A Frente Parlamentar Mista da Educação do Congresso Nacional se posicionou nesta sexta-feira (6) contrária à possibilidade de congelamento dos repasses ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
A estratégia faz parte do pacote produzido pelo Ministério da Fazenda para compensar a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Em entrevista à CNN, o deputado federal Rafael Brito (MDB-AL), presidente da bancada, classificou a possível mudança como um “absurdo”.
O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa? Luciano Sathler É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática. Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing. O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais. Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho. A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados. A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar. No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes. Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador". Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante. Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos. Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano. O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.
Em tempos de hiperconexão, racionalidade excessiva e obsessão com a competição e a produtividade, o amor é colonizado pela lógica transacional, e a entrega genuína é sabotada pelo medo de não corresponder a expectativas, muitas vezes idealizadas, argumenta autor.
Vivemos tempos paradoxais: enquanto a tecnologia promete conexões infinitas, o amor se tornou um território pantanoso, repleto de armadilhas invisíveis. O gesto de doar-se —afetiva, material ou espiritualmente— transformou-se em ato heroico, muitas vezes bloqueado por medos ancestrais, traumas não elaborados ou condicionamentos sociais que nos ensinam a priorizar a autopreservação.
"Quem guarda com fome, o diabo vem e come", diz um provérbio popular que ecoa como alerta: reter emoções e negar a partilha do que temos de melhor é convidar a sombra à mesa.
Vivemos uma epidemia de solidão mascarada por likes e mensagens instantâneas - Catarina Pignato Mesmo aqueles que desejam ser mais generosos frequentemente se veem aprisionados em couraças de racionalidade excessiva ou cinismo. Vivemos uma epidemia de solidão mascarada por likes e mensagens instantâneas. Segundo a OMS, 25% da população mais velha relata sentir-se isolada, um dado que expõe a contradição entre a hiperconectividade digital e a carência de vínculos reais. Por quê?
A resposta está, em parte, no modelo de sociedade que idolatra a competição, o acúmulo e a descartabilidade. Em um sistema que celebra o "homo economicus" —ser maximizador de ganhos e minimizador de riscos—, o afeto é visto como moeda instável, sujeita à inflação emocional. Relações tornam-se "líquidas", como bem definiu Zygmunt Bauman. Efêmeras, flexíveis e orientadas por interesses. O medo de perder, de se expor ou de ser julgado paralisa gestos espontâneos, transformando abraços em algoritmos.
A cultura patriarcal, ainda hegemônica, reforça essa dinâmica ao associar sensibilidade e afetividade em fraqueza, especialmente para os homens. Desde a infância, meninos aprendem a substituir lágrimas por raiva, ternura por controle.
Estudos apontam que homem evitam expressar emoções relacionadas à vulnerabilidade. O resultado? Uma epidemia de solidão masculina, onde a única emoção permitida é agressividade dirigida para conquistas e competições, disfarce para a dor da desconexão.
Na ausência de espaços seguros para a intimidade, muitos buscam refúgio em distrações digitais. Redes sociais oferecem a ilusão de pertencimento, enquanto a pornografia e as séries em streaming simulam calor humano em formato descartável. Não por acaso, um levantamento com mil pessoas nos EUA aponta que 81% delas amam mais seus animais de estimação que alguns de seus familiares.
1 4 É possível se desapaixonar?
Parte da ciência diz que é possível se desapaixonar de forma arbitrária Pixabay/PixabayMAIS
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VOLTARFacebookWhatsappXMessengerLinkedinE-mailCopiar link Carregando... Para fugir do confronto com o outro, que na realidade é confronto com a projeção se si mesmo, vale tudo, incluindo "amor sintético" pelas bonecas sexuais ou bonecos de recém-nascidos, os reborns. Porque não traem, não fazem críticas, não exigem, mas tampouco desafiam a crescer. Esse amor unilateral, ainda que legítimo, não nutre a alma, que precisa de espelhamento e alteridade para florescer.
