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Inovação Educacional
September 10, 2024 9:19 AM
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O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa? Luciano Sathler É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática. Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing. O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais. Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho. A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados. A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar. No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes. Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador". Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante. Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos. Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano. O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.
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Inovação Educacional
May 5, 4:39 PM
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Dirigido pelo Professor Luciano Sathler, destacou duas tarefas fundamentais quando falamos sobre tecnologia na educação: primeiro proteger-se da tecnologia e segundo aprender a utilizá-la de forma eficaz. Estamos vivendo uma mudança de paradigma com o avanço da Inteligência Artificial (IA), no qual o avanço tecnológico vai adentrando de uma forma acelerada dentro da área da educação, é preciso saber utilizá-la. Se bem empregada gera um bem-estar, mas não adianta inserir a tecnologia nas escolas sem mudar a metodologia. “Nunca o papel de um bom professor foi tão essencial como nos dias de hoje”, ressaltou ele. Faz-se necessário professor e aluno estabelecer uma tarefa espiritual na prática do cuidado e da compaixão. Colocar na prática docente o coração e a coragem para assim quebrar alguns paradigmas e obter um resultado eficaz.
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Inovação Educacional
May 5, 11:51 AM
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Cinco anos após a decretação do lockdown imposto pela pandemia de covid-19, os jovens que à época cursavam o ensino médio relatam que estão com dificuldade de ingressar no mercado de trabalho e na universidade por não terem recuperado a defasagem causada pela formação online. Na visão deles, houve um prejuízo formativo devido às dificuldades do período de emergência climática. Segundo a pesquisa “Impacto da pandemia na educação do ensino médio brasileiro, na percepção do aluno”, 74% dos jovens apontam o ensino remoto como uma barreira para projetar seu futuro. Desses respondentes, 30% dizem que ficaram muito para trás, enquanto 44% sentem que estão um pouco para trás. O estudo foi produzido pela HSR Specialist Researchers sob encomenda do Valor. Além disso, há uma distribuição relativamente equilibrada entre os jovens que ainda não decidiram o que fazer (29%); os que disseram que ingressaram no mercado de trabalho, ou pelo menos estão tentando (30%); e os outros que começaram uma graduação (28%). Em quantidade menor (12%), estão os que estão em um curso técnico. Se analisado separadamente, dentre os jovens das classes C e D, os indecisos alcançam 47%, o que pode indicar dificuldades financeiras ou falta de oportunidades, explica Karina Milaré, sócia da HSR Specialist Researchers e responsável pela pesquisa. “Só agora, estamos começando a calcular o impacto da pandemia no médio e longo prazo”, afirma Milaré. “Se analisarmos por um viés socioeconômico, fica muito claro as dificuldades para os mais pobres. Precisamos cuidar dessa lacuna, pois, caso contrário, as dificuldades podem se exacerbar ainda mais.” Segundo a líder do estudo, há entre os jovens uma “percepção de impossibilidade de corresponder aquilo que lhes é exigido após os anos escolares. Por isso, tanta dúvida, insegurança e frustração.” Já para o gerente de qualidade do ensino médio integral do Instituto Sonho Grande, Mateus Moratorio, durante a crise sanitária o foco principal das políticas públicas educacionais era a manutenção do contato com os estudantes e famílias, visando garantir o acesso e a permanência, e não necessariamente políticas para recompor as defasagens causadas pelo ensino remoto. “Na época, todos ficamos muito preocupadas em conter os efeitos da covid-19, mas agora, no pós-pandemia, chegou o momento de enfrentarmos esses desafios.” Ainda sobre o período de estudo na pandemia, os estudantes afirmaram, por meio de respostas múltiplas, que o conteúdo foi ineficaz e raso comparado ao ensino presencial (35%), que tinham sentimentos negativos durante as aulas (21%), que preferiam o ensino presencial por melhor aprendizado (20%), que sentiam dificuldades de acompanhar o ritmo das atividades (19), que consideravam o professor despreparado para o ensino remoto (18%) e que se frustraram pela perda de conteúdo acadêmico (14%). Estudante de educação física na Universidade de São Paulo (USP), Ludmila Barbosa, de 19 anos, conta que “praticamente não aprendeu nada” das disciplinas de biologia, física, e química no ensino médio. Ela afirma que sente o impacto dessa defasagem no ensino superior. “Preciso voltar no conteúdo do ensino médio para entender o que está sendo passado agora”, relata. “Nessa