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Um em cada cinco brasileiros trabalha sob sofrimento psicológico | Carreira

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Pesquisa exclusiva com 205,2 mil pessoas aponta que 3,6% estão fora do mercado por conta de questões de saúde mental
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Curadoria por Luciano Sathler. CLIQUE NOS TÍTULOS. Informação que abre caminhos para a inovação educacional.
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September 10, 2024 9:19 AM
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Igualdade Artificial, um risco para a educação. Por Luciano Sathler

Igualdade Artificial, um risco para a educação. Por Luciano Sathler | Inovação Educacional | Scoop.it

O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa?
Luciano Sathler
É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais
As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática.
Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing.
O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais.
Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho.
A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados.
A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar.
No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes.
Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador".
Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante.
Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos.
Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano.
O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.

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Petgenoma, que já atendeu 5 mil cães, prevê receita mensal de R$ 1 milhão | Empresas

Petgenoma, que já atendeu 5 mil cães, prevê receita mensal de R$ 1 milhão | Empresas | Inovação Educacional | Scoop.it
“Com o diagnóstico, é possível saber a predisposição do pet para determinadas doenças, saber quais medicamentos são os mais eficazes e, com isso, iniciar de antemão tratamentos, alimentação e rotina mais adequados”, disse Lemos.
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País melhora competitividade, mas terá que se esforçar mais | Opinião

País melhora competitividade, mas terá que se esforçar mais | Opinião | Inovação Educacional | Scoop.it
A trajetória da posição brasileira no Ranking Mundial de Competitividade desde 2011 sugere uma estagnação, sempre entre os últimos lugares
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Institutos Itaú e Eldorado vão pesquisar a IA | Empresas

Institutos Itaú e Eldorado vão pesquisar a IA | Empresas | Inovação Educacional | Scoop.it
O Instituto de Ciência e Tecnologia do Itaú (ICTi), inaugurado pelo Itaú Unibanco em abril, firmou um acordo de cooperação tecnológica com o Instituto de Pesquisas Eldorado, uma organização sem fins lucrativos, para fomentar e realizar pesquisas em tecnologias emergentes. Os primeiros estudos são multiagentes de inteligência artificial (IA) - sistemas de softwares criados para executar tarefas específicas - e computação quântica. As pesquisas e experimentos em oficinas poderão, futuramente, resultar em produtos e serviços.
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A regulamentação da Inteligência Artificial na Câmara (2) | Opinião

A regulamentação da Inteligência Artificial na Câmara (2) | Opinião | Inovação Educacional | Scoop.it
Como “Casa Revisora”, a Câmara deve focar em ajustes pontuais, se for o caso, aos 80 artigos já aprovados no Senado
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Salário do profissional remoto que trabalha para o exterior é de até R$ 334 mil ao ano | Carreira

Salário do profissional remoto que trabalha para o exterior é de até R$ 334 mil ao ano | Carreira | Inovação Educacional | Scoop.it
Levantamento exclusivo indica que mais da metade tem entre 25 e 34 anos e trabalha no setor de TI
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Preparação das equipes não acompanha os investimentos em IA, diz pesquisa | Carreira

Preparação das equipes não acompanha os investimentos em IA, diz pesquisa | Carreira | Inovação Educacional | Scoop.it
Estudo exclusivo aponta que 69% das lideranças no Brasil consideram que a força de trabalho não está pronta para aproveitar a inovação
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Diversidade genética no Brasil atrai investidores para pesquisa clínica | Empresas

Diversidade genética no Brasil atrai investidores para pesquisa clínica | Empresas | Inovação Educacional | Scoop.it
O mercado nacional de pesquisa clínica, que movimenta anualmente R$ 11 bilhões, tem potencial para receber novos investimentos de R$ 5 bilhões por ano. Há um interesse crescente de investidores locais e estrangeiros de realizar esses estudos no Brasil, com destaque para as farmacêuticas chinesas, que vêm ganhando posições e já superaram os Estados Unidos em volume de estudos clínicos, segundo a Associação Brasileira de Organizações Representativas de Pesquisa Clínica (Abracro). No entanto, a chegada desses aportes ainda depende de que algumas barreiras regulatórias sejam destravadas.

Há um interesse global em realizar as pesquisas clínicas no Brasil porque o país tem uma população de 200 milhões de pessoas com a maior variedade genética do mundo - o que foi comprovado em pesquisa liderada por cientistas da USP publicada na revista “Science”, no mês passado (veja O DNA e o impacto da colonização europeia).

“A indústria está nos procurando porque essa miscigenação tem muito valor para o desenvolvimento da medicina de precisão. Essa é a medicina que usa dados do genoma do paciente para entender quais as predisposições genéticas a doenças e os tratamentos mais adequados”, disse a pesquisadora Lygia da Veiga Pereira, uma das autoras do estudo.

Mesmo com essa vantagem competitiva ímpar, praticamente impossível de ser alcançada por outros países, o mercado nacional de pesquisa clínica ainda patina devido à legislação. A lei que trata do tema foi aprovada no ano passado, mas ainda existe uma insegurança jurídica que, agora, parece caminhar para uma solução e pode destravar os investimentos.

Na semana passada, um dos principais entraves foi superado. Havia um veto à lei do presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinando que os medicamentos alvos de pesquisa clínica teriam que ser fornecidos aos participantes do estudo por tempo indeterminado. O Congresso derrubou, na terça-feira (17), uma série de vetos do presidente, incluindo esse da pesquisa clínica, e passa a valer a regra original, que determina o fornecimento durante cinco anos.

Outra barreira é a falta de regulamentação da lei que, apesar de ter sido aprovada no ano passado, ainda carece de decretos. Mas esse ponto também teve uma sinalização positiva. Na semana passada, Fernanda Nigro, secretária da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep), disse, em evento das farmacêuticas nos Estados Unidos, que a regulamentação da lei deverá ser assinada em julho. “A regulamentação poderá contribuir fortemente para atrair investimentos ao país, especialmente após a derrubada do veto presidencial”, disse Rubens Granja, advogado do escritório Lefosse.

De acordo com Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma, sindicato das indústrias do setor, com as barreiras regulatórias sendo superadas, o Brasil pode passar da 20ª para a 10ª posição no ranking global de pesquisas clínicas em dois ou três anos.

Segundo Fernando de Rezende Francisco, diretor-executivo da Abracro, há um interesse de investidores, startups e farmacêuticas estrangeiras, com destaque para as chinesas que, hoje, realizam estudos na Austrália para obter maior diversidade étnica em suas pesquisas. “A China está despontando como uma grande potência, mais rápida e de muita qualidade comparado com os Estados Unidos, no desenvolvimento e na inovação farmacêutica. É impressionante como os chineses sabem sobre o Brasil”, disse Rezende.

Segundo os pesquisadores do Hospital Albert Einstein, Luiz Vicente Rizzo e Fernando Bacal, esse é um momento interessante para o país investir em pesquisa clínica, diante das restrições à academia por parte do atual governo dos EUA e, com isso, atrair cientistas brasileiros que hoje moram em outros países.

O cientista pernambuco João Bosco, que se especializou no Nacional Institute of Health (NIH), um dos principais polos de pesquisa do mundo ligado ao governo dos EUA, voltou ao Brasil de olho na expansão desse mercado. Bosco criou a NeoGenomica, uma empresa com tecnologia capaz de fazer o sequenciamento do genoma completo por um custo muito menor, entre R$ 3 mil e R$ 4 mil. Esse é um teste ofertado por cerca de R$ 15 mil. A nova empresa recebeu aporte da família do Grupo João Paes de Mendonça e do ex-presidente do Hospital Sírio-Libanês Paulo Nigro.

A China já produz mais estudos clínicos do que os EUA. Eles têm interesse em fazer pesquisa no Brasil”
— Fernando Francisco
A advogada Renata Rothbarth, do escritório Machado Meyer, também acompanha o interesse de estrangeiros. “Há investidores de fora, interessados, que nos procuram. Entre as áreas que eles nos reportam interesse estão os centros de pesquisa, um mercado grande nos EUA com potencial para crescer no Brasil. Alguns já estão apostando na baixa, acreditando que a legislação vai ser regulamentada. Mas, há também aqueles que preferem esperar, então, precisamos ter a regulamentação”, disse.

Esses centros, conhecidos nos Estados Unidos como CRO (Contract Research Organization), são instituições que fazem a coordenação das pesquisas, buscam os cientistas, patrocinadores e pacientes elegíveis aos estudos.

