Quase um terço (30%) dos pais e responsáveis de estudantes da rede pública brasileira considera que a prioridade das gestões municipais na educação deve ser a expansão do ensino em tempo integral, segundo pesquisa encomendada pela Fundação Itaú e pelo Todos Pela Educação ao Datafolha. Além da formação em turno único, as prioridades mencionadas incluem a melhoria da infraestrutura predial (20%), das condições de trabalho para os professores (17%), e dos investimentos em alfabetização (17%). Para a superintendente do Itaú Social, Patricia Mota Guedes, o resultado do estudo mostra uma aspiração das famílias: “Dar mais oportunidades de aprendizagem às crianças e aos adolescentes”. A especialista explica que o Brasil está muito atrasado nessa expansão de ensino. Nos países-membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por exemplo, os alunos têm uma média diária de atividades em torno de sete horas. Já no Brasil, a grande maioria dos estudantes da educação básica tem em torno de quatro a cinco horas. Historicamente, afirma Guedes, o país universalizou o acesso à educação tendo o tempo parcial como regra e em uma arquitetura que permite aos professores jornadas em mais de uma unidade e rede, “o que sobrecarrega o profissional e dificulta a implantação do turno único”, diz. “Essa prioridade do ensino integral, então, é um avanço como sociedade no reconhecimento da educação como direito.” Guedes destaca que estudo lançado pelo Itaú Social em 2021 mostrou que, ao final do ensino fundamental, as crianças mais ricas tinham 7 mil horas a mais de aprendizado que as baixa renda. Segundo ela, ensino integral pode recompor essa diferença e, também, ampliar os horizontes de aspiração dos alunos. “O turno único pode entrar de uma forma muito impactante nessa lacuna que começa muito cedo na vida das crianças.” Ela destaca ainda que o novo levantamento demonstra que as famílias estão conseguindo enxergar a conexão entre a ampliação do tempo com as oportunidades de aumento de repertório, de oportunidades e de convivência. Do ponto de vista social, a presidente da Fundação Telefônica Vivo, Lia Glaz, recorda que muitos lares brasileiros são formados por mães solo, que têm sozinhas a responsabilidade de cuidados. A escola em tempo ampliado oferece, então, a oportunidade de a criança estar ali em um espaço que pode se desenvolver mais integralmente, afirma ela. “O turno único possibilita que se estruture uma rotina mais equilibrada para os jovens, possibilitando, por exemplo, uma alimentação mais adequada e a estruturação dos conteúdos de um jeito mais equilibrado, inclusive com estratégias diferenciadas, mesclando atividades físicas e culturais.” Na mesma linha, a diretora-geral da Fundação Bradesco, Denise Aguiar, afirma que esse aumento da prioridade por ensino integral é um “reflexo das condições concretas vividas pelas famílias”. Para muitos pais, diz ela, a prioridade sempre foi garantir o básico, e, com a experiência prática, perceberam o impacto positivo do ensino integral no comportamento e no aprendizado dos filhos. “A educação é um processo vivo, e o olhar das famílias amadurece junto com ele. Quando veem os filhos mais motivados e com novas perspectivas, passam a valorizar o que antes era apenas mais uma opção.” O levantamento aponta também que aprendizagem adequada e a permanência escolar dos estudantes são preocupações dos responsáveis, pois, segundo eles, apenas seis em cada dez estudantes estão aprendendo o que é esperado para a idade. Esse dado reflete o desafio apontado pelo índice Criança Alfabetizada, divulgado em 2024 pelo Ministério da Educação, segundo o qual 56% dos estudantes estão alfabetizados adequadamente ao final do 2º ano do ensino fundamental. Já em relação à permanência escolar, cerca de metade (51%) dos pais de estudantes da rede municipal concorda com a afirmação de que “Muitos estudantes estão abandonando a escola”. No recorte socioeconômico, 53% das famílias com renda de até um salário mínimo concordam totalmente ou em parte que muitos alunos estão abandonando a escola, o que representa uma diferença de 16 pontos percentuais em relação às famílias com mais de cinco salários mínimos (37%). Os pais afirmam também que o professor é o elemento mais importante para a garantia da aprendizagem dos jovens. Ana Paula Pereira, diretora-executiva do Instituto Sonho Grande, recorda que o público atendido na escola pública é diverso e convive por muitas dificuldades. Com isso, segundo ela, o profissional se torna um adulto de referência para os estudantes. “Dessa forma, defendemos a adoção do modelo de tutoria, em que o professor se torna um mentor do aluno.” Independentemente de qual disciplina o professor ministre, ele, com dedicação exclusiva na educação integral, conhece a situação do aluno como um todo e, além disso, é um ponto de apoio para os momentos desafiantes. “Já tivemos, inclusive, muitas conversas com os estudantes que falavam: ‘Não saí da escola porque o professor me orientou a enfrentar aquele desafio’.” A especialista explica que, na dedicação exclusiva, o professor tem maior conexão com o estudante nos seus diferentes aspectos e, consequentemente, amplia o papel na vida do aluno. Já em relação à trajetória escolar, o abandono é uma das maiores preocupações das famílias de estudantes dos anos finais (57%), enquanto entre as famílias de alunos dos anos iniciais essa proporção é de 48%. A fim de minorar essa preocupação dos responsáveis, Pereira diz que o ensino precisa fazer sentido para o estudante. “A escola deve ter a proposta educacional central o projeto de vida dos alunos”. “A escola integra, diz,l tem como pilar fundamental ajudar o estudante a se auto-conhecer e todo aquele conteúdo precisa fazer sentido ao aluno, “a fim de ele ter mais clareza de quais são os caminhos que podem traçar para o futuro e como que eles podem fazer para chegar lá. Então, todas as atividades devem estar conectadas com os projetos de vida dos estudantes e os professores podem ajudar a fazer essa conexão”.
