62% of Americans pursue careers without a bachelor’s degree – what does this mean for the future? There is an increasing need for employers to look beyond a four-year degree and reduce barriers to entry for good-paying jobs. “When I think about this issue, I think about it both from the perspective of the individuals who aren’t getting opportunity and from the perspective of the employers and organizations who are missing out on talent that is there in front of them, but they don’t see it, they don’t look for it and they don’t support it” said Beth.
O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa? Luciano Sathler É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática. Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing. O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais. Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho. A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados. A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar. No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes. Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador". Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante. Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos. Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano. O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.
"A humanidade está ficando mais estúpida exatamente no momento em que nossas máquinas estão ficando mais inteligentes do que nós", explicou o psicólogo social e professor da Universidade de Nova York. Haidt parte da tese de que a geração Z passou por um fenômeno que ele chama de "grande reconfiguração da infância", uma tragédia em dois atos: primeiro, com o declínio da infância baseada no brincar, entre as décadas de 1990 e 2000; depois, com a ascensão da infância baseada no celular, no período a partir de 2010. "Protegemos nossas crianças demais no mundo real e de menos no mundo online," afirmou o palestrante. O resultado dessa reconfiguração é ilustrado por uma série de gráficos que convergem para a mesma conclusão: aumentos expressivos em taxas de depressão, ansiedade, lesões autoinfligidas e suicídio de adolescentes nos Estados Unidos entre 2010 e 2015 apontam que a infância mudou radicalmente nesse período, que coincide com a popularização dos smartphones. O palestrante partiu de uma análise publicada pela Folha em maio de 2024 para mostrar que a mesma tendência de piora ocorre no Brasil, onde os registros de ansiedade entre adolescentes superaram os de adultos pela primeira vez em 2023. "Parece que estamos todos juntos nessa. Onde quer que tenhamos crianças com smartphones, veremos esses resultados", argumentou. Entre outros efeitos negativos dos celulares, como o aumento dos índices de miopia e obesidade em crianças, o palestrante destacou a fragmentação da atenção. "Eu achava que o maior dano era na saúde mental. Agora vejo que existe algo ainda mais grave, que é a destruição da capacidade humana de prestar atenção", afirma. Para ilustrar sua preocupação, Haidt apresentou um relatório interno do TikTok que afirma que seu uso compulsivo está relacionado a uma série de efeitos negativos para a saúde mental, como a perda de habilidades analíticas e de pensamento contextual. "As big techs fazem isso deliberadamente, capturam cada segundo da atenção do seu filho, porque se o TikTok não conseguir, o Instagram conseguirá", concluiu o palestrante. Como professor universitário, disse que seus alunos "perderam a capacidade de ler palavras numa página". Para ele, o resultado dessa perda de controle é a perda de sentido na vida, de forma mais ampla. "Se tudo o que você faz é consumir vídeos curtos o dia inteiro, sua vida se torna mesmo vazia. Se você não tem controle sobre a sua atenção, não consegue realizar nada." Ao longo da palestra, o psicólogo celebrou a lei brasileira que proíbe o uso de celular nas escolas, considerando-a uma das melhores do mundo. Haidt parabenizou o Brasil por aplicar a lei "do jeito certo", isto é, banindo celulares não apenas no horário de aula, mas também durante intervalos, e endossou a importância da "rebelião das mães" contra a tecnologia, protagonizada no país pelo Movimento Desconecta. Entre propostas que se dividem nos planos familiar e escolar, Haidt destacou a importância da ação coletiva, concluindo: "A infância foi transformada por esses dispositivos. Nossos cérebros estão se moldando ao redor deles. Precisamos restaurar uma infância humana, normal e saudável, no mundo real". O ciclo Fronteiras do Pensamento deste ano terá ainda palestras da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie e do neurocientista português António Damásio.
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Essa realidade revela um fenômeno que merece ser enfrentado com a seriedade que exige: a patologização da relação afetiva com objetos inanimados e a deturpação dos espaços públicos de saúde e justiça. Bebês reborn não são seres vivos, não possuem direitos, tampouco sentem dor. São bonecas – por mais realistas que sejam. E qualquer tentativa de conferir-lhes personalidade jurídica ou prioridade assistencial deve ser, com todo respeito, tratada como um indício de desequilíbrio psíquico, não como pauta de políticas públicas.