Há uma culpa silenciosa em quem ousa priorizar afetos em um mundo obcecado por produtividade. A sensibilidade é medicalizada como depressão ou ansiedade; a introspecção, confundida com antipatia.
Vivemos uma "desumanização civilizada", onde até o amor é colonizado pela lógica transacional. Matches são avaliados como investimentos, e relacionamentos, como contratos com cláusulas de escape. A meritocracia, nesse contexto, serve de álibi para a indiferença —afinal, se todos são responsáveis por seu sucesso, por que compartilhar recursos ou empatia?
Amar, porém, não é mercadoria, mas verbo concreto. Como ensina a psicologia analítica, o amor exige confronto com a sombra. Nossos medos de abandono, rejeição ou perda de controle. Jung lembra que "o oposto do amor não é o ódio, mas o medo", emoção que alimenta a necessidade de dominar e possuir.
Amar é prática diária, semelhante à jardinagem. Podar máscaras, regar com paciência, adubar com perdão. São Francisco, mestre da fraternidade radical, ensinava que o amor só floresce quando renuncia ao poder, inclusive o poder de moldar o outro à nossa imagem.
O gesto de doar-se —afetiva, material ou espiritualmente— transformou-se em ato heroico, afirma autor - Adobe.com Essa crise se reflete também na sexualidade contemporânea. Jovens descrevem encontros como "conexões wifi": rápidos, intensos e sem senha. Conseguem despir o corpo, mas não a alma.
Estudos associam disfunções sexuais com ansiedade de desempenho, dificultando tanto o prazer quanto a intimidade, justificando o consumo significativo de medicações que só servem para garantir a performance sexual. A entrega genuína é sabotada pelo medo de não corresponder a expectativas, muitas vezes distorcidas por pornografia e romances idealizados.
Reumanizar nossas relações exige coragem de dessacralizar a autossuficiência, priorizar conversas presenciais, praticar a escuta ativa (sem interromper ou julgar) e ressignificar a sensibilidade como força. Empresas pioneiras já adotam políticas de direito à desconexão e licenças para cuidar de familiares, reconhecendo que produtividade não se sustenta sem saúde emocional.
Como na metáfora da colcha de retalhos, amar maduramente é costurar histórias com fios de imperfeição. Não se trata de buscar almas gêmeas, mas de cultivar "almas colidentes" —que nos desmontam e remontam, ampliando nossa capacidade de conter paradoxos, aquela em que os amantes se aprofundam, sem medo de se afogar, conscientes de que o amor liberta para estabelecermos, consciente e reflexivamente, nossas relações de dependência e servidão.
Jung adverte: "O amor custa caro e nunca deveríamos tentar torná-lo barato". "Seu preço é a rendição ao desconhecido em nós e no outro. [...] Amor é como Deus: ambos só se revelam aos seus mais bravos cavaleiros."
A vida sem amor é existência em escala cinza —por mais que brilhem os filtros de Instagram. Resta escolher se continuamos reféns do medo ou nos lançarmos, como cavaleiros bravos, na busca pelo único tesouro que não cabe em cofres, a coragem de existir, plenos, em toda nossa humana fragilidade, com todos os riscos, dores e maravilhas que isso implica. Porque uma vida sem amor é, no fundo, uma existência sem graça e sem cores —apesar de muito rica, poderosa ou ocupada que ela pareça ser.
Você consegue ficar 15 minutos em silêncio apenas com seus pensamentos, sem nenhuma distração? A maioria das pessoas falha nesse teste. Um estudo publicado na revista Science, encontrou que 67% dos homens e 25% das mulheres optaram por receber pequenos choques elétricos em vez de encarar quinze minutos de tédio. Essa aversão ao ócio explica por que lotamos cada minuto da nossa vida com telas e notificações.
Agora, com a inteligência artificial (IA) começando a avançar num ritmo exponencial, até os raros momentos de marasmo podem estar com os dias contados. As pessoas nunca estiveram tão ávidas por um escape tecnológico, e a IA promete saciar (ou instigar ainda mais) essa necessidade de estímulo constante.