época, algumas aulas se resumiam ao professor passar slide. Além disso, é muito mais fácil se distrair em uma aula no celular do que na sala de aula.” Já Luiz Guilherme Leite, de 20 anos, partilha que a ansiedade o acompanhou durante toda a pandemia. “O ensino remoto exige muita disciplina e responsabilidade, o que me deixou ansioso”, relata. “Era tudo muito novo, precisei, então, fazer tudo de um jeito diferente, e o pior: sem o contato cotidiano com o professor e sem a convivência com os colegas.” Junto ao ensino médio, Leite cursou técnico em segurança do trabalho. Apesar de não querer seguir a carreira, ele sentia que seu colégio “não ensinava para quem estava sendo preparado para o mercado de trabalho, porque as aulas eram muito rasas.” Além disso, o jovem diz que também foi necessária uma “readaptação” quando retornou ao ensino presencial. “Havia uma dificuldade, por exemplo de fazer prova sem consulta, por exemplo. No online, todos fazíamos prova olhando o caderno, e ainda, em segredo, alguns alunos passavam as repostas para outros”, conta. “Consequência disso: as únicas pessoas da minha turma que passaram para uma universidade federal foram as que fizeram cursos preparatórios.” Dentre os principais desafios do estudo remoto estão, segundo Milaré, os recursos para um bom aprendizado. “Enquanto os jovens mais abastados dispunham de um computador e um lugar mais tranquilo e espaçoso para estudar, as pessoas de classe C, por exemplo, contavam com lugares menores, que dividiam com familiares”, afirma a sócia da HSR Specialist Researchers. “Além disso, o acesso a equipamentos eletrônicos foi mais restrito também, a maioria só contava com o celular, que em muitos casos dividiam com outras pessoas.” O estudo aponta que os smartphones eram o principal meio de 85% dos jovens para assistir as aulas. “Com uma ampla maioria dos respondentes optando por essa ferramenta, sugere-se uma forte dependência desse dispositivo, possivelmente devido à acessibilidade e custo relativamente baixo”, afirma Milaré. No entanto, explica a responsável pela pesquisa, essa dependência pode ter impactado negativo na qualidade do aprendizado, “especialmente em comparação com o uso de computador, que oferecem uma experiência mais robusta para atividades educacionais.” Apesar de todas as dúvidas, a grande maioria dos jovens 94% acredita que a conclusão dos estudos é uma importante escada para o mercado de trabalho. E em consonância com esse dado, 60% consideram fundamental cursar uma graduação. Já para 32% dos participantes, a importância do curso superior depende de qual carreira vai se seguir, e somente 7% não acha necessário. Diante de tantos desafios, a maioria dos estudantes (55%) nunca pensou em abandonar os estudos. Somente 17% parou temporariamente de frequentar as aulas, e 28% cogitaram a possibilidade de evadir. Para a presidente executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz, esse resultado expressa que as famílias brasileiras estão cada vez mais valorizando a educação, porque, em sua análise, o nível de escolaridade das mães aumentou. Então, “a responsável não admite que o filho não termine o ensino médio pela consciência adquirida após completar a educação básica.” “A juventude também reconhece que terminar os estudos tem muito valor, do ponto de vista simbólico, e, acima de tudo, do ponto de vista prático”, explica Cruz. “Um jovem formado tem mais condições, por exemplo, de ingressar em melhores posições em seu primeiro emprego. Trata-se, portanto, de uma questão econômica que eles estão sintonizados.” Já sobre aqueles que não consideram necessário o ingresso na universidade, o gerente sênior de ensino médio da Fundação Bradesco, Leonardo Paes Monteiro, afirma que no Brasil há uma ausência de cultura do ensino superior, principalmente para jovens periféricos. “Ou seja, precisamos desenvolver um trabalho a fim de mostrar para esse jovem que a universidade é um lugar que eles podem e devem acessar”, afirma. “O fato de existir universidade pública e muitas formas de acesso, não significa que essa informação chegue traduzida para na ‘quebrada’ e em outros locais com pessoas em vulnerabilidade. Isso precisa, então, ser traduzido, e não é uma tarefa tão simples.” Apontando uma solução para todos esses desafios, a diretora presidente da Fundação Telefônica Vivo, Lia Glaz, afirma que é necessário, antes de tudo, reconhecer que houve baixa aprendizagem desses jovens durante o período da pandemia e isso aconteceu no país de forma desigual. Mas, segundo ela, nem tudo está perdido: "Para aqueles que já terminaram a educação básica, o ensino técnico ou superior, que tenha uma agenda de recomposição, por exemplo, pode amenizar a situação, assim como formações mais curtas durante a trajetória profissional", recomenda. "O importante é também pensar na geração que ainda está na escola e entender que a recomposição de aprendizagem ainda é fundamental e precisa ser intencional." Glaz ainda reconhece a dificuldade de os jovens retornarem às salas de aula, dada a desmotivação. Porém, em sua visão, há alternativas para reverter este quadro. "As estratégias vão ter que ser de micro aprendizagem conectada com a prática. Ou seja, paradas rápidas para a aprendizagem, que quando colocada