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June 9, 11:10 AM
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Nas escolas sem notas e sem provas, quais alunos se dão bem? Entenda impacto de teste na Dinamarca | Educação

Nas escolas sem notas e sem provas, quais alunos se dão bem? Entenda impacto de teste na Dinamarca | Educação | Inovação Educacional | Scoop.it
Imagine estar no ensino médio e não encarar mais nenhuma semana de provas. O fim oficial da temporada de simulados. A abolição completa do frio na barriga antes da entrega dos boletins. A extinção dos terríveis pesadelos antes dos testes de física e de química. O adeus ao medo de mostrar uma nota vermelha para os pais.

Com o objetivo de aliviar o estresse e a ansiedade dos jovens, colégios da Dinamarca cancelaram totalmente ou reduziram de forma significativa as provas aplicadas para alunos de 15 a 17 anos.

✖️Você acha que quem tinha dificuldade e ia mal na escola entrou em festa? Sim? Resposta errada. Os estudantes com baixo desempenho acadêmico foram justamente os mais prejudicados nessa “inovação”, mostra um estudo do Centro Dinamarquês de Pesquisa sobre a Juventude (CeFU), da Universidade de Aalborg.

O g1 conversou com uma das pesquisadoras dinamarquesas responsáveis pela pesquisa: Noemi Katznelson, referência mundial em educação. Ela explicou que não é possível classificar o fim das provas como algo totalmente positivo ou totalmente negativo — o resultado depende muitíssimo do que a escola coloca no lugar das avaliações tradicionais.

“Quando [o sistema] funciona bem, ele reduz o estresse e aumenta o envolvimento dos alunos com o próprio aprendizado. Eles passam a entender melhor seus interesses, colaboram mais entre si — porque há menos competição — e se tornam mais conscientes do que os estimula”, diz.

“Mas a retirada da nota pode ser muito desmotivadora para jovens que já têm dificuldades. O estresse deles não desaparece, só muda de foco. Em vez de se preocuparem com a nota, eles se preocupam por não saberem onde estão. Perdem a referência e ficam desnorteados.”
Mais abaixo, nesta reportagem, leia sobre as consequências positivas e negativas observadas pelos pesquisadores.

O desafio central, explica Noemi, é implementar um esquema sólido de “feedbacks” ao longo de todo o ano letivo, para que os alunos saibam em que conteúdos avançaram e em quais precisam melhorar.

“Você não obtém automaticamente melhores resultados de aprendizagem e bem-estar apenas eliminando provas e notas. É preciso pensar em como promover a motivação, o aprendizado e a redução da pressão”, afirma.
👩‍🏫Que tipos de escolas implementaram as mudanças na Dinamarca?

Escolas independentes (friskoler): particulares e parcialmente financiadas pelo governo, elas têm mais liberdade para escolher o currículo e os métodos de ensino. Podem seguir linhas pedagógicas como a cristã, a Waldorf e a montessoriana.
Internatos (efterskoler): também subsidiados pelo estado, esses locais servem de moradia para os alunos durante o ano letivo. Os jovens aprendem os conteúdos com foco em autonomia, convivência e desenvolvimento pessoal.
Quais as consequências negativas observadas nos colégios sem notas?

Frederiksberg Palace, em Copenhague, na Dinamarca. País tem escolas livres que testam modelo sem provas ou notas — Foto: Diego Petroncari/Pexels

O estudo levanta pontos de atenção observados nas escolas dinamarquesas:

Sensação de “estar perdido”:
Uma desvantagem frequente, já citada no início da reportagem, é a incerteza sentida por uma parcela significativa de jovens (especialmente aqueles que têm baixo desempenho acadêmico). Sem notas, eles ficam desorientados e não sabem se estão atingindo o padrão mínimo esperado pelo colégio.

“Os alunos mais seguros lidam melhor com isso, mas os que têm menos confiança podem se desmotivar. A nota funciona como uma bússola. Se você tira a bússola e não coloca nada no lugar, muitos ficam perdidos. Os que já são engajados continuam se esforçando, mas os outros podem simplesmente parar”, diz ao g1 a pesquisadora Katznelson.

Perda da motivação:
Embora, para alguns estudantes, a ausência de provas alivie o estresse e aumente a vontade de aprender, ao menos 25% dos dinamarqueses observados no estudo deixaram de enxergar um propósito em estudar. Eles pensam: “não vale nota mesmo, para que vou gastar meu tempo?”. Para essa parcela, fica mais difícil ter autodisciplina e se sentir motivado.

Sobrecarga de trabalho para os professores:
As escolas que substituem as provas por esquemas de feedback contínuos acabam exigindo mais dos professores. Eles têm de receber a formação adequada para avaliar da forma “não tradicional”.

O g1 contou à pesquisadora dinamarquesa sobre um obstáculo na realidade brasileira: por causa da baixa remuneração e da desvalorização da carreira, muitos docentes trabalham em mais de uma escola. Com centenas de alunos, como seria possível que eles dessem “feedbacks” personalizados para cada jovem?

Katznelson reconhece que, de fato, nosso contexto é mais desafiador. Uma alternativa, segundo ela, é pensar em dinâmicas complementares, nas quais os próprios alunos avaliam seus colegas em momentos específicos.