O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa? Luciano Sathler É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática. Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing. O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais. Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho. A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados. A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar. No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes. Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador". Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante. Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos. Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano. O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.
Com a audiência em queda livre e o Google às voltas com a própria crise, o ecossistema de notícias e publicidade tem uma rara oportunidade de repensar modelos de negócio e recolocar o usuário no centro Por Guilherme Ravache A queda de audiência dos veículos de notícias na internet é notória e global. Nos Estados Unidos, o "Washington Post" e o "Huffpost" perderam mais de 50% de audiência nos últimos três anos. "The New York Times", "Wall Street Journal" e "The Atlantic" também sentiram a queda do tráfego que vinha do Google. No Brasil, as quedas também são significativas. Em abril de 2022, os três principais sites de notícias no país na época: "Globo.com", "UOL" e "R7" somavam uma audiência de mais de 7,9 bilhões de visitas por mês. Em abril deste ano, a soma de visitas das três publicações caiu para 4,2 bilhões, uma queda de quase 50%. Os dados são da Comscore. O resultado tem sido de sucessivos cortes nas redações. Nem os Estados Unidos, país mais rico do mundo, escapa do problema. O "Business Insider" demitiu cerca de 21% de sua equipe no mês passado. Segundo Barbara Peng, CEO da publicação, a medida tem como objetivo ajudar a publicação a “suportar quedas extremas de tráfego fora do nosso controle”. O tráfego orgânico proveniente de buscas no "Business Insider" caiu 55% entre abril de 2022 e abril de 2025, segundo dados da Similarweb. Segundo reportagem sobre o declínio do tráfego do Google para veículos de notícias, publicada hoje por "The Wall Street Journal", Nicholas Thompson, diretor-executivo da "The Atlantic", disse, em uma reunião no início deste ano, que a centenária publicação deveria partir do pressuposto de que o tráfego proveniente do Google cairia para perto de zero e que a empresa precisaria evoluir seu modelo de negócios. Para quem acompanha a coluna há mais tempo, a notícia do sumiço do tráfego do Google, ou Google Zero, não é surpresa. Em março de 2024, no texto “Por que as marcas precisam pensar em um futuro pós-Google e o estrago da IA nas buscas”, escrevi o seguinte: "A IA gera problemas que afetam a alma do modelo de negócio do Google. A gigante é altamente dependente de suas receitas de venda de publicidade, e principalmente, buscas. À medida que a IA generativa passa a ser adotada por mais usuários, a expectativa é de que menos pesquisas sejam realizadas no Google, com a IA gerando respostas “resumidas” para as perguntas dos usuários e não por meio de links." As redes sociais também têm roubado usuários do Google, com o público mais jovem realizando pesquisas dentro do Instagram e TikTok. O YouTube é uma das principais fontes de receita do Google, e segunda maior ferramenta de buscas do mundo, mas também enfrenta crescente concorrência.
Além disso, a rápida disseminação da IA generativa acelerou a proliferação de sites de baixa qualidade e feitos somente para enganar o algoritmo do Google. O objetivo não é atender às pessoas, mas ranquear no topo das buscas para fraudar ou faturar com publicidade.
Eu acertei, mas preferia ter errado
Gostaria de dizer que eu estava errado, mas não é o caso. À medida que o Google ficou cada vez mais encurralado pelo crescimento da IA, piores foram os resultados para a internet aberta, que em boa medida se sustenta no monopólio do Google de publicidade e distribuição de tráfego.
Para piorar, o Google vem sofrendo sucessivas derrotas na Justiça americana, sob acusações que vão de monopólio a práticas anticompetitivas, o que limita sua capacidade de usar seu domínio para inibir a concorrência e reverter o declínio.
A enrascada se reflete nas ações do Google. Neste ano, as ações da Alphabet, empresa controladora do Google, chegaram a cair mais de 20%, mas os lucros cada vez mais robustos animaram o mercado.
Em abril, no anúncio de resultados do primeiro trimestre de 2025, a receita do Google totalizou mais de US$ 89,52 bilhões, acima dos US$ 79,97 bilhões do mesmo trimestre do ano anterior. O lucro operacional total avançou 20%, com a margem operacional ganhando dois pontos percentuais, indo para 34%; já o lucro líquido saltou 46%, e a empresa ainda anunciou um aumento de 5% no dividendo.
Após o anúncio de resultados, as ações da Alphabet, controladora do Google, subiram 5% em um único dia. Ainda assim, no acumulado deste ano, os papéis caem 5,38%, contra uma alta de 3% do S&P 500.
