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Inovação Educacional
September 10, 2024 9:19 AM
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O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa? Luciano Sathler É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática. Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing. O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais. Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho. A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados. A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar. No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes. Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador". Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante. Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos. Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano. O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.
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Inovação Educacional
June 30, 4:24 PM
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The AILit Framework for primary and secondary education is a joint initiative of the European Commission (EC) and the Organization for Economic Cooperation and Development (OECD). Its development is supported by Code.org
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Inovação Educacional
June 30, 4:21 PM
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Dos 10.803 estudantes de graduação que ingressaram em 2025, 53,5% são oriundos de escolas públicas e 28,3% são pretos, pardos e indígenas
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Inovação Educacional
June 30, 11:16 AM
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Especialista em IA, Li Jiang diz que atual revolução tecnológica mostra que devemos parar de fazer o que as máquinas fazem para focar em habilidades humanas Na era das revoluções tecnológicas, não adianta competir com softwares e robôs, mas entender quais as habilidades que tornam os humanos diferentes. Essa é uma das reflexões de Li Jiang, professor da Universidade de Stanford (EUA), responsável pela primeira disciplina da instituição juntando inteligência artificial, robótica e ensino. Em entrevista ao Estadão, o pesquisador comentou algumas das suas visões sobre o uso e as potencialidades da tecnologia na educação para o presente e o futuro. Deixe os cálculos para as máquinas “Você precisa ter a habilidade de diferenciar a capacidade humana da capacidade da máquina. Basicamente, se você está incentivando seus filhos a fazerem muitos cálculos, isso não está certo. É como pedir pra ele calcular mais rápido e com mais precisão do que uma máquina. Não tem sentido.” “O que aprendem na sala de aula geralmente não é muito inspirador, são conhecimentos antigos. Não estou dizendo que o conhecimento antigo não é bom. Eles são importantes, mas não devem ser a única coisa que aprendemos no ensino fundamental e médio. Eles deveriam ter canais para se expor às novidades que ocorrem na pesquisa, nas universidades, nos laboratórios nos últimos anos. Os cientistas deveriam dedicar algum tempo para ensiná-las de alguma forma.” Inovação é o que importa “Nos velhos tempos, o conhecimento era a chave. Se você sabia algo e eu não, você tinha mais chances. Você poderia ir às bibliotecas, encontrar livros, memorizar conhecimentos. E, se alguém precisasse encontrar as informações, deveria ir à biblioteca, pegar todos esses livros. Hoje está tudo ao alcance de todos. Não competimos no conhecimento existente e em quão rápido você chega neles porque todos podem fazer isso. É a inovação que importa, como usar o conhecimento e criar algo novo. É importante ensinar criação e inovação de modo mais humanizado, já que toda a IA ainda está presa ao anterior.” Proibir celular em sala adianta? “Claro que notamos que o tempo de atenção dos alunos é mais curto na universidade por causa das distrações causadas por mensagens de texto, eles olham para o telefone a cada minuto. É um problema. Mas em países asiáticos, os pais proíbem celulares e jogos de computador antes da faculdade. Depois que vão para a faculdade e os pais não estão por perto, eles começam a faltar às aulas. Eles só jogam no computador dia e noite, não conseguem mais se controlar, não têm a capacidade de lidar com isso, de dizer não.” Perguntar ao ChatGPT? “Acho que é a primeira vez na história humana que podemos realmente impulsionar uma aprendizagem orientada pelo interesse. Sou professor, mas meus filhos sempre vêm com perguntas que não consigo responder. Eu digo: vá perguntar para o ChatGPT. Ele provavelmente tem mais de 99% de chance de ter alguma resposta. Pelo menos para guiá-los e dizer ‘você quer isso, pesquise aqui’. Porque se você me fizer um monte de perguntas em uma área que não conheço, eu nem sei para que lado apontar.”
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Inovação Educacional
June 30, 11:14 AM
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Nova pesquisa da Microsoft revela que a IA sozinha não ajuda a resolver o esgotamento dos profissionais
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Inovação Educacional
June 30, 11:12 AM
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Em entrevista à CNN, Sarah Borges destacou o papel fundamental da família em sua trajetória, que a levou a receber prêmio da instituição americana
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Inovação Educacional
June 30, 11:05 AM
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Of the 14 district leaders interviewed, 11 took a DIY approach to crafting their own AI training. They pieced together different kinds of resources put out by tech companies like Google, as well as education organizations like Digital Promise and the International Society for Technology in Education.
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Inovação Educacional
June 30, 11:04 AM
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Portaria que regulamenta a gestão dos incentivos financeiros-educacionais foi publicada nesta sexta-feira (27). Estudantes matriculados na 4ª série do ensino médio poderão receber até três parcelas anuais do incentivo referente à conclusão
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Inovação Educacional
June 30, 11:03 AM
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Evento realizado nesta sexta-feira (27) apresentou as principais diretrizes do novo Decreto nº 12.456/2025, que regulamenta o tema, bem como orientações práticas sobre o uso do sistema e-MEC no novo cenário
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Inovação Educacional
June 30, 10:57 AM
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O amor eterno pela professora dos anos iniciais do ensino fundamental se transforma em desconexão ou rejeição à escola na adolescência. Em meio à atração das redes sociais, ao grande acesso a informações e às mudanças inerentes a esse período do desenvolvimento, atrair o interesse dos jovens para a escola é um dos grandes desafios da educação atual. “Não podemos cair na ilusão de que a solução é simplesmente vigiar e punir, acreditando que mais regras vão resolver os problemas”, diz a superintendente do Itaú Social, Patrícia Mota Guedes.
A entidade tem trabalhado com projetos focados no ensino fundamental 2 (6º ao 9ºano), onde estão os estudantes de 11 a 14 anos, mas que por muito tempo foi esquecido pelas políticas educacionais.
Patrícia diz que as famílias e os adultos da escola precisam compreender as mudanças biológicas, psicológicas e sociais nesta etapa da vida, rejeitando rótulos como “aborrecentes” ou “preguiçosos”. “É importante lembrar que, mesmo na adolescência, a opinião e o envolvimento dos pais ainda têm muito valor. Eles escutam, mesmo que nem sempre demonstrem”, afirma. “Temos que valorizar as múltiplas aprendizagens que acontecem além das notas, além das provas, além do Enem. O sofrimento pode ser estar presente, silencioso, escondido atrás de um bom desempenho acadêmico.”
A especialista destaca ainda a importância da convivência na escola, com muita escuta dos jovens, mas também de novos formatos de aulas, mais atividade física e uso de tecnologia. “Engajamento e pertencimento caminham juntos, e a tecnologia, usada com intencionalidade, pode ser uma grande aliada nesse processo. É preciso tirar os adolescentes do papel de meros consumidores de conteúdo pouco críticos e colocá-los também no papel de produtores”, diz. “Eles precisam ver sentido no que aprendem.”