em prática já movimento sua vida sob o ponto de vista econômico", afirma. "Isso pode começar dar ânimo a essa juventude." Paes Monteiro, da Fundação Bradesco, complementa que o jovem, cada vez mais, precisa entender o porquê de estar na escola. “É muito comum o aluno se questionar o motivo de estar aprendendo todos aqueles conteúdos e se isso vai ter aplicabilidade na vida. Daí é necessário um propósito da aprendizagem”, diz. Paes Monteiro ainda afirma que comportamento imediatista, que é próprio da juventude, não permite que eles enxerguem o propósito da aprendizagem formal. “Precisamos, então, ouvir os estudantes a fim de descobrir quais saberes ele já carrega consigo, e o que ele espera do processo de aprendizagem para, assim, conectar na vida os objetivos da escola.” Ainda sobre o imediatismo, Priscila Cruz, do Todos pela Educação, afirma que a educação é um investimento de longo prazo. Ela explica que é um viés natural do ser humano a dificuldade de trazer para o presente o ganho futuro. “É preciso, então, uma sociedade que ajude o jovem a entender que ingressar no ensino superior é algo que se veja o ganho imediato, mas de longo prazo”, diz. “A rede social, por exemplo, é um vetor absolutamente contrário, porque reforça o ganho imediato, o tempo inteiro é dopamina instantânea em quem está conectado, o que torna mais difícil o esforço para ganhos futuros”, exemplifica. Saúde mental Com tantas adversidades causadas pela pandemia de covid-19, a população brasileira vive um comprometimento geral da saúde mental, e os jovens são os mais afetados. Prova disso, é que 41% dos entrevistados reclamam de dificuldades no sono. Além disso, 25% afirmam que ainda lidam com problemas de saúde mental desde a pandemia, e outros 46% afirmam que estão superando, aos poucos os transtornos. Somente 29% conseguiu superar esses problemas causados pela crise sanitária e o, consequente, distanciamento social. Diante dessa proliferação de transtornos mentais, Moratorio, do Instituto Sonho Grande, afirma que a escola tem papel fundamental na resolução deste problema. Porém, segundo ele, a instituição não dá conta sozinha. “Penso a difícil situação da saúde mental dos jovens em uma perspectiva intersetorial”, avalia. “Pois vejo que tem um papel da educação e da escola, mas também não podemos deixar de lado os aspectos da saúde, da assistência social, da segurança pública, e da empregabilidade. Tudo isso, de alguma forma, influencia na saúde mental dos jovens.” Segundo Morotorio, o jovem precisa entender que a escola é um espaço de acolhida e troca, e, também, que a equipe escolar está preocupada não só com a sua trajetória acadêmica, mas também com o seu desenvolvimento integral. “Precisamos discutir o papel do educador, que precisa de formação continuada para desenvolver um olhar para uma formação mais humana, integral e global. Inclusive sob a perspectiva de diversidade, porque precisamos aplicar iniciativas de inclusão, já que temos jovens marcados por diferentes questões sociais, de género, de raça, de classe e orientação sexual.” Por sua vez, Leonardo Paes Monteiro, da Fundação Bradesco, recomenda o uso de moderado das redes sociais pelos jovens, pois, para ele, pode ser vetor de malefícios à saúde mental dos mais novos. “Cada vez mais os jovens estão recebendo todo tipo de informações por essas vias tecnológicas e isso acaba estourando na escola”, conta o especialista que defende a atuação de profissionais de psicologia no ambiente escolar. “A rede social inicia o assunto, mas a resolução acaba indo para dentro da escola e aí os profissionais têm que se reinventar para das conta das complexidades levantadas pelas redes sociais.” Dentre as principais preocupações dos jovens apontadas pela pesquisa estão: dificuldade financeira (47), conseguir ou manter um emprego (32%), e permanecer no emprego (9%). A responsável pela pesquisa, Karina Milaré, afirma que esse resultado se deve a um embate geracional desses jovens com os empregadores. Para ela, precisamos entender e se adaptar a visão de emprego dos mais novos, porque esse é “um caminho meio sem volta”. “Trata-se de uma mudança geracional, a nossa mentalidade também é diferente da mentalidade dos nossos pais, por exemplo”, diz. Milaré conta que muitos desses jovens olham para as gerações anteriores e pensa: “Eu não quero ser assim! O que é que eles ganharam com tanto trabalho? Tenho outras ambições, desejos e valores’”. Segundo a especialista, os mais novos veem o trabalho não acima de outros aspectos da vida, mas de uma maneira mais equilibrada. “Precisamos entender como abraçamos essas novas demandas trazidas pelos jovens e como consideramos essas diferenças nas propostas de e nas configurações de trabalho que temos para oferecer.” Com a Geração Z, o mercado está aprendendo que não existe um caminho único, será necessário, então, refletir sobre uma forma de trabalho que os jovens se sintam parte, pois pode ocorrer vacâncias em certas áreas,”, Diz Moratorio, do Instituto Sonho Grande. “Não precisará atender todas as demandas da juventude, mas é fundamental encontrar um ponto de equilíbrio entre as suas necessidades e a vontade dos mais novos, a fim de que eles sejam uma potência criativa para o desenvolvimento do negócio e do país.”