“Claro que é mais difícil, mas não impossível. O conteúdo do ‘feedback’ precisa ser pensado — não pode ser superficial. E se o professor não conhece o aluno, é possível criar espaços para os próprios alunos darem feedback entre si”, diz.

“Pode ser algo desconfortável no começo, mas, se a escola cria um ambiente onde isso é normalizado, funciona. Pode-se, por exemplo, organizar rodas de feedback após apresentações, em que cada aluno dá um elogio e uma sugestão ao outro.”
Dificuldade de lidar com feedbacks:
Nem todos os jovens conseguem entender e decodificar o retorno que recebem dos professores. E é comum que os docentes mudem o foco da “avaliação” para algo mais subjetivo e “psicologizado”, sem focar no aprendizado dos conteúdos escolares.

Qual é o caminho mais indicado, então?
Cabe aqui uma observação: a entrada dos estudantes dinamarqueses na universidade não é associada a algo equivalente ao nosso vestibular. As instituições de ensino, em geral, selecionam os aprovados com base no histórico escolar completo deles. Isso alivia a pressão que as escolas sentem em preparar o jovem para uma prova específica e determinante.
A pesquisadora Katznelson critica o modelo escolar 100% sustentado na pressão por notas altas.

Com mais “tranquilidade escolar”, é possível abrir espaço para outras formas de ensino, além de estimular a curiosidade dos jovens e o desejo de aprender conteúdos novos.

"A educação sempre será desafiadora e, em algum grau, estressante. Mas, quando a pressão é excessiva, ela começa a prejudicar o aprendizado, a gerar desmotivação e a levar a um aprendizado mecânico. Além disso, afasta os alunos da escola, especialmente os mais pobres, que abandonam os estudos porque sentem que não têm sucesso”, diz.
O caminho, no entanto, não é simples: tirar totalmente as provas ou diminuir de forma significativa a frequência delas exige cuidado, como demonstrou o estudo dinamarquês.

Para evitar as consequências negativas observadas pelos pesquisadores, eles recomendam as seguintes práticas:

Sem exigir notas, é preciso criar outras formas de instigar os alunos. O estudo menciona 5 tipos de motivação:
Pelo conhecimento: O conteúdo é visto como algo novo, relevante e útil. Todos se sentem animados quando percebem que aqueles ensinamentos podem ser conectados com “a vida real”.
Pelo domínio: Os estudantes constroem, aos poucos, a capacidade de confiar em si mesmos. Isso é obtido após sentirem que podem explorar, tentar, errar e recalcular o percurso.
Pela autodeterminação: Os jovens devem sentir que têm liberdade para tomar suas próprias decisões e para eleger os conteúdos que mais lhe interessam. A flexibilidade da escola vai dando, aos poucos, mais confiança para os alunos tomarem decisões.
Pelas relações: Os trabalhos devem ser colaborativos, para que a interação social seja estabelecida com confiança entre todos.
Pelo desempenho: O desejo de “ir bem” não pode desaparecer. Sem provas, ele surge em apresentações de trabalhos e em jogos, por exemplo. “Nestas escolas, o desempenho está muitas vezes mais integrado em contextos sociais e relacionais, com menos pressão individual do que com notas”, afirma o estudo.
Os feedbacks têm de ser pensados com cautela.
➡️Não adiantará nada apenas dar um retorno para os alunos depois do fim de um ciclo. O processo deve ser contínuo.

➡️Os comentários não podem ser superficiais, como “muito bem!” ou “precisa melhorar”. O aluno necessita de detalhes para entender se está cumprindo os objetivos esperados pela escola. Precisa se empenhar mais em matemática ou em geografia? Respostas mais concretas diminuem o risco de os jovens ficarem desorientados.

➡️É preciso ter cuidado com o tom usado nos feedbacks. Quando um aluno ou um professor avalia outra pessoa, é comum que sinta medo de magoar quem está sendo criticado. Isso pode levar a avaliações excessivamente positivas ou falsas.

E mais: para manter um bom ambiente, há o risco de os docentes abrirem mão da “integridade acadêmica” para que ninguém se frustre. Novamente, isso tende a prejudicar os de baixo desempenho, que ficam desnorteados sem uma referência do que devem fazer.

“Se a escola tem um propósito claro e se os professores estão alinhados, é possível fazer um ótimo trabalho mesmo. Mas não é algo automático. Isso exige direção, intencionalidade e clareza sobre os objetivos da educação”, afirma a pesquisadora.

“A nota mostra só um propósito: o de obter um bom resultado. Mas o colégio também serve para preparar os alunos para a vida, a partir da leitura, da matemática e do conhecimento de mundo.”
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Curadoria por Luciano Sathler. CLIQUE NOS TÍTULOS. Informação que abre caminhos para a inovação educacional.
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September 10, 2024 9:19 AM
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Igualdade Artificial, um risco para a educação. Por Luciano Sathler

Igualdade Artificial, um risco para a educação. Por Luciano Sathler | Inovação Educacional | Scoop.it

O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa?
Luciano Sathler
É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais
As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática.
Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing.
O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais.
Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho.
A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados.
A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar.
No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes.
Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador".
Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante.
Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos.
Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano.
O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.

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Today, 4:35 PM
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Como fazer com que mais meninas se interessem por profissões dominadas por homens?