Para você
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Como fazer com que o adolescente se interesse pela escola? A preocupação precisa girar em torno de como as escolas conseguem desenvolver vínculos e criar uma cultura de confiança com os estudantes, ter qualidade nas convivências. Mas isso não acontece do dia para a noite. É algo que precisa ser cultivado diariamente, com rotinas que permitam que os adultos possam conversar com os adolescentes, escutá-los e realmente compreender o que está acontecendo nas interações com eles. Isso envolve criar espaços genuínos de escuta e acolhimento, e não apenas reagir quando há uma situação extrema, de bullying, por exemplo. Esse tipo de situação é bastante conhecida por quem estuda clima escolar, isso fica encoberto, não é verbalizado facilmente e é preciso tempo, confiança e estratégias adequadas para que venha à tona.
Novos formatos de aulas, mais atividade física e uso de tecnologia são fundamentais para aumentar interesse dos alunos. Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO Quais as soluções que têm dado certo na prática? Há um desafio importante: a formação dos professores especialistas (que atuam no fundamental 2) costuma ser muito diferente da dos pedagogos (do fundamental 1), o que faz com que muitos conheçam pouco sobre essa fase inicial da adolescência. Os estudantes de 12, 13 anos ainda transitam entre a infância e a adolescência. Ter professores no 6º ano que possam atuar como figuras de referência, que compreendam as demandas emocionais e cognitivas desse momento, faz toda a diferença. Investir em mentoria com adolescentes mais velhos também. Para quem está no 6º ano, um colega do 7º ou 8º ano já representa alguém que “cruzou a fronteira”, que pode ser uma referência. Esses apoios vão desde questões práticas, como onde fica a biblioteca, como organizar os estudos, até aspectos de convivência e regulação social. É fundamental observar se os estudantes que chegam são bem recebidos pelos mais velhos ou se esse é justamente o momento em que o bullying se intensifica. Muitas vezes, essas práticas negativas acabam sendo naturalizadas, incorporadas à cultura adolescente, e passam despercebidas pelos adultos da escola.
E na sala de aula? As salas de aula precisam estar organizadas para favorecer o trabalho em grupo, em duplas ou em outros tipos de agrupamentos colaborativos. Muitas vezes, a tecnologia entra na escola apenas para digitalizar práticas tradicionais, como se fosse apenas trocar o quadro pelo projetor, sem alterar a lógica da aula. Pensar em metodologias mais significativas, como projetos interdisciplinares que envolvam mais de um professor, pode transformar essa experiência. Quando esses projetos estão conectados a questões contemporâneas, que realmente fazem sentido para os adolescentes, o engajamento aumenta. Há a oportunidade de incorporar a cultura digital e o letramento digital com criticidade. Eles precisam aprender a ler criticamente o mundo digital e também a produzir conteúdo. É fundamental que a escola traga o mundo digital para dentro da sala de aula com propósito, com escuta e com mediação.
Mas estamos em um momento em que os adolescentes podem entender que os adultos demonizam a tecnologia, com proibição de celulares, medo das interações nas redes sociais… A tecnologia continua sendo uma ferramenta extremamente interessante e útil quando pensamos em experiências de aprendizagem, especialmente no que diz respeito ao engajamento dos adolescentes. Mas é essencial tirar os adolescentes do papel de meros consumidores de conteúdo pouco críticos e colocá-los também no papel de produtores. Essa mudança é fundamental para desenvolver um uso mais ativo, criativo e consciente da tecnologia. Tudo isso faz muito sentido para os adolescentes e tem gerado altos níveis de engajamento. Engajamento e pertencimento caminham juntos, e a tecnologia, usada com intencionalidade, pode ser uma grande aliada nesse processo.
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E como deve ser o trabalho da escola com a família? É recorrente no sistema educacional a tendência de culpabilizar as famílias. Quando as reuniões de pais são menos frequentadas, muitas vezes isso está ligado a situações de vulnerabilidade, com pais já sobrecarregados, como no caso de mães solo. E aí as famílias são vistas como desestruturadas. Mas mesmo com pais que se esforçam, os adolescentes muitas vezes não se sentem à vontade para compartilhar tudo com eles. Isso faz parte do desenvolvimento saudável dessa fase da vida. Por mais dedicados que sejam, os pais não conseguem sozinhos lidar com todas as questões que surgem. Assim, é essencial pensar em uma rede de apoio mais ampla, que inclua outras referências, não apenas adultos, mas também adolescentes e jovens mais velhos que possam ajudar a criar canais de comunicação. Não podemos cair na ilusão de que a solução é simplesmente vigiar e punir, acreditando que mais regras vão resolver os problemas. Na verdade, quanto mais regras impomos, mais os jovens aprendem a driblá-las.
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Por que o Brasil ainda tem tantos jovens que não fazem nada?
Os adultos estão distantes do universo do adolescente, muitas vezes entendendo como uma fase problemática, chamada de ‘aborrecência’ Hoje já temos muitas evidências, tanto na psicologia da educação quanto na neurociência, sobre as mudanças que ocorrem nos estudantes no início da adolescência. Quando eles saem do 5º ano e chegam ao fundamental 2 com 11 ou 12 anos, passam por transformações biológicas, psicológicas e sociais significativas. Os adultos, não só na escola, mas também nas famílias e na sociedade, ainda compreendem pouco isso. Muitas vezes, caem rapidamente em estereótipos que tratam a adolescência como uma fase problemática. Termos como “aborrecência” e adjetivos como “preguiçosos”, “rebeldes” ainda são usados com frequência, quando, na verdade, essa etapa da vida é uma janela riquíssima de oportunidades. É a última fase do desenvolvimento humano em que o cérebro apresenta um grau elevado de plasticidade, também um período de intensas mudanças cognitivas, especialmente nas funções executivas, como a tomada de decisões, o planejamento e o raciocínio. O adolescente precisa ver sentido no que aprende, precisa se sentir conectado, precisa interagir com os colegas como parte da aprendizagem. Precisa colocar a mão na massa, vivenciar experiências práticas, mas também precisa ter canais seguros para dialogar com adultos.
Mas os professores também precisam de formação para isso. De modo geral, a formação inicial nas licenciaturas ainda aborda muito pouco essa fase específica do desenvolvimento humano. E muitos docentes ainda recorrem à aula tradicional porque têm receio de trabalhar com grupos pequenos, com dinâmicas mais abertas, por medo do caos, do que pode fugir ao controle. Mas existe um “caos bom” na sala de aula: aquele que surge quando os alunos estão engajados, colaborando em grupos, em duplas, trocando ideias. Esse tipo de ambiente requer, sim, a supervisão do professor, mas também exige que ele se sinta preparado e apoiado para conduzir esse processo. E também é preciso saber comunicar isso às famílias, a valorizar essas múltiplas aprendizagens que acontecem além das notas, além das provas, além do Enem.
Hoje também os professores precisam ter uma leitura crítica sobre o território digital e isso não significa tratar a internet ou as redes sociais como vilãs e, sim, entender os riscos, como a disseminação de discursos de ódio e desinformação, mas também o potencial de aprendizagem, conexão e expressão. Embora já existam muitos cursos online, vídeos, materiais, eles acabam atraindo quem já está mais familiarizado ou tem menos medo das tecnologias. Por isso, faz muita diferença quando a iniciativa parte da gestão: das secretarias de educação e da direção escolar.