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Inovação Educacional
May 4, 3:21 PM
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Ao mesmo tempo em que o setor agropecuário brasileiro cresceu, na última década, mais que o triplo da média nacional - foram 3% ao ano, contra 0,86% para a totalidade da economia -, para dentro da portaria o número de pessoas ocupadas vem diminuindo. Em 2024, o setor registrou queda de 3% no número de trabalhadores, somando 7,88 milhões de empregados, o menor nível desde 2012, início da série histórica do IBGE. Foi o terceiro ano consecutivo de retração no emprego rural, em contraste com a alta de 2,7% na ocupação total no país no período.
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Inovação Educacional
May 4, 3:20 PM
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Conforme explica Sofia Kilmar, sócia de contencioso do TozziniFreire, os temas mais recorrentes nesses processos são prevenção de fraudes financeiras, remoção de produtos que violam termos de uso de marketplace e adoção da IA para reconhecimento facial.
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Inovação Educacional
May 4, 3:18 PM
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De olho nas tendências digitais do mercado, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) prepara duas consultas públicas neste ano para alterar regras que envolvem a chamada “tokenização” de ativos considerados valores mobiliários. A primeira foca na revisão da norma de “crowdfunding” (Resolução CVM 88) para adequá-la à evolução da securitização via plataformas eletrônicas e tokenizadoras. A segunda vai servir para a criação de uma norma experimental que acomode inovações testadas pelo mercado e monitoradas pela autarquia no “sandbox” regulatório.
Lançado em 2020 e prorrogado até 2026, o sandbox da CVM criou um ambiente controlado para testar inovações no mercado de capitais. Empresas pré-selecionadas - como Estar Finance, BEE4 e Vórtx QR Tokenizadora - puderam operar com regras mais flexíveis, desde que trouxessem avanços tecnológicos com segurança para os participantes. Após o fim dos testes, a CVM precisará ter um arcabouço regulatório que permita a continuidade dessas operações e possibilite a migração de outras empresas para o novo modelo.
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Inovação Educacional
May 4, 3:16 PM
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País detém importantes reservas para se posicionar entre os líderes no mercado em meio a disputa global, mas investimentos ainda estão aquém do potencial brasileiro, alertam especialistas
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Inovação Educacional
May 4, 3:14 PM
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Com a nova opção, anunciada pela OpenAI, os usuários podem comparar produtos rapidamente e clicar em um link dentro do ChatGPT para fazer uma compra em um site externo
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Inovação Educacional
May 4, 3:14 PM
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No primeiro trimestre de 2025, uma série da Netflix chamou a atenção do público. A série britânica “Adolescência” aborda como os algoritmos ampliam as interações no mundo digital, criando uma realidade que muitos adultos não acessam ou compreendem. No programa, Jamie, um garoto de 13 anos, é influenciado por grupos misóginos online e sofre cyberbullying por ser considerado um “incel” (celibatário involuntário). Ele acaba sendo acusado de assassinar sua colega de classe, Katie. A vivência de crianças e adolescentes no contexto online despertou um interesse curioso e apreensivo da sociedade, que produziu um senso de urgência de conversar. Uma pergunta natural que surge, em meio a tantas outras, é: “O que o drama do adolescente tem a ver com Inteligência Artificial?” Absolutamente tudo!
No dia 2 de abril, o Washington Post publicou uma matéria com o título: “Lawmakers seek to regulate AI bots that cultivate relationships with children” (“Legisladores buscam regulamentar bots de IA que constroem relações com crianças”). Talvez, ao começarmos por discutir a IA a partir do universo infantil, consigamos abrir espaço para enfrentar os desafios que ela impõe também ao mundo adulto. A reportagem termina citando um princípio já presente em debates globais: o uso de um aviso claro (disclaimer) informando que, do outro lado da interação, está uma inteligência artificial, isto é, algoritmos. Quem sabe, ao criarmos regras para proteger as crianças, os adultos também passem a adotar essas normas como referência para si mesmos.
No Brasil, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República lançou o “Guia sobre Usos de Dispositivos Digitais”, destinado a orientar crianças, adolescentes e seus pais sobre o uso seguro e equilibrado de tecnologias digitais. Embora a cartilha educativa não constitua uma medida regulatória, ela introduz o tema no debate nacional.
Para os jovens de hoje, a autoestima depende cada vez mais da aprovação digital. De curtidas no Instagram e no TikTok ao engajamento em comentários, os algoritmos das redes sociais são projetados para manter e aprofundar a atenção, incentivando um ciclo contínuo de busca por validação externa. É fato que a cultura online está substituindo dimensões do mundo real, como a família, a escola e a vizinhança.