Como fazer com que mais meninas se interessem por profissões dominadas por homens? | Inovação Educacional | Scoop.it
Como fazer com que mais meninas se interessem por profissões dominadas por homens?
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Crianças mais pobres envelhecem mais rápido, diz estudo

Crianças mais pobres envelhecem mais rápido, diz estudo | Inovação Educacional | Scoop.it
Pesquisa baseada no comprimento dos telômeros alerta para impactos de longo prazo do estresse e do ambiente associados a uma renda menor.

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Today, 4:33 PM
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O quanto há de ciência nos filmes de ficção científica?

O quanto há de ciência nos filmes de ficção científica? | Inovação Educacional | Scoop.it
Em algumas produções de Hollywood, cientistas trabalham ao lado de diretores para criar cenários verossímeis, como buracos negros ou viagens planetárias. Sem perder de vista o objetivo principal: entreter o público.
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Today, 4:32 PM
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A importância de práticas docentes humanizadas 

A importância de práticas docentes humanizadas  | Inovação Educacional | Scoop.it
O que há por trás da falta de atenção de estudantes? Apesar de entender as limitações e que não tem como educadores solucionarem todos os problemas da sala de aula, não podemos perder a fé na educação.
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Today, 4:25 PM
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Geração online: muitos jovens querem viver sem redes sociais

Geração online: muitos jovens querem viver sem redes sociais | Inovação Educacional | Scoop.it
Quase metade dos jovens prefere um mundo sem internet, segundo uma pesquisa britânica. Isso também se reflete em uma nova tendência: a promoção de encontros em que os participantes deixam o smartphone em casa.
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Today, 4:18 PM
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Evangélicos vão ser maioria no Brasil? O que diz nova projeção baseada nos dados de religião do Censo 2022

Evangélicos vão ser maioria no Brasil? O que diz nova projeção baseada nos dados de religião do Censo 2022 | Inovação Educacional | Scoop.it
Censo de religião mostra crescimento mais tímido entre evangélicos. Mantida a nova taxa, a transição religiosa do Brasil deve ocorrer agora em 2049, calcula o demógrafo José Eustáquio, e não mais em 2032 como havia sido previsto antes.
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Os melhores alimentos para o intestino (e para a sua vitalidade)

Os melhores alimentos para o intestino (e para a sua vitalidade) | Inovação Educacional | Scoop.it
Adicionar probióticos e alimentos ricos em fibras à dieta pode melhorar a saúde intestinal e o bem-estar.
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Como funciona o cérebro de um psicopata?

Como funciona o cérebro de um psicopata? | Inovação Educacional | Scoop.it
Uma a cada 100 pessoas tem algum grau de psicopatia. Vendo de fora, é impossível saber quem é psicopata e quem não é. Mas e vendo, digamos assim, de dentro?
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Estudo relaciona tecnologia a menor risco cognitivo

Estudo relaciona tecnologia a menor risco cognitivo | Inovação Educacional | Scoop.it

O uso de tecnologias digitais foi associado a uma redução de 58% no risco de comprometimento cognitivo em pessoas de meia-idade e mais velhas, de acordo com um estudo publicado na revista Nature Human Behavior.
Pesquisadores realizaram uma revisão sistemática de 57 estudos para verificar se a exposição à tecnologia ajudou ou prejudicou a cognição entre a primeira geração de adultos com exposição prolongada a dispositivos digitais, como smartphones, tablets e computadores. Os estudos envolveram mais de 411 mil adultos com idade média de 69 anos.
A análise revelou que a tecnologia pode desempenhar um papel na preservação da função cerebral e não na piora, como dizem os coautores do estudo Jared Benge, neuropsicólogo clínico da Dell Medical School da Universidade do Texas, e Michael Scullin, professor associado de psicologia e neurociência na Universidade Baylor, ambas nos Estados Unidos.
"Não houve evidências confiáveis nos estudos longitudinais, ou na meta-análise como um todo, de uma 'fuga de cérebros' digital generalizada ou de 'demência digital' como resultado de usos gerais e naturais da tecnologia digital", dizem os pesquisadores.
Entre as possíveis razões, segundo o estudo, está o desafio de usar e se adaptar à tecnologia digital em evolução, que pode proporcionar o estímulo cognitivo necessário para manter a função cerebral. Outra é que a tecnologia pode facilitar a interação social para alguns, um fator que contribui para um melhor funcionamento cognitivo em idosos.
Em um comunicado à imprensa da Universidade Baylor, Scullin afirma que as famílias podem incentivar os membros mais velhos a adotar a tecnologia: "Se você tem um pai ou avô que está mantendo afastado da tecnologia, talvez seja melhor revisitar isso. Será que eles poderiam aprender a usar aplicativos de fotos, mensagens ou calendário em um smartphone ou tablet?", completa.

