aprendizado.
Porvir – Quais são os desafios que ainda deseja ver resolvidos, mas que ainda não foram descobertos?
Olga – Acredito que o principal desafio é integrar em uma única solução global os diferentes desafios que são abordados de forma individualizada no campo da AIED, desde a avaliação automática das respostas até a personalização das intervenções que o sistema oferece. Isso passa também por sustentar o compromisso e a motivação dos estudantes, tanto em contextos de aprendizagem individuais quanto colaborativos, que abrangem atividades de aprendizagem cognitivas e físicas, conciliando o aprendizado formal e informal, entre outros aspectos.

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July 23, 4:32 PM
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Riscos da inteligência artificial levantam alerta e suscitam respostas

Riscos da inteligência artificial levantam alerta e suscitam respostas | Inovação Educacional | Scoop.it

Uma vez que os sistemas de inteligência artificial vem ganhando espaço em análises e decisões diversas, essas opções passam a afetar diretamente as vidas das pessoas, inclusive discriminando determinados grupos em processos diversos, como em contratações de empregados, concessão de empréstimos, acesso a direitos e benefícios e policiamento. Uma das aplicações mais polêmicas são os mecanismos de reconhecimento facial, que podem determinar se uma pessoa pode receber um auxílio, fazer check in ou até mesmo ir para a cadeia.
Na China, uma ferramenta chamada SenseVideo passou a ser vendida no ano passado com funcionalidades de reconhecimento de faces e de objetos. Mas a iniciativa mais polêmica tem sido o uso de câmeras para monitorar atos e movimentações de cidadãos com o intuito de estabelecer notas sociais para cada pessoa, que podem ser usadas para finalidades diversas, inclusive diferenciar acesso a serviços ou até mesmo gerar sanções.
No Brasil, soluções deste tipo vêm sendo utilizadas tanto para empresas como o Sistema de Proteção ao Crédito (SPC) como para monitoramento de segurança por câmeras, como nos estados do Ceará, Bahia e Rio de Janeiro. Neste último, no segundo dia de funcionamento, uma mulher foi presa por engano, confundida com uma fugitiva.
Em fevereiro de 2018, dois pesquisadores do renomado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, sigla em inglês) e da Universidade de Stanford, Joy Buolamwini e Timnit Gebru, testaram sistemas e constataram que as margens de erro eram bastante diferentes de acordo com a cor da pele: 0,8% no caso de homens brancos e de 20% a 34% no caso de mulheres negras. Estudo do governo dos Estados Unidos, publicado no ano passado, avaliou 189 ferramentas deste tipo, descobrindo que as taxas de falsos positivos eram entre 10 e 100 vezes maior para negros e asiáticos do que para brancos.
Os questionamentos levaram estados e cidades a banir a tecnologia, inclusive São Francisco, a sede das maiores corporações de tecnologia do mundo; e Cambridge, onde fica o Instituto de Tecnologia de Massachusetts. A Comissão Europeia anunciou, no início do ano, a possibilidade de banir o reconhecimento facial, tema que está em debate no bloco. No Brasil, ao contrário, há dois projetos de lei obrigando o reconhecimento facial em determinadas situações, como em presídios.

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