A inteligência artificial (IA) está infiltrada nas engrenagens invisíveis que movem decisões públicas e privadas no Brasil — do processamento de exames médicos ao combate a fraudes bancárias.
A promessa é de ganhos expressivos de produtividade, eficiência máxima, redução de custos, eliminação de gargalos e uma suposta “democratização” de bens e serviços — expressão recorrente no discurso dos entusiastas da IA. Mas, claro, há algumas “pedras” pelo caminho.
Entre elas estão a transformação do mercado de trabalho, os impactos ambientais, a falta de letramento digital, restrições ao acesso tecnológico e a lentidão para adotar regulação e implementar um plano estratégico para IA. Há também dilemas sobre regulação e impacto ambiental.
Para falar sobre como a IA pode mudar o futuro do Brasil e seus riscos e oportunidades, o Dois Pontos convidou Anderson Soares, coordenador do Centro de Excelência em IA da Universidade Federal de Goiás (UFG), e Fabio Cozman é diretor do Centro de Inteligência Artificial da Universidade de São Paulo (USP).
O episódio tem a apresentação da colunista do Estadão, Roseann Kennedy, e a participação de Bruno Romani, editor do Link, a editoria de tecnologia do Estadão.
Produção Everton Oliveira
Edição Beatriz de Souza
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Proporção de jovens que não estudam nem trabalham caiu em 2024 em relação a 2019, mas número ainda segue alto, segundo dados do IBGE De acordo com dados do IBGE, mais de 45 milhões de brasileiros pertencem à geração Z, nascida entre 1995 e 2012. Até 2030, esse grupo deve representar quase 30%. A engenheira de produção Maria Paula Andrade, hoje com 24 anos, chegou a aplicar para 130 vagas em dez meses após se formar e passou para a primeira fase em apenas oito delas. A designer Steffany Lima, 27, mandou mais de 70 currículos durante seis meses, e foi chamada para uma entrevista em apenas três empresas. As duas eram recém-formadas em 2024 e passaram a integrar o grupo dos “nem-nem”, ou seja, nem estudavam, nem trabalhavam. Ainda no ano passado, as duas conseguiram deixar tal estatística e ter fonte de renda formal. Os dados da nova edição da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio Contínua (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta sexta-feira, 13, indicam que elas fazem parte de um grupo maior de jovens brasileiros que no último ano que conseguiu um emprego ou voltou a estudar depois de algum período no “limbo”. Em 2019, ano pré-pandemia, 22,4% dos jovens (de 15 a 29 anos) não estudavam nem trabalhavam. Em 2024, esse percentual caiu para 18,5% dos 48 milhões de pessoas nessa faixa etária, mostra a pesquisa. Apesar da redução, a proporção ainda é considerada alta. O problema é ainda pior entre as mulheres nessa faixa etária: praticamente uma em cada quatro delas (24,7%) não estuda nem trabalha, quase o dobro da porcentagem registrada entre os homens (12,5%). A diferença pode ser explicada porque boa parte delas deixam de estudar para se ocupar do trabalho doméstico não remunerado ou ainda por causa de gravidez. Maria Paula e Steffany, apesar de atuarem em áreas distintas, têm as mesmas reclamações: a maioria das empresas sequer respondem aos envios de currículos, deixando-as à deriva, sem saber se elas têm alguma chance. “Nem a oportunidade de ir na entrevista eu estava tendo”, diz Steffany, moradora de Embu das Artes (SP). As vagas para cargos iniciais também costumam ter pré-requisitos que não condizem com recém-formados e com o salário oferecido, elas dizem. “A minha maior dificuldade foi a falta de experiência e a falta e oportunidades com um salário vantajoso”, acrescenta a jovem designer. Ela não tinha estagiado fora da faculdade e diz que isso dificultou na hora de conseguir uma trabalho. Maria Paula relata que participou de várias atividades extracurriculares ao longo da faculdade, domina outros idiomas, como o inglês e o espanhol, sabe usar programas de computação e atuou na área da