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Today, 3:57 PM
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Como parar de ser tão duro consigo mesmo

Como parar de ser tão duro consigo mesmo | Inovação Educacional | Scoop.it

Se um amigo está enfrentando um grande desafio ou se sente derrotado, geralmente nosso primeiro instinto é oferecer palavras de conforto e compreensão. Mas, muitas vezes, não é tão fácil fazer isso por nós mesmos.
Podemos ser nossos próprios críticos mais severos. Praticar um pouco de autocompaixão, no entanto, faz toda a diferença. Pesquisas mostram que, quando as pessoas passam por desafios ou situações estressantes, aquelas que demonstram mais autoempatia são mais resilientes.
"Podemos dizer: 'Eu cometi um erro', em vez de dizer: 'Eu sou um erro'", diz Kristin Neff, professora associada de psicologia educacional na Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos, que estuda autocompaixão há mais de duas décadas. "É uma alternativa mais saudável à autoestima, porque não se trata de se julgar positivamente, mas sim de ser prestativo e gentil consigo mesmo."
O QUE É AUTOCOMPAIXÃO?
Autocompaixão é o processo de expressar apoio, carinho e compreensão consigo mesmo durante momentos difíceis —e reconhecer que não se está sozinho em suas imperfeições.
Ela surge da atenção plena, que envolve manter o foco no momento presente sem julgamentos. Pessoas autocompassivas conseguem identificar quando se sentem derrotadas ou inadequadas, mas evitam se perder nesses sentimentos para que possam responder a si mesmas com gentileza em vez de ruminar, afirma Neff.
Ser gentil consigo não significa ter pena de si mesmo. Nosso sofrimento não é único —falhas e fracassos fazem parte do que nos torna humanos. E, embora todos soframos de maneiras diferentes, saber que o sofrimento é universal pode ajudar a prevenir sentimentos de vergonha ou isolamento.
QUAIS SÃO OS MITOS SOBRE A AUTOCOMPAIXÃO?
Um mito comum é que a autocompaixão prejudica a motivação para melhorar a si mesmo ou às circunstâncias. Mas pesquisas sugerem que apoio, incentivo e críticas construtivas são motivadores mais eficazes do que feedback negativo, acrescenta Neff.
Outro mito é que autocompaixão é o mesmo que autoindulgência. Mas, na realidade, afirma Neff, foi demonstrado que ela reduz o burnout e, portanto, nos permite cuidar melhor dos outros. A autoindulgência, por outro lado, envolve se comportar de uma maneira que, em última análise, é prejudicial —seja para si mesmo ou para os outros.
Por fim, autocompaixão às vezes é confundida com autocuidado, mas não se trata apenas de acalmar, explica Steven C. Hayes, psicólogo clínico e criador da Terapia de Aceitação e Compromisso, que enfatiza os tipos de habilidades úteis para desenvolver a autocompaixão, como viver o momento e focar em valores em vez de expectativas impostas.
Autocompaixão "é o poder de ser você mesmo, de sentir o que você está sentindo, plenamente e sem defesas desnecessárias", afirma ele.
COMO VOCÊ DESENVOLVE A AUTOCOMPAIXÃO?
Existem várias maneiras de praticar a autocompaixão:
Diga coisas gentis para si mesmo todos os dias.
Pense em como você se apresenta ao longo do dia, sugere Ness. Você é solidário e encorajador? Ou você é seu pior inimigo?
"A grande maioria das pessoas é significativamente mais compassiva com os outros do que consigo mesma", afirma Neff.
Se você tem tendência a se culpar, ela acrescenta, então tente falar consigo mesmo gentilmente, assim como faria com um bom amigo na mesma situação.
Faça uma pausa de compaixão.
Tara Brach, psicóloga e autora de "Radical Acceptance", sugere o método RAIN: reconhecer, permitir, investigar e nutrir.
A ideia aqui é reconhecer as emoções que você está sentindo e então permitir que esses sentimentos existam sem rejeitá-los reflexivamente.
Em seguida, investigue como seu corpo é afetado por suas emoções —sente um vazio no estômago ou um aperto no peito? Reserve um tempo para explorar também as crenças associadas a essas sensações— você está presumindo que algo está errado?
"Esse é provavelmente o maior sofrimento que as pessoas têm: 'Não sou digno de amor, não consigo ser feliz, deveria estar fazendo mais'", diz Brach.
Então, alimente-se. O que a parte sofredora de você mais precisa agora? Compreensão? Ser perdoada? Uma mensagem gentil?
Coloque a mão sobre o coração ou use outro toque suave que transmita carinho.
Envie uma mensagem gentil para dentro de si: "Está tudo bem sentir isso" ou "Você está fazendo o melhor que pode".
Esses pequenos gestos podem fazer uma grande diferença.
Um pequeno estudo com 135 estudantes universitários descobriu que aqueles que passavam regularmente 20 segundos por dia colocando as mãos sobre o coração e a barriga enquanto pensavam coisas gentis como: "Como posso ser meu próprio amigo neste momento?", relataram sentir-se menos estressados e passaram a ter mais compaixão por si mesmos depois de um mês.
Passe adiante.
Ao ter compaixão por si mesmo, você se torna mais capaz de receber e oferecer cuidado compassivo aos outros, afirma Hayes.
"Mostre a eles que não estão sozinhos", acrescenta. "Precisamos de pessoas mais compassivas consigo mesmas e com os outros."
A autocompaixão pode envolver estabelecer limites saudáveis em um relacionamento ou até mesmo direcionar a compaixão para fora —por exemplo, ser voluntário em uma causa importante ou participar de um protesto para tentar promover mudanças políticas ou sociais positivas.
Nesse sentido, a autocompaixão pode ser intensa e forte: pense na energia da "mamãe ursa".
"Parte de cuidar de nós mesmos significa tentar acabar com os danos também no âmbito social", explica Neff. "É algo mais amplo do que apenas nós mesmos."