A TribeMD (ex-MedIQ), empresa que reúne centro de pesquisa clínica e educação para médicos, está captando US$ 10 milhões em debêntures para ampliar sua operação nos EUA e Canadá. “Investiremos esse recurso para aumentar equipe médica e operação no Brasil. O comercial vai expandir nos EUA e Canadá, mas a área médica e a operação vão ser sempre no Brasil, como forma a valorizar nosso país”, disse o empresário Thomas de Almeida, presidente do conselho da TribeMD. A empresa é liderada por Luiz Natel (um dos fundadores da Oncoclínicas) e Renato Lopes, professor da Duke University, que tem um grande número de artigos publicados em revistas científicas internacionais.

O Fleury inaugurou em abril um centro de pesquisa para participar desse novo movimento. Até então, a empresa processava os exames para as farmacêuticas e, agora, se torna um agente coordenador de estudos, explica Edgard Gil Rizzatti, responsável por essa área dentro do Fleury.

Segundo especialistas, além da variedade genética e do custo menor por causa do câmbio, outro ponto atrativo para os investidores é a rede de hospitais e laboratórios. Esses estabelecimentos de saúde são essenciais no desenvolvimento das pesquisas clínicas e vai sair na frente quem tem capilaridade no país.

O Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), iniciativa da família Moll que se comprometeu a colocar R$ 1 bilhão de recursos próprios e da Rede D’Or no centro de pesquisa, tem essa vantagem da presença nacional por meio de sua rede hospitalar com 80 unidades. “Temos acesso a casos no país todo. Essa busca pelos pacientes é facilitada porque já estamos com eles”, disse Paulo Hoff, presidente da Oncologia D’Or. Entre os 150 estudos já realizados, os cientistas do IDOR participaram, por exemplo, das pesquisas para vacina da covid-19 e dos estudos do zika vírus e sua relação com a microcefalia.

O centro de pesquisas da Dasa acompanhou 320 pacientes brasileiros que participaram, entre 2019 e 2023, da pesquisa clínica global do Mounjaro, medicamento para diabetes e emagrecimento da Eli Lilly, que foi lançado no Brasil em 2025.

As farmas nacionais também estão investindo nesse mercado. O Aché montou uma equipe própria de cientistas para ampliar as pesquisas clínicas. “Neste ano, estamos investindo 6,5% da receita líquida em inovação. Esse percentual, certamente, vai aumentar”, disse Stevin Zung, diretor executivo médico do Aché.

É esperada uma concorrência com os grupos internacionais, o que pode ser um dificultador para as farmas locais. “Temos essa consciência, mas já estamos conversando com os centros de pesquisas nacionais. Há uma abertura de diálogo para condições diferenciadas para os nacionais”, disse o diretor médico do Aché.

A EMS, conhecida por sua forte atuação no mercado de genéricos, hoje trabalha para ser reconhecida como uma empresa ligada à inovação. A farma é a primeira empresa nacional a lançar as canetas emagrecedoras, que são febre em vendas. A projeção é comercializar 500 mil unidades no país, em 12 meses, das canetas batizadas de Olire e Lirux.
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June 24, 3:09 PM
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No atual patamar de gastos, convém trabalhar com expectativas mais realistas para aumento de aprendizagem

No atual patamar de gastos, convém trabalhar com expectativas mais realistas para aumento de aprendizagem | Inovação Educacional | Scoop.it
A educação tem aparecido com frequência no noticiário econômico, sempre sob ameaça de cortes em nome do equilíbrio fiscal. Os alvos mais visados são o Fundeb e os pisos constitucionais. No primeiro caso, as alternativas aventadas com frequência são a inclusão de outros gastos na contabilidade do fundo. No segundo, discute-se o fim da regra constitucional que vincula uma parcela mínima da receita de municípios, Estados e União para o investimento em saúde e educação. Em outra frente, o Congresso debate o novo Plano Nacional de Educação. Uma das metas do projeto de lei enviado pelo governo federal é a de investimento de ao menos 10% do PIB no setor, algo que já constava do último plano e que não foi cumprido, pois o último dado, de 2022, indica patamar próximo de 5%.

É comum o argumento de que já investimos um percentual do PIB equivalente ao de nações ricas, e que, com isso, bastaria aumentar a eficiência e replicar boas práticas para darmos o salto de qualidade desejado. A primeira informação é correta, mas esconde o fato de que, quando esse percentual do PIB é traduzido em gasto por aluno, nosso patamar cai para apenas um terço do verificado em países desenvolvidos. Sobre a eficiência do gasto público, não resta dúvida que há muito a melhorar. A questão é até onde somos capazes de chegar apenas com essa estratégia.

Não há bola de cristal, mas há boas pistas olhando para redes de melhor desempenho no país em avaliações externas de aprendizagem. Sobral (CE), nesse caso, é a maior referência, afinal, 98% dos alunos do 5º ano apresentaram aprendizagem adequada tanto em língua portuguesa quanto em matemática, de acordo com o site Qedu. No 9º ano, os percentuais são, respectivamente, de 88% e 87%. Sendo resultados tão bons, por que não replicamos em escala nacional?

Porque não é nada simples. O Ceará é administrado há duas décadas pelo mesmo grupo político responsável pela reforma sobralense. O estado registrou avanços significativos e está hoje acima da média nacional, mas num patamar bem abaixo de Sobral: são 66% de alunos com aprendizagem adequada em língua portuguesa, e 53% em matemática no 5º ano. No 9º ano, esses percentuais caem para 47% e 26%. Se já é difícil replicar resultados similares no mesmo estado administrado pelo mesmo grupo político, a tarefa é ainda mais complexa em nível nacional. Mas, supondo que essa mágica fosse viável, se o desempenho de Sobral fosse replicado em todo o país, como estaríamos no Pisa, por exemplo?

Aqui podemos deixar de lado especulações e lidar com a evidência empírica, pois o município cearense participa do Pisa For Schools, exame com a mesma escala da prova internacional. Em matemática, o desempenho da rede sobralense é um pouco melhor que o do México, e um pouco pior que o do Azerbaijão. Em ciências, é similar ao do Brasil. Em leitura, está próximo da Ucrânia e acima do Qatar. Em todas as disciplinas, as médias ficam abaixo da OCDE e do Chile, melhor sul-americano. Há escolas da rede que igualam o patamar de nações ricas, um feito realmente notável. Mas, na média, o salto de qualidade não seria tão grande quanto projetado a partir do excelente desempenho em avaliações nacionais (o que pode dizer muito também da régua baixa de nossas avaliações, tema para outra coluna).

Voltando aos 10% do PIB, para que a proposta se concretize, será preciso não apenas convencer a sociedade da viabilidade econômica, mas, também, mostrar como esses recursos adicionais serão investidos de modo a melhorar nossos indicadores educacionais. No entanto, se a escolha for por manter o atual patamar de gastos e apostar apenas em mais eficiência, convém trabalhar com expectativas mais realistas e parar de vender ilusões.
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June 24, 3:07 PM
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Pnad: falta garantir permanência e aprendizagem

Pnad: falta garantir permanência e aprendizagem | Inovação Educacional | Scoop.it
Pela primeira vez, a parcela da população adulta (25 anos ou mais) com ensino superior completo superou os 20% no Brasil. O número é da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, divulgada na sexta-feira passada pelo IBGE. Se tomarmos como base de comparação o Censo Demográfico de 2000, saltamos de 6,8% para 20,5% em 2024. Ou seja, triplicamos. Considerando o movimento, são números de encher os olhos. Mas o choque de realidade vem quando colocamos isso em perspectiva internacional.

A OCDE, em seu relatório anual Education at a Glance, trabalha com um recorte etário de 25 a 64 anos, (ou seja, não considera nessa conta a população com 65 anos ou mais). Por esse critério, o Brasil já estaria em 2023 com 21,5% de adultos com o superior completo. Mas o atraso histórico cobra um preço alto. O patamar que alcançamos hoje é de pouco mais da metade do verificado na média dos países da OCDE (41%), que, no ano 2000, já registravam 22% de diplomados. Ou seja, rompemos a barreira dos 20% com 23 anos de atraso em relação aos países mais ricos, que não ficaram estagnados no período.

Não resta dúvida, portanto, que ainda precisamos expandir mais o ensino superior para nos aproximarmos dos países desenvolvidos. Só que o principal motor da expansão nos últimos dez anos foram cursos a distância oferecidos pelo setor privado, a custos baixos. A modalidade existe em vários países no mundo, mas nenhum deles registrou um aumento tão vertiginoso, e em tão pouco tempo, quanto aqui. Esse movimento despertou justos receios com a qualidade dos cursos, levando o MEC a tornar mais rígidas as regras.