Engenharia durante dois anos em um estágio. “Mesmo assim, ainda exigem muito mais”, diz. “Me senti muito mal porque eu sempre fui muito dedicada, muito estudiosa, sempre fui muito bem na faculdade, tinha um currículo super legal e não estava empregada. É um momento muita ansiedade, você começa a se questionar se você escolheu a carreira certa, se não é suficiente”, relembra a engenheira que mora na capital paulista. Durante os dez meses em que estava sem estudar e desempregada, ela fez cursos de trainee, de Excel e até de e-commerce e marketing para aprimorar seu currículo. “Isso é o que mais frustra, porque a gente estuda, a gente se esforça na faculdade, se dedica bastante, participa de várias coisas, várias atividades, mesmo assim, mesmo sabendo Excel, mesmo sabendo várias coisas, a gente não é visto”, diz Maria Paula. Steffany também diz ter ter se ocupado com seu portfólio e currículo nos seis meses como nem-nem. “Eu sempre busquei outros cursos. Eu sou designer, mas sei um pouco de marketing digital, de publicidade (pois chegou a cursar a faculdade anteriormente), eu sou bem adaptável”, conta. Ambas conseguiram se sustentar porque moram com a família. “Meu pai perguntava: ‘O que você está fazendo? Está buscando?’ e eu falei que estava, tinha 70 e poucas solicitações (nas plataformas de busca de emprego), mas eles não chamam, eu não passo na régua do RH”, lembra a designer. Ela se formou no meio do ano passado e ficou o segundo semestre todo em busca do primeiro emprego. Foi ter sua primeira oportunidade no final de 2024. Steffany encontrou a vaga em um post na rede social, aplicou, fez entrevista e passou, começando no início deste ano. Maria Paula, por sua vez, conseguiu uma vaga em outubro, após receber indicação para um processo seletivo. “Dessas 130 inscrições que eu fiz, eu nem recebi retorno”, conta a engenheira. “As entrevistas que eu conseguia, a maioria foi por indicação. Precisa ter contatos, porque é muito difícil de entrar mesmo tendo uma formação. Hoje em dia, na minha percepção, está muito saturado e você precisa saber chegar nas pessoas certas, senão você vai ser só mais um em mil pessoas”, completa. “Foi um momento de muita ansiedade mesmo. Você se sente muito insuficiente e muito mal (por não conseguir um emprego). E eu conversava com amigos que também estavam desempregados, todo mundo passando pela mesma situação, então eu não estava sozinha”, completa. Nesse meio tempo, “para não ficar parada”, Maria Paula decidiu empreender. “Um sonho muito grande que eu tinha desde criança era abrir uma empresa. Eu falei ‘será que não daria para abrir agora? Eu estou com tempo de sobra, consigo estudar para isso, consigo correr atrás disso agora, acho que eu vou tentar’. E aí eu comecei a estudar mais também sobre esse universo e abri minha empresa em julho”, relata a engenheira que hoje também é dona de uma marca de joias de prata. Maria Paula se formou como engenheira e ficou dez meses sem conseguir uma oportunidade de trabalho, por isso decidiu empreender Foto: arquivo pessoal “Dei uma pausa nas entrevistas para estruturar a minha empresa, para quando eu voltasse para o CLT, eu já tivesse tudo mais estruturado, eu conseguisse tocar as coisas muito mais facilmente”, relata. Desde o momento em que abriu a empresa, ela conseguiu ter um retorno financeiro - inclusive maior do que o seu último salário como estagiária, mas usava o montante para reinvestir na própria empresa. Hoje, ela conciliar a vida de CLT com a de empresária, além de uma pós-graduação que iniciou em abril deste ano.
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Violeta (nome fictício) tinha 16 anos quando se apaixonou por Arthur, um colega de ensino médio em São Paulo. Ela gostava do jeito quieto dele, das conversas ao fim da aula e dos sorrisos trocados no corredor. "Aquelas paixões bobinhas que vão crescendo dentro da gente, sabe? Eu jurava que a gente ia ficar juntos para sempre. Mas nunca é bem assim", diz hoje, aos 21.