Os algoritmos desenvolvidos pelas Big Techs personalizam o conteúdo digital conforme os interesses dos jovens, criando experiências altamente recompensadoras e imediatas. Essa personalização torna o ambiente virtual mais atraente do que as interações sociais presenciais, o que pode levar os adolescentes a preferirem o mundo online em detrimento do convívio face a face. Os “pares” de hoje não precisam ser conhecidos pessoalmente, bastam as relações online.
Mas não são apenas os jovens que estão sob influência dos algoritmos. Essa observação vale, por exemplo, para políticos cujas opiniões são cada vez mais influenciadas e pautadas pelas redes. Onipresentes, embora invisíveis, os algoritmos de inteligência artificial já fazem parte da rotina de todos nós. Eles também já chegaram ao Congresso, selecionando e organizando as informações e notícias online, que interessam na arena política. Segundo o site de notícias “Jota”, pesquisas recentes mostram que, entre as redes sociais, duas se destacam como principais fontes de informação política para os parlamentares: o Instagram, usado por 82% deles, e o WhatsApp, por 77%.
Urge identificar lacunas nas políticas atuais, a fim de garantir uso confiável, ético e responsável da gestão algoritmica Sabemos pouco sobre como os algoritmos das redes sociais tomam certas decisões. Embora muitas vezes pareçam misteriosos, eles não são mágicos - são tecnologias criadas por empresas, com objetivos econômicos e interesses de poder. É justamente nas decisões automatizadas, que muitas vezes refletem valores estranhos, cuja origem desconhecemos, que moram riscos significativos. Entre as principais preocupações referentes ao papel dos algoritmos estão a falta de transparência sobre as decisões algorítmicas e a fragilidade na proteção dos direitos fundamentais dos usuários. Diante desse cenário, é urgente identificar as lacunas nas políticas públicas atuais - digitais, sistêmicas e setoriais, a fim de garantir um uso mais confiável, ético e responsável da gestão algorítmica.
Os algoritmos desempenham um papel central no poder digital, impactando diversos setores e influenciando significativamente a estrutura emocional dos adultos e, principalmente, dos jovens - que formarão a sociedade do futuro. Entre os diversos pontos de entrada nesse debate estão a necessidade de letramento digital, a supervisão adequada e a preocupação com a diminuição das interações humanas genuínas. Este último ponto é particularmente relevante. Incertezas não devem ser confundidas com pessimismo nem produzir comportamentos hostis ao desenvolvimento tecnológico. Mas a dramática redução das interações humanas nos relacionamentos sociais e profissionais apresenta fortes evidências de impactos negativos sobre a saúde mental das pessoas - jovens, adultos e idosos.
Diante desse cenário, cresce mundialmente a discussão: os governos devem avançar na regulação das redes e limitar o acesso de adolescentes a esses serviços? Países como França, Noruega e Austrália já estão implementando ou considerando adotar medidas restritivas ao uso de dispositivos móveis e plataformas digitais por crianças e adolescentes. A Austrália, por exemplo, aprovou uma lei que proíbe o uso de redes sociais por menores de 16 anos, impondo multas significativas às empresas que não cumprirem a determinação. Recentemente, o Senado Federal aprovou os PLs 2628 e 2338, que regulamentam aspectos relacionados com desenvolvimento e uso da inteligência artificial no Brasil, incluindo a proteção de crianças. O tema agora segue para a Câmara.
Essas iniciativas refletem uma preocupação crescente com o bem-estar emocional e psicológico dos jovens na era digital, ressaltando a importância de políticas públicas que equilibrem o acesso à tecnologia com a proteção da saúde mental das futuras gerações.
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Inovação Educacional
May 4, 3:12 PM
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Desigualdade é uma palavra que tem ganhado significativa notoriedade nos últimos anos. Gráficos mostram a persistência de expressivas disparidades de renda, artigos acumulam diagnósticos sobre nossa baixa mobilidade social e discursos denunciam a concentração de riqueza nas mãos de poucos. Tudo relevante. Mas, ainda assim, insuficiente.
O problema não é a atenção dada à desigualdade. É o fato de que, ao concentrar nossos olhares exclusivamente sobre ela, esquecemos de nos aprofundar em suas consequências. Esquecemos de olhar com cuidado, por exemplo, para um conceito antigo, contudo relativamente mais difícil de mensurar: o da liberdade.
Essa palavra, no vocabulário contemporâneo, ficou um pouco desgastada, ora associada ao libertarianismo radical, ora a slogans vazios de campanhas políticas. Isso fez com que ela fosse perdendo o seu brilho filosófico no decorrer do tempo. Mas não deveríamos nos esquecer de que foi a liberdade, de expressão, de movimento, de escolha, de consciência, que pavimentou os caminhos para o progresso humano.