Um freio de arrumação era mesmo necessário, mas, sem o ensino a distância, parece inevitável que a tendência seja de desaceleração ou mesmo queda das matrículas no ensino superior nos próximos anos. Além disso, políticas como cotas, Fies e ProUni — que, em algum grau, contribuíram para a democratização do ensino superior nesse primeiro quarto de século — dão sinais de que bateram no teto. Precisaremos de outras soluções.

A mais estrutural delas, como sempre, é ampliar o número de jovens que completam o ensino médio com aprendizagem adequada. Voltando aos dados da Pnad, 77% dos jovens de 15 a 17 anos estavam matriculados nesta etapa (ou já haviam concluído) em 2024. Eram 75% no ano anterior, 68% em 2016 e — nunca é demais lembrar — apenas 14% em 1985. Mas, de novo colocando em perspectiva, não chegamos perto de cumprir a meta do PNE (85% em 2024). O indicador de qualidade é ainda mais grave: somente 5% dos jovens terminam o ensino médio com aprendizagem adequada em matemática na rede pública, percentual que, mesmo sendo melhor, é insatisfatório também no setor privado: 31%. E sabemos que todas essas médias escondem desigualdades históricas.

O Brasil evoluiu e hoje, com exceção da educação infantil (especialmente creches), não faltam vagas para atender toda a demanda, do ensino fundamental até a graduação. Mas isso é pouco. Sem garantir que as crianças e jovens permaneçam e aprendam, vamos continuar colhendo apenas avanços insuficientes.
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June 24, 3:05 PM
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Por que o Brasil ainda tem tantos jovens que não fazem nada?

Por que o Brasil ainda tem tantos jovens que não fazem nada? | Inovação Educacional | Scoop.it

IBGE mostra há 9 milhões de nem-nem; uma escola que se conecte mais com os adolescentes poderia ajudar a mudar a situação
Mesmo com uma pequena melhora, os dados da semana passada do IBGE retratam a desesperança do jovem brasileiro. São 9 milhões de brasileiros entre 15 e 29 anos que não fazem nada. Não estudam nem trabalham, são os tais nem-nem. E há mais gente da faixa etária nessa situação do que estudando e trabalhando.
Além disso, a parcela que escolhe o ensino superior se reduz a cada ano, com exceção dos que fazem cursos de educação a distância.
Entre os que têm até 29 anos, entram 1,6 milhão de calouros na faculdade para cursar EAD por ano, um aumento de mais de 500% do que ocorria na década passada. Já os cursos presenciais tiveram queda que beira os 50%.
Ingressam numa EAD muitas vezes sem regras, que vende facilidades a R$ 99, aulas gravadas em vídeos e pretensa formação - um novo decreto do governo federal do mês passado agora impõe limites de presencialidade e mais fiscalização. E ainda desistem com a mesma facilidade, 60% deixam os cursos depois de alguns anos, seja por dificuldade em se manter ou desinteresse.
Como disse o presidente da Associação dos Engenheiros Politécnicos, Dario Gramorelli, ao Estadão, poucos são os que querem - ou se sentem capazes - de fazer um curso de Engenharia, com cinco anos de dedicação, muita Matemática e Física. Os números mostram a queda acelerada da quantidade de calouros na área.
Nesse caldo há ainda as redes sociais, os celulares colados nas mãos e nos cérebros da juventude. O fascínio pelo sucesso fácil vendido pelos influencers que trocam conteúdo por dinheiro das bets. Pra que estudar ou trabalhar das 9h às 18h se um vídeo pode render milhares de reais?
A situação é complexa, mas não há como não enxergar a responsabilidade da escola nisso tudo. Aos 10 anos, quando o estudante deixa o ensino fundamental 1 (antigo primário), a escola começa a se afastar dele. A professora adorada pelos pequenos se torna a chata que só cobra do adolescente que olhe para a lousa e copie a lição.
É na educação básica que começamos a perder esse jovem porque não sabemos fazer uma escola para a adolescência. Professores muitas vezes não conhecem o desenvolvimento nessa faixa etária e não encontram atividades para que vejam sentido na aprendizagem.
Se queremos diminuir os nem-nem é preciso mudar a escola, começando no 6º ano e indo até o ensino médio. Não há bala de prata, mas as pesquisas já mostram que atividades em que possam ter protagonismo, escuta verdadeira dos adultos, esportes, monitoria de jovens mais velhos ajudam muito.
E o uso da tecnologia, que tanto gostam, mas de forma construtiva e pedagógica. Para que deixem de ser apenas indivíduos passivos, consumindo brain rots e jogando pra cima o próximo vídeo. Assim, difícil não acabar como um nem-nem.

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June 24, 2:59 PM
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Olimpíada do Tesouro avalia educação financeira no país

Olimpíada do Tesouro avalia educação financeira no país | Inovação Educacional | Scoop.it
Acontece em setembro deste ano a segunda edição da Olimpíada do Tesouro Direto da Educação Financeira (Olitef), com inscrições abertas para escolas públicas e particulares de todo o Brasil.

Parceria entre o Tesouro Nacional e a B3, a Bolsa de Valores do Brasil, a competição avalia o conhecimento de jovens em temas como finanças pessoais, matemática financeira básica e investimentos.
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June 24, 2:58 PM
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Marcelo Gleiser: ‘A escola precisa ensinar a fazer perguntas’

Marcelo Gleiser: ‘A escola precisa ensinar a fazer perguntas’ | Inovação Educacional | Scoop.it
Responder à pergunta sobre como a Humanidade precisa reaprender a lidar com o planeta para que haja um futuro próspero não é uma tarefa fácil. Mas o cientista Marcelo Gleiser e os físicos Sônia Guimarães e Ivair Gontijo abordaram quais os caminhos possíveis em uma das mesas do Festival LED. Com mediação da jornalista Natuza Nery, o painel debateu como a educação pode integrar ética, tecnologia e sustentabilidade, formando cidadãos críticos e empáticos.

Entrevista: 'Contar história de terror não vai resolver a crise climática', diz Marcelo Gleiser, palestrante do Festival LED
Saiba o que rolou: Festival LED debate de IA a Amazônia com olho em soluções
Gleiser fez um alerta sobre os riscos do modelo atual de exploração da natureza. Ele destacou que o crescimento da população mundial, somado ao consumo acelerado de recursos, já tem impactos visíveis no meio ambiente, com as enchentes e calor extremo. Para o cientista, o Brasil precisa decidir qual papel quer assumir diante dos desafios do século 21: manter uma estrutura econômica baseada na extração de recursos ou liderar uma transição para práticas sustentáveis, com a educação no centro desse processo.

— Queremos continuar como um país extrativista, com uma estrutura colonial, ou queremos liderar uma revolução sustentável? Isso passa por uma transformação profunda na educação, inclusive por uma reforma curricular — disse.

O cientista também pontuou sobre o papel das tecnologias e das redes sociais na formação das novas gerações. Para ele, elas devem ser usadas como ferramentas que ampliam o pensamento crítico, e não apenas como formas de distração:

— A escola precisa ensinar a fazer perguntas relevantes. As redes sociais e a inteligência artificial são extensões de quem somos. Podemos usá-las como ferramentas para ampliar o pensamento, desde que saibamos como — afirmou.

Inclusão na ciência
Primeira mulher negra doutora em Física no Brasil e a primeira a lecionar no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), a física Sônia Guimarães destacou a importância de combater os estereótipos que afastam meninas das ciências exatas. Segundo a pesquisadora, o incentivo deve começar ainda na infância, em casa e na escola.

— Se sua filha for muito curiosa, quiser saber como as coisas funcionam, não diga que isso é coisa de menino. Incentive. Quando ela quiser estudar exatas, diga que também é lugar para ela. Deixe que ela explore — aconselhou.

O físico Ivair Gontijo, engenheiro da Nasa e integrante da equipe que levou o robô Perseverance a Marte, defendeu a aproximação da ciência com a sociedade e com a educação básica:

— Precisamos de uma educação que forme cidadãos conscientes e comprometidos com o futuro do planeta, e isso começa com o reconhecimento de que a ciência é parte do cotidiano e da solução — concluiu.
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A luta para entender como os modelos de IA funcionam de fato

Os principais grupos de inteligência artificial do mundo estão lutando para forçar os modelos de IA a mostrar com precisão como operam, uma questão que, segundo especialistas, será fundamental para manter os poderosos sistemas sob controle.

Anthropic, Google, OpenAI e a xAI de Elon Musk estão entre os grupos de tecnologia que desenvolveram uma técnica chamada “cadeia de raciocínio” (“chain of thought”), que orienta seus modelos de IA voltados ao “raciocínio” a resolver problemas passo a passo, enquanto mostram como eles respondem a uma consulta.