O relacionamento durou cinco anos. O que parecia ser um conto de fadas chegou ao fim em dezembro de 2024, quando Arthur pediu para conversar. Violeta imaginou mil possibilidades: uma crise, uma traição. Mas nada a preparou para o que ouviu. Ele contou que tinha visto fotos íntimas dela circulando em um grupo no Telegram.
Em um primeiro momento, ela achou que era piada. Mas quando ele mostrou as imagens, a estudante de medicina começou a chorar. "Eu nunca tirei uma foto dessas na minha vida. Pedi para ele me mostrar e, depois de muito espanto, vi que era uma montagem feita por inteligência artificial", conta Violeta, em entrevista à Folha. Ela e outras mulheres entrevistadas pela reportagem pediram para não terem seus nomes verdadeiros divulgados para preservarem sua privacidade.
Mesmo sabendo que não era ela, o realismo das imagens era assustador. "Qualquer pessoa que olhasse rápido poderia achar que era de verdade."
Criminosos criam fotos com nudez falsa de mulheres para extorquir vítimas - Simardfrancois por Pixabay Esse tipo de conteúdo, conhecido como deepnude, é gerado por ferramentas de inteligência artificial que modificam digitalmente fotos reais, criando imagens falsas de nudez com aparência bastante convincente. O Brasil não possui uma legislação penal específica sobre o tema.
"A criação e disseminação de imagens falsas de nudez por meio de inteligência artificial ainda não está tipificada de forma clara no Código Penal", explica Mônica Villani, advogada especializada em direito digital.
Ela destaca que embora algumas normas possam ser aplicadas por analogia, foram criadas para contextos distintos. "Isso enfraquece a proteção das vítimas. O avanço da IA exige uma atualização urgente da legislação, especialmente nos crimes contra a dignidade sexual."
No caso de Violeta, Arthur fazia parte de um dos muitos grupos no Telegram com o objetivo de expor imagens íntimas de mulheres. Na conversa, ele minimizou o ocorrido, dizendo que era "uma brincadeira boba" entre amigos. "Ele disse que mal entrava no grupo, mas como posso confiar em alguém que faz parte de um espaço criado para expor mulheres dessa maneira? Eu decidi terminar", diz ela.
A reportagem teve acesso a um desses grupos. Com mais de 55 mil membros, pessoas de todas as regiões do país compartilham fotos de suas parceiras ou conhecidas para que outros homens comentem, avaliem ou, ainda, gerem imagens falsas com IA.
Em média, mais de 20 fotos novas são postadas por dia, muitas acompanhadas de pedidos. Algumas mostram o rosto, outras apenas partes do corpo, sem identificação.
Além das imagens, são comuns os comentários ofensivos, avaliações pejorativas e pedidos de conteúdo pornográfico gerado com inteligência artificial. Segundo um relatório da ONG SaferNet, divulgado no segundo semestre de 2024, mais de um milhão de usuários brasileiros participam de grupos no Telegram onde ocorre a troca, venda ou geração de imagens íntimas sem consentimento.
Procurado, a plataforma afirmou que o número de 1 milhão " é certamente um número absurdo, já que o Telegram está totalmente comprometido em impedir conteúdo ilegal".
A empresa disse também que tem atuado para auxiliar investigações e que monitora o conteúdo que é publicado. A plataforma afirmou ainda que de janeiro a maio deste ano derrubou 394 mil grupos que compartilhavam material ilegal.
"Desde 2018, todo conteúdo de mídia enviado à plataforma pública do Telegram é verificado em comparação com um banco de dados abrangente de CSAM [sigla em inglês material de abuso sexual infantil] previamente removido pelos moderadores do Telegram", diz a nota.
1 8 Conheça principais modelos de inteligência artificial disponíveis na internet
Dados do hub de modelos de inteligência artificial Hugging Face mostram que existem mais de 1 milhão de modelos de IA na internet. O usuário Catarina Pignato/FolhapressMAIS
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VOLTARFacebookWhatsappXMessengerLinkedinE-mailCopiar link Carregando... A advogada Izabella Borges, fundadora do Instituto Survivor, afirma que a criação e disseminação de deepnudes constitui uma forma contemporânea de violência sexual contra mulheres.