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Today, 3:44 PM
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Redes sociais pioram saúde mental em adolescentes 

Redes sociais pioram saúde mental em adolescentes  | Inovação Educacional | Scoop.it

A crise de saúde mental entre crianças e adolescentes em todo o mundo atingiu um ponto crítico devido à "expansão descontrolada" das redes sociais, segundo um relatório do grupo de defesa dos direitos da criança KidsRight divulgado nesta quarta-feira (11).
Pesquisas da organização com sede em Amsterdã e da Universidade Erasmus de Roterdã mostram que uma em cada sete crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos sofre de algum tipo de problema de saúde mental.
"O relatório deste ano é um alerta que não podemos mais ignorar", afirmou em um comunicado Marc Dullaert, fundador e presidente da KidsRights.
"A crise de saúde mental entre nossas crianças atingiu um ponto crítico, exacerbada pela expansão descontrolada das redes sociais, que privilegia o uso em detrimento da segurança", disse ele.
O KidsRight Index é um relatório anual produzido pela fundação, que avalia o compromisso de 194 países com os direitos da criança e o quanto estão se esforçando para melhorá-los.
Em seu relatório de 2025, a KidsRights identifica uma "correlação perturbadora" entre a deterioração da saúde mental das crianças e o que descreve como uso "problemático" das redes sociais —um uso viciante que atrapalha a vida diária dos usuários.
Também observou uma correlação entre o consumo excessivo de conteúdo na internet e tentativas de suicídio.
A taxa global de suicídio é de 6 por 100 mil entre adolescentes de 15 a 19 anos, observa o documento, citando dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).
No entanto, o relatório observou que restrições rígidas —como a decisão da Austrália de proibir o acesso de menores de 16 anos— também não são a melhor solução.
"Proibições rígidas podem infringir os direitos civis e políticos das crianças", incluindo o acesso à informação, segundo o KidsRight Index.
O texto, portanto, recomenda uma abordagem mais global e sutil que considere o acesso das crianças a conteúdos educativos e também evite seu isolamento.
O relatório observa que "os avanços tecnológicos dos últimos anos abriram uma caixa de Pandora de desafios e oportunidades"
Em relação às oportunidades, o texto destacou o acesso à informação, mas em sua lista de desafios, citou a exposição das crianças a bullying, violência psicológica, exploração sexual, violência de gênero e desinformação.

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Aplicativos de namoro podem afetar sua saúde mental 

Aplicativos de namoro podem afetar sua saúde mental  | Inovação Educacional | Scoop.it
Além de agravar sintomas de depressão e ansiedade, usuários podem ficar viciados na descarga de dopamina que sentem quando alguém responde
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Today, 4:36 PM
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Um país viciado no smartphone

Um país viciado no smartphone | Inovação Educacional | Scoop.it
Os brasileiros se acostumaram a receber constantemente novos estímulos e atenção pelo celular. Passam o equivalente a seis dias por mês olhando para o aparelho. O problema é particularmente grave entre os jovens.
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IA vai mesmo curar todas as doenças dentro de dez anos?

IA vai mesmo curar todas as doenças dentro de dez anos? | Inovação Educacional | Scoop.it
Em entrevista, Nobel de Química Demis Hassabis sugeriu que em breve a inteligência artificial vai acelerar o desenvolvimento de medicamentos e até as curas. Especialistas examinam a afirmativa polêmica.
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Como surdos sentem a música?

Como surdos sentem a música? | Inovação Educacional | Scoop.it
Na Lituânia, pessoas com e sem deficiência auditiva se uniram para criar um espetáculo de dança, poesia e música inspirado na linguagem de sinais. Uma experiência musical incomum, que permite que o público se conecte com a maneira como surdos sentem a música.
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Inteligência Artificial pressiona setor de animação japonês 

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Lei do Japão permite uso de conteúdo protegido por direitos autorais para treinar modelos de IA. Embora polêmico, uso da tecnologia nos animes tem se tornado cada vez mais comum.
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Futurando - Edição de 04/03/2024 – DW – 04/03/2024

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Veja neste programa: Avanços na medicina reprodutiva são esperança para salvar uma espécie de rinocerontes da extinção. E ainda: Robôs e inteligência artificial podem substituir o faro canino em operações de busca por sobreviventes de desastres?
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O que é sionismo — e como seu 'criador', Theodor Herzl, imaginou (e negociou) o Estado de Israel

O que é sionismo — e como seu 'criador', Theodor Herzl, imaginou (e negociou) o Estado de Israel | Inovação Educacional | Scoop.it
Especialistas analisam o livro 'O Estado Judeu', de autoria do jornalista Theodor Herzl, para comparar a ideia original do autor com o que Israel se tornou
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Em áudio | 'Por suposto respeito à privacidade, adolescentes estão morrendo ou cometendo crimes graves na internet'

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Vanessa Cavalieri, juíza da Vara da Infância e Juventude do Rio, analisa a série 'Adolescência' e orienta pais sobre como lidar com a vida online dos filhos.
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Censo: avanço evangélico perde força e outros 7 dados inéditos sobre religião no Brasil

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O crescimento da parcela de brasileiros que se declaram evangélicos perdeu força pela primeira vez desde 1960
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'Preconceito com nordestino persiste porque é conveniente. Nordestinos protagonistas e com poder incomodam’