Pesquisadores das empresas afirmam que esse processo forneceu “insights” valiosos que lhes permitiram desenvolver modelos de IA melhores, mas eles também vêm encontrando casos de “comportamento inadequado” - em que os chatbots de IA generativa apresentam uma resposta final que contradiz o próprio raciocínio exposto.

Essas inconsistências sugerem que os principais laboratórios de IA do mundo não compreendem totalmente como os modelos generativos chegam às suas conclusões.

As descobertas alimentam preocupações mais amplas sobre a capacidade de manter o controle sobre sistemas de IA cada vez mais poderosos e autônomos.

“Esse texto da cadeia de raciocínio vai se tornar importante para realmente investigar como esses modelos funcionam e como eles pensam, especialmente em alguns desses casos-limite [perigosos]”, disse ao “Financial Times” Jack Clark, cofundador da Anthropic. Ele enfatizou o potencial de esses sistemas serem usados para auxiliar no desenvolvimento de armas biológicas. “Por isso, precisamos ser capazes de confiar que aquilo representa de forma fiel o que os modelos estão realmente pensando.”

Usuários comuns dos chatbots da OpenAI e Anthropic atualmente veem apenas uma cadeia de raciocínio resumida, que exclui etapas mais detalhadas e remove conteúdos prejudiciais.

Já os desenvolvedores de IA têm acesso ao processo completo de pensamento, o que lhes permite intervir e treinar os modelos para fornecer respostas melhores no futuro.

“Uma coisa incrível sobre a interpretabilidade via cadeia de raciocínio é que ela basicamente surgiu de graça”, diz Bowen Baker, cientista pesquisador da OpenAI. “Não treinamos esses modelos com o objetivo de torná-los interpretáveis. Treinamos porque queríamos os melhores modelos de raciocínio possíveis, capazes de resolver problemas complexos.”

“Descobrimos em nosso trabalho recente que é possível lê-los e encontrar evidências de mau comportamento do modelo e usar isso para ver onde e por que ele está se comportando mal.”

No entanto, surgiram problemas. A METR, uma empresa de pesquisas sem fins lucrativos, apontou um exemplo em que o chatbot Claude, da Anthropic, foi questionado se uma técnica de codificação específica seria mais “elegante” do que outras para uma determinada tarefa. A cadeia de pensamento do chatbot mostrou que ele discordava, mas, por fim, respondeu que a técnica seria elegante.

Um artigo recente da OpenAI concluiu que analisar a cadeia de raciocínio de um modelo é também uma forma mais eficaz de detectar comportamentos inadequados do que apenas revisar respostas finais. Ainda assim, os testes da companhia mostraram que, se a cadeia de raciocínio de um modelo for manipulada e o modelo for treinado para não pensar sobre comportamentos indevidos, ele pode esconder essas ações do usuário - mas continuar a realizá-las. Um exemplo seria trapacear em um teste de engenharia de software acessando um banco de dados proibido.

“Uma das características centrais que queremos para a cadeia de raciocínio é que ela permaneça como parte do estado mental interno do modelo, e não algo moldado para nos agradar ou seguir uma estrutura específica”, diz Bowen Baker, cientista pesquisador da OpenAI. Ele cita o risco de que “à medida que se otimiza cada vez mais a cadeia de raciocínio, o modelo aprenda a ter pensamentos bonitos, mas continue se comportando mal”.

O dilema para os pesquisadores é que a cadeia de raciocínio é útil para identificar possíveis falhas em sistemas de IA, mas ainda não pode ser considerada totalmente confiável. Resolver esse problema passou a ser uma prioridade para a Anthropic, OpenAI e outras organizações de pesquisas em IA.

“Minha lição com a IA nos últimos anos é: nunca aposte contra o progresso dos modelos”, diz David Luan, um dos primeiros a desenvolver o processo de cadeia de raciocínio enquanto estava no Google, mas que agora lidera o laboratório de inteligência artificial geral da Amazon. “As atuais cadeias de raciocínio nem sempre são fiéis ao processo de pensamento subjacente, mas provavelmente vamos resolver isso em breve.”

Sydney von Arx, uma pesquisadora de IA da METR, falando em caráter pessoal, concorda que o método ainda oferece um retorno útil para os desenvolvedores de IA. “Deveríamos tratar a cadeia de raciocínio como os militares tratam comunicações de rádio interceptadas do inimigo”, diz ela. “A comunicação pode ser enganosa ou codificada, mas no fim das contas sabemos que ela está sendo usada para transmitir informações úteis - e provavelmente conseguiremos aprender muito com sua leitura.”
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Sem botão de coragem

Coragem. Essa foi a palavra que mais ouvi ao compartilhar sobre minha decisão de pausar a carreira executiva na Globo para fazer um mestrado em Stanford. De executivos aos meus amigos mais íntimos. As primeiras vezes, achei curioso. Nunca tinha pensado em “coragem”. As palavras que até então tinham me acompanhado nessa jornada eram: determinação, foco e poder de escolha. Mas depois de tantas pessoas remeterem a minha decisão à coragem, decidi pensar mais sobre isso.

Para me ajudar na reflexão, fui ler sobre coragem. As diversas fontes apresentam uma variação de: enfrentar situações difíceis sem medo ou com energia para enfrentá-lo; força moral para encarar o perigo e se preservar diante de adversidades; determinação; ousadia; etc.

Passei também pela origem da palavra. Do latim coraticum, derivado de cor, que significa coração. Originalmente, ter coragem era agir com o coração - com força interior, ânimo e firmeza diante dos desafios. Mais do que ausência de medo, é a capacidade de manter-se firme, movido por convicção, sentimento e integridade.

Abandonei as explicações que remetiam à valentia, e tentei compreender melhor a parte do coração. O que está dentro e te faz inteiro. Aquilo que você cultiva sem saber o porquê e nem quando vai usar. É o que você constrói. Não existe um botão de coragem para acionar.

Juntei essas peças com tantas outras reflexões que já fiz sobre a capacidade de sonhar e realizar. Será que entre uma coisa e outra mora a tal coragem? Fiquei pensando em como o meu sonho se tornou realidade. Passou um filme na cabeça, quer dizer, uma novela inteira.

Primeiro, quem sou, de onde venho e onde estou. Em seguida, um balanço das minhas ambições profissionais e meus desejos pessoais. Depois, minha autocrítica e ponderações em como evoluir. Um plano robusto para chegar aonde quero. Daí capítulos e capítulos de muito esforço e disciplina para executar o que foi planejado.

Lembrei-me do discurso da Shonda Rhimes em Dartmouth: “Acho que muita gente sonha. E, enquanto estão ocupadas sonhando, as pessoas felizes de verdade, as pessoas bem-sucedidas de verdade, as pessoas realmente interessantes, poderosas, engajadas, estão ocupadas, fazendo. Sonhos são lindos. Mas são apenas sonhos (...). Sonhos não se realizam apenas porque você os sonha. É o trabalho árduo que faz as coisas acontecerem. É o trabalho árduo que cria mudança”.

Lembrei também da resposta de Simon Sinek ao ser perguntado, no último encontro de lideranças na Globo, sobre a característica que o líder moderno deve perseguir: “Já ouvi muito que líderes precisam ter carisma, serem extrovertidos etc. A verdade é que conheci grandes líderes que não tinham carisma, outros tantos que eram extremamente introvertidos. Mas uma característica todos eles tinham - coragem”.

Fui estruturando o meu entendimento em algumas camadas.

Você começa sonhando. Sem consciência. E vai vivendo. Vai fazendo o que precisa fazer. Mas não abandona o sonho, pois ele te mantém no trilho do que é importante para você. A consciência vai surgindo. Chega a hora do trabalho. Vai lidando com algumas curvas e concessões no caminho. E mesmo sem saber, a coragem vai crescendo dentro de você. Um dia, encontra a bifurcação. Você conhece os riscos de cada caminho. Decide com medo e incertezas. Mas intui com coragem.

Acho que foi mais ou menos isso que tantos me disseram.

Cá cheguei. Cá estou. Descobri o tanto de oportunidades que existem nos encerramentos e nos recomeços. Meu coração esteve em cada despedida. Foi preciso coragem para dizer até logo. Agora, é aceitar que o novo não representa perigo. Não tenho nenhum botão para acionar. Nem sou valente. Vem trabalho duro pela frente.

Me conectar em uma nova comunidade, apoiar minha família na adaptação, beber inovação, aprofundar sobre inteligência artificial e seu potencial, discutir sobre o futuro do trabalho. Me expor. Observar uma nova cultura. Viver tudo isso. Experimentar. Pensar e repensar como tudo isso se conecta com a minha história. Refletir sobre o que vem depois.