Depois de seis séculos, o livro físico permanece como uma das maiores invenções da humanidade. O cheiro de papel, a capa bem desenhada e o virar das páginas ainda mantêm praticamente o mesmo charme desde 1436, quando o alemão Johannes Gutenberg inventou a prensa. Tablets, computadores e Kindle podem até facilitar o manuseio, o estoque e dar outra experiência - mas alguns estudos já indicaram que a leitura em papel pode ser um poderoso meio de absorção de conhecimento. O cientista americano Adam Grant, especialista em psicologia organizacional e professor da escola Wharton da Universidade da Pensilvânia (EUA), retomou recentemente a discussão nas redes sociais, tomando como base uma pesquisa realizada com 171 mil pessoas entre 2000 e 2017 para comparar a absorção de conhecimento entre a leitura digital e a leitura em papel. “Nós processamos o conteúdo impresso mais profundamente do que o digital, desde que seja informativo e não puramente narrativo”, escreveu Grant no X após compartilhar o material na rede social. Ele é conhecido pelo trabalho em psicologia no mundo do trabalho, autor de livros como “Pense de novo: O poder de saber o que você não sabe” (Sextante, 2021) e “Potencial oculto: Como extrair o melhor de você e dos outros” (Sextante, 2024). “O papel tem a vantagem de séculos e cresceu ao longo do tempo. Vida longa ao livro”. O estudo citado por Grant foi feito por autores da Universidade de Valência e do Instituto de Tecnologia de Israel e conclui que o livro físico, na comparação com os meios digitais, é mais eficiente para a compreensão de textos informativos, como teses acadêmicas. Publicado pela Educational Research Review primeiramente em 2018, o estudo também apontava que, quando há a delimitação de tempo para a leitura, o papel é mais vantajoso. Conduzido por Pablo Delgado, Cristina Varga, Rakefet Ackerman e Ladislao Salmerón, a metodologia do quarteto de pesquisadores consistiu em uma análise de 54 estudos encontrados sobre o tema “leitura digital versus leitura impressa” e que satisfizessem os parâmetros estabelecidos pelo grupo. Os critérios incluíam pesquisas realizadas com “pessoas normativas” (que não apresentassem problemas de leitura nem dificuldades cognitivas), compatibilidade entre os materiais impresso e digital (portanto, o texto não continha hiperlinks ou navegação na web, apenas o conteúdo na íntegra) e leitura individual e em silêncio. A análise apontou uma série de variáveis que alteram a percepção do conteúdo compreendido pelo leitor. Primeiro, a leitura em tempo determinado por uma pessoa terceira (como por um professor em uma prova) é mais vantajosa, principalmente no formato em papel, do que uma leitura definida no próprio ritmo da pessoa. Textos narrativos costumam ser de mais fácil compreensão no meio digital, enquanto informativos (como teses de doutorados) são melhor compreendidos em formato físico. Além disso, no ambiente digital, computadores apresentam uma leve vantagem sobre dispositivos móveis, enquanto textos em que a rolagem de página era necessária tornam-se de difícil compreensão em relação aos de página única. Mas, segundo os pesquisadores, as diferenças entre essas variáveis específicas é pequena demais para determinar a adoção de um método ou outro. Para os pesquisadores, mais estudos devem ser feitos para determinar o impacto de cada variável em cada tipo de pessoa ou por cada dispositivo - e, de 2018 para cá, não só o hábito da leitura digital se tornou ainda mais profundo como já tem uma leva geracional de nativos digitais que podem ter outra métrica de absorção. Mas a proposta principal dos autores era dar uma luz aos educadores, para que consigam estruturar uma jornada de aprendizado mais eficiente aos estudantes, mesclando o melhor do mundo físico com o melhor do mundo digital.
A educação superior tradicional foi desenhada para um mundo que já não existe. Longos semestres, métodos expositivos e pouca conexão com a realidade mutável do mundo do trabalho coexistem hoje com uma geração digital, ansiosa por propósito, fluidez e impacto. Não se trata de percepção — trata-se de dados. Segundo o Fórum Econômico Mundial, 65% das crianças que hoje ingressam na escola primária trabalharão em ocupações que ainda não existem. Costumamos dizer que todo educador é de certa forma, um futurista. Como preparar alguém para o que ainda está por vir? Universidades ao redor do mundo enfrentam uma crise de relevância. Pesquisas do Pew Research Center mostram que a Geração Z valoriza flexibilidade, aprendizado contínuo e experiências práticas mais do que credenciais formais. E, ainda assim, o diploma segue sendo a principal ferramenta de entrada para muitas oportunidades profissionais. Essa tensão entre inovação e tradição exige mais do que ajustes — exige uma mudança de paradigma. A universidade do século XXI precisa deixar de ser apenas um lugar de transmissão de conteúdo para se tornar um espaço de experimentação, diálogo e construção coletiva. Um lugar onde a tecnologia é uma linguagem essencial, e não um adereço periférico. A ascensão da inteligência artificial tornou ainda mais urgente essa transformação. Um estudo da McKinsey estima que até 2030, até 375 milhões de pessoas precisarão mudar de ocupação ou requalificar-se profundamente. Nesse contexto, currículos estáticos e formações generalistas deixam de dar conta da complexidade do presente — e, principalmente, do futuro. O presente já exige uma formação interdisciplinar, capaz de formar pessoas que entendam e resolvam problemas e que acima de tudo, treinem habilidades essencialmente humanas: pensar criticamente, articular pessoas em torno de objetivos, resolver conflitos e criar soluções para questões cada vez mais multifacetadas. Mais do que responder, a universidade precisa antecipar. Isso significa adotar currículos dinâmicos, promover vivências práticas desde o início e formar profissionais capazes de aprender ao longo da vida — em ciclos curtos, contínuos e conectados a problemas reais. O papel da ambidestria na transformação digital da educação O que 11 anos no Vale do Silício me ensinaram sobre inovar Modelos como o da Minerva University, nos EUA, que propõe um ensino global e baseado em resolução de problemas, ou o Olin College, com sua fusão de engenharia, design e empreendedorismo, mostram que a inovação não está no abandono da universidade, mas na reinvenção de seu papel. No Brasil, também vemos projetos e metodologias emergentes que se alinham a essa nova lógica. São experiências em que o ensino teórico, pensamento crítico e a prática caminham juntos, em que tecnologia e humanismo não se opõem, mas se complementam. Alex Szapiro resenha a biografia (e modelo mental) de Elon Musk A universidade não pode mais ter um fim em si mesma— ela precisa ser o início de múltiplos futuros possíveis: para quem quer empreender, ter um emprego, se engajarem pesquisar a fronteira do conhecimento. A experiência universitária tem que ser capaz de oferecer bases e caminhos para todos esses desejos de carreira... E talvez sua missão mais urgente hoje seja essa: formar mentes inquietas, capazes de criar sentido em meio à incerteza. Porque o futuro não cabe mais só na lousa — mas pode, sim, ser desenhado por quem se propõe a aprender a aprendê-lo. *Maíra Habimorad é CEO do Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli)
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Escolas precisam oferecer no mínimo duas disciplinas optativas. Mudanças foram aprovadas em julho de 2024, mas faltava que o Conselho Nacional de Educação (CNE) definisse as normas para aplicação.