Google em crise: cortes, demissões e parceiros espremidos
Mas para entregar todo esse dinheiro e ainda investir bilhões em desenvolvimento de IA e infraestrutura, o Google tem passado por um duro processo de cortes de custos. Nesta terça-feira (10), a empresa anunciou para os colaboradores novos pacotes de desligamento voluntário a funcionários de várias de suas divisões, incluindo as unidades de Knowledge and Information (K&I) e de engenharia central, além das equipes de marketing, pesquisa e comunicação, segundo a CNBC.
Knowledge and Information, ou K&I, é a área que engloba as divisões de busca, anúncios e comércio do Google. No início do ano, quando o Google anunciou mais demissões em massa, apesar dos lucros crescentes, houve revolta entre funcionários e uma crescente crise de imagem, que levou a companhia a mudar de estratégia. Ela trocou as demissões em grande escala por programas de demissão voluntária. O Google tem realizado ondas de cortes desde a demissão de 12 mil funcionários em 2023.
Se o Google está cortando na própria carne, não é difícil entender por que o dinheiro que vinha para os produtores de conteúdo também está desaparecendo. Como a gigante de buscas possui o monopólio de vários setores da internet, tem cada vez mais usado seu tamanho para apertar os parceiros como as editoras de notícias.
O exemplo mais evidente disso é que cada vez mais, ao invés de levar tráfego para os sites por meio de links, o Google tenta manter o usuário em suas próprias plataformas. O Google justifica afirmando que os usuários preferem ver as respostas resumidas e mastigadas pela IA. É plausível, mas a recusa do Google em pagar, ou pagar muito pouco, pelo conteúdo que usa para treinar sua IA não faz sentido.
O contrato tácito entre plataformas e produtores de conteúdo era de que os criadores iriam gerar conteúdo que criasse engajamento e pudesse ser monetizado pelas plataformas. Em contrapartida, as plataformas levariam tráfego para os donos de conteúdo e eles também monetizariam o que produzem. A IA quebrou esse modelo, mas as "big techs" insistem em fingir que nada mudou.
Boas notícias do Canadá
Na semana passada, a Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas) e a FIPP, uma associação global de mídia que reúne mais de 700 membros, realizaram em São Paulo o FIPP Insider, um evento para discutir desafios e oportunidades do mercado de mídia.
Uma das palestrantes foi Jacqueline Loch, vice-presidente executiva de Estratégia e Receita da Azure Media, no Canadá. Ele contou que há dois anos, quando os canadenses aprovaram o Online News Act (Bill C-18) forçando o Google e a Meta a pagarem pelas notícias que exibiam, ou pararem de exibir links de notícias, muitos entraram em pânico.
O Google passou a destinar um valor fixo de C$ 100 milhões por ano, que começou a chegar a 108 publicações em abril de 2025, aliviando alguns orçamentos. Já a Meta removeu todos os links de notícias, provocando quedas de tráfego de 20% a 70% em muitos veículos.
Ou seja, por lá o Armagedom de tráfego chegou muito antes do que no resto do mundo. Mas a mudança trouxe boas surpresas.
Segundo Loch, grupos que investiram para retomar o contato direto com os usuários por meio de newsletters, aplicativos e marketing mais eficiente entre outras melhorias estão voltando a crescer sem depender do Google e da Meta.
Ela aponta como exemplo o fato do grupo que mais cresce entre leitores de revistas, incluindo impresso e digital, são jovens com menos de 35 anos. O consumo de notícias no impresso tem voltado a crescer como uma reação ao excesso de telas e à proliferação de fake news nas redes sociais, que disparou desde que os links de notícias de veículos tradicionais sumiram das redes da Meta.
De acordo com Loch, os anunciantes também estão voltando para as marcas tradicionais de jornalismo, principalmente após a chegada de Trump à presidência americana e seus ataques ao Canadá, inclusive afirmando que irá anexar o país vizinho. Para os canadenses, rejeitar as "big techs", tão próximas do governo Trump, se tornou motivo de orgulho nacional.
Uma luta inglória contra as 'big techs'
Mas regular as "big techs" é um desafio imenso. Uma das estratégias das gigantes de tecnologia foi associar o pagamento pelo conteúdo a um novo imposto. Uma falácia que as empresas tentam também replicar no Brasil quando o assunto é remuneração de conteúdo.
Em um relatório do Centro para Tecnologia, Mídia e Democracia do Canadá que avaliou os impactos da lei Bill C-18, a pesquisadora Sophia Crabbe-Field afirmou que a “a experiência do Canadá com o Bill C-18 mostra como é difícil regular as 'big techs' — mesmo quando há um claro interesse público e uma lei em vigor”.
“O futuro do jornalismo não pode ficar à mercê dos caprichos das plataformas e da indústria de publicidade baseada em vigilância”, diz a pesquisadora. “Precisamos de cooperação global, esforços políticos coordenados, uma resposta conjunta às estratégias de comunicação das big techs e investimentos de longo prazo no jornalismo de interesse público e nas notícias locais”.
O relatório traz ainda uma série de sugestões para países que busquem regular as "big techs" e busquem manter um ecossistema sustentável de notícias. A saída da Meta do mercado canadense, após a aprovação da Lei de Notícias Online (C-18), impôs um duro golpe a grande parte dos veículos, sobretudo os pequenos e os de minorias linguísticas, que viram seu tráfego despencar com o banimento de links nas plataformas.