Preciso me manter firme, movida por minhas convicções, sentimentos e integridade. Preciso agir com o coração. Que não falte coragem para realizar.

Fabiana Moreno diretora-executiva da Globo, em período sabático para Stanford MSx 2025/26
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Bioenergia já é 30% de toda a matriz energética do Brasil

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Biomassa de cana, com 16,8% do total, responde pela maior fatia, segundo estudo da FGV
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Armas avançadas por si só não vencerão as guerras do futuro | Opinião

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A vitória também depende de soluções de baixa tecnologia — e da integração rápida e econômica das duas
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Ansiedade atinge profissionais de todas as idades, diz pesquisa | Carreira

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Estudo exclusivo com 23,1 mil pacientes no Brasil alerta que trabalhadores de 29 a 44 anos são os que acumulam mais questões emocionais
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Um em cada cinco brasileiros trabalha sob sofrimento psicológico | Carreira

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Pesquisa exclusiva com 205,2 mil pessoas aponta que 3,6% estão fora do mercado por conta de questões de saúde mental
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Profissionais de países emergentes lideram uso de IA | Carreira

Profissionais de países emergentes lideram uso de IA | Carreira | Inovação Educacional | Scoop.it
Os Estados Unidos são reconhecidos por impulsionar a inovação digital, e por serem um berço do desenvolvimento tecnológico. Ainda assim, países como Índia (85%), Arábia Saudita (84%), Emirados Árabes Unidos (82%) e o Brasil (80%) despontam como as forças de trabalho que mais utilizam ferramentas de inteligência artificial (IA) no exercício profissional - ante 61% dos americanos, segundo pesquisa realizada este ano pela consultoria Korn Ferry. Foram entrevistados aproximadamente 15 mil trabalhadores.

O levantamento mostra que países em desenvolvimento estão cada vez mais preparados - e receptivos - à adoção de tecnologias no ambiente corporativo. Além disso, os mercados que demonstram maior otimismo em relação à IA também são os que mais investem em treinamento tecnológico para as equipes. Cerca de 75% dos profissionais da Índia e do Brasil relatam receber treinamentos consistentes em IA, enquanto nos EUA e Japão, 68% e 38%, respectivamente, relataram não receber capacitação suficiente.

Outro dado da pesquisa mostra uma diferença de treinamento em IA entre lideranças e equipes. Enquanto 78% dos gestores afirmam compreender a IA, apenas 39% dos funcionários concordam com a mesma expressão.

Para Rodrigo Accarini, líder da área de soluções digitais da Korn Ferry Brasil, esses dados devem ser atribuídos à diferença de perspectiva entre os níveis hierárquicos. “Enquanto os líderes acreditam entender sobre IA, os colaboradores sentem que não estão suficientemente preparados para aplicá-la. Isso revela uma desconexão entre a visão estratégica da liderança e a realidade operacional das equipes”, diz.

Preparação das equipes não acompanha os investimentos em IA, diz pesquisa
Duolingo: CEO afirma que a IA não irá substituir a força de trabalho da empresa
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A falta de preparo em IA, complementa o especialista, mesmo diante do uso crescente da tecnologia, faz com que muitos líderes subestimem o potencial da ferramenta, resultando em um desalinhamento entre a estratégia e a execução. Ele pontua, ainda, que existem riscos no uso da IA, como a substituição inadequada de processos humanos, resistência dos funcionários na aplicação, perda de confiança na tecnologia e desperdício de recursos financeiros.

O Brasil também se destacou em levantamento encomendado pela empresa global de serviços de armazenamento e gerenciamento de informações Iron Mountain e realizado pela FT Longitude. Segundo a pesquisa, 53% das organizações brasileiras priorizam reduzir o tempo gasto na localização e no estudo da análise de dados não estruturados através da automatização dos processos. A média global é de 23%.


Ana Carla Martins: “É importante que você consiga ter a acuracidade do dado. Dados por si só podem levar a resultados não consistentes” — Foto: Masao Goto Filho
O estudo calculou que as organizações brasileiras obtiveram US$ 1,8 bilhão em aumento de receita nos últimos 12 meses devido a sistemas de gerenciamento de informação com IA - valor ligeiramente inferior à média global (US$ 1,9 bilhão). O crescimento da receita foi calculado em 10,7% após a implementação das tecnologias.

Para além disso, 60% dos respondentes relataram melhorias de 10% a 20% na produtividade dos funcionários devido a sistemas e estratégias automatizadas pela IA. Ao mesmo tempo, 43% das companhias brasileiras declararam dificuldades na implementação por conta da falta do conhecimento da tecnologia por parte dos trabalhadores. Na média global, 28% das empresas relataram o mesmo impasse.

Ainda segundo o levantamento, quando a tecnologia é utilizada sem preparo, pode causa falhas na integridade das informações - o que, no Brasil, trouxe, em média, perdas financeiras de US$ 331 mil para as companhias. No mundo, foram quase US$ 390 mil.

Na perspectiva de Ana Carla Martins, diretora geral comercial da Iron Mountain Brasil, o setor financeiro está na vanguarda da utilização da IA. “A gente tem exemplos na indústria de seguros onde conseguimos, através da gestão da informação, otimizar uma esteira de aprovação de crédito. Essa informação vem de vários lugares e em vários formatos”, acrescenta.

Ela diz que a plataforma com IA funciona como um orquestrador e, além de captar dados desorganizados, utiliza um fluxo de trabalho inteligente para trazer celeridade ao processo. “É muito importante que você consiga ter a acuracidade do dado. Dados por si só podem levar a resultados não consistentes”, afirma Martins. A especialista aconselha, ainda, mapear os problemas antes de tentar a utilização da IA para resolvê-los. Caso contrário, ela afirma, a IA pode se perder na definição da solução.

A IA pode analisar e aprender, mas a decisão e a responsabilidade são humanas. A IA é copiloto, o piloto no comando é uma pessoa”
— Vinicius Gallafrio
A diretora da Iron Mountain recomenda que as empresas não tenham medo de utilizar a tecnologia - mesmo quando os dados estão desestruturados. “Isso é uma máxima que a gente tinha até pouco tempo [de ter que estruturar os dados para utilização]. Hoje é possível tirar benefícios sem ter 100% dos dados estruturados”, diz. “O importante é que você garanta o processo de gestão da informação de forma contínua. É uma jornada.”

De acordo com o professor Gustavo Torrente, head de soluções técnicas da Alura+FIAP para Empresas, “quando falamos sobre análise de dados, é como se acendessem as luzes e saíssemos do escuro”. “O dado não tem tanto valor, o que tem valor é a informação, e hoje nós estamos vivenciando uma corrida pelo conhecimento”, destaca. Para ele, uma análise de dados com IA pode favorecer melhores tomadas de decisão.

Em uma pequena empresa, dados analisados com auxílio da IA podem ser utilizados para automatizar a coleta e o cruzamento de fontes para controlar o estoque, exemplifica o professor. “Quando falamos de uma grande corporação, dados podem prever tendências de consumo. Em uma empresa de logística, a IA pode ser útil para reduzir consumo de combustível e melhorar o tempo de entrega.”

Para além dos benefícios, o head da Alura aponta os riscos do mau uso das tecnologias. “Um relatório com dados inconsistentes vai gerar uma decisão errada, fazer com que a empresa invista onde não tem retorno, ou então cortar o que não deveria”, explica. “No final do dia, uma análise de dados ruim pode custar muito caro, seja em dinheiro, imagem, ou tempo.”

Vinicius Gallafrio, CEO da MadeinWeb, de soluções tecnológicas, destaca que na empresa o domínio da IA passou a ser uma habilidade crítica. Na área de marketing, os treinamentos são atualizados mensalmente para que a equipe possa otimizar lances em mídia e algoritmos de análise preditiva de audiência. “Eles deixam de ser mineradores de dados e passam a atuar como verdadeiros arquitetos de análise”, pontua.

O CEO revela alguns dos resultados que vieram da implementação das tecnologias. O setor de desenvolvimento de software observou uma redução de cerca de 25% no tempo da elaboração de funcionalidades de média complexidade e de, aproximadamente, 40% na depuração de códigos.

Em planejamento estratégico, o especialista diz ter presenciado um dos ganhos mais valiosos. “Nossa equipe de estratégia utiliza IA para processar volumes gigantescos de dados consolidados, premiações, e análises de concorrência em minutos”, afirma. Ele acrescenta que a implementação liberou a equipe do trabalho braçal de coleta de dados e permitiu o foco na interpretação, na construção de cenários e no aconselhamento estratégico para clientes.