Em fevereiro, Ella Stapleton, na época no último ano da Northeastern University, estava revisando as anotações da aula de comportamento organizacional quando notou algo estranho. Seria uma consulta ao ChatGPT feita por seu professor?
Na metade do documento, que seu professor de administração havia criado para uma aula sobre modelos de liderança, havia uma instrução ao ChatGPT para “expandir todas as áreas. Seja mais detalhado e específico”. Em seguida, havia uma lista de características de liderança positivas e negativas, cada uma com uma definição prosaica e um exemplo destacado.
Ella Stapleton disse que ficou surpresa ao descobrir que um professor havia usado o ChatGPT para montar os materiais do curso. “Ele nos diz para não usá-lo e depois ele mesmo o usa”, disse ela Foto: Oliver Holms/NYT Ella enviou uma mensagem de texto a um amigo da classe.
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“Você viu as anotações que ele colocou no Canvas?”, escreveu ela, referindo-se à plataforma de software da universidade para hospedar os materiais do curso. “Ele as fez com o ChatGPT.”
“Meu Deus, pare”, respondeu o colega de classe. “Mas que diabos?”
Ella decidiu investigar um pouco. A estudante analisou as apresentações de slides do professor e descobriu outros sinais reveladores de inteligência artificial (IA): texto distorcido, fotos de funcionários de escritório com partes do corpo estranhas e erros ortográficos flagrantes.
NEWSLETTER Estadão Pílula Um resumo leve e descontraído dos fatos do dia, além de dicas de conteúdos, de segunda a sexta. EXCLUSIVA PARA ASSINANTES INSCREVA-SE Ao se cadastrar nas newsletters, você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade. Ela não estava satisfeita. Considerando o custo e a reputação da escola, ela esperava uma educação de alto nível. Esse curso era obrigatório para sua especialização em negócios; seu programa proibia “atividades academicamente desonestas”, inclusive o uso não autorizado de inteligência artificial ou chatbots.
“Ele nos diz para não usar e depois ele mesmo usa”, disse ela.
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Ella apresentou uma reclamação formal à escola de administração da Northeastern, citando o uso não revelado de IA, bem como outros problemas que ela teve com o estilo de ensino dele, e solicitou o reembolso da mensalidade daquela aula. Como um quarto da conta total do semestre, isso representaria mais de US$ 8 mil.
Quando o ChatGPT foi lançado no final de 2022, ele causou pânico em todos os níveis de ensino, pois tornava a trapaça incrivelmente fácil. Os alunos que eram solicitados a escrever um trabalho de história ou uma análise literária podiam fazer isso com a ferramenta em poucos segundos. Algumas escolas a baniram, enquanto outras implantaram serviços de detecção de IA, apesar das preocupações com sua precisão.
Mas a situação mudou. Agora, os alunos estão reclamando em sites como o Rate My Professors sobre o excesso de confiança de seus instrutores na IA e examinando os materiais do curso em busca de palavras que o ChatGPT tende a usar em excesso, como “crucial” e “aprofundar”. Além de chamar a atenção para a hipocrisia, eles apresentam um argumento financeiro: eles estão pagando, muitas vezes muito caro, para serem ensinados por humanos, não por um algoritmo que eles também poderiam consultar gratuitamente.
Por sua vez, os professores disseram que usaram chatbots de IA como uma ferramenta para oferecer uma educação melhor. Os instrutores entrevistados pelo The New York Times disseram que os chatbots economizaram tempo, ajudaram-nos a lidar com cargas de trabalho excessivas e serviram como assistentes de ensino automatizados.
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Esse número está crescendo. Em uma pesquisa nos EUA com mais de 1.800 instrutores de ensino superior no ano passado, 18% se descreveram como usuários frequentes de ferramentas generativas de IA; em uma pesquisa repetida este ano, esse percentual quase dobrou, de acordo com a Tyton Partners, o grupo de consultoria que realizou a pesquisa. O setor de IA quer ajudar e lucrar: as startups OpenAI e Anthropic criaram recentemente versões empresariais de seus chatbots projetados para universidades.
(O Times processou a OpenAI por violação de direitos autorais pelo uso de conteúdo de notícias sem permissão).