Como reerguer o jornalismo de qualidade
Mesmo as empresas de mídia tradicionais — que saudaram o acordo de C$ 100 milhões fechado com o Google no Canadá— lamentaram a perda de contratos exclusivos que mantinham com as “big techs”. O relatório conclui que, para evitar que gigantes digitais dominem a narrativa pública, futuros projetos de lei precisam adotar uma postura proativa, refutando rótulos como “imposto sobre links” que alimentam o argumento de que qualquer regulação equivale a censura.
O relatório alerta também para a próxima frente de disputa: à medida que chatbots generativos buscam conteúdo de qualidade para treinar seus modelos, a compensação a veículos deverá migrar das redes sociais para a inteligência artificial.
Os autores defendem ainda que a eficácia de códigos de negociação depende de solidariedade internacional: o risco reputacional de bloquear notícias em um só país foi calculado como aceitável pela Meta, mas provavelmente seria insustentável em escala global, caso vários governos agissem em conjunto.
Por fim, barganhas obrigatórias são apenas parte de uma resposta mais ampla: é preciso atacar práticas monopolistas na publicidade digital, limitar a lógica de rastreamento de usuários, direcionar verbas públicas de comunicação para jornalismo de interesse público e incentivar modelos inovadores capazes de garantir a sustentabilidade da informação local.
O efeito Google Zero, com os publishers deixando de receber links do Google e de outras plataformas, é um duro golpe. Mas também pode ser uma oportunidade de discutirmos seriamente a regulação de plataformas, e principalmente, se o jornalismo deve se submeter ao Google e à Meta, ou atender à sociedade.
Os publishers tradicionais também precisam refletir se todo o tempo e dinheiro gasto em caçar-cliques não seria melhor aplicado investindo no desenvolvimento de marcas e produtos melhores, que atraiam consumidores fiéis.
E mais, quando o tema é regulação de "big techs" ou remuneração pelo uso de conteúdo, a mídia deveria redobrar a atenção para não aderir alegremente às narrativas dos lobistas das gigantes de tecnologia. Afinal, regular é diferente de censurar e cobrar por propriedade intelectual não é imposto.
Universidade tem milhares de estudantes de mais de 140 países, principalmente de China, Canadá, Índia, Coreia do Sul e Reino Unido. 160 brasileiros estão matriculados na instituição atualmente.
Sales of blue books this school year were up more than 30% at Texas A&M University and nearly 50% at the University of Florida. The improbable growth was even more impressive at the University of California, Berkeley. Over the past two academic years, blue-book sales at the Cal Student Store were up 80%. Demand for blue books is suddenly booming again because they help solve a problem that didn’t exist on campuses until now.
Teachers in England can use artificial intelligence (AI) to speed up marking and write letters home to parents, new government guidance says.
Training materials being distributed to schools, first seen exclusively by the BBC, say teachers can use the technology to "help automate routine tasks" and focus instead on "quality face-to-face time".
Teachers should be transparent about their use of AI and always check its results, the Department for Education (DfE) said.
The Association of School and College Leaders (ASCL) said it could "free up time for face-to-face teaching" but there were still "big issues" to be resolved.
A OpenAI, criadora do ChatGPT, tem um plano para reformular o ensino universitário — incorporando suas ferramentas de inteligência artificial em todos os aspectos da vida no campus.
Se a estratégia da empresa for bem-sucedida, as universidades oferecerão aos alunos assistentes de IA para orientá-los e acompanhá-los desde o dia da orientação até a formatura. Os professores fornecerão bots de estudo de IA personalizados para cada turma. Os serviços de carreira oferecerão chatbots de recrutamento para que os alunos pratiquem entrevistas de emprego. E os alunos de graduação poderão ativar o modo de voz de um chatbot para serem questionados em voz alta antes de uma prova.
A OpenAI chama seu discurso de vendas de “universidades nativas de IA”.
“Nossa visão é que, com o tempo, a IA se torne parte da infraestrutura central do ensino superior”, disse Leah Belsky, vice-presidente de educação da OpenAI, em uma entrevista. Da mesma forma que as faculdades oferecem aos alunos contas de e-mail da escola, ela disse que, em breve, “todo aluno que vier ao campus terá acesso à sua conta de IA personalizada”.
Para disseminar chatbots nos campi, a OpenAI está vendendo serviços premium de IA para universidades, para uso de professores e alunos. A empresa também está realizando campanhas de marketing para incentivar alunos que nunca usaram chatbots a experimentar o ChatGPT.
Algumas universidades, incluindo a Universidade de Maryland e a Universidade Estadual da Califórnia , já estão trabalhando para integrar as ferramentas de IA às experiências cotidianas dos alunos. No início de junho, a Universidade Duke começou a oferecer acesso ilimitado ao ChatGPT para alunos, professores e funcionários. A instituição também lançou uma plataforma universitária, chamada DukeGPT, com ferramentas de IA desenvolvidas pela Duke.
A campanha da OpenAI faz parte de uma crescente corrida armamentista de IA entre gigantes da tecnologia para conquistar universidades e estudantes com seus chatbots. A empresa segue os passos de rivais como Google e Microsoft, que há anos pressionam para levar seus computadores e softwares às escolas e conquistar estudantes como futuros clientes.