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Muitas vezes as famílias dão valor apenas ao conteúdo, ao resultado, às provas, e a escola não consegue inovar nesse sentido. PUBLICIDADE
A escola precisa ajudar as famílias a compreender o que está acontecendo com seus filhos adolescentes, a entender melhor essa fase da vida que, por si só, já traz tantas transformações. Os pais também sabem pouco sobre o desenvolvimento na adolescência. E mais do que conhecimento, é preciso haver acolhimento, inclusive para lidar com algo que pode ser difícil: aceitar que a relação que tinham com seus filhos quando eram pequenos vai mudar. Na adolescência, é natural que os jovens não contem tudo para os pais e, mesmo que digam que estão contando tudo, é importante entender que existem conversas e experiências que eles vão compartilhar prioritariamente com os amigos. E isso não é necessariamente um problema. A grande questão é: existem outros adultos, e até jovens adultos, dentro da escola que podem exercer esse papel de referência, de apoio, de escuta? É preciso que a escola diga: sim, haverá momentos em que os adolescentes vão buscar primeiro outro adolescente, e tudo bem, como vamos nos organizar para que essa rede de apoio funcione de forma saudável?
Impor mais regras também não é a solução nessa fase? Claro, as regras são importantes, elas fazem parte do processo de aprendizagem dos adolescentes. Regras bem construídas os ajudam a perceber e respeitar os limites do outro. Isso é fundamental em uma fase de tantas transformações, intensidades emocionais e uma certa dificuldade natural de leitura de contexto e percepção de riscos. Mas quando se exagera na rigidez ou na vigilância, os adolescentes tendem a reagir de duas formas: ou driblam as regras ou adoecem. E essa é uma fase de vulnerabilidade emocional acentuada, em que sintomas como depressão e ansiedade são mais frequentes. É importante lembrar que, mesmo na adolescência, a opinião e o envolvimento dos pais ainda têm muito valor. Eles escutam, mesmo que nem sempre demonstrem. Por isso, criar e fortalecer esses espaços de diálogo, tanto entre escola quanto dentro das famílias, é essencial para promover um desenvolvimento mais saudável, consciente e conectado com o mundo em que vivemos. É comum que, nessa fase, muitos adultos sintam que perderam espaço na vida dos filhos, mas há uma reconfiguração dessa relação. A presença continua sendo importante, só muda de forma. Esse vínculo pode se fortalecer por meio de pequenas ações cotidianas: fazer algo juntos que o adolescente gosta, conversar sobre interesses reais, e não apenas sobre notas ou obrigações.
Qual a importância de outras atividades, como a educação física, nessa escola pensada para os adolescentes? A ciência já mostra que o movimento melhora a atenção, o foco e o desempenho acadêmico. Mesmo assim, a educação física ainda é tratada como algo periférico, confinada a uma caixinha isolada na grade curricular, no final do turno, como se fosse um momento de descanso ou uma atividade menos relevante. O exercício físico pode ajudar os adolescentes a se concentrarem melhor. Quando o movimento é distribuído ao longo do dia, o resultado é um estudante mais atento, mais engajado. Isso também vale para momentos curtos de descompressão. Mesmo ações simples, como sair de uma sala para outra, promovem esse tipo de alívio. É verdade que salas ambientes podem causar certo tumulto logístico, mas, ao mesmo tempo, oferecem aos adolescentes a possibilidade de movimentar-se entre um conteúdo e outro. É necessário olhar também para o espaço físico. Onde os adolescentes se encontram? Existem cantinhos de conversa, de respiro? Pensamos muito nos territórios digitais, mas talvez seja hora de dar a mesma atenção ao território físico, onde eles passam tantas horas do dia.
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Inovação Educacional
June 30, 10:56 AM
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"O objetivo é premiar as cidades e estados que atingirem as metas de creches, alfabetização de crianças, escolas em tempo integral e ensino técnico profissionalizante", escreveu o presidente em postagem nas redes sociais.
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Inovação Educacional
June 30, 10:55 AM
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Desde o aparecimento do ChatGPT há quase três anos, o impacto das tecnologias de inteligência artificial (IA) na aprendizagem tem sido amplamente debatido. Elas são ferramentas úteis para uma educação personalizada ou portas de entrada para a desonestidade acadêmica? Mais importante ainda, surgiu a preocupação de que o uso da IA leve a uma banalização generalizada, ou seja, ao declínio da capacidade de pensar criticamente. Se usarem ferramentas de IA muito cedo, argumenta-se, alunos podem não desenvolver habilidades básicas para o pensamento crítico e para a resolução de problemas. Será que isso é verdade? De acordo com um estudo recente realizado por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), parece que sim. Os pesquisadores afirmam que o uso do ChatGPT para ajudar a escrever redações pode levar a um déficit cognitivo e uma "provável diminuição da capacidade de aprendizagem". Então, o que o estudo descobriu? A DIFERENÇA ENTRE USAR IA E APENAS O CÉREBRO Ao longo de quatro meses, a equipe do MIT pediu a 54 adultos que escrevessem três redações usando o ChatGPT, um mecanismo de busca ou apenas seus próprios cérebros (grupo "apenas cérebro"). A equipe mediu o engajamento cognitivo examinando a atividade elétrica no cérebro e por meio da análise linguística das redações. O engajamento cognitivo daqueles que usaram IA foi significativamente menor em relação ao dos outros dois grupos. Esse grupo também teve mais dificuldade em lembrar citações de suas redações e sentiu um menor senso de propriedade sobre elas. Os participantes então trocaram de papéis para um quarto e último ensaio (o grupo "apenas cérebro" usou IA e vice-versa). O grupo que trocou IA por cérebro teve um desempenho pior e um engajamento apenas ligeiramente melhor do que o outro grupo durante a primeira sessão, e muito abaixo do engajamento do grupo que usou apenas o cérebro na terceira sessão. Os autores afirmam que isso demonstra como o uso prolongado da IA levou os participantes a acumular um déficit cognitivo. Quando finalmente tiveram a oportunidade de usar seus cérebros, eles foram incapazes de replicar o engajamento ou ter um desempenho tão bom quanto os outros dois grupos. Os autores, porém, ressaltam que apenas 18 participantes (seis por condição) completaram a quarta e última sessão. Portanto, as descobertas são preliminares e requerem mais testes. ISSO MOSTRA QUE A IA NOS TORNA MAIS BURROS? Esses resultados não significam necessariamente que os alunos que usaram IA acumularam déficit cognitivo. Em nossa opinião, as conclusões se devem ao desenho específico do estudo. A mudança na conectividade neural do grupo que utilizou apenas o cérebro nas três primeiras sessões foi provavelmente o resultado de uma familiarização com a tarefa do estudo, fenômeno conhecido justamente como efeito de familiarização. À medida que os participantes do estudo repetem a tarefa, eles ficam mais familiarizados e eficientes, e sua estratégia cognitiva se adapta à tarefa. Quando o grupo de IA finalmente conseguiu "usar seus cérebros", por sua vez, seus participantes realizaram a tarefa de escrever a redação sozinhos apenas uma vez. Como resultado, não conseguiram igualar a experiência do outro grupo. Eles alcançaram um engajamento apenas ligeiramente melhor do que o grupo que utilizou apenas o cérebro durante a primeira sessão. Para justificar totalmente as afirmações dos pesquisadores, os participantes do grupo de IA para "apenas cérebro" também precisariam completar três sessões de redação sem a ajuda da IA. Da mesma forma, o fato de o grupo cérebro-para-IA ter usado o ChatGPT de forma mais produtiva e estratégica provavelmente se deve à natureza da quarta tarefa de redação, que exigia escrever