A IA generativa claramente veio para ficar, mas as universidades estão se esforçando para acompanhar as mudanças nas normas. Agora, os professores são os que estão aprendendo e, como o professor de Ella, estão se atrapalhando com as armadilhas da tecnologia e o desdém dos alunos.
Dando a nota No ano passado, Marie, 22 anos, escreveu uma redação de três páginas para um curso online de antropologia na Southern New Hampshire University. Ela procurou sua nota na plataforma online da escola e ficou feliz por ter recebido um A. Mas, em uma seção de comentários, seu professor havia postado acidentalmente uma conversa com o ChatGPT. O texto incluía o critério de avaliação que o professor havia pedido para o chatbot usar e uma solicitação de “feedback muito bom” para Marie.
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Google I/O 2025: IA deve ser estrela principal do evento com Gemini; veja o que esperar “Do meu ponto de vista, o professor nem sequer leu nada do que escrevi”, disse Marie, que pediu para usar seu nome do meio e solicitou que a identidade do professor não fosse revelada. Ela podia entender a tentação de usar a IA. Trabalhar na escola era um “terceiro emprego” para muitos de seus instrutores, que podiam ter centenas de alunos, disse Marie, e ela não queria constranger seu professor.
Ainda assim, Marie se sentiu injustiçada e confrontou seu professor durante uma reunião no Zoom. O professor disse a Marie que lia as redações de seus alunos, mas usava o ChatGPT como guia, o que era permitido pela escola.
Robert MacAuslan, vice-presidente de IA da Southern New Hampshire, disse que a escola acreditava “no poder da IA para transformar a educação” e que havia diretrizes para professores e alunos para “garantir que essa tecnologia aprimore, e não substitua, a criatividade e a supervisão humanas”. A seção “O que fazer e o que não fazer” para o corpo docente proíbe o uso de ferramentas, como ChatGPT e Grammarly, “no lugar de feedback autêntico e centrado no ser humano”.
“Essas ferramentas nunca devem ser usadas para ‘fazer o trabalho’ por eles”, disse MacAuslan. “Em vez disso, elas podem ser vistas como aprimoramentos de seus processos já estabelecidos.”
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Depois que um segundo professor pareceu usar o ChatGPT para lhe dar feedback, Marie foi transferida para outra universidade.
Paul Shovlin, professor de inglês da Universidade de Ohio, em Athens, Ohio, disse que entendia sua frustração. “Não sou um grande fã disso”, disse Shovlin, depois de ser informado sobre a experiência de Marie. Shovlin também é membro do corpo docente de IA, cuja função inclui o desenvolvimento das formas corretas de incorporar a IA ao ensino e à aprendizagem.
“O valor que agregamos como instrutores é o feedback que podemos dar aos alunos”, disse ele. “São as conexões humanas que estabelecemos com os alunos como seres humanos que estão lendo suas palavras e que estão sendo impactados por elas.”
“O valor que agregamos como instrutores é o feedback que podemos dar aos alunos”, disse Paul Shovlin, professor e membro do corpo docente de IA da Universidade de Ohio Foto: Rich-joseph Facun/NYT Shovlin é um defensor da incorporação da IA no ensino, mas não apenas para facilitar a vida do instrutor. Os alunos precisam aprender a usar a tecnologia de forma responsável e “desenvolver uma bússola ética com a IA”, disse ele, porque é quase certo que eles a usarão no local de trabalho. Se não o fizerem corretamente, isso poderá ter consequências. “Se você fizer besteira, será demitido”, disse Shovlin.
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Um exemplo que ele usa em suas próprias aulas: em 2023, os funcionários da escola de educação da Universidade de Vanderbilt responderam a um tiroteio em massa em outra universidade enviando um e-mail aos alunos pedindo coesão comunitária. A mensagem, que descrevia a promoção de uma “cultura de cuidado” por meio da “construção de relacionamentos sólidos uns com os outros”, incluía uma frase no final que revelava que o ChatGPT havia sido usado para escrevê-la. Depois que os alunos criticaram a terceirização da empatia para uma máquina, os funcionários envolvidos se afastaram temporariamente.
Nem todas as situações são tão claras. Shovlin disse que era complicado criar regras porque o uso razoável da IA pode variar dependendo do assunto. Em vez disso, seu departamento, o Center for Teaching, Learning and Assessment (Centro de Ensino, Aprendizagem e Avaliação), tem “princípios” para a integração da IA, um dos quais evita uma “abordagem única para todos”.
O Times entrou em contato com dezenas de professores cujos alunos mencionaram o uso da IA em avaliações online. Os professores disseram que usaram o ChatGPT para criar tarefas de programação de ciência da computação e questionários sobre leituras obrigatórias, mesmo quando os alunos reclamaram que os resultados nem sempre faziam sentido. Eles o usaram para organizar seus comentários aos alunos ou para torná-los mais gentis. Como especialistas em suas áreas, eles disseram que podem reconhecer quando o sistema tem alucinações ou quando os fatos estão errados.
Não houve consenso entre eles sobre o que era aceitável. Alguns reconheceram o uso do ChatGPT para ajudar a avaliar o trabalho dos alunos; outros condenaram a prática. Alguns enfatizaram a importância da transparência com os alunos ao implementar a IA generativa, enquanto outros disseram que não divulgaram seu uso devido ao ceticismo dos alunos em relação à tecnologia.