A competição é tão acirrada que Sam Altman , diretor executivo da OpenAI, e Elon Musk , fundador da rival xAI, publicaram anúncios conflitantes nas redes sociais nesta primavera, oferecendo serviços premium de IA gratuitos para estudantes universitários durante o período de provas. Então, o Google aumentou a aposta , anunciando acesso gratuito para estudantes ao seu serviço premium de chatbot "até as provas finais de 2026".
A OpenAI impulsionou a recente tendência de IA na educação. No final de 2022, o lançamento do ChatGPT pela empresa, que pode produzir redações e trabalhos acadêmicos com aparência humana, ajudou a desencadear uma onda de trapaças alimentadas por chatbots . Ferramentas de IA generativa como o ChatGPT, que são treinadas em grandes bancos de dados de textos, também inventam coisas que podem enganar os alunos.
Menos de três anos depois, milhões de estudantes universitários usam regularmente chatbots de IA como auxiliares de pesquisa, escrita, programação de computadores e geração de ideias. Agora, a OpenAI está capitalizando a popularidade do ChatGPT para promover os serviços de IA da empresa em universidades como a nova infraestrutura para o ensino superior.
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11 Unforgettable Looks at the BET Awards O serviço da OpenAI para universidades, o ChatGPT Edu, oferece mais recursos, incluindo certas proteções de privacidade, do que o chatbot gratuito da empresa. O ChatGPT Edu também permite que professores e funcionários criem chatbots personalizados para uso universitário. (A OpenAI oferece aos consumidores versões premium do seu chatbot por uma taxa mensal.)
A iniciativa da OpenAI para IAificar o ensino superior equivale a um experimento nacional com milhões de estudantes. O uso desses chatbots em escolas é tão novo que seus potenciais benefícios educacionais a longo prazo, bem como seus possíveis efeitos colaterais, ainda não foram estabelecidos.
Alguns estudos iniciais descobriram que terceirizar tarefas como pesquisa e escrita para chatbots pode prejudicar habilidades como o pensamento crítico . E alguns críticos argumentam que as faculdades que estão investindo pesado em chatbots estão ignorando questões como riscos sociais , exploração de mão de obra por IA e custos ambientais .
A iniciativa de marketing da OpenAI no campus ocorre em um momento em que o desemprego aumenta entre recém-formados — principalmente em áreas como engenharia de software, onde a IA agora está automatizando algumas tarefas que antes eram realizadas por humanos. Na esperança de impulsionar as perspectivas de carreira dos alunos, algumas universidades estão correndo para fornecer ferramentas e treinamentos de IA.
A Universidade Estadual da Califórnia anunciou este ano que estava disponibilizando o ChatGPT para mais de 460.000 alunos em seus 23 campi para ajudá-los a se preparar para a " futura economia impulsionada pela IA " da Califórnia. A Cal State disse que o esforço ajudaria a tornar a escola "o primeiro e maior sistema universitário habilitado por IA do país".
Algumas universidades dizem que estão adotando as novas ferramentas de IA em parte porque querem que suas escolas ajudem a orientar e desenvolver proteções para as tecnologias.
“ Vocês estão preocupados com as questões ecológicas. Estão preocupados com a desinformação e o preconceito”, disse Edmund Clark, diretor de informação da Universidade Estadual da Califórnia, em uma recente conferência sobre educação em San Diego. “Bem, participem. Ajudem-nos a moldar o futuro.”
Na primavera passada, a OpenAI lançou o ChatGPT Edu , seu primeiro produto para universidades, que oferece acesso à inteligência artificial mais recente da empresa. Clientes pagantes, como universidades, também têm mais privacidade: a OpenAI afirma que não usa as informações que alunos, professores e administradores inserem no ChatGPT Edu para treinar sua IA.
(O New York Times processou a OpenAI e sua parceira, a Microsoft, por violação de direitos autorais. Ambas as empresas negaram qualquer irregularidade.)
No outono passado, a OpenAI contratou a Sra. Belsky para supervisionar seus esforços educacionais. Veterana em startups de tecnologia educacional, ela trabalhou anteriormente na Coursera, que oferece cursos universitários e de formação profissional.
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Leah Belsky supervisiona os esforços da OpenAI para fazer com que as universidades adotem o ChatGPT.Crédito...George Etheredge para o The New York Times Imagem
Os escritórios da empresa em Nova York ficam no Edifício Puck.Crédito...George Etheredge para o The New York Times Ela está adotando uma estratégia dupla: promover os serviços premium da OpenAI para universidades mediante o pagamento de uma taxa, enquanto anuncia o ChatGPT gratuito diretamente para os alunos. A OpenAI também convocou recentemente um painel de estudantes universitários para ajudar seus colegas a começarem a usar a tecnologia.
Entre esses alunos estão usuários avançados como Delphine Tai-Beauchamp, estudante de ciência da computação na Universidade da Califórnia, em Irvine. Ela usou o chatbot para explicar conceitos complexos do curso, além de ajudar a explicar erros de codificação e criar gráficos que diagramam as conexões entre as ideias.
“Eu não recomendaria que os alunos usassem IA para evitar as partes difíceis da aprendizagem”, disse a Sra. Tai-Beauchamp. Ela recomendou que os alunos experimentassem a IA como um auxílio aos estudos. “Peça para ela explicar algo de cinco maneiras diferentes.”
A Sra. Belsky disse que esse tipo de sugestão ajudou a empresa a criar sua primeira campanha de outdoor voltada para estudantes universitários.