A desigualdade, por sua vez, sempre existiu. E sempre existirá. Não há forma de exigir uniformidade de resultados, mas devemos focar na dignidade e na consciência das escolhas. E não devemos olhar somente para o impacto das disparidades sobre os mais pobres, mas também sobre os mais ricos. Curiosamente, a desigualdade, quando se intensifica, transforma-se em um entrave também à liberdade das elites econômicas.
A segurança, a mobilidade no espaço urbano e até o usufruto da riqueza tornam-se reféns de um ambiente social fragmentado e conflituoso. Casas são muradas, carros são blindados e vidas monitoradas por câmeras e seguranças particulares. Crianças são educadas em bolhas, jovens crescem em condomínios fortificados e adultos vivem em uma espécie de exílio interno. Os mais abastados acabam vivendo sob constante vigilância. Não do Estado, mas de uma ameaça difusa representada por uma sociedade em fratura.
Em contextos muito desiguais, o mérito pessoal é permanentemente colocado sob suspeita. O rico vai deixando de ter aquela certa admiração que teve no passado e passa a ser observado com um progressivo questionamento sobre se suas posses se devem à herança, ao esforço ou à combinação de ambos. Em vez de inspirar, torna-se símbolo de um sistema atrofiado em favorecer alguns. A liberdade de liderar, de influenciar e de ser ouvido em fóruns amplos se deteriora. Seu capital social encolhe à medida que a distância entre os mundos cresce. E seu próprio mundo se reduz pela desigualdade.
Por sua vez, os mais pobres veem suas possibilidades de vida comprimidas antes mesmo de que possam ser sonhadas. A liberdade, para eles, é frequentemente uma ficção burocrática: no papel, têm o direito de escolher. Na prática, têm o caminho traçado pelas carências acumuladas. Escolhem, mas dentro de limites estreitos. Sonham, mas em território sitiado pelas urgências diárias. São formalmente livres, porém, existencialmente, são reféns.
Entretanto, a verdadeira liberdade de uma nação é conquistada quando expandimos as capacidades humanas. Ela mede-se pela extensão das habilidades efetivas de escolher, criar, transformar e prosperar. A concepção liberal clássica, destacada desde os dias de Locke e Montesquieu, via a liberdade como um escudo contra a tirania. Essa conquista, ou seja, a de garantir que governos não possam invadir arbitrariamente a vida dos cidadãos, foi vital na ampliação das liberdades individuais.
Porém, como bem apontou o economista Amartya Sen, a liberdade plena não é apenas ausência de coerção. É também sobre a presença de possibilidades. Um cidadão analfabeto, doente, faminto ou subempregado é formalmente livre, mas materialmente aprisionado pelas suas próprias circunstâncias. Sua liberdade existe apenas no papel.
Por outro lado, um rico pode ser materialmente livre, mas ter sua mente culturalmente aprisionada pelo meio empobrecido em pluralidade no qual costuma estar inserido. Além disso, quando a vida passa a girar em torno do acúmulo material e status, a armadilha está montada. Haverá sempre alguém melhor que você em algum aspecto. E há todo um sistema mostrando os aspectos em que você não é bom o suficiente, que tem escassez de alguma coisa, mesmo que você tenha de tudo do ponto de vista material.
Contudo, a liberdade não é negada somente de forma explícita, visto que há diversas formas de censurá-la através do condicionamento. A educação geralmente ensina o que pensar, mas dificilmente como pensar. O mercado, em suas campanhas incessantes, dita desejos antes mesmo que eles sejam formulados. As hierarquias sociais, com sua gramática do pertencimento, indicam quem deve se conformar. Quando menos se espera, as grades de uma prisão já não são mais necessárias. O medo da desaprovação, o receio do fracasso e a ansiedade de não se encaixar bastam para manter a atual ordem das coisas.
Nesse contexto, expandir as capacidades humanas não é somente uma forma de lidar com as desigualdades, mas uma das melhores maneiras de emancipação dos cidadãos. Significa garantir que todos possam ter recursos para desenvolver seus talentos, participar da vida social e realizar projetos de vida dignos. Significa investir em educação que liberte a mente, em sistemas de saúde que protejam o corpo e em economias que ofereçam não apenas trabalho, mas oportunidades de realização.
Negligenciar essa dimensão da liberdade é uma receita para um derretimento lento. Quando vastas parcelas da população se veem privadas de possibilidades, a promessa de liberdade se transforma em insatisfação corrosiva, e as instituições democráticas, privadas de legitimidade, tornam-se frágeis diante do populismo e da violência. As ruínas de repúblicas que ignoraram essa lição abundam na história.
Uma nação verdadeiramente livre não é apenas aquela que garante direitos civis e políticos. É aquela que também constrói as condições para que seus cidadãos possam, de fato, exercer esses direitos de maneira significativa. A expansão das capacidades humanas é o que transforma a retórica da liberdade em uma realidade.