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A maioria, no entanto, achou que a experiência de Ella na Northeastern - na qual seu professor parecia usar a IA para gerar anotações e slides de aula - foi perfeitamente aceitável. Essa era a opinião de Shovlin, contanto que o professor editasse o que o ChatGPT emitia para refletir sua experiência. Shovlin comparou isso a uma prática de longa data no meio acadêmico de usar conteúdo, como planos de aula e estudos de caso, de editoras terceirizadas.
Dizer que um professor é “algum tipo de monstro” por usar a IA para gerar slides “é, para mim, ridículo”, disse ele.
A calculadora com esteroides Shingirai Christopher Kwaramba, professor de administração da Virginia Commonwealth University, descreveu o ChatGPT como um parceiro que economiza tempo. Os planos de aula que costumavam levar dias para serem desenvolvidos agora levam horas, disse ele. Ele o utiliza, por exemplo, para gerar conjuntos de dados para cadeias de lojas fictícias, que os alunos usam em um exercício para entender vários conceitos estatísticos.
“Vejo isso como a era da calculadora com esteroides”, disse Kwaramba.
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Kwaramba disse que agora tem mais tempo para o horário de expediente dos alunos.
Outros professores, como David Malan, de Harvard, disseram que o uso da IA significava que menos alunos estavam comparecendo ao horário de expediente para obter ajuda corretiva. Malan, professor de ciência da computação, integrou um chatbot de IA personalizado em uma aula popular que ele ministra sobre os fundamentos da programação de computadores. Suas centenas de alunos podem recorrer a ele para obter ajuda com suas tarefas de codificação.
Malan teve que mexer no chatbot para aprimorar sua abordagem pedagógica, de modo que ele ofereça apenas orientação e não as respostas completas. A maioria dos 500 alunos pesquisados em 2023, o primeiro ano em que o chatbot foi oferecido, disse que o achou útil.
Em vez de gastar tempo com “perguntas mais mundanas sobre material introdutório” durante o horário de expediente, ele e seus assistentes de ensino priorizam as interações com os alunos em almoços semanais e hackathons - “momentos e experiências mais memoráveis”, disse Malan.
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Katy Pearce, professora de comunicação da Universidade de Washington, desenvolveu um chatbot de IA personalizado, treinando-o com versões de trabalhos antigos que ela havia avaliado. Agora, ele pode dar aos alunos um feedback sobre suas redações que imita o dela, a qualquer hora do dia ou da noite. Isso tem sido benéfico para os alunos que, de outra forma, hesitariam em pedir ajuda, disse ela.
“Haverá um momento em um futuro próximo em que muito do que os assistentes de ensino de alunos de pós-graduação fazem poderá ser feito pela IA?”, disse ela. “Sim, com certeza.”
O que acontece então com o fluxo de futuros professores que viriam das fileiras de assistentes de ensino?
“Isso certamente será um problema”, disse Pearce.
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Um momento de aprendizado Depois de registrar sua reclamação na Northeastern, Ella teve uma série de reuniões com funcionários da escola de administração. Em maio, no dia seguinte à sua cerimônia de formatura, os funcionários disseram-lhe que ela não receberia o dinheiro da mensalidade de volta.
Rick Arrowood, seu professor, mostrou-se contrito com o episódio. Arrowood, que é professor adjunto e leciona há quase duas décadas, disse que havia carregado os arquivos e documentos de suas aulas no ChatGPT, no mecanismo de busca de IA Perplexity e em um gerador de apresentações de IA chamado Gamma para “dar uma nova aparência”. Em uma olhada rápida, ele disse que as anotações e apresentações geradas pareciam ótimas.
“Em retrospecto, eu gostaria de ter analisado com mais atenção”, disse ele.
Ele colocou os materiais online para os alunos revisarem, mas enfatizou que não os utilizou em sala de aula, pois prefere que as aulas sejam orientadas para a discussão. Ele percebeu que os materiais tinham falhas somente quando os funcionários da escola o questionaram sobre eles.
A situação embaraçosa o fez perceber, segundo ele, que os professores deveriam abordar a IA com mais cautela e revelar aos alunos quando e como ela é usada. A Northeastern emitiu uma política formal de IA apenas recentemente; ela exige a atribuição quando os sistemas de IA são usados e a revisão dos resultados quanto à “precisão e adequação”. Uma porta-voz da Northeastern disse que a escola “adota o uso da inteligência artificial para aprimorar todos os aspectos de seu ensino, pesquisa e operações”.
“Meu objetivo é ensinar”, disse Arrowood. “Se minha experiência puder ser algo com que as pessoas possam aprender, então, OK, esse é o meu lugar feliz.”