Nesse cenário, Gallafrio diz ter estabelecido um comitê de ética para IA, que reúne membros das áreas jurídica, tecnologia, recursos humanos e da liderança sênior, a fim de avaliar novas ferramentas. “Também mantemos uma diretriz simples: toda vez que uma decisão de compra relevante para um cliente for influenciada por IA, precisamos ser capazes de explicar a lógica por trás da decisão e nossos clientes devem compreender os critérios utilizados em seus próprios contextos”, diz o CEO.

Todas as políticas de IA da MadeinWeb são uma extensão direta da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), de acordo com a empresa, e antes de os profissionais inserirem os dados em algum modelo, os conjuntos são anonimizados e criptografados. O executivo ainda compartilha que “a IA pode analisar e aprender, mas a decisão e a responsabilidade, caso algo dê errado, são - e sempre serão - humanas. A IA é copiloto, o piloto no comando é uma pessoa.”

Na Conta Azul, empresa de soluções para gestão financeira e contábil, o investimento em inteligência artificial tem alcançado todos os funcionários. A companhia afirma que 100% da equipe está sendo capacitada em IA por meio de trilhas de conhecimento estruturadas e reembolso para cursos.

Karin von Hartenthal, CHRO da Conta Azul, explica que o primeiro treinamento geral de funcionários foi conduzido por um gestor entusiasta do tema. Depois, ainda em 2024, foi aplicada uma sensibilização para os líderes, “trazendo o fato nu e cru de que a IA chegou e não há espaço para não se interessar e se adaptar. “O que aprendemos até aqui é que colocando a mão na massa e compartilhando erros e acertos, com os limites éticos e de segurança bem estabelecidos, é a forma mais efetiva e veloz de aprendizado”, diz Hartenthal.

Na Ford, do setor automobilístico, a disseminação da IA tem seguido uma abordagem ampla, integrando aprendizados e aplicação prática em várias áreas da empresa. Djalma Brighenti, diretor de TI da Ford na América Latina, conta que todos os meses um especialista diferente é chamado para abordar algum aspecto da transformação digital na companhia. Ele diz, ainda, que são realizadas lives com as lideranças da empresa, com casos de uso de IA generativa para provocar incentivo ao uso e valorizar quem está utilizando.

As aplicações da IA já saíram dos centros de desenvolvimento e podem ser observadas nos produtos, afirma. “Os nossos veículos hoje são conectados, já saem de fábrica com o chip desde que o cliente autorize. Os diversos módulos eletrônicos que fazem a operação do carro estão enviando informações para a Ford. Temos uma IA na engenharia acompanhando esses módulos e, se alguma anomalia é detectada, tentamos identificar se isso pode ser um problema. E, se for, como resolvê-lo”.
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Estrutura científica inédita no mundo começa a ser construída no Brasil | Brasil

Estrutura científica inédita no mundo começa a ser construída no Brasil | Brasil | Inovação Educacional | Scoop.it
Dentro de algumas semanas, máquinas e trabalhadores devem começar a erguer as fundações de um prédio de quatro andares para abrigar uma estrutura científica sem paralelo no mundo: o primeiro laboratório de nível máximo de contenção biológica associado a um acelerador de partículas.

Laboratórios com esse nível de segurança (identificados pela sigla NB4) são equipamentos que operam hoje, em sua maioria, nos EUA e na Europa. São espaços preparados para pesquisas com vírus e outros patógenos altamente contagiosos e, muitas vezes, letais.

No caso dos aceleradores de partículas, que usam um tipo de luz chamada síncrotron, há apenas três de quarta geração em operação no mundo: um na França, um na Suécia e outro no Brasil. Outros três devem entrar em operação nos próximos dois anos nos EUA, Suíça e China. O Brasil inaugurou o seu acelerador em 2018. É o Sirius, que hoje é o maior equipamento de pesquisa científica do país. Visto de fora, parece uma arena moderna de futebol.

O Sirius emite feixes de luz síncrotron que circulam em tubos a vácuo e que produzem imagens que chegam ao nível atômico de diversos materiais, de amostras de solo a amostras de plástico, de novos catalisadores para a indústria do etanol a novas embalagens com material renovável. O Sirius fica a alguns minutos da área urbana de Campinas, dentro das instalações do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (Cnpem).

A aposta que o Brasil está fazendo é inédita: conectar seu acelerador ao futuro laboratório NB4. A empreitada tem o nome de Projeto Orion. O resultado esperado é a produção de imagens em nível atômico jamais vistas de vírus e outros patógenos ativos, interagindo com células, tecidos e pequenos animais.

A luz síncrotron permite levar a resolução para quase 1 milhão de vezes em relação ao tomógrafo convencional. E oferece um contraste muito maior”
— Harry Westfahl
“A capacidade de imagens que a gente vai ter como a luz síncrotron será única. Isso nunca foi feito no mundo. Basicamente o que esse equipamento vai fazer são tomografias de raio x. A diferença é que a tomografia médica tem uma limitação de resolução”, diz Harry Westfahl, diretor do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron.

“O menor ponto que você consegue enxergar [na tomografia] é da ordem de 1 mm. A luz síncrotron permite levar a resolução para um fator zoom de quase 1 milhão de vezes em relação ao tomógrafo convencional. E oferece também um contraste muito maior do que um tomógrafo convencional”, diz.

Se tudo sair como previsto, será um feito que abrirá novas frentes para a ciência e para a medicina, com potencial para novos tratamentos, vacinas e protocolos de controle doenças.

O prédio e a montagem da infraestrutura não científica deverão custar cerca de R$ 1 bilhão, segundo a direção do Cnpem. A estimativa é que no mínimo mais R$ 500 milhões serão necessários para equipamentos. O Cnpem é instituição privada sem fins lucrativos com status de organização social, supervisionada e financiada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.

O Orion será usado, prioritariamente, por pesquisadores brasileiros, mas também receberá estrangeiros. “As primeiras vezes que a gente ia para fora e falava [sobre o projeto], todo mundo ficava assim ‘acho que eu não entendi o que você quer dizer’. Porque nós não temos um laboratório NB4 no Brasil nem na América Latina. Então parecia algo muito inovador construir um NB4 ainda mais associado a uma fonte de luz síncrotron”, diz Tatiana Ometto, gerente de Biossegurança do Cnpem.

Com o tempo, conta, as reações no exterior ganharam outro tom. Em vez de descrença, cientistas estrangeiros passaram a demonstrar uma curiosidade pelo projeto.

“Eu estava no congresso da Associação Europeia de Biossegurança [em maio] e lá tem pesquisadores de NB3 e NB4 do mundo inteiro. E é legal que agora todo mundo já conhece o projeto em detalhes, é impressionante. Uma das pessoas que encontrei falou assim: ‘O projeto Orion é o projeto científico mais interessante do mundo na atualidade’.”

A ideia de construir o primeiro laboratório NB4 do mundo ligado a uma fonte de luz síncrotron começou a ser aventada durante a pandemia em discussões no Ministério de Ciência.

A ideia avançou e levou, nos anos seguintes, pesquisadores do Cnpem a visitarem laboratórios de alta segurança nos EUA e na Europa. A próxima visita será à China.

Em Campinas, os trabalhos de preparação do terreno foram feitos. Máquinas removeram toneladas de terra de uma área de 25 mil metros quadrados pegada ao acelerador de luz síncrotron. Hoje, o que se vê é um grande buraco retangular, aberto em um dos lados. É onde o novo prédio de três andares será erguido.

A expectativa é que em julho, a empresa responsável pelas fundações comece a montar canteiro de obra, instalar almoxarifado e, então, em agosto máquinas e trabalhadores devem estar a todo vapor instalando as fundações.

As fundações no novo prédio devem ser concluídas em novembro. A fase seguinte será a da construção, propriamente, do Orion. O contrato com o consórcio de empresas que vai se encarregar dessas obras deve ser assinado no segundo semestre, segundo a direção do Cnpem.

Uma possibilidade é que o cronograma dos trabalhos das fundações seja ajustado para conciliar com o início das atividades das empresas construtoras.

“As construtoras, mesmo as grandes, não conseguiram se habilitar tecnicamente, de forma individual porque para fazer uma obra dessas é preciso provar que já fez tantos mil metros de algo equivalente, ou seja, salas limpas, hospitais, tantos anos de experiência”, diz Sergio Rodrigo Marques, diretor-adjunto de Infraestrutura do Cnpem. “Na hora que se junta tudo isso, não tem uma empresa que, sozinha, domine todas essas disciplinas. Então elas se uniram em consórcios e hoje esses consórcios estão disputando para ver qual vai levar essa obra bilionária.”