um ensaio sobre um dos três tópicos escolhidos anteriormente. Como escrever sem IA exigia um engajamento mais substancial, os participantes deste grupo tinham uma lembrança muito melhor do que haviam escrito no passado. Assim, eles usaram a IA principalmente para pesquisar novas informações e refinar o que haviam escrito anteriormente. AS IMPLICAÇÕES DA IA NA AVALIAÇÃO DE ALUNOS Para entender a situação atual da IA, podemos olhar para trás e ver o que aconteceu quando surgiram as calculadoras eletrônicas. Na década de 1970, seu impacto foi regulado tornando os exames muito mais difíceis. Em vez de fazer cálculos à mão, esperava-se que os alunos usassem calculadoras e dedicassem seus esforços cognitivos a tarefas mais complexas. Na prática, o nível de exigência foi significativamente elevado, o que fez com que os alunos trabalhassem tanto (se não mais) quanto antes da chegada das calculadoras. O desafio com a IA é que, em sua maioria, os educadores não elevaram o nível de exigência de forma a tornar a IA uma parte necessária do processo. Os educadores ainda exigem que os alunos realizem as mesmas tarefas e esperam o mesmo padrão de trabalho de cinco anos atrás. Em tais situações, a IA pode ser prejudicial. Os alunos podem, em sua maioria, transferir o envolvimento crítico com a aprendizagem para a IA, o que resulta em "preguiça metacognitiva". No entanto, assim como aconteceu com as calculadoras, a IA pode e deve nos ajudar a realizar tarefas que antes seriam impossíveis —e ainda assim exigir um engajamento significativo. Por exemplo, podemos pedir aos alunos de pedagogia que usem a IA para produzir um plano de aula detalhado, que será então avaliado quanto à qualidade e solidez pedagógica em um exame oral. No estudo do MIT, os participantes que usaram IA estavam produzindo as "mesmas velhas redações". Eles ajustaram seu engajamento para entregar o padrão de trabalho esperado deles. O mesmo aconteceria se os alunos fossem solicitados a realizar cálculos complexos com ou sem uma calculadora eletrônica. O grupo que fosse obrigado a fazer os cálculos à mão ia suar, enquanto aqueles com calculadoras mal piscariam os olhos. APRENDENDO A USAR A IA As gerações atuais e futuras precisam ser capazes de pensar de forma crítica e criativa e resolver problemas. A IA, no entanto, está mudando o significado dessas coisas. Produzir ensaios com caneta e papel não é mais uma demonstração de capacidade de pensamento crítico, assim como fazer divisões longas não é mais uma demonstração de habilidade matemática. Saber quando, onde e como usar a IA é a chave para o sucesso a longo prazo e o desenvolvimento de habilidades. Priorizar quais tarefas podem ser transferidas para uma IA a fim de reduzir o déficit cognitivo é tão importante quanto entender quais tarefas exigem criatividade e pensamento crítico genuínos.
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Inovação Educacional
June 30, 10:50 AM
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Percentual é menor em relação a 2024, quando foi de 55,4%
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Inovação Educacional
June 30, 4:24 PM
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O programa Juros pela Educação é uma estratégia do Governo Federal que vincula o direito à educação à formação para o mundo do trabalho, promovendo novas oportunidades para a juventude. A iniciativa fortalece a Educação Profissional e Tecnológica (EPT), direcionando recursos significativos para a expansão de matrículas e melhorias na infraestrutura da oferta de cursos técnicos.
Ao promover a formação de jovens para o mundo do trabalho, o Programa não apenas incentiva o desenvolvimento econômico dos estados, como fomenta a inclusão social e econômica por meio da educação. São beneficiados estudantes do ensino médio articulado à EPT (nas formas integrada e concomitante), aqueles que já concluíram o ensino médio e desejam se matricular em um curso técnico (forma subsequente) e estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no ensino médio, na forma integrada à educação profissional.
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Inovação Educacional
June 30, 4:23 PM
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Artificial intelligence, or AI, is extremely popular today, but the technology has existed for decades — the term goes all the way back to the 1950s.
There have been huge advances recently, though, and these days AI can do all sorts of things, from playing chess and Pokémon to making pictures, writing computer code and completing research.
As these systems become more widely used and available in schools, universities and jobs, it is essential to understand how AI works and how to use it well. Seven out of 10 US teens have used at least one type of generative AI tool, according to research from non-profit organisation Common Sense Media, with more than half using it most often for homework.
The main thing to remember is that best-performing AI systems are based on language: text, numbers, video or images. The more specific the instructions and information it has, the better it can answer your requests.
Navigating the Digital World This is part of a report aimed at high school age students, looking at how to deal with the pressures and possibilities of online life. Other articles in the report include:
How to deal with online problems
How to make digital technology an educational force for good
Deepfakes and misinformation — how to tell the facts from the fiction
Twelve apps to ease your digital journey
How to apply for jobs online
The online bazaar — turning old stuff into income
Blog competition — can social media help save democracy?
The report is part of the Financial Times free schools access programme.
“As new technologies come online, much like with the calculator or the internet, it does take a little bit of time for society to adapt to using them and I expect AI is going to look like a similar transition as well,” says Daniela Amodei, co-founder and president of Anthropic, a company that creates AI models and products, including its chatbot Claude.
Earlier this year, Claude went viral for completing the video game Pokémon. But Claude and similar products like OpenAI’s ChatGPT or Google’s Gemini have also been incredibly successful at coding exercises, meaning they can create software.
They are also good at completing administrative tasks, especially writing or analysing text like emails or essays. Recent advances mean you can instruct your AI system to spend some time looking into a topic or question, rather than trying to answer straight away. AI can reference the internet and consider the usefulness of the information it gives you, and what form to provide it in.
“AI is the greatest gift to learning,” says Lisa Gevelber, founder of Grow with Google, which aims to improve AI literacy and skills. “You can move more quickly through the routine stuff and really get into the expert, important stuff by using AI. People who know how to use those tools and then apply their own expertise, judgment, and talents to what the AI tool provides are the best combination.”
However, many people advise against relying too much on AI systems for homework or jobs, as they can still make errors, and the user is seen as ultimately responsible. AI can create content that is not factually accurate, and it can be hard to tell why it reached a particular decision.
“AI is kind of like a parrot that learns by listening,” says Robbie Torney, from Common Sense Media. “AI has learned from the entire internet, so it picks up the same stereotypes and biases that exist [there], which means it might output things like men are scientists or teachers are women.”
There are also increasing concerns about over-reliance on these tools for education or friendship, which may prevent individuals from learning information or developing social skills.
So education experts and career advisers say it’s important to be able to critically assess the results that AI systems produce.