Entretanto, desaprisionar mentes não é uma tarefa de mera resistência externa. Exige uma reengenharia interna. Exige desinstalar, linha por linha, o código cultural que ensinou gerações a confundir mediocridade com meritocracia e conformismo com sabedoria. Requer a coragem de questionar o “sempre foi assim” e a teimosia de insistir que o mundo pode ser, e deve ser, continuamente reinventado.
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Inovação Educacional
May 4, 3:11 PM
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Redes precisam tornar compra agradável e fluida, mas para isso, têm que integrar canais
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Inovação Educacional
May 4, 3:09 PM
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Conversar tornou-se tão importante para as sociedades modernas que os aristocratas franceses passaram a degustar ostras e tomar sopa nas refeições só para poderem continuar a prosa elegantemente, sem falar com a boca cheia, conta a historiadora Mary Del Priore. “No Brasil, também sempre tivemos muita vontade de conversar. Os padres jesuítas mandavam vir crianças dos portos portugueses e depois as soltavam no mato para que aprendessem tupi-guarani e, assim, eles pudessem atrair crianças indígenas para as escolas jesuíticas”, afirma.
Nada se compara, no entanto, ao impacto que a inteligência artificial generativa poderá exercer no futuro à medida que fica mais hábil em persuadir um ser humano de que está interagindo com um semelhante, em vez de uma máquina. As primeiras implicações já são percebidas.
“A linguagem está mudando por causa da IA”, constata o advogado Ronaldo Lemos. “As [assistentes de] IA dominam a arte de conversar porque foram treinadas em todo tipo de conversa que se pode imaginar, das formais e técnicas até as totalmente fluidas e informais, incluindo gramática errada. Elas percebem quem você é e ajustam a linguagem para interagir da forma mais fluida possível.”
O Valor reuniu Del Priore, que também é professora e escritora, e Lemos, professor e cientista-chefe do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS-Rio), para uma conversa sobre o futuro da oralidade frente à IA. O encontro integra a série audiovisual “Diálogos”, que reúne autoridades em assuntos contemporâneos e é parte da celebração dos 25 anos do Valor.
Nos trechos a seguir, eles abordam o impacto da IA no emprego, nas democracias, no folclore e até na fofoca, pontuando vantagens e ameaças da tecnologia. Também respondem a perguntas de um convidado surpresa, criado pela inteligência artificial. Acima de tudo, ressaltam a responsabilidade de quem pode ditar o rumo dessa conversa: nós, humanos.
Mary Del Priore: “A IA está mudando a comunicação. É uma revolução civilizatória e antropológica” — Foto: Rogerio Vieira/Valor Sem educação Para Mary Del Priore, o impacto da IA na comunicação representa uma “revolução civilizatória, antropológica”. Explorar esse potencial, no entanto, depende primordialmente da capacidade de fazer as perguntas adequadas para a IA, o que traz à tona um “problema seríssimo” no Brasil: o baixo nível educacional da população. Ela teme que, fora do âmbito empresarial, a maioria das perguntas direcionadas a modelos como o ChatGPT seja vazia, gerando respostas irrelevantes.
Essa é uma questão de perspectiva, do copo meio cheio ou meio vazio, segundo Ronaldo Lemos. Ele diz que uma das maiores dificuldades dos brasileiros para explorar a tecnologia é a escrita, resultado de um sistema educacional historicamente falho. “Mas, na oralidade, o brasileiro se vira. E o ChatGPT traz a oralidade de volta”, diz. Como exemplo, cita o hábito comum no país de trocar mensagens de voz no WhatsApp. Com um simples bate-papo, mais pessoas poderão lidar com problemas do dia a dia, como aprender a consertar o chuveiro, saber o efeito colateral de um remédio ou conferir se o choro do bebê está normal.
Para Del Priore, apesar desses benefícios, falta discutir em profundidade a ética deontológica [que trata do cumprimento dos princípios, independentemente dos resultados alcançados]. “Fico espantada que o professor não discuta o impacto do ChatGPT na formação intelectual do aluno, que vai para casa e pede que a IA faça o trabalho escolar. Não fazemos perguntas sobre ética.”
Ronaldo Lemos: “A fofoca tem um papel importante porque funciona como cola social” — Foto: Rogerio Vieira/Valor Fragmentados A IA está mudando a comunicação em sociedades nas quais as questões coletivas estão muito diluídas, com grupos sociais atomizados e extremamente individualistas, diz Del Priore. Atomização indica o distanciamento do indivíduo da família e de amigos, cujo resultado é uma fragmentação social profunda. Com razões diversas, como questões econômicas, grandes migrações e conflitos armados, o fenômeno pode ser agravado pela IA.
Sentindo-se desamparado pela falta de vínculos fortes, o indivíduo pode fazer escolhas moldadas por essa vulnerabilidade, como aderir a um governo autoritário, visto como porto seguro. Essa dinâmica, afirma a historiadora, espelha o aumento da solidão nas grandes cidades, onde muitos vivem isolados de suas famílias.