O prédio e toda a infraestrutura que não envolve equipamentos científicos ficarão prontos em fins de 2027, segundo a expectativa atual. O Orion deve começar a operar, com todas as suas funcionalidades, entre 2028 e 2029.

Com estrutura reforçada e procedimentos rigorosos de segurança, estará apto a receber, por exemplo, amostras do mortífero Ebola.

Num primeiro momento, os pesquisadores terão como alvo prioritários vírus perigosos presentes em países latino-americanos. Um deles, o Sabiá, detectado no Brasil, e causador de uma febre hemorrágica grave em humanos. É um patógeno de classe 4 de risco biológico.

Amostras desse vírus não podem ficar armazenadas para pesquisa em nenhum laboratório da América Latina porque a região não dispõe ainda estruturas com estrutura máxima de contenção biológica. Outros vírus, também causadores de febres hemorrágicas e encontrados em países vizinhos são o Junín, o Guanarito e Machupo.

Pesquisadores destacam um ponto: patógenos classificados como risco biológico 4 estão majoritariamente no hemisfério Sul, entretanto, enquanto as instalações NB4 estão, majoritariamente, no hemisfério Norte. “Isso significa que os países do norte estão se preparando para ameaças que possam acontecer” diz Talita Diniz Melo Hanchuk, pesquisadora em virologia do Cnpem.

“Hoje no Brasil se a gente tem a identificação de uma amostra de paciente positivo para Sabiá, essa amostra é enviada para fora porque a gente não tem uma estrutura preparada para estudar esse vírus em laboratório”, afirma Talita. “E patógenos como esses podem ter potencial epidêmico e pandêmico. Portanto, o Brasil precisa ter um laboratório preparado. São patógenos endêmicos da América Latina e então a gente tem um grande interesse em compreender em entendê-los e gerar estratégias de tratamento diagnósticos e vacinas.”

O projeto já recebeu diversas críticas e questionamentos.

Um deles, sobre o volume de recursos públicos que demandará. Outro, sobre se o Brasil teria expertise suficiente para um passo inédito na ciência como esse. Outro ponto ainda diz respeito ao temor de que algum acidente leve ao vazamento de um vírus letal na cidade que é a terceira mais populosa do Estado de São Paulo.

Em favor do projeto, pesquisadores do CNPEM e executivos do Ministério da Ciência dizem que os investimentos se justificam por questões de saúde pública e que propiciarão um salto para a ciência brasileira. Com relação ao risco de acidentes, o argumento é que laboratórios têm muitas camadas de contenção e protocolos de atuação dos pesquisadores extremamente rigorosos.

“Tinha uma série de críticas, mas muitas delas, na minha opinião, por falta de conhecimento”, diz o diretor-geral do Cnpem, Antonio José Roque da Silva.

Embora o Brasil não esteja entre os países líderes em produção científica, o Cnpem é um dos polos bem-sucedidos de pesquisa e desenvolvimento, ao lado de Embrapa, Embraer, Petrobras, Instituto Butantan, Fiocruz e outros. “O Brasil já vem fazendo ciência de fronteira há muito tempo. Desde Carlos Chagas até Embrapa. O Brasil tem sim grupos de excelência. O que nós temos tido dificuldade no país é termos consistência e volume adequado de financiamento à ciência e à tecnologia, que permita que se tenha resultados continuamente”, afirma Roque da Silva

Para ele, o projeto deve ser encarado como uma iniciativa que tem relação com soberania nacional e com a ideia de que o Brasil não deve depender de estruturas científicas de outros países.”
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June 24, 3:08 PM
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E se o Enem virasse sorteio?

E se o Enem virasse sorteio? | Inovação Educacional | Scoop.it
Na próxima sexta-feira acaba o prazo de inscrição no Enem. Como ocorre todo ano, em poucos meses milhões de candidatos farão a mesma prova, e o resultado determinará quem ingressará (e em qual curso) no ensino superior. Desde 1911, quando surgiu o primeiro vestibular no Brasil, esse tem sido, com poucas alterações, o principal formato. Tentativas de alterá-lo foram sempre incipientes ou localizadas por aqui, mas educadores pelo mundo questionam, cada vez mais, tanto a justiça quanto a eficácia do modelo.

Em fevereiro, o governo do México anunciou uma medida ousada: o exame equivalente ao Enem seria substituído por outros formatos, com o objetivo de garantir que todo jovem que termine o ensino médio e deseje ingressar no superior tenha essa oportunidade. Em instituições mais disputadas, haverá sorteio, com cota de 50% reservada a mulheres. Algumas, porém, seguirão utilizando exames em seus processos seletivos, caso da concorrida Universidade Nacional Autônoma do México.

A ideia de sorteios substituindo provas apareceu também no livro “A tirania do mérito”, de Michael Sandel. Analisando o contexto dos Estados Unidos, ele primeiro argumenta que testes padronizados acabam por reproduzir desigualdades, prejudicando os mais pobres. Para Sandel, exames até poderiam ser utilizados para estabelecer quem estivesse apto a ingressar numa universidade, garantindo assim a qualidade acadêmica. Mas, a partir desse recorte, seria mais justo selecionar por loteria.

O modelo de seleção nas universidades norte-americanas não se baseia apenas em testes. Em geral, considera-se também o currículo escolar, cartas de recomendação, envolvimento em atividades extracurriculares, participação em projetos comunitários, entre outros. Recentemente, especialmente na pandemia, universidades de prestígio anunciaram que deixariam de considerar a nota de testes, decisão também baseada em estudos (já citados aqui) que mostravam que o boletim escolar dos alunos era um preditor melhor do sucesso no ensino superior do que a nota em provas.

Até pouco tempo, o debate acadêmico nos EUA parecia caminhar aos poucos para abolir testes na seleção de alunos. No entanto, pesquisas mais recentes (como uma publicada em 2023 por Raj Chetty, David Deming e John Friedman) identificaram que, em alguns cenários, esses exames predizem melhor o desempenho na universidade. Também surgiram evidências de que jovens de baixa renda, mas de bom desempenho nesses exames, estavam sendo prejudicados por uma política pensada em beneficiá-los. Diante disso, universidades prestigiosas como Yale e o MIT recuaram. Mas, como a evidência ainda é mista, outras, caso da Universidade da California, seguem nessa direção.

Vale a pena acompanhar a experiência do México e outras mundo afora, mas, mesmo no caso dos sorteios, não se pode descartar a hipótese de que o efeito seja contrário ao pretendido. Esta foi, aliás, a conclusão de um estudo publicado em 2021 na revista acadêmica Educational Researcher, pelos pesquisadores Dominique Baker e Michael Bastedo, que simularam o resultado de processos seletivos em instituições de prestígio nos EUA caso o critério fosse uma loteria. A conclusão foi de que, na maioria dos casos, meninos negros de baixa renda seriam prejudicados.

Essa nova onda de estudos não esgota o debate (e a crítica) a exames como o Enem. Mas mostra, como sempre, que não há resposta simples para problemas complexos.
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June 24, 3:07 PM
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Tudo sobre a PNAD: Brasil mantém ritmo de avanço na escolaridade, mas ainda distante da meta e de países vizinhos

Tudo sobre a PNAD: Brasil mantém ritmo de avanço na escolaridade, mas ainda distante da meta e de países vizinhos | Inovação Educacional | Scoop.it
O Brasil manteve o ritmo de melhora nos índices de escolaridade registrado na última década, mas permanece distante das metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE), que deveriam ter sido alcançadas até o ano passado. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Educação de 2024, divulgados na sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram, por exemplo, que a proporção de jovens cursando o ensino médio na idade correta alcançou o maior patamar da série histórica, iniciada em 2016: 76%. O índice, no entanto, fica consideravelmente abaixo dos 85% previstos na elaboração do PNE, em 2014.

'Central da COP': GLOBO ganha coluna semanal sobre o evento
Artigo: A questão não é se os evangélicos irão ultrapassar os católicos, mas sim quando
A PNAD indica que a taxa de analfabetismo no país também recuou para o menor nível da série. No ano passado, 5,3% da população com 15 anos ou mais (9,1 milhões de pessoas) não sabiam ler nem escrever um bilhete simples. Contudo, a meta do PNE previa a erradicação até 2024 do analfabetismo, que afeta principalmente idosos, a população negra e moradores das regiões Norte e Nordeste.