A imagem das universidades públicas brasileiras talvez nunca tenha sido tão ruim. É crescente o número de pessoas convencidas de que se trata de um desperdício de recursos, já que essas instituições estariam mais empenhadas em formar militantes radicais de esquerda —e não os profissionais de que o país precisa—, além de oferecerem a estudantes privilegiados um parquinho privado e caríssimo para o desfrute narcisista, entre pares, de sua ideologia. Em vez de entregar formação de alto nível, ciência e inovação, as universidades seriam parte da linha de produção da elite identitária. E, longe de espaços de liberdade intelectual, teriam se tornado ambientes intolerantes ao pluralismo de ideias e clubes privados dos progressistas, desconectados da população que os sustenta. Não deveria ser necessário dizer isso, mas, nestes tempos em que a raiva política precede a leitura do texto, é preciso esclarecer: trata-se da percepção pública. Sei que as universidades públicas são muito melhores do que a imagem que delas fazem seus detratores. Acontece que, na hora da decisão parlamentar sobre os enormes orçamentos das universidades, ou quando se discute, por exemplo, se vale a pena gastar tanto com o ensino superior em vez da educação básica —dado o cobertor curto da fazenda pública—, é essa percepção, não a realidade, que costuma decidir as coisas. Feito o diagnóstico, surgem os clichês para justificar os fatos. A esquerda tem uma coleção deles, que vai desde o "à direita interessa destruir a universidade pública para manter a dominação da elite" até o "a extrema direita sabe que a universidade é a última resistência contra o fascismo". Mas recusa qualquer explicação sobre a deterioração da imagem das universidades públicas que envolva os próprios progressistas e as consequências de seus atos.
Esses atos, contudo, não são poucos. Não vou comentar o uso da universidade como laboratório de provocação social por parte de vanguardas identitárias, nem os cancelamentos semanais de professores acusados de racismo, misoginia ou transfobia, com ampla repercussão. Tampouco o avanço do lobby trans nas universidades, que, a golpes de acusações de transfobia, vem aprovando, de forma atropelada, cotas para pessoas trans em todos os níveis. Sobre isso, gostaria muito de entender como a esquerda pretende explicar aos eleitores, no ano que vem, que "pessoas não binárias" são vítimas mais merecedoras de políticas compensatórias do que, por exemplo, adolescentes mães solteiras ou filhos de pais analfabetos. Tudo isso tem um impacto tremendo sobre o que se pensa das universidades públicas, mas hoje quero chamar atenção para outro fenômeno: a violência contra "intrusos" de direita. Na semana passada, foi na Universidade Federal Fluminense; na anterior, na Universidade Federal de Minas Gerais. Toda semana há um novo episódio. O roteiro é conhecido. Provocadores de direita, cientes da imagem que as universidades têm, visitam determinados campi para demonstrar que são ambientes de uma só ideologia, usados como propriedade ideológica privada pelos progressistas e, além de tudo, intolerantes e violentos. E, invariavelmente, provam-no. Filmam pichações, banheiros degradados e registram o uso político "monoideológico" do espaço público. Por fim, são expulsos por turbas de estudantes de esquerda, à base de tapas, ameaças, pauladas e berros de "recua, fascista, recua!". Tudo isso transmitido ao vivo em canais digitais. O provocador obtém, invariavelmente, o que foi buscar: a demonstração de que a esquerda não suporta divergências, de que não há espaço para conservadores na universidade, de que os progressistas são dogmáticos e violentos. Os estudantes de esquerda, também. Afinal, consideram-se guerreiros da justiça que enfrentaram mais uma batalha contra bárbaros fascistas que ousaram entrar em seu território, e acreditam ter defendido a democracia dos intolerantes —mesmo que à base de pauladas e insultos, como deve ser. No dia seguinte, reitorias e conselhos lamentarão, não o fato de que pessoas tenham sido expulsas do campus por razões ideológicas, mas o fato de que "pessoas estranhas à comunidade" tenham ousado conspurcar os nossos templos do saber e da liberdade. Todos ganham: cada lado confirma a própria superioridade moral e comprova que o outro é intolerante e perigoso. Só quem perde é a universidade pública, claro. Mas quem se importa? Há causas mais urgentes a cumprir —como "destruir o fascismo", para uns, ou "provar que a universidade é um antro de reprodução de militantes com dinheiro público", para outros.