'Preconceito com nordestino persiste porque é conveniente. Nordestinos protagonistas e com poder incomodam’ | Inovação Educacional | Scoop.it
Pesquisador potiguar Octávio Santiago, autor de livro e tese sobre o preconceito contra nordestinos, conversa com a BBC News Brasil sobre estigmas na produção cultural, o termo 'sudestino' e o papel do preconceito na eleição presidencial de 2022.
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Interação emocional com IA pode prejudicar a saúde mental

Interação emocional com IA pode prejudicar a saúde mental | Inovação Educacional | Scoop.it

Há cenários apocalípticos para a Inteligência Artificial (IA) que a imaginam ganhando vontade própria, manipulando as pessoas e conquistando o mundo. Ainda não há evidência alguma de que isso possa vir a acontecer, mas, apesar disso, os chatbots como os conhecemos podem, sim, trazer riscos para nós. E esse prejuízo pode se dar na saúde mental.
A IA é um modelo estatístico e matemático, uma ferramenta desprovida de subjetividade ou vontade. Ela pode ser útil para otimizar tarefas e até desenvolver softwares e inovações em tratamentos de saúde, inclusive a mental. Todos esses benefícios podem ser alcançados quando tratada e usada como o que ela é, um instrumento de apoio.
O problema pode começar quando indivíduos desenvolvem afetividade com os robôs, ou alguma espécie de vínculo emocional, levando tudo o que a IA diz ou escreve como uma verdade incontestável.
"Um perigo da IA é que ela soa autoritária, confiante. E pode ser difícil para as pessoas discernirem qual informação é verdadeira e qual não é. Isso pode afetar a saúde mental das pessoas", diz Catherine K. Ettman, professora assistente na Faculdade de Saúde Pública Bloomberg da Johns Hopkins e autora do artigo "A potencial influência da IA na saúde mental populacional".
Segundo ela, isso pode acontecer no contexto em que os chatbots são usados como conselheiros psicológicos, médicos ou terapeutas, mas também em um contexto mais amplo, que pode mudar a forma como as pessoas se relacionam com coisas que as deixam felizes e saudáveis.
Quando as pessoas começam a se relacionar com a IA como uma régua para o mundo real, criando expectativas de que as interações humanas e mundanas possam atingir o mesmo grau de satisfação que alcançam em suas realidades virtuais, podem sair frustradas.
"Se você fica buscando o ideal, você se decepciona o tempo todo e acaba se fechando e vivendo uma realidade alternativa. Você não consegue interagir socialmente se você ficar preso no ideal", fala a psiquiatra Juliana Belo Diniz, pesquisadora no Serviço de Psicoterapia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (IPq-HC-USP).
O risco vem principalmente para pessoas que já têm a tendência a se isolarem socialmente. Seja por alguma vulnerabilidade social, física ou até mesmo psíquica, como algum transtorno psiquiátrico. São pessoas que têm dificuldade de desenvolver relacionamentos reais e podem ter uma falsa segurança diante da IA.
A psicóloga Anna Paula Zanoni Steinke, mestre em psicologia da educação e desenvolvimento humano pela USP, explica que o risco ocorre quando as pessoas se retiram das relações da vida real e intensificam as artificiais. "São comportamentos de isolamento social que, consequentemente, o sentimento de solidão aparece aí."
Como os algoritmos tendem a entregar aquilo que as pessoas gostariam de ver, ouvir ou interagir, a psicóloga aponta os riscos de se fechar em bolhas e se tornar mais intolerante para a diversidade.
A insatisfação com a própria vida e a valorização do outro não é algo novo, afinal, já diziam que a grama do vizinho é sempre mais verde. Mas a questão com a imersão nas bolhas virtuais é que tudo passa a ser intolerável. "A pessoa não tolera o mundo. E é muito difícil a gente viver sem relação social", afirma Diniz.
Nessa onda, alguns grupos são mais vulneráveis do que outros. Os jovens e adolescentes estão entre os mais expostos a esses riscos envolvendo a IA por alguns fatores.
"Eles estão num processo de autoconhecimento, de construção de identidade. É o início da formação de um pensamento mais crítico, social, é um momento de vulnerabilidade do ponto de vista psicológico", explica Steinke.
Além dos jovens, Ettman diz que isso é válido para pessoas já mais isoladas, vulneráveis socialmente, com menos privilégios. E também aquelas que, por esses e outros fatores, têm uma saúde mental já afetada e que não conseguem distinguir entre informação e desinformação.
O contato humano, real e concreto, de forma saudável, é fundamental para o desenvolvimento de habilidades sociais e para a preservação da subjetividade humana. Isso proporciona que habilidades emocionais também sejam criadas e protege a saúde mental.
Steinke cita o livro "Geração Ansiosa", de Jonathan Haidt (Companhia das Letras), que fez sucesso sobre o uso excessivo de telas. "Basicamente, o quanto a experiência exacerbada no mundo virtual, ela pode inibir as experiências necessárias para o desenvolvimento socioemocional no mundo real", diz. É possível trazer a reflexão para o campo da Inteligência Artificial.
O fenômeno da IA é atual e, por isso, muita coisa ainda pode mudar, mais pesquisas ainda precisam ser feitas. "Mas é possível que o mundo virtual fique tão rico que seja cada vez mais difícil perder na competição", comenta Diniz.