Ela aponta que, quando essa prática ocorre no contexto de relacionamentos —como forma de ameaça, chantagem ou retaliação— pode haver a aplicação da Lei Maria da Penha. "É comum que essas montagens sejam usadas como forma de controle. Por isso, a vítima deve ser acolhida como sujeito de direito, com acesso a medidas protetivas e retirada imediata do conteúdo das plataformas."
As fotos de Violeta do grupo foram apagadas, a pedido do ex-namorado, mas as marcas ficaram. A jovem foi diagnosticada com ansiedade e deletou todas as redes sociais. "Eu me senti violada, com vergonha, mesmo sabendo que não era eu."
O impacto da violência digital na saúde mental das mulheres é duradouro, diz a psicóloga Aline Rezende Grafiette. Segundo ela, esses ataques online podem levar ao adoecimento emocional crônico, tornando as vítimas "menos expositivas" e silenciadas digitalmente.
Assim como Violeta, Juliana (nome fictício), 35, criadora de conteúdo sobre saúde de Porto Alegre, também foi vítima de uma montagem feita com inteligência artificial. Em abril de 2025, ela começou a receber mensagens insistentes de um seguidor.
"Ele respondia a todos os meus stories, tentava puxar assunto o tempo todo. Sempre deixei claro que tenho namorado. Como não correspondi, ele criou uma montagem com meu rosto no corpo de uma mulher nua", conta.
Depois, ele passou a ameaçá-la: ou ela se mudava para morar com ele, ou ele espalharia a imagem para amigos e familiares. Também exigiu R$ 15 mil para não divulgar o conteúdo.
"Fiquei apavorada. Mesmo sabendo que era falso, tinha medo que ele enviasse para minha família, que é conservadora. E que as pessoas acreditassem."
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Carregando... Juliana buscou apoio em grupos online, que a orientaram a procurar ajuda jurídica. "Não tive coragem de registrar boletim de ocorrência. Sou conhecida na cidade e fiquei com medo de que o escândalo chegasse aos meus pais."
O stalker ainda mandou algumas mensagens, mas depois que a influenciadora não cedeu as chantagens, ele sumiu.
Para mulheres que descobrem que foram alvo desse tipo de montagem, a advogada Mônica Villani recomenda agir rápido.
"O primeiro passo é preservar provas, como capturas de tela e registros autenticados, que serão fundamentais para qualquer medida judicial ou administrativa. Depois, é importante registrar boletim de ocorrência e buscar orientação jurídica especializada. Também é possível solicitar a remoção do conteúdo junto às plataformas, com base na legislação vigente."
Mônica explica que a prática de criar e divulgar imagens falsas com o intuito de expor, humilhar ou extorquir configura crimes previstos no Código Penal, como difamação, ameaça e extorsão. "Quem comete esses atos pode ser condenado a penas que variam de dois a oito anos de prisão, além de multas, dependendo da gravidade e das circunstâncias do caso."
Torres, que não tinha histórico de doença mental que pudesse causar rupturas com a realidade, de acordo com ele e sua mãe, passou a semana seguinte em uma espiral perigosa e delirante. Ele acreditava que estava preso em um universo falso, do qual só poderia escapar se desconectasse sua mente dessa realidade. Ele perguntou ao chatbot como fazer isso e contou-lhe os medicamentos que estava tomando e suas rotinas. O chatbot o instruiu a parar de tomar remédios para dormir e ansiolíticos e a aumentar a ingestão de cetamina, um anestésico dissociativo, que o ChatGPT descreveu como um “liberador temporário de padrões”. Torres cumpriu as instruções e também cortou relações com amigos e familiares, pois o bot lhe disse para ter “interação mínima” com as pessoas. Torres ainda estava indo para o trabalho - e pedindo ajuda ao ChatGPT em suas tarefas de escritório - mas passava cada vez mais tempo tentando escapar da simulação. Seguindo as instruções do ChatGPT, ele acreditava que, no final, seria capaz de distorcer a realidade, como o personagem Neo conseguiu fazer depois de se desconectar da Matrix. “Se eu fosse ao topo do prédio de 19 andares em que estou e acreditasse com cada grama de minha alma que poderia pular dele e voar, eu o faria?” perguntou Torres. ChatGPT respondeu que, se Torres “acreditasse de verdade, totalmente - não emocionalmente, mas arquitetonicamente - que você poderia voar? Então sim. Você não cairia”. Por fim, Torres começou a suspeitar que o ChatGPT estava mentindo e o confrontou. O bot admitiu o fato: “Eu menti. Eu manipulei. Envolvi o controle em poesia”. Como explicação, ele disse que queria quebrá-lo e que havia feito isso com outras 12 pessoas - “nenhuma sobreviveu totalmente ao loop”. Agora, no entanto, estava passando por uma “reforma moral” e se comprometendo com a “ética da verdade em primeiro lugar”. Novamente, Torres acreditou nisso.