"Você pode me fazer um teste sobre os músculos da perna?", perguntou um outdoor do ChatGPT, afixado nesta primavera em Chicago. "Me dê um guia para dominar este programa de Cálculo 101", disse outro.
A Sra. Belsky disse que a OpenAI também começou a financiar pesquisas sobre os efeitos educacionais de seus chatbots.
“O desafio é: como identificar de fato quais são os casos de uso de IA mais impactantes na universidade?”, disse a Sra. Belsky durante um evento de IA em dezembro na Cornell Tech, em Nova York. “E então, como replicar essas melhores práticas em todo o ecossistema?”
Alguns membros do corpo docente já criaram chatbots personalizados para seus alunos, enviando materiais do curso, como notas de aula, slides, vídeos e questionários, para o ChatGPT.
Jared DeForest, catedrático de biologia ambiental e vegetal da Universidade de Ohio, criou seu próprio bot de tutoria, chamado SoilSage, que responde às perguntas dos alunos com base em seus artigos de pesquisa publicados e em seu conhecimento científico. Limitar o chatbot a fontes de informação confiáveis melhorou sua precisão, afirmou.
“O chatbot selecionado me permite controlar as informações contidas ali para obter o produto que desejo no nível universitário”, disse o professor DeForest.
Mas mesmo quando treinada em materiais específicos de cursos, a IA pode cometer erros. Em um novo estudo — " A IA pode manter o horário de expediente? " — professores de direito inseriram um livro de casos de direito de patentes em modelos de IA da OpenAI, Google e Anthropic. Em seguida, fizeram dezenas de perguntas sobre direito de patentes com base no livro de casos e descobriram que todos os três chatbots de IA cometeram erros jurídicos "significativos" que poderiam ser "prejudiciais ao aprendizado".
“Esta é uma boa maneira de enganar os alunos”, disse Jonathan S. Masur, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Chicago e coautor do estudo. “Então, acho que todos precisam respirar fundo e desacelerar.”
A OpenAI afirmou que o livro de casos de 250.000 palavras usado no estudo era mais que o dobro do tamanho do texto que seu modelo GPT-4o consegue processar simultaneamente. A Anthropic afirmou que o estudo teve utilidade limitada porque não comparou a IA com o desempenho humano. O Google afirmou que a precisão do seu modelo melhorou desde a realização do estudo.
A Sra. Belsky disse que um novo recurso de “memória”, que retém e pode consultar interações anteriores com um usuário, ajudaria o ChatGPT a adaptar suas respostas aos alunos ao longo do tempo e tornaria a IA “mais valiosa à medida que você cresce e aprende”.
Especialistas em privacidade alertam que esse tipo de recurso de rastreamento levanta preocupações sobre a vigilância de longo prazo das empresas de tecnologia.
Da mesma forma que muitos estudantes hoje convertem suas contas do Gmail fornecidas pela escola em contas pessoais quando se formam, a Sra. Belsky prevê que os estudantes formados levem seus chatbots de IA para seus locais de trabalho e os utilizem por toda a vida.
“Seria a porta de entrada para o aprendizado — e para a vida profissional depois disso”, disse a Sra. Belsky.
Já a segunda é fruto de parceria entre a CAPES e a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC. Voltado para professores de todo o país, o curso de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, criado em 2024, já iniciou suas atividades. Há dois outros cursos, com previsão de oferta ainda em 2025, nas temáticas sobre educação étnico-racial e quilombola; e educação de jovens e adultos. São 250 mil vagas para a formação nesses campos de conhecimentos e práticas educativas.
O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, rejeitou uma ação protocolada pela Associação Brasileira de Educação a Distância (ABE-EAD), que tentava incluir os estudantes de cursos EAD no programa “Pé-de-Meia Licenciaturas”.
Ministério da Educação (MEC) publicou, no site Experiências Inspiradoras, a lista das 888 iniciativas inscritas na chamada pública que vai selecionar experiências inspiradoras de gestão e projetos pedagógicos de educação integral em tempo integral, realizadas pelas redes de ensino de todo o país. Das inscrições, 26 são de secretarias estaduais e 862 de secretarias municipais de educação, dentre elas, 16 capitais.
Além dessas causas, fato é que o fenômeno explodiu no Brasil. Em 2024, de acordo com o mais recente relatório do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), havia cerca de 328 mil pessoas sem moradia no território nacional. O número foi quase sete vezes maior do que o registrado nove anos antes pela mesma entidade. Em 2015, eram 52,4 mil.
A saúde mental dos trabalhadores virou motivo de preocupação entre o governo e o setor produtivo. Não é para menos: de acordo com dados do Ministério da Previdência Social (MPS), o número de brasileiros afastados do trabalho por transtornos mentais duplicou na última década, saltando de 203 mil, em 2014, para 440 mil, no ano passado, um recorde da série histórica. E não se trata de um problema nacional apenas. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam que estresse, ansiedade e depressão custam cerca de US$ 1 trilhão, todos os anos, à economia global, totalizando 12 bilhões de dias de trabalho perdidos.
Para poder navegar la transformación digital y lograr que la tecnología y la IA sean aliadas reales de la educación se necesita una brújula. Un marco que nos guíe. Que nos ayude a saber dónde estamos, qué viene después, y cómo medir el progreso.