A vestibulanda Sofia Honorato, 18, começa seu segundo ano de tentativas para ingressar em uma universidade. Com o sonho de cursar estatística na Unicamp, a estudante de um cursinho popular de Campinas (SP) não conseguiu concluir a prova do Enem nem a segunda fase da Comvest no ano passado, devido a dificuldades de concentração nos enunciados. "Eu sinto que o Enem cansa muito, é praticamente uma prova de resistência", diz Sofia. Para ela, que acumula estágio e estudos, a atenção se dispersa facilmente. "No final da prova, comecei a chutar para tentar ganhar tempo. Já não conseguia me concentrar." Sofia não é exceção. A dificuldade de concentração e de terminar provas extensas motivaram, a partir deste ano, mudanças em dois dos mais conceituados vestibulares do país, a Fuvest, da USP, e a Comvest, da Unicamp. A prova da USP terá novo projeto gráfico, desenvolvido para facilitar a concentração dos estudantes. Segundo o diretor-executivo da Fuvest, Gustavo Mônaco, uma pesquisa interna identificou o tipo de fonte que provoca menos fadiga visual. Além disso, as bancas foram orientadas a elaborar questões com mais interdisciplinaridade e transversalidade. "Não é um vestibular mais curto. Queremos que o candidato gaste menos tempo interpretando e mais tempo aplicando o conhecimento, que é o que realmente nos interessa", diz Mônaco. Na Unicamp, a principal mudança será a redução de 20 para 18 questões na segunda fase, que é discursiva. Para Sofia, essa etapa foi a mais difícil. "Deixei cinco questões em branco. Chegou uma hora em que parecia que tudo estava escrito em grego", conta. Para a pedagoga e coordenadora da Escola Vera Cruz, Ana Bergamin, as mudanças nos vestibulares são bem-vindas e vinham sendo esperadas há muito tempo. De acordo com ela, resolver 90 questões é pesado, e modernizar o layout da prova e reduzir o número de perguntas são um gesto de respeito ao aluno. O diretor do cursinho pré-vestibular Oficina do Estudante, Wander Azanha, percebe que o próprio modelo das provas contribui para o desgaste. Ele elogia a valorização do conhecimento em detrimento da memorização, mas critica o vestibular da Fuvest, que mistura áreas. "Esse padrão cansa demais o aluno", afirma. Mônaco defende a proposta. Segundo ele, a ausência de divisão em blocos permite refletir a interdisciplinaridade real dos conhecimentos. "Questões podem misturar biologia, química e física. Além disso, evitamos que o candidato precise voltar a enunciados anteriores, o que afetaria a concentração." Para o diretor-executivo, embora tenha gerado estranhamento no início, os estudantes já aceitaram o novo modelo. ATÉ A LETRA PIOROU, AFIRMA EDUCADOR Para os educadores ouvidos pela Folha, o problema vai além do formato dos vestibulares. O uso excessivo de celulares e os efeitos prolongados da pandemia contribuíram para uma queda generalizada na capacidade de concentração dos jovens. O diretor da Comvest, José Alves, afirma que houve queda no rendimento dos candidatos desde a pandemia. Segundo ele, as provas têm sido mais acessíveis, com questões adaptadas, mas ainda assim os resultados pioraram. "A capacidade de concentração e a produção textual dos candidatos caiu." A mudança não afeta os cursos mais concorridos, como medicina, mas é perceptível nas áreas de média e baixa disputa. Alves também aponta alterações na produção textual —da estrutura dos textos à caligrafia— influenciadas pelo uso predominante do computador. "Isso não interfere na nota, mas revela uma mudança na forma de organizar o raciocínio", diz. No Oficina do Estudante, Isabelly Finoti, 18, integra uma turma exclusiva para candidatos que prestam medicina. Ela diz dedicar 12 horas diárias aos estudos e afirma que o ambiente contribui para manter a disciplina, mas reconhece o desgaste. "Estar numa sala com tantas pessoas focadas mudou minha postura. Mesmo assim, perco o foco nas questões de humanas por conta dos enunciados longos." Colega dela, Gabriela Marangoni, 18, recorre a estratégias simples para manter a concentração. "Deixo o celular no modo avião e o mais longe possível", diz. Durante as provas, também opta por trocar as questões com enunciados extensos por outras mais objetivas. "Quando chega uma hora em que não consigo mais ler, pulo para as de exatas, que costumam ter menos texto." Com 30 anos de experiência em sala de aula, Azanha, observa uma mudança clara no comportamento dos alunos. "Eles já não têm paciência para se concentrar. Querem tudo muito rápido, como no Instagram ou TikTok. Quando pedimos para ler uma questão mais longa, já vem a reclamação: ‘Nossa, que texto gigante’", conta. Lucas Cardoso, coordenador pedagógico do Colégio Magno, diz que o problema é estrutural. Para ele, o estilo de vida da nova geração é de atenção fragmentada, incompatível com as exigências dos vestibulares. "Muitos passavam até oito horas por dia nas redes sociais. Mesmo com a redução do uso de celulares nas escolas, a dificuldade de concentração persiste", diz. Isabelly afirma que precisou adotar medidas para controlar o tempo nas redes. A vestibulanda usa um aplicativo que limita o número de vezes em que pode abrir certos apps por dia. "É a única forma de manter a concentração. Se não fosse pelo aplicativo, jamais conseguiria fazer uma prova."
O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), um dos métodos de aferição de qualidade do MEC, apresenta falhas, como a falta de impacto da nota na vida dos formandos. A atenção ao nível superior, em detrimento do ensino técnico, prolonga distorções e incha cursos universitários de qualidade duvidosa. Relatório da OCDE de 2022 mostra que a taxa de alunos do ensino médio que cursam o técnico no Brasil (8%) está muito abaixo das verificadas em outros sul-americanos como Chile (29%) e Colômbia (24%).
This report sets out key findings from PISA as they relate to teenage career development. The report shows that across OECD countries, students are now expressing very high levels of career uncertainty and confusion. Job expectations have changed little since 2000 and bear little relationship to actual patterns of labour market demand, including in working areas of high strategic importance. The education plans of students moreover are more strongly shaped by social background than by academic performance. Many students understandably exhibit considerable anxiety about their career preparation. Wider longitudinal research shows that participation in many career development activities is positively associated with better employment outcomes. However, PISA shows that too few students in most countries are engaging in activities which are most strongly related with better transitions. In particular, young people are not getting enough guidance in crucial fields which connect them with employers and people in work.
Atualmente, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) supera o Bolsa Família em volume de recursos pagos em 1.167 municípios brasileiros, o que representa aproximadamente um terço do total de cidades do país. Essa mudança no panorama da assistência social reflete transformações demográficas, econômicas e legais ocorridas nos últimos anos.