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Inteligência artificial: Terapia com chatbots seria uma opção?

Inteligência artificial: Terapia com chatbots seria uma opção? | Inovação Educacional | Scoop.it
Cada vez mais pessoas têm usado a inteligência artificial como divã, levando especialistas a refletir sobre as vantagens e desvantagens dessa prática.
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Índice KidsRights 2025: 'A crise global dos direitos das crianças se agrava à medida que a emergência de saúde mental atinge seu ápice' - Fundação KidsRights

Índice KidsRights 2025: 'A crise global dos direitos das crianças se agrava à medida que a emergência de saúde mental atinge seu ápice' - Fundação KidsRights | Inovação Educacional | Scoop.it
Uma devastadora crise global de saúde mental entre crianças e adolescentes está atingindo níveis críticos, sendo o suicídio a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde. Apesar da abrangência e da urgência do assunto, a saúde mental é um dos aspectos da vida das crianças sobre os quais há grande carência de informações e dados detalhados. Isso é destacado no relatório KidsRights Index 2025, divulgado hoje.

11/06/2025 Leitura de 5 minutos

PESQUISA – ÍNDICE DE DIREITOS DAS CRIANÇAS
O KidsRights Index é o primeiro e único ranking que mede anualmente como os direitos das crianças são respeitados em todo o mundo.

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O KidsRights Index, agora em sua 13ª edição , é o primeiro e único ranking global que mede anualmente como os direitos da criança são respeitados em todo o mundo e em que medida os países estão contribuindo para a melhoria dos direitos da criança. A introdução temática do ranking de 2025 destaca o problema da falta de dados e, entre outras coisas, revela a necessidade urgente de ações coordenadas para lidar com o impacto nocivo do ambiente digital nas mentes jovens.

O relatório KidsRights Index 2025, publicado pela KidsRights Foundation em colaboração com a Universidade Erasmus de Roterdã (Instituto Internacional de Estudos Sociais e Escola Erasmus de Economia), destaca que mais de 14% das crianças e adolescentes de 10 a 19 anos em todo o mundo enfrentam problemas de saúde mental, com uma taxa média global de suicídios de 6 por 100.000 entre adolescentes de 15 a 19 anos. No entanto, o Comitê das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança alerta que esses números representam apenas a ponta do iceberg, visto que os suicídios continuam significativamente subnotificados em todo o mundo devido ao estigma, à classificação incorreta e aos mecanismos de notificação inadequados.

“O relatório deste ano é um alerta que não podemos mais ignorar”, disse Marc Dullaert, fundador e presidente da KidsRights. “A crise de saúde mental e/ou bem-estar entre nossas crianças atingiu um ponto crítico, exacerbado pela expansão descontrolada de plataformas de mídia social que priorizam o engajamento em detrimento da segurança infantil. A polêmica em torno de 'Adolescência', da Netflix, em fevereiro, evidenciou preocupações globais sobre a representação e a proteção das crianças nas mídias digitais – mas precisamos de ação, não apenas de indignação.”

O Comitê das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança solicitou a intensificação da coleta de dados, da conscientização e da formação de profissionais de saúde mental para lidar com o aumento das taxas de suicídio e do sofrimento emocional entre crianças e adolescentes. O Comitê observou que, atualmente, os Estados Partes não estão atendendo suficientemente às necessidades de saúde e desenvolvimento de adolescentes de até 18 anos.

A CAIXA DE PANDORA DIGITAL
A introdução ao relatório KidsRights Index 2025 identifica uma correlação preocupante entre o uso problemático de mídias sociais e a deterioração de situações de saúde mental. Entre 2018 e 2022, o uso problemático de mídias sociais entre adolescentes de 11, 13 e 15 anos em 44 países da Europa, Ásia Central e Canadá aumentou de 7% para 11%. Estudos de pesquisa estabeleceram uma correlação direta entre o uso excessivo da internet e das mídias sociais e o aumento de tentativas de suicídio entre menores de 19 anos, com base em dados da Turquia, Áustria, Europa, Coreia, Taiwan, Austrália, Canadá e China.

“Estamos testemunhando governos lutando para conter uma crise digital que está remodelando fundamentalmente a infância”, continuou Dullaert. “Embora as principais plataformas de mídia social enfrentem multas em algumas jurisdições – como a multa de £ 12,7 milhões imposta pelo Reino Unido pelo uso indevido de dados de crianças – essas medidas reativas são insuficientes. Precisamos de estruturas proativas e abrangentes que priorizem o bem-estar infantil em detrimento dos lucros corporativos.”

O relatório observa variações regionais nos riscos de exposição digital. Na Europa, jovens de 13 anos enfrentam o maior risco de uso problemático de mídias sociais, com 13%, enquanto jovens de 11 anos correm maior risco de jogos problemáticos, com 13%. O contato online contínuo com amigos ao longo do dia afeta 39% dos jovens de 15 anos, criando níveis sem precedentes de dependência digital.

REGULAMENTAÇÃO VS. DIREITOS: ENCONTRANDO O EQUILÍBRIO
O relatório do Índice revela crescentes esforços internacionais para combater os danos digitais, mas alerta contra abordagens que possam inadvertidamente violar os direitos das crianças. A recente proibição do acesso de menores de 16 anos às mídias sociais na Austrália, prevista para entrar em vigor em dezembro de 2025, exemplifica essa tensão. Embora vise proteger os jovens dos efeitos nocivos das mídias sociais, o relatório observa que tais proibições generalizadas podem infringir os direitos civis e políticos das crianças, incluindo seus direitos de acesso à informação, privacidade, associação, saúde, desenvolvimento e educação, conforme previsto na Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança.