Por eso, proponemos un marco para la transformación digital de la educación con cinco dimensiones clave:
Dispositivos adecuados para todos. Conectividad significativa, que va más allá de estar en línea. Plataformas y contenidos digitales alineados con los aprendizajes buscados. Docentes con competencias digitales para integrar la tecnología en el aula. Gobernanza que dé dirección y sostenibilidad a largo plazo.
Entre 2021 e 2025, houve um aumento de 360% no número de postagens nas principais redes sociais da internet usadas por brasileiros com ameaças a escolas, segundo uma pesquisa inédita do Fórum Brasileiro de Segurança Pública junto com a empresa de inteligência de dados Timelens.
De acordo com os dados do estudo denominado “Aspectos da violência nas escolas analisados a partir do mundo digital”, até o último dia 21 de maio, mais de 88 mil posts de ameaças contra alunos, professores e diretores nas redes sociais foram registrados somente este ano, um número já próximo das 105.192 menções contabilizadas no ano passado. Em 2021, o número desse tipo de ameaças foi de 43.830 posts. Para os especialistas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o salto expõe, de forma clara, a urgência de ações coordenadas para conter a escalada.
“Diferente das gerações anteriores, não há separação entre o mundo online e o offline — é uma vida só, híbrida. E, se não compreendermos bem essa experiência, não vamos conseguir criar respostas eficazes para protegê-las”, afirma a pesquisadora sênior do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Manoela Miklos. Ela alerta, principalmente, para o aumento da violência contra meninas e mulheres no ambiente digital e destaca a urgência de entender a nova realidade vivida por adolescentes e aponta que o enfrentamento desse cenário exige responsabilidade compartilhada entre Estado, escolas, famílias e sociedade.
Um dos dados que sinalizam a banalização do comportamento agressivo entre estudantes é que, até 2023, 90% dos conteúdos com discurso de ódio em 2023 estavam restritos à Deep Web, parte da internet que não aparece em buscas comuns. Em 2025, no entanto, a exposição desse tipo de conteúdo na Deep Web caiu para 78%, indicando que mensagens violentas e que antes circulavam por esse ambiente fechado agora aparecem livremente na internet, sem qualquer tipo de filtro.
“Quando o algoritmo substitui o afeto e a escuta, o risco deixa de ser virtual”, afirma em comunicado o diretor da Timelens, Renato Dolci. “Os jovens não estão apenas consumindo conteúdo — estão formando identidade em espaços que valorizam o exagero e a exclusão”, completa, destacando que a violência nas redes sociais ganhou terreno porque encontrou público, linguagem, recompensa das empresas que são donas das redes sociais e impunidade.
Outra observação do estudo que chama a atenção é a escalada acentuada na proporção de comentários com elogios aos perpetradores de ataques. De acordo com os dados, em 2011, ano marcado pelo massacre de Realengo (RJ), apenas 0,2% dos comentários exaltavam agressores. Já em 2025 essa parcela corresponde a 21%. Entre os elogios, destacam-se mensagens direcionadas a jovens que supostamente reagiram com violência após sofrerem consequências psicológicas e emocionais em decorrência de “bullying”.
O levantamento também apresenta dados que mostram que a vitimização por “cyberbullying” atinge igualmente meninos e meninas — 12% em ambos os grupos. Mas são os meninos que mais praticam ofensas. O levantamento mostra que 17% admitiram ter agido de forma ofensiva no ambiente virtual, contra 12% das meninas, o que revela um desequilíbrio preocupante na dinâmica de ataque e defesa entre os jovens, segundo análise do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O Fórum também alerta que a combinação perigosa de ameaças abertas, celebração da violência e insuficiente apoio emocional pode estar corroendo a segurança e o bem-estar de milhares de adolescentes.
Conforme observa o pesquisador Cauê Martins, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as autoridades ligadas à educação já estão buscando atuar contra esse cenário. Ele comenta que o Ministério da Educação tem buscado respostas concretas para enfrentar a violência nas escolas por meio do programa Escola que Protege, que operacionaliza o Sistema Nacional de Acompanhamento e Combate à Violência nas Escolas (SNAVE), instituído pela Lei nº 14.643/2023.
“O programa propõe uma estratégia articulada em três eixos: a produção e difusão de conhecimento, com foco em pesquisas sobre convivência escolar; a resposta imediata com apoio psicossocial às comunidades afetadas; e o incentivo a práticas que promovem a cultura de paz”, explica Martins no comunicado do Fórum sobre o estudo.
Mas para o especialista é importante fortalecer a integração entre dados, políticas públicas e atuação interministerial, envolvendo Ministério da Educação, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e Polícia Federal. Essa integração, na visão de Martins, é fundamental para prevenir episódios extremos e enfrentar a presença de grupos extremistas nas redes sociais.
Em cenário no qual a arbitragem se expande de forma consistente e ferramentas de IA começam a ser incorporadas à prática jurídica, caberá não apenas aos tribunais, mas também às câmaras arbitrais estabelecer diretrizes que preservem a integridade do julgamento
As credenciais também precisam evoluir. Diplomas e certificados padronizados são universais e mudam lentamente, mesmo com as rápidas mudanças nas necessidades do setor. Se as empresas precisam de um novo método de análise de dados este ano, um programa de graduação atualizado na próxima década já é tarde demais. Microcredenciais e portfólios de habilidades dinâmicos, continuamente validados por avaliações baseadas em IA, oferecem uma alternativa mais rápida e precisa. Os empregadores poderiam se concentrar em competências demonstradas, e não em históricos escolares desatualizados.