“Finish high school with really strong core competencies that position you well for college, but try also to distinguish yourself with unique skills in creativity and empathy,” advises Robin Lake, director at the Center on Reinventing Public Education, an education reform organisation. “Think about focusing on skills that (for now at least!) only the human mind and body possess.”
Research from the World Economic Forum suggests that 40 per cent of employers expect to reduce their workforce where AI can automate tasks. But the research also suggests that AI will create 11mn jobs while erasing 9mn existing roles, leading to questions about what careers will exist in the future for younger generations.
“AI can be a great starting point — it’s quick, fairly accessible and can help you organise your thoughts, generate examples, or understand a bit what employers might be looking for. But it’s important to remember that AI is limited to the data it’s trained on — it doesn’t know you, your goals, or what motivates you,” says Leanne Bisatt, employability and placements adviser at the University of Exeter.
“Think of AI as one of many tools in your toolkit. It can support your career thinking, but it doesn’t replace the importance of real-world experience, good information through independent research and working with career professionals, and your own decision-making.”
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Inovação Educacional
June 30, 11:20 AM
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A new report published today by Ofsted shares insights into how ‘early adopter’ schools and further education (FE) colleges across England are integrating generative artificial intelligence (AI) into teaching, learning, and administration.
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Inovação Educacional
June 30, 11:15 AM
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O ChatGPT prejudica o pensamento crítico? Um novo estudo de pesquisadores do Laboratório de Mídia do MIT apresentou resultados preocupantes.
O estudo dividiu 54 participantes — de 18 a 39 anos da região de Boston — em três grupos e pediu que escrevessem várias redações para o SAT usando o ChatGPT da OpenAI, o mecanismo de busca do Google e nada, respectivamente. Os pesquisadores usaram um EEG para registrar a atividade cerebral dos escritores em 32 regiões e descobriram que, dos três grupos, os usuários do ChatGPT apresentaram o menor engajamento cerebral e "desempenho consistentemente inferior nos níveis neural, linguístico e comportamental". Ao longo de vários meses, os usuários do ChatGPT ficaram mais preguiçosos a cada redação subsequente, frequentemente recorrendo ao recurso de copiar e colar ao final do estudo.
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O artigo sugere que o uso de LLMs pode, na verdade, prejudicar a aprendizagem, especialmente para usuários mais jovens. O artigo ainda não foi revisado por pares e sua amostra é relativamente pequena. Mas a autora principal do artigo, Nataliya Kosmyna, considerou importante divulgar os resultados para levantar preocupações de que, à medida que a sociedade depende cada vez mais de LLMs para conveniência imediata, o desenvolvimento cerebral a longo prazo pode ser sacrificado no processo.
“O que realmente me motivou a publicá-lo agora, antes de esperar por uma revisão completa por pares, é que receio que, em 6 a 8 meses, algum formulador de políticas decida: 'Vamos implementar o GPT no jardim de infância'. Acho que isso seria absolutamente ruim e prejudicial”, diz ela. “Cérebros em desenvolvimento correm o maior risco.”
Leia mais: Um psiquiatra se passou por um adolescente com chatbots de terapia. As conversas foram alarmantes.
Gerando ideias O MIT Media Lab dedicou recentemente recursos significativos ao estudo dos diferentes impactos das ferramentas de IA generativa. Estudos do início deste ano , por exemplo, constataram que, em geral, quanto mais tempo os usuários passam conversando com o ChatGPT, mais solitários se sentem.
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CONTEÚDO DE MARCA Descarbonizando o lucro: o caso de negócios da Fortescue para um futuro sem combustíveis fósseis POR FORTESCUE Kosmyna, que trabalha como pesquisadora em tempo integral no MIT Media Lab desde 2021, queria explorar especificamente os impactos do uso da IA nos trabalhos escolares, já que cada vez mais alunos a utilizam. Então, ela e seus colegas instruíram os participantes a escrever redações de 20 minutos baseadas em questões do SAT, incluindo textos sobre a ética da filantropia e as armadilhas de ter muitas opções.
O grupo que escreveu as redações usando o ChatGPT entregou redações extremamente semelhantes, sem originalidade, baseadas nas mesmas expressões e ideias. Dois professores de inglês que avaliaram as redações as descreveram como "sem alma". Os EEGs revelaram baixo controle executivo e baixo engajamento atencional. E, na terceira redação, muitos dos autores simplesmente deram o prompt ao ChatGPT e o deixaram fazer quase todo o trabalho. "Era mais como: 'só me dê a redação, refine esta frase, edite e pronto'", diz Kosmyna.
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O grupo que utilizou apenas o cérebro, por outro lado, apresentou a maior conectividade neural, especialmente nas bandas alfa, teta e delta, associadas à ideação criativa, à carga de memória e ao processamento semântico. Os pesquisadores descobriram que esse grupo era mais engajado e curioso, reivindicava a autoria e expressava maior satisfação com suas redações.
O terceiro grupo, que utilizou a Busca Google, também demonstrou alta satisfação e função cerebral ativa. A diferença aqui é notável porque muitas pessoas agora buscam informações em chatbots de IA, em vez da Busca Google.
Após escreverem as três redações, os participantes foram solicitados a reescrever uma de suas tentativas anteriores — mas o grupo ChatGPT teve que fazê-lo sem a ferramenta, enquanto o grupo que utilizava apenas o cérebro pôde agora usar o ChatGPT. O primeiro grupo se lembrava pouco de suas próprias redações e apresentou ondas cerebrais alfa e teta mais fracas, o que provavelmente refletiu um desvio dos processos de memória profunda. "A tarefa foi executada e pode-se dizer que foi eficiente e conveniente", diz Kosmyna. "Mas, como mostramos no artigo, vocês basicamente não integraram nada disso às suas redes de memória."
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O segundo grupo, por outro lado, apresentou bom desempenho, exibindo um aumento significativo na conectividade cerebral em todas as bandas de frequência do EEG. Isso levanta a esperança de que a IA, se usada corretamente, possa aprimorar o aprendizado em vez de prejudicá-lo.
Leia mais: Parei de dar aulas por causa do ChatGPT
Publicação posterior Este é o primeiro artigo de pré-revisão que Kosmyna já publicou. Sua equipe o submeteu à revisão por pares, mas não quis esperar pela aprovação, que pode levar oito meses ou mais, para chamar a atenção para uma questão que Kosmyna acredita estar afetando as crianças atualmente. "Educação sobre como usamos essas ferramentas e promoção do fato de que seu cérebro precisa se desenvolver de forma mais analógica são absolutamente cruciais", diz Kosmyna. "Precisamos ter uma legislação ativa e sincronizada e, mais importante, testar essas ferramentas antes de implementá-las."
O psiquiatra Dr. Zishan Khan, que atende crianças e adolescentes, afirma que atende muitas crianças que dependem fortemente da IA para seus trabalhos escolares. "Do ponto de vista psiquiátrico, vejo que a dependência excessiva desses LLMs pode ter consequências psicológicas e cognitivas indesejadas, especialmente para jovens cujos cérebros ainda estão em desenvolvimento", afirma. "Essas conexões neurais que ajudam a acessar informações, a memorizar fatos e a capacidade de resiliência: tudo isso vai enfraquecer."