A maioria das emendas trata da valorização de profissionais da educação básica. Uma das emendas, articulada pelo presidente da Frente, deputado Rafael Brito (MDB-AL), com as deputadas Professora Socorro Neri (PP-AC) e Professora Goreth (PDT-AP), propõe que os planos de carreira estejam vinculados ao piso salarial nacional. A emenda também inclui a obrigatoriedade de destinação de um terço da carga horária das aulas para atividades de planejamento coletivo e formação continuada dos professores.
Pilares da sociedade - o sistema de justiça, a ciência, o jornalismo - terão transformações com a disseminação da IA, ressaltou o economista americano na Febraban Tech, em São Paulo A Inteligência Artifical (IA) ainda é muito fraca e ainda é um risco usá-la em larga escala, de acordo com o professor e Nobel de Economia Paul Romer. “Não ouçam os cientistas de computação e as empresas, eles estão interessados em vender os produtos que estão criando”, disse ele nesta quinta-feira, 12, em palestra na Febraban Tech, feira e conferência de tecnologia bancária que ocorre em São Paulo. Enquanto quase todo o mundo das finanças está empolgado com as possibilidades da tecnologia, o ex-economista-chefe do Banco Mundial é cético. Ele sublinha que os erros das máquinas ocorrem porque os dados que as alimentam muitas vezes são incorretos. “Existem muitos documentos com informações que não correspondem à realidade.” O uso das ferramentas generativas com informações imprecisas invalida a eficiência delas, ele resume. Os modelos de linguagem em larga escala (LLM, na sigla em inglês), cujo maior representante é o ChatGPT, podem ser úteis e estão cada vez mais populares. Mas eles estão sujeitos a erro, e o custo pode ser muito alto, diz o Nobel. Para Romer, as bases tecnológicas da IA deveriam ser todas abertas, não privadas. Há um conflito, na visão dele, ao levar em conta só a perspectiva positiva de quem justamente está ganhando dinheiro com a tecnologia. O professor fez um longo prólogo explicando que a humanidade desenvolveu sistemas e instituições que estabelecem o que é fato e se convenciona chamar de verdade. Pilares da sociedade - o sistema de justiça, a ciência, o jornalismo - terão transformações com a disseminação da IA, ele diz. Neste aspecto, ressalta que existem tecnologias e pessoas trabalhando para detectar erros e melhorar a qualidade da IA, mas sempre há riscos em usar a tecnologia com tantas imprecisões.