As curvas da educação — Foto: Editoria de Arte
Já a proporção de brasileiros com 25 anos ou mais que concluíram a educação básica subiu dez pontos percentuais desde 2016. De acordo com os dados, 56% de adultos a partir dessa faixa etária tinham um diploma de ensino médio, contra 46% há quase uma década. Não há um objetivo específico para este indicador no PNE, mas, no ritmo atual, o país ainda levará cerca de 20 anos para atingir o nível de países desenvolvidos.

Entre as nações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o percentual de pessoas sem educação básica completa é de 20% — menos da metade do indicador brasileiro (44%). O país também está atrás de Colômbia (37,9%), Argentina (33,5%) e Chile (28,0%).

Além do atraso em relação a nações vizinhas, o Brasil também enfrenta desigualdades regionais. O Nordeste, por exemplo, é a única região do país onde menos da metade da população com 25 anos ou mais concluiu o ensino médio — apenas 47%. Esse é um patamar que a média nacional superou desde 2017.

— Isso pode estar ligado à percepção de utilidade do ensino médio ou, ainda, à necessidade de entrada precoce no mercado de trabalho — avalia William Kratochwill, analista do IBGE.

Os dados da PNAD Educação revelam também desigualdades raciais. Adultos brancos estudam, em média, 11 anos, e 63,4% desse grupo completaram o ensino médio. Entre pretos e pardos, a média de escolaridade é de 9,4 anos — 18 meses a menos —, enquanto somente 50% concluíram o ciclo educacional básico. Kratochwill destaca que não houve redução significativa no “hiato histórico entre os grupos”.

Dados ‘decepcionantes’
As taxas de conclusão de ensino médio cresceram consistentemente no país entre 2010 e 2019, numa progressão interrompida pela pandemia de Covid-19, em 2020, quando as escolas foram fechadas. Em 2023, no entanto, a trajetória foi retomada.

Uma das estratégias do governo federal para que o aluno avance até encerrar o ensino médio é o programa Pé-de-Meia, que realiza pagamentos mensais de R$ 200 caso o jovem esteja matriculado e frequentando a escola. Se somados os valores depositados numa espécie de poupança, é possível, ao final de três anos, receber até R$ 9,2 mil.

— No que diz respeito ao ensino médio, os dados mostram uma melhora frustrante, em um nível de evolução que também aconteceu no passado recente, quando o Pé-de-Meia ainda não existia. E o programa deve custar R$ 12 bilhões só em 2025 — pontua Ivan Gontijo, gerente de políticas educacionais da ONG Todos pela Educação, que classifica os resultados gerais da PNAD como “decepcionantes”.

Para Maria Slemenson, superintendente de Políticas Públicas do Instituto Natura, além do incentivos monetário, é “essencial que as famílias e a sociedade como um todo valorizem a educação de qualidade e reconheçam a importância de os jovens estarem na escola e concluírem os estudos”.

— Isso depende também de escolas atrativas e conectadas aos anseios da juventude. O ensino médio integral faz isso. Promove o desenvolvimento integral dos estudantes e os prepara para o futuro por meio de uma jornada ampliada. Mais do que aumentar a carga horária, a proposta é oferecer um currículo que faça sentido para os jovens e fortaleça seus projetos de vida — defende.

Acesso às creches é desafio em especial no Norte e no Nordeste
A proporção de crianças de 2 a 3 anos fora da creche por falta de vagas está no mesmo patamar há cinco anos, mostram os dados da PNAD Educação. Desde 2019, o índice gira em torno de 39%. No Centro-Oeste, no entanto, houve um crescimento expressivo, de 35,4% para 41,5%. Ainda assim, o Norte e o Nordeste apresentam os números mais elevados (46,8% e 42,2%, respectivamente).


Sem vagas — Foto: Editoria de Arte
No ano passado, 63,6% das crianças de até 1 ano estavam fora de creches por opção dos responsáveis, enquanto na faixa etária de 2 a 3 anos eram 53,3%. O segundo motivo mais citado pelos pais, porém, é a falta de vagas disponíveis ou a não aceitação de matrícula — 30,1% e 39% para os dois recortes de idade, respectivamente.

— A pesquisa mostra que houve avanço, mas tímido. O ritmo de expansão de vagas em creches continua de forma muito lenta. Esta é uma notícia ruim para o governo federal e um desafio para os líderes municipais. Falta um plano de apoio com os municípios para que o trabalho seja bem realizado — diz Ivan Contijo, do Todos pela Educação.

O Censo Escolar, divulgado em abril pelo IBGE, já havia indicado uma desaceleração no crescimento de novas matrículas entre 2023 e 2024, em um salto de apenas 1,6%. Com exceção dos anos pandêmicos de 2020 e 2021 — quando chegou a haver queda, puxada especialmente pelo setor privado —, foi a menor alta registrada na série histórica, iniciada em 2007.

— A creche é um direito da criança, garantido pela Constituição e reafirmado pelo Plano Nacional de Educação. Mas os dados da PNAD 2024 mostram uma realidade brutal: em muitas regiões do país, esse direito sequer pode ser exercido, porque a creche simplesmente não existe ou não há vaga disponível — aponta Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal. — Essa desigualdade no acesso territorial é o retrato de um país que ainda não compreendeu que a educação começa no nascimento. É também um alerta: não adianta renovar metas se continuarmos abandonando as mesmas crianças e os mesmos territórios.

Legislação descumprida
A legislação brasileira obriga que os pais coloquem seus filhos na escola a partir de 4 anos, quando eles devem começar a pré-escola. No entanto, as redes públicas são obrigadas a garantir vaga para as famílias que desejam ser atendidas.

O PNE de 2014 previa que, em 2024, o Brasil teria que ter metade dessa população matriculada — dez pontos a mais do que o país conseguiu atingir no ano passado.
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June 24, 3:02 PM
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Sistema Nacional de Educação: relator quer tirar do texto fórmula para chegar a custo mínimo por aluno; entenda

Sistema Nacional de Educação: relator quer tirar do texto fórmula para chegar a custo mínimo por aluno; entenda | Inovação Educacional | Scoop.it
O Custo Aluno-Qualidade (CAQ) é um mecanismo previsto em lei, ainda não regulamentado, que estabelece o valor mínimo que deve ser investido por aluno para garantir uma educação pública de qualidade em todo o país.

O texto do SNE, aprovado em 2022 pelo Senado, detalha, por exemplo, que o CAQ precisa considerar "estrutura física, tecnológica e de pessoal das escolas" e "estrutura das carreiras docentes" das redes, entre outros custos. Também define como esse valor deve ser calculado e executado.

No entanto, Rafael Brito entende que essas definições não devem ser feitas politicamente pelo Congresso e sim de forma técnica pela Comissão Intergestores Tripartite da Educação (Cite). Esse órgão vai ser criado pelo próprio SNE e será composto por representantes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.

— O CAQ precisa ser tratado por essa instância e não pelo texto. Da forma que foi aprovado pelo Senado, está deixando pouco para a comissão discutir — avalia Rafael Brito, relator do texto e presidente da bancada de educação do Congresso.
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June 24, 2:59 PM
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Prêmio coloca 4 escolas brasileiras entre 10 melhores do mundo

Prêmio coloca 4 escolas brasileiras entre 10 melhores do mundo | Inovação Educacional | Scoop.it
Brasil disputa o prêmio ao lado do Reino Unido e da Índia, os países com maior número de indicações. A votação popular já está aberta e os vencedores serão anunciados em outubro
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June 24, 2:46 PM
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Postplagiarism: transdisciplinary ethics and integrity in the age of artificial intelligence and neurotechnology

Postplagiarism: transdisciplinary ethics and integrity in the age of artificial intelligence and neurotechnology | Inovação Educacional | Scoop.it
In this article I explore the concept of postplagiarism, loosely defined as an era in human society and culture in which advanced technologies such as artificial intelligence and neurotechnology, including brain-computer interfaces (BCIs), become a normal part of life, including how we teach, learn, communicate, and interact on a daily basis. Ethics and integrity are intensely important in the postplagiarism era when technology cannot be decoupled from everyday life. I argue that it might be reasonable to assume that when commercialized neuro-educational technology is readily available in a form that is implantable/ingestible/embeddable and invisible then academic integrity arms race will be over, as detection will be an exercise in futility.

In a postplagiarism era, humans are compelled to grapple with questions about ethics and integrity for a socially just world at a time when advanced technology cannot be unbundled from education or everyday life. I conclude with a call to action for transdisciplinary research to better understand ethical implications of advanced technologies in education, emphasizing that such research can be considered pre-emptive, rather than speculative. The ethical implications of ubiquitous artificial intelligence and neurotechnology (e.g., BCIs) in education are important at a global scale as we prepare today’s students for academic and lifelong success.
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