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Ironicamente, após a publicação do artigo, vários usuários de redes sociais o analisaram em LLMs para resumi-lo e, em seguida, publicar as descobertas online. Kosmyna já esperava que as pessoas fizessem isso, então inseriu algumas armadilhas de IA no artigo, como instruir os LLMs a "lerem apenas esta tabela abaixo", garantindo assim que os LLMs retornassem apenas insights limitados do artigo.
Kosmyna afirma que ela e seus colegas estão trabalhando em outro artigo semelhante, testando a atividade cerebral em engenharia de software e programação com ou sem IA, e afirma que, até o momento, "os resultados são ainda piores". Esse estudo, afirma ela, pode ter implicações para as muitas empresas que esperam substituir seus programadores iniciantes por IA. Mesmo que a eficiência aumente, uma dependência crescente da IA pode reduzir o pensamento crítico, a criatividade e a resolução de problemas na força de trabalho restante, argumenta ela.
Estudos científicos que examinam os impactos da IA ainda são incipientes e estão em desenvolvimento. Um estudo de Harvard de maio constatou que a IA generativa tornou as pessoas mais produtivas, mas menos motivadas. Também no mês passado, o MIT se distanciou de outro artigo escrito por um aluno de doutorado em seu programa de economia, que sugeria que a IA poderia melhorar substancialmente a produtividade dos trabalhadores.
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A OpenAI não respondeu a um pedido de comentário. No ano passado, em colaboração com a Wharton Online, a empresa divulgou um guia para educadores sobre como utilizar a IA generativa no ensino .
Correção, 23 de junho
A versão original desta matéria caracterizou erroneamente a forma como o ChatGPT foi descrito no estudo. O artigo não omitiu qual versão foi utilizada; devido a um erro de digitação de seus autores, que será corrigido em edições futuras, mencionou erroneamente o GPT-4o em uma ocasião. Este parágrafo foi removido.
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June 30, 11:13 AM
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No fim de 2017, resolvi implantar um biochip na minha mão esquerda. O processo de me aproximar de um ciborgue veio cheio de ideias para aplicações, mas, no fim das contas, a intervenção biohacker não teve tanto uso assim. O tal chip é um pequeno equipamento eletrônico, pouco maior que um grão de arroz cozido, envolto num vidro estéril e resistente o suficiente para aguentar marteladas (eu testei acidentalmente). Usando ondas de rádio, se comunica com outros dispositivos num processo que também energiza o apetrecho, dispensando uma bateria. Ele é inserido sob a pele com uma seringa própria para a aplicação de microchips, como as usadas em animais, que possui uma agulha grossa. Dói como uma ferroada, principalmente nas horas após o procedimento.
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Inovação Educacional
June 30, 11:11 AM
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O desenvolvimento da inteligência artificial é uma das maiores mudanças em como vivemos e trabalhamos, pelo menos desde a invenção da internet. Ela mudará a maneira como todos nós vivemos. Mudará, e já está mudando, a forma como somos governados. Como resultado, há apelos em quase todos os países ricos para ensinar "como usar a IA" nas escolas ou para "incluir a IA no currículo", ou então para reformular o ensino e a avaliação de modo a refletir o quanto do que pedimos às crianças em idade escolar já pode ser feito pela IA. Em qualquer semana, recebo pelo menos um e-mail por dia de um ou outro grupo de campanha pedindo exatamente isso. Este debate é sobre uma nova tecnologia, mas faz parte de um argumento venerável na política educacional sobre até que ponto os currículos escolares devem ser "baseados em habilidades" ou "ricos em conhecimento". As escolas devem equipar as crianças com as habilidades de que precisarão no futuro ou dar-lhes uma base ampla de conhecimento? Um dos motivos pelos quais currículos "ricos em conhecimento" superaram programas "baseados em habilidades" é que somos péssimos em prever o futuro. Como poderia ser de outra forma? Não se poderia esperar que alguém que iniciasse a educação obrigatória em Ohio em 1977 soubesse que, ao terminar a escola, seu estado teria passado por uma desindustrialização significativa, a Guerra Fria teria terminado e os computadores pessoais teriam começado a se tornar acessíveis para grande parte da classe média americana. De quais "habilidades" as crianças de hoje precisarão no mundo da IA? A história nos ensina que aquelas que antes pensávamos que garantiriam uma renda estável para sempre não são garantia de nada disso. Programadores, que até recentemente eram considerados os herdeiros da Terra, agora enfrentam um mercado de trabalho incerto e podem nunca mais retornar à mesma posição e segurança de que desfrutavam, digamos, cinco anos atrás. Ou, para citar outro exemplo, na província de Alberta, rica em petróleo, em meados da última década , o desemprego entre geólogos — também anteriormente considerado uma vocação inabalável — era de 50%. De certa forma, a distinção entre habilidades e conhecimento é uma falsa dicotomia. Como afirma Daisy Christodoulou, diretora de educação da No More Marking, é como perguntar qual é "o equilíbrio certo entre ingredientes e bolo" . O programa No More Marking, que utiliza IA e outras ferramentas para reduzir o tempo gasto pelos professores — o recurso mais caro e também mais valioso nas escolas — na correção de notas, é, por si só, um bom exemplo da diferença. Automatizar a correção e outras tarefas administrativas libera os professores, mas, para aproveitar o tempo extra disponível, eles precisam da base de conhecimento para entender o que estão fazendo. Muitos dos meus amigos que trabalham em ofícios especializados obtêm a maior parte de sua renda com reparos, mas o treinamento deles não começou com uma torneira pingando ou uma fiação defeituosa — começou com a aquisição de uma camada de conhecimento fundamental. Essa é a outra razão pela qual currículos ricos em conhecimento são melhores do que aqueles com muitas habilidades: é o conhecimento que permite que você implemente e use suas habilidades. O mesmo se aplica à IA. Parte da implementação eficaz dessa tecnologia, em diversos campos, é ter a base de conhecimento necessária para entender como usá-la e avaliar se ela nos deu a resposta certa ou apropriada. À medida que a IA se torna mais avançada, suspeito que nosso próprio conhecimento será cada vez mais importante, pois precisaremos ser capazes de justificar e explicar por que escolhemos uma opção específica e por que a IA tomou suas decisões. Isso não quer dizer que a IA não deva mudar o que está em nossos currículos. O currículo na Inglaterra é um exemplo da abordagem correta, pois visa dar aos alunos a capacidade de compreender os fundamentos de como a programação e os computadores funcionam. Embora saber programar possa não ser uma habilidade útil no ambiente de trabalho do futuro, entender como a programação funciona e como os computadores "sabem" das coisas será vital. Navegaremos em um mundo em que ser capaz de entender por que a IA se comporta de determinada maneira será quase certamente crucial para avaliar tudo, desde como somos governados até se estamos recebendo um serviço adequado. Um currículo que prepara as crianças para usar a IA e para viver e trabalhar em um mundo moldado por ela continuará a transmitir conhecimento sobre a tecnologia (e sobre computadores em geral), em vez de aprimorar habilidades específicas. Não equiparemos a próxima geração para aproveitar ao máximo as novas máquinas pensantes se não as ensinarmos a pensar por si mesmas primeiro.