Por que o BPC está superando o Bolsa Família em tantos municípios?
O BPC, previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), garante um salário mínimo mensal (R$ 1.518 em 2025) a idosos com 65 anos ou mais e a pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade, cuja renda familiar per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo. Diferentemente do Bolsa Família, o BPC não exige contrapartidas como frequência escolar ou vacinação.
Nos últimos anos, o número de beneficiários do BPC aumentou significativamente, passando de 4,6 milhões em 2020 para 6,2 milhões em março de 2025, um crescimento de 33% em 31 meses. Esse aumento é atribuído a fatores como:
Mudança na legislação em 2020, permitindo mais de um BPC por família; Dificuldade de acesso à aposentadoria após a reforma da Previdência de 2019; Reconhecimento de novas condições para concessão, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA); Aceleração na análise de pedidos no INSS e maior judicialização.
Além disso, o valor individual do BPC é mais que o dobro da média paga pelo Bolsa Família, que gira em torno de R$ 660 por família. Isso faz com que, mesmo com um número menor de beneficiários, o BPC represente um gasto maior em muitos municípios.
Exemplos de municípios onde o BPC supera o Bolsa Família
Entre as cidades onde o BPC já consome mais recursos públicos que o Bolsa Família estão capitais como Recife, Campo Grande, Curitiba, Goiânia e Belo Horizonte. Também há pequenos municípios nessa situação, como Não-Me-Toque (RS), Agronômica (SC) e Itororó (BA) .
No estado de São Paulo, municípios como Guarulhos, Mogi das Cruzes e Itaquaquecetuba também registram essa inversão .
Essa tendência indica uma mudança significativa na configuração da proteção social brasileira, com o BPC assumindo um papel cada vez mais relevante em diversos municípios.
impacto dos cuidados na primeira infância reverbera de forma complexa por diferentes áreas, seja na vida privada do indivíduo, seja no contexto social e econômico de um país. O material "Os primeiros anos em suas mãos", produzido pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, é um guia sobre a importância destes primeiros seis anos de vida para o desenvolvimento infantil e seu impacto na construção de uma sociedade mais equitativa. Com base em estudos e evidências científicas, o documento reúne dados, legislações e argumentos que mostram que investir na primeira infância é uma maneira eficaz e sustentável de quebrar o ciclo de pobreza que atravessa gerações e proteger as crianças de hoje e do futuro. Além disso, aborda os principais desafios enfrentados pelas crianças no Brasil, destacando questões como pobreza, racismo, insegurança alimentar e desigualdade no acesso à educação infantil.
Mais duas licenciaturas estão ameaçada em letras, como mostrou a Folha: grego e latim. O motivo para encerá-las seria o mesmo de linguística. O assunto deve ser discutido nos próximos meses pela congregação.
“A situação se agrava com o terrorismo fiscal praticado contra os gestores do executivo, sintetizadas pelas infelizes declarações de membros do governo na imprensa, prolatando ainda mais cortes e bloqueios”, critica Josealdo Tonholo, reitor da federal alagoana, em nota. “Caso a situação não seja revista e se perpetue nos próximos meses, há risco de comprometimento progressivo tanto nestes contratos prioritários, como, também, de outras atividades institucionais”, destaca a gestão da Federal do ABC (UFABC).
Para especialistas, a baixa ocupação do programa demonstra um erro de concepção da política por ter critérios que excluem parcela significativa daqueles que ingressam nas licenciaturas e ainda por ser insuficiente para atrair jovens com bom desempenho para a docência. Em nota, o MEC disse que abriu uma segunda chamada para tentar incluir novos estudantes no programa. A pasta informou, no entanto, que o número de matriculados em licenciaturas presenciais com nota maior do que 650 é de pouco mais de 9.000 estudantes —o que ainda representa apenas 75% das bolsas ofertadas. O Pé de Meia Licenciaturas foi lançado em janeiro pelo presidente Lula (PT) dentro do programa Mais Professores, que prevê uma série de outras ações para aumentar a valorização dos docentes da educação básica. A bolsa prevê o pagamento de um auxílio mensal de R$ 1.050, dividido em duas parcelas, uma de R$ 700 para saque imediato e outra de R$ 350 que ficará reservada como em uma poupança. Ao fim da graduação e ao ir trabalhar em alguma escola pública, o beneficiário pode sacar o valor acumulado. Além da pontuação mínima no Enem, a bolsa também é voltada apenas para quem fizer licenciatura em cursos presenciais e tiver sido aprovado pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada), Prouni (Programa Universidade para Todos) ou pelo Fies (Financiamento Estudantil). Dos 6.532 selecionados para receber a bolsa, apenas 14 entraram nos cursos pelo Prouni. Dos beneficiários do Fies, nenhum foi selecionado. Esses dois programas dão acesso a vagas em faculdades particulares. Rodrigo Capelato, diretor do Semesp (sindicato dos donos de instituições de ensino privadas), diz que o programa erra ao excluir a maior parcela dos alunos desses cursos, que estudam na modalidade a distância.
No entanto, se não estamos tão próximos assim de um apocalipse da revolta dos robôs, não podemos dizer o mesmo a respeito de um apocalipse dos empregos.
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