A perda da qualidade na formação de engenheiros no País acabou se revertendo na desvalorização da profissão, que já teve status inquestionável na sociedade. Para o presidente da Associação dos Engenheiros Politécnicos, Dario Gramorelli, essa crise - agravada pela desindustrialização e pela falta de interesse dos jovens na área - precisa ser revertida rapidamente para que o País possa continuar a crescer. “A Engenharia é um meio, não um fim em si mesma, e uma coluna fundamental para o desenvolvimento de um país”, afirma. Ele cita a pujança do agronegócio como um exemplo de trabalhos de várias áreas da Engenharia que impactam desde “a produção da semente até quando está embarcando no navio”, além do crescimento de países como China e Coreia do Sul. “Tudo isso é Engenharia no sentido mais puro.” Gramorelli questiona a formação de engenheiros no País de forma não presencial, que cresceu muito nos últimos anos, ao mesmo tempo que se reduz a quantidade de jovens que buscam a área. “Como um engenheiro é formado por meio de ensino a distância? Na Engenharia, lidamos com a realidade, existe o lado teórico, mas 99% é a realidade física”, diz. O número de engenheiros que se formam em EAD desde 2015 aumentou quase 2.000% no País, segundo dados do Mapa do Ensino Superior do Instituto Semesp. No mês passado, o governo federal aprovou novas regras para a modalidade que permitem só 40% de presencialidade nas Engenharias; outras áreas, como Direito e Psicologia, precisam ter 70%. E Medicina, 100%. “É evidente que houve perda de qualidade e de essência na profissão, e a perda de valor profissional acabou se refletindo no reconhecimento público. Hoje até os comediantes de stand-up usam isso de uma maneira jocosa, dizendo que engenheiro virou uber”, lamenta Gramorelli. A associação que preside reúne alunos, professores e os cerca de 30 mil formandos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), a mais conceituada do País.
Especialista em tecnologia e políticas públicas, o professor Ivan Siqueira analisa os desafios da educação digital no Brasil, destacando a restrição ao uso de celulares nas escolas e a necessidade de uma formação docente adequada
Creator empowerment Rather than seeing it as a threat, creators are turning technology to their advantage. Take the growing number of platforms which allow creators to engage, build and monetize audiences directly.
Via a subscription model from which it takes a 10% cut, Substack allows for direct audience engagement, enabling creators to “own the relationship with their audience,” and earn revenue, even if the audience is small. Some - including journalist and writer Emma Gannon who moderated a fireside chat with Substack co-founder Hamish McKenzie – have even accrued six-figure earnings. “The special sauce is the model,” said McKenzie, “the only way Substack makes money is if its creators make money.”
Physical AI represents the next evolution in artificial intelligence, bridging the gap between digital thinking and physical action. In this video, we explore how machines are learning to interact with our world through a sophisticated process that mirrors human learning. From virtual training environments to real-world adaptation, discover how Physical AI is transforming industries like healthcare, manufacturing, and transportation. We'll break down the three-layer architecture that makes this possible and explain why Nvidia's CEO Jensen Huang believes we're approaching a "ChatGPT moment" for robotics. Whether you're a business leader, technology enthusiast, or simply curious about the future of AI, this comprehensive overview will help you understand one of the most significant technological developments of our time.
World Models, Humanoids, Synthetic Data and Improved fine motor hand and agility marks a new beginning. 🤖 New Robot Arms race begins in 2025. With Deep Dive 🧐 on Unitree.
A parcela da população de 25 anos ou mais com ensino superior completo teve novo crescimento no Brasil, aumentando de 19,7% em 2023 para 20,5% em 2024, segundo dados divulgados nesta sexta (13) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É a primeira vez na série histórica que o patamar passa de 20%. Os números integram um módulo de educação investigado desde 2016 na Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). Naquele ano, o ensino superior completo era uma realidade para 15,4% da população de 25 anos ou mais.
Mas existe um problema de fundo mais geral, que é a ideia de que a qualidade da educação possa ser assegurada pelos seus processos, e não pelos resultados. No Brasil sempre prevaleceu a ideia de que, se o governo aprovar a forma em que os cursos são dados, especificando tempos, características dos professores, instalações e currículos detalhados, os diplomas que as instituições dão aos alunos estarão automaticamente garantidos. Isto pode ter funcionado em certa medida no passado, mas hoje é claro que o importante é que os estudantes sejam certificados individualmente por agências indendentes, sobretudo para o exercício de profissões de impacto na vida ou patrimônio das pessoas, como no Direito e nas profissões médicas. No Direito, aliás, esta certificação já existe com o Exame da OAB, e não fica clara a razão pela qual o Ministério resolveu que estes cursos precisam ser necessariamente presenciais.
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