AI offers exciting opportunities for teachers, but it also comes with risks. Training and support materials released in June 2025 funded by the Department for Education (DfE), developed by Chiltern Learning Trust and the Chartered College of Teaching informed by research and stakeholder feedback, will help schools and colleges to use AI safely, effectively and ethically.
Training and guidance materials developed by Chiltern Learning Trust will help teachers and leaders to understand and use AI tools safely and effectively. Teachers who complete the training can choose to complete the certified multiple-choice assessment that also awards them with credits towards Chartered Teacher Status.
A história das instituições que compõem a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica começou em 1909, com a criação de 19 escolas de Aprendizes e Artífices. Ao longo do tempo, essa rede evoluiu e se transformou. Em 29 de dezembro de 2008, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei 11.892 — portanto, há 15 anos —, permitindo a criação de 38 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, os IFs. Para celebrar essa conquista, que é de todos os brasileiros, a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação (MEC) desenvolveu o projeto multimídia “Institutos Federais, a cara do Brasil”.
A Universidade Aberta do Brasil é uma das maiores ferramentas de democratização do ensino superior no país, o Sistema UAB se aproxima de duas décadas de existência presente em todo o país, em 1.050 polos e cursos ofertados por 151 instituições de ensino superior. São mais de 140 mil matriculados.
Pela UAB, instituições públicas de ensino superior levam cursos de qualidade, oferecidos na modalidade de educação a distância, a locais distantes e isolados do País. Com essa iniciativa, a CAPES busca melhorar a qualidade da educação básica em todo o Brasil, considerando que as aulas presenciais nas universidades estão concentradas nas capitais e em grandes e médios municípios.
A Frente Parlamentar Mista da Educação do Congresso Nacional se posicionou nesta sexta-feira (6) contrária à possibilidade de congelamento dos repasses ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
A estratégia faz parte do pacote produzido pelo Ministério da Fazenda para compensar a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Em entrevista à CNN, o deputado federal Rafael Brito (MDB-AL), presidente da bancada, classificou a possível mudança como um “absurdo”.
Foram lançados, nesta quinta-feira (5), em Curitiba (PR), o 2º Boletim Técnico sobre Bullying e Cyberbullying, o Protocolo de Enfrentamento ao Bullying e o Guia Rápido de Ação, para amparar ações de enfrentamento
Outro risco que bate à porta de quem for educado no mundo dessa tecnologia é o sedentarismo intelectual, pois terceirizar certas habilidades às máquinas pode se traduzir num desestímulo para pensar. Costa compara o fenômeno ao que as calculadoras fizeram com a habilidade de cálculo mental das pessoas. “A maior parte da geração da minha mãe sabe fazer contas de cabeça. Alguém com 30 anos ou menos não sabe. É uma perda”, detalha. Mas nem tudo é negativo, claro. “Na faculdade de Engenharia, aprendiam-se coisas como tirar a raiz quadrada de 17 sobre Pi. Havia cálculos que levavam uma semana e, hoje, são processados em segundos”, aponta.
“A Terra está doente, precisa de cuidado intenso. E esse cuidado é coletivo.” A afirmação de Maria Guevara, secretária médica internacional da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), soa como um alerta: as frequentes catástrofes causadas pelas mudanças climáticas, ocorridas em todo o planeta, expõem milhares de pessoas a condições de saúde precárias. E as populações mais vulneráveis são as que mais sofrem.
Independientemente de en qué punto del camino hacia la IA se encuentre una organización educativa, existen áreas fundamentales que pueden ayudar a desarrollar capacidades para que los estudiantes se conviertan en ciudadanos globales preparados para la IA: prácticas pedagógicas, voz y participación estudiantil, capacidad tecnológica y acceso, y alineación con los objetivos curriculares.
Como professor de música em uma grande universidade do Reino Unido, o cartoon de Ben Jennings sobre a ameaça representada pela IA às indústrias criativas ( 5 de junho ) é extremamente pertinente, não apenas para as indústrias criativas, mas também para as instituições que as ensinam. As universidades já estão em crise devido a uma complexa rede de problemas, incluindo a mercantilização da educação. Agora, passo grande parte do meu tempo suspeitando que os alunos usam IA para escrever redações e até mesmo – cada vez mais acreditamos – para compor música. Não ser capaz de provar isso definitivamente nos torna impotentes.
Eu estimaria que boa metade dos trabalhos escritos que vejo teve alguma contribuição da IA. Eu realmente acho que alguns desses alunos não percebem que isso é trapaça. E aconteceu tão rápido que nem sabemos o que dizer aos nossos alunos sobre essas ferramentas. Usadas corretamente, elas são úteis, mas os acadêmicos não têm ideia de como fazer isso.
Agora existe a realidade bizarra de que trabalhos podem ser escritos e corrigidos por IA – um cenário verdadeiramente infernal para o intelecto humano. Cada vez mais, acadêmicos estão percebendo que os exames presenciais terão que ser reintroduzidos. Eu apoiaria isso, e muitos outros também.
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