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Inovação Educacional
June 30, 11:05 AM
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But over the past school year, a growing number of districts have been training teachers on AI or encouraging them to experiment with the technology, research shows. The number of districts that trained teachers on generative AI more than doubled from 2023 to 2024, according to an analysis by the research and policy firm RAND Corp., released this spring. In the fall of 2024, 48% of districts reported they had trained teachers on AI use—up from 23% in the fall of 2023. If districts follow their plans for the current school year, nearly three-quarters will have provided AI training to educators by the fall of 2025, RAND concluded.
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June 30, 11:04 AM
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A interiorização do ensino confirma essa tendência: o Censo da Educação Superior de 2023, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostra que, dos 5.557 municípios brasileiros, apenas 1.035 oferecem cursos presenciais e EaD. Outros 2.281 contam exclusivamente com EaD.
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Inovação Educacional
June 30, 11:01 AM
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Deu até uma tremedeira aqui”, disse Victor Stefani ao avistar a seringa com uma agulha de 9 centímetros à sua frente. “Relaxa, vai doer menos que injeção”, reagiu Daniel Rodrigo, tentando tranquilizar o rapaz de 34 anos, que deu uma longa baforada em seu cigarro eletrônico. Ao redor, um pequeno grupo observava a cena com curiosidade. “Ele vai implantar um microchip no corpo”, explicou um pai ao filho que assistia à cena. “Mas para que ele vai fazer isso?”, murmurou o garoto, de olhos arregalados. Daniel Rodrigo é um profissional especializado em fazer tatuagens, piercings e outras modificações corporais. Naquele sábado, estava a serviço da empresa americana Dangerous Things – “coisas perigosas” em português – numa feira de tecnologia em São Paulo. Tinha sido contratado para implantar chips pouco maiores do que um grão de arroz nos participantes do evento. Operava num estande decorado com o slogan da empresa: “Humanos são coisa do passado, seja um ciborgue.” Os microchips em questão consistem num circuito eletrônico envolto por um cilindro transparente feito de um material compatível com tecidos humanos. Implantados na mão dos clientes, sob a pele entre o polegar e o indicador, são capazes de se comunicar com celulares e computadores e, uma vez instalados, podem armazenar informações sobre a identidade ou a saúde do portador, ou ainda servir de cartão de acesso. Nesse caso, eles permitem abrir a porta de casa ou do carro, e funcionam de forma análoga ao cartão magnético usado como chave em hotéis. “Sua pele é boa, bem descolada”, elogiou Rodrigo enquanto esticava com um beliscão a região onde injetaria o microchip na mão do rapaz (com formação em química, enfermagem e biomedicina, ele é habilitado a fazer os implantes há cinco anos). Mordendo os lábios, Victor Stefani desviou a cabeça para o lado, evitando olhar para a agulha de quase 4 milímetros de diâmetro que entrava em sua mão. “Viu só? Mole, mole”, consolou Rodrigo, ao final do procedimento. Naquele sábado, ele vendeu, a 392 reais cada, os 100 microchips que tinha levado para o evento. Implantou dezessete deles; os demais seriam colocados depois, em seu estúdio. Os microchips foram desenvolvidos por Amal Graafstra, um empreendedor de 41 anos que mora no interior do estado de Washington, no noroeste dos Estados Unidos. Fundador da Dangerous Things, Graafstra tem dois dispositivos implantados no corpo, um em cada mão. Estava escalado para uma palestra em São Paulo, mas não pôde viajar devido a um problema de saúde na família e fez sua apresentação por videoconferência. Graafstra cresceu numa pequena fazenda de laticínios. Desde a infância, gostava de desmontar eletrônicos num ferro-velho próximo, e se acostumou a ajudar a família nos serviços manuais, consertando o maquinário. Na adolescência, aprendeu sozinho a programar; um pouco mais velho, começou um curso profissionalizante de computação, que abandonou por julgá-lo muito básico. Foi em 2005 que ele implantou o primeiro chip, a fim de substituir as chaves, que considera objetos arcaicos. “Estava cansado de perder as chaves e ficar preso do lado de fora”, explicou Graafstra à piauí, falando dos Estados Unidos. Com a ajuda do médico da família, colocou um chip na mão direita usando um kit de implantes de identificação de animais. Um amigo publicou na internet um vídeo em que o empresário abria uma porta com a mão chipada, e logo sua caixa de mensagens estava abarrotada de comentários e pedidos de entrevista. Alguns se assustaram com as imagens; uma mulher chamou-o de “arquiteto do diabo”. Desde então, sua empresa já vendeu cerca de 30 mil chips pelo mundo afora, com preços entre 60 e 100 dólares. Um modelo popular consiste num ímã implantado sob a pele de um dos dedos, que os usuários podem usar para atrair pequenos objetos metálicos. Segundo Graafstra, o propósito do dispositivo é conferir ao usuário uma espécie de sexto sentido que ele chama de “visão magnética”. “Quando a gente passa por um campo magnético, o implante vibra, fazendo com que você perceba o mundo de maneira mais completa”, explicou. “Dá para brincar de confundir o GPS do telefone ou desligar o monitor do computador só de tocar na tela.” Houve quem comparasse os portadores dos implantes a personagens dos quadrinhos como Magneto, o vilão da Marvel que controla objetos metálicos a distância, ou Cyborg, o herói da Liga da Justiça cujo corpo é repleto de componentes robóticos. “Essa comparação é uma faca de dois gumes”, ponderou Graafstra. A vantagem, continuou, é que as pessoas estão mais dispostas a aceitar a fusão do corpo com as máquinas. “A parte ruim é que, na ficção, o chip é sempre usado para rastreamento ou para atirar mísseis, dois péssimos exemplos.” Graafstra disse que a segurança dos dispositivos vendidos por sua empresa foi testada em máquinas de ressonância magnética e detectores de metal, sem apresentar problemas. “Eles não têm prazo de validade e não requerem energia elétrica para funcionar”, afirmou. Por não se tratar de um produto de uso médico, não precisaram de aprovação pela FDA, agência americana que regula fármacos e alimentos. No futuro próximo, sua empresa pretende lançar chips que funcionem como cartão de crédito ou passaporte, ou que possibilitem fazer check-in em aeroportos e bater ponto no escritório. Graafstra sonha em tornar os implantes corriqueiros. “Para mim, o corpo humano é como um carro que abriga o cérebro, e que pode ser atualizado”, argumentou. Hoje, o principal entrave ao projeto não é de ordem técnica, mas religiosa. Seus chips já foram comparados à “marca da Besta”, descrita como um sinal na mão direita num trecho bíblico do Apocalipse. A associação diabólica não tira o sono do empresário, frequentemente taxado de adorador de Satã. Para Graafstra, a Bíblia é clara. “Para não se preocupar, basta implantar o chip na mão esquerda.”