A lei francesa de 2023 e a proposta da Noruega de aumentar a idade mínima para consentimento nas redes sociais para 15 anos oferecem abordagens mais flexíveis, permitindo o consentimento parental para crianças menores, mantendo, ao mesmo tempo, as estruturas de proteção. O relatório enfatiza que a falha dos governos em regulamentar de forma abrangente o ambiente digital não deve ser mascarada por "proibições rápidas" que podem privar as crianças de conteúdos educacionais benéficos e levar ao isolamento social.

APELO PARA AÇÃO IMEDIATA
Dullaert enfatizou a necessidade urgente de uma ação global coordenada: “Os governos devem ir além de políticas reativas e adotar estratégias abrangentes que abordem as causas profundas desta epidemia de saúde mental. Isso significa avaliações obrigatórias de impacto sobre os direitos da criança em todas as plataformas digitais, algoritmos transparentes projetados com o bem-estar infantil em mente e parcerias público-privadas robustas que priorizem a proteção em detrimento do lucro”.

O relatório recomenda medidas imediatas, incluindo:

Implementar avaliações abrangentes de impacto dos direitos da criança em todas as plataformas de mídia social e serviços digitais
Estabelecer sistemas obrigatórios de verificação da idade que protejam as crianças em vez de as excluir
Criação de serviços especializados de apoio à saúde mental, adaptados aos desafios da era digital
Desenvolver currículos educacionais que desenvolvam a alfabetização digital e a resiliência emocional
Garantir formação adequada para os profissionais de saúde abordarem questões de saúde mental relacionadas com a tecnologia
“A polêmica da Netflix sobre 'Adolescência' em fevereiro demonstrou uma conscientização global sobre essas questões, mas a conscientização por si só não é suficiente”, concluiu Dullaert. “Precisamos de ações concretas para garantir que a revolução digital sirva para melhorar, e não colocar em risco, o bem-estar dos 2,2 bilhões de crianças do mundo. O tempo das meias-medidas acabou.”

LACUNAS CRÍTICAS DE DADOS DIFICULTAM O PROGRESSO
Um desafio significativo identificado no relatório é a grave falta de dados abrangentes sobre a saúde mental infantil em todo o mundo. Apesar da natureza generalizada dos problemas de saúde mental entre os jovens, a coleta de dados ainda está em fase inicial. A 7ª rodada de Pesquisas por Agrupamento de Indicadores Múltiplos (MICS), iniciada em 2023, representa o primeiro grande esforço para coletar sistematicamente dados sobre saúde mental entre adolescentes. No entanto, até abril de 2025, apenas a Mongólia havia fornecido dados substanciais sobre indicadores de saúde mental entre adolescentes, e dados quantitativos comparáveis ​​não devem estar suficientemente disponíveis nos próximos 2 a 3 anos.

O Comitê dos Direitos da Criança da ONU vem abordando cada vez mais as questões de saúde mental. Em suas Observações Finais de 2024, 16 dos 19 países analisados ​​receberam recomendações específicas sobre serviços de saúde mental, prevenção do suicídio ou questões relacionadas. O Comitê expressou preocupações explícitas com o aumento das taxas de suicídio em países como Argentina, Estônia, Israel e Rússia, enquanto Lituânia, Paraguai e Turcomenistão foram aconselhados a fortalecer as estratégias de prevenção ao suicídio.

RANKINGS DE ÍNDICES REVELAM DISPARIDADES GLOBAIS
O Índice KidsRights 2025 mostra que Grécia, Islândia, Luxemburgo e Alemanha mantiveram suas posições como países com melhor desempenho na concretização dos direitos da criança. Apenas diferenças mínimas nas pontuações separam os três primeiros colocados. Mônaco entrou no top 10 com uma notável melhora de 13 posições, do 18º para o 5º lugar, enquanto a Noruega também subiu para o top 10, do 11º para o 8º lugar.

Mudanças significativas na classificação incluíram a drástica melhora da Lituânia, que subiu 92 posições, do 112º para o 20º lugar. Isso se deve principalmente ao melhor desempenho do país na criação de um ambiente propício para os direitos da criança, de acordo com a avaliação mais recente do Comitê dos Direitos da Criança da ONU. A Armênia avançou 56 posições (do 125º para o 69º lugar ) e a Argentina avançou 36 posições (do 84º para o 48º lugar).

No entanto, declínios preocupantes foram observados em vários países. O México apresentou a queda mais acentuada, caindo 87 posições, da 42ª para a 129ª, seguido pela Bulgária, que caiu 75 posições, da 30ª para a 105ª. Essas quedas foram atribuídas à redução das pontuações no domínio 5 do Índice (que mapeia o desempenho em ambiente favorável aos direitos da criança) após as avaliações do Comitê da ONU de 2024.

O Afeganistão permaneceu na última posição do ranking (194º), substituindo o Chade como o país com pior desempenho. O Sudão do Sul manteve sua posição como o segundo pior país, destacando os desafios persistentes em regiões afetadas por conflitos.
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