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Inovação Educacional
June 30, 10:56 AM
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Estudo aponta que mensalidade pode subir até 21,6% com alterações; quem se matricular até 21 de agosto poderá concluir o curso dentro das normas antigas
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June 30, 10:56 AM
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Professores da rede estadual de São Paulo que tiverem mais de seis faltas em um mês não justificadas poderão ser impedidos imediatamente de continuar dando aulas. A nova regra vale a partir de agosto para docentes que têm o chamado contrato temporário, mas que são cerca de 52% dos que estão em sala de aula. Até hoje, esses profissionais só poderiam ter seu contrato rescindido no fim do ano letivo. A nova resolução foi publicada nesta sexta-feira, 27, no Diário Oficial do Estado de São Paulo. Além disso, professores que trabalharem em escolas em tempo integral e faltarem também a mais de seis aulas não poderão continuar no próximo ano nessas unidades. Os docentes recebem R$ 2.100 a mais para trabalhar nas escolas integrais.
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Inovação Educacional
June 30, 10:53 AM
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Letramento digital, educação midiática e competências socioemocionais são apontados como aliados para formação integral de crianças e adolescentes Transitar entre diferentes mundos, presenciais e virtuais, coletivos e individuais, exige um conjunto de habilidades que vão de competências socioemocionais às digitais. Comprometidas em formar estudantes preparados para esses desafios, as escolas têm ampliado olhares e currículos para garantir uma formação mais conectada às demandas atuais. Colégios como Miguel de Cervantes e Visconde de Porto Seguro promovem ações para desenvolver o letramento digital e o uso consciente da internet e das tecnologias digitais. A pesquisa TIC Kids Online Brasil, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), mostrou que a proporção de usuários de internet aumentou, consideravelmente, entre crianças de 0 a 8 anos. A faixa etária de 0 e 2 anos foi a que mais apresentou evolução e saltou de 9% para 44%, no período de 2015 a 2024. Entre 3 e 5 anos, o crescimento foi de 26% para 71%; já entre o público de 6 e 8 anos, os indicadores foram de 41% para 82%, de acordo com o levantamento. Pensando nas consequências desta hiperconectividade, o Porto Seguro criou um programa chamado Academia da Família que abre diálogo com os responsáveis pelos alunos por meio de workshops, encontros e palestras com especialistas para debater temas como saúde mental, bem-estar no ambiente familiar, uso consciente das tecnologias, entre outros. “A troca de boas práticas entre as famílias é um dos grandes ganhos, pois construímos uma rede de apoio mútua. Nosso principal objetivo é sempre intensificar as redes de proteção e apoio às crianças e adolescentes, construindo um espaço de diálogo aberto e seguro”, afirma Meire Nocito, diretora institucional educacional do Colégio Visconde de Porto Seguro. O colégio, ainda, desenvolve ações de letramento digital e cidadania no ambiente online, conduzidas por educadores das áreas de tecnologia e ciências humanas. Nessas atividades, os alunos têm a oportunidade de refletir e debater temas como privacidade, segurança e ética no mundo digital. Famílias mais próximas O Colégio Miguel de Cervantes também tem trazido as famílias para as discussões. O trabalho de educação digital, entretanto, começa com um mapeamento entre os alunos, a partir do 2º ano do Ensino Fundamental, para entender como a internet está sendo utilizada por eles, incluindo quais redes sociais e aplicativos. Com os resultados, as equipes de tecnologia educacional e coordenação pedagógica montam a ação, que inclui palestra e formação sobre cidadania digital envolvendo os responsáveis pelos estudantes. Denise Tonello, orientadora pedagógica do Ensino Fundamental do Cervantes, conta que o trabalho parte da premissa de mostrar às crianças, geração que pode ser até considerada como “nativos digitais”, mas não têm a maturidade para reconhecer que a internet não é um ambiente seguro. “Nas palestras a gente mostra que conversar com pessoas desconhecidas, como eles fazem na internet, é inseguro. Há uma ingenuidade que é das crianças”, conta ela. Já nos encontros com as famílias, a orientação é para que os adultos não permitam que as crianças tenham acesso às redes sociais. “A gente diz para eles que [permitir esse uso] é como abrir a porta de casa e colocar o filho no meio da rua”, compara. Além dessa iniciativa pontual, Denise explica que a educação digital integra a perspectiva global do projeto pedagógico da escola, com orientações e reflexões contínuas. “Se não houver este olhar, perdemos uma boa parte do que entendemos por aprendizagem por meio da convivência e da ética, e isso envolve o ambiente digital.” Educação midiática e educomunicação Outro pilar importante para garantir a formação integral dos estudantes é a educação midiática, que estimula habilidades como o pensamento crítico. Esses assuntos são discutidos em instâncias de escuta e diálogo compostas pela comunidade escolar do Colégio Porto Seguro, como os comitês de alunos, de pais e de professores, onde há troca de ideias que depois são apresentadas para ser incorporadas ao projeto pedagógico da escola e fortalecer a aprendizagem dos alunos. Escuta, protagonismo estudantil e educomunicação também são os destaques do projeto pedagógico da Escola Municipal (EMEF) Paulo Duarte, localizada na Zona Leste de São Paulo. A unidade participa do projeto Imprensa Jovem, que engloba outras escolas da rede municipal que prevê desenvolver competências socioemocionais e a educação midiática. Na Paulo Duarte, os alunos dos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental têm aulas semanais de conteúdos como produção de fotografia, vídeo, design com imagens, combate a fake news, além da possibilidade de participar de eventos da cidade fazendo “coberturas jornalísticas”. “O estudante precisa estar atento e crítico ao seu dia a dia, saber discernir o que é certo ou errado, por isso trabalhamos com as competências socioemocionais em todo o momento. Queremos uma geração que saiba lidar com as frustrações, mas seja esperançosa, por isso nosso objetivo é fazer a mediação para que eles sejam autônomos para levar sua voz e ideias para longe”, conta Regina Maria Nara, professora e orientadora de educação digital da EMEF Paulo Duarte. Mais do que saber utilizar as ferramentas digitais e se apropriar de toda a cultura que as cercam, como ética e segurança, é fundamental que crianças e adolescentes tenham oportunidade de desenvolver competências socioemocionais durante sua trajetória escolar. Entretanto, educadores apontam que é mais eficaz trabalhá-las de forma interdisciplinar e transversal dentro do currículo e não somente em oficinas ou atividades isoladas. Habilidades de função executiva, desenvolvidas desde a infância auxiliam os estudantes a se posicionarem e interagirem de forma adequada em múltiplos contextos, sejam eles ambientes físicos ou virtuais, coletivos ou individuais, segundo Kátia Chedid, head de governança educacional da Fundação Bradesco. Entre esses saberes, Kátia destaca o “a capacidade de controlar os impulsos e tomar decisões de forma consciente e deliberada, evitando reações impulsivas e inadequadas; a habilidade de adaptar-se a diferentes situações, perspectivas e demandas; o planejamento e a organização.” “Existem competências que contribuem significativamente para o desenvolvimento de relações saudáveis e equilibradas, como empatia, inteligência emocional, resiliência, pensamento crítico e o conhecimento para utilizar as tecnologias de forma segura, ética e responsável, compreendendo os impactos das ações que são realizadas no online”, diz.
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June 30, 10:50 AM
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Segundo dados do IBGE, apenas 23,1% dos jovens adultos do Ceará estão cursando o ensino superior, etapa de ensino adequada à faixa etária
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