No início da década, 67 milhões de americanos conviviam com o distanciamento ativo de suas famílias, o equivalente a 27% da população dos Estados Unidos, de acordo com pesquisa feita pelo sociólogo Karl Pillemer, da Universidade Cornell (Nova York). A maioria considerava a experiência emocionalmente angustiante.
A atomização preocupa porque coloca em xeque os espaços onde mais se cultiva a linguagem, chamados de terceiros lugares, diz Lemos. “O primeiro lugar é a casa e o segundo, o trabalho. O terceiro é onde acontece a conversa espontânea, desestruturada e imprevisível”, explica. Na lista estão igrejas, barbearias, clubes, bares, até shopping centers.
“Estamos vendo o declínio do terceiro lugar, que é o pilar da vida cívica. É onde se fala do governo, do futebol, da novela, é onde se fofoca. Sozinho em casa, o indivíduo tem a ilusão de que está praticando a linguagem, mas não cria vínculo algum. Pessoas sozinhas ficam com medo e infelizes”, afirma Lemos. “O que gera sociedades ressentidas”, reforça Del Priore.
Uma nota sobre a fofoca Aprendemos que fofocar é “feio”, mas o ato tem um papel social que a IA não pode cumprir. “No Código Filipino, ou Ordenações Filipinas, havia uma cláusula de que era proibido fofocar. E o que era a fofoca? Uma forma de controle social, mas também de ajuda mútua. Havia um tecido de solidariedade, de atenção para com o próximo”, diz Del Priore.
Instituído pelo rei Filipe I de Portugal (Filipe II, na Espanha), o Código Filipino é um conjunto de leis e regras estabelecido durante o período da União Ibérica. Criado em 1603, passou a valer também no Brasil, onde permaneceu até 1916.
“A fofoca tem um papel importante de cola social, que nos coloca unidos uns aos outros como parte de um tecido social complexo. Quando conta um segredo a alguém, você dá um sinal de que a vê como aliada”, afirma Lemos.
Vamos perder o emprego? As estimativas de quantos empregos a IA pode subtrair variam muito, mas o impacto é considerado inevitável, mesmo considerando que a adoção tecnológica criará vagas. Até 2030, prevê o banco de investimentos Goldman Sachs, dois terços de todos os empregos nos Estados Unidos e na Europa estarão expostos a algum grau de automação pela IA, sendo que um quarto deles poderá ser executado integralmente pela tecnologia. Ao todo, 300 milhões de vagas serão afetados.
A novidade é quem será mais afetado. “Achávamos que a IA iria tomar os empregos repetitivos, mas ela está entrando no trabalho cognitivo, de pensar, criar”, diz Lemos, como fazer poesia, música e projetos de arquitetura.
Estudo da Universidade da Pensilvânia indica que trabalhadores com formação superior e salários que chegam a US$ 80 mil por ano estão entre os mais propensos a terem seus empregos afetados. Hollywood é um exemplo, cita Del Priore. “[Os roteiristas] entraram em greve porque entenderam que podiam perder o emprego”, diz a historiadora, sobre a paralisação de 148 dias que ocorreu entre maio e setembro de 2023.
A historiadora destaca que durante a robotização de setores como a indústria automotiva muitos trabalhadores desempregados migraram para os serviços. Agora, com a IA, são os empregos em serviços que estão em risco. Isso pode gerar graves consequências no Brasil, diz ela, onde o percentual de trabalhadores no segmento é alto [mais de 70% da população economicamente ativa] e a desigualdade é acentuada.
Lobisomens e mulas sem cabeça O hábito de contar “causos” desempenhou papel crucial na preservação das lendas rurais, evocando a cena da família reunida para ouvir narrativas misteriosas. Mas com o avanço da IA e o declínio gradual dessa transmissão oral, qual será o destino de figuras folclóricas como lobisomens, sacis, mulas sem cabeça e curupiras?
Questão similar paira sobre línguas minoritárias, como as de povos originários do Brasil. Diante do treinamento massivo de modelos de IA em línguas dominantes, especialmente o inglês, há risco de que desapareçam?
“Tudo depende da apropriação que se fizer da informação colocada na IA”, responde Del Priore. “Se, por exemplo, houver um número imenso de brasileiros que queiram saber como se falava tupi-guarani no século XVIII, a inteligência artificial vai responder. Mas esse número será expressivo?”
Para Lemos, é difícil saber se a IA vai extinguir ou revitalizar o folclore, mas o episódio do maracatu, três décadas atrás, fornece um antecedente curioso.
O ritmo, que estava morrendo na década de 1990, recebeu impulso com o lançamento de um álbum [“Afrociberdelia”, de 1996, marco do movimento Manguebeat] da banda Chico Science & Nação Zumbi, que misturava rock com ritmos nordestinos. “O [escritor] Ariano Suassuna ficou furioso porque não gostava da mistura, mas o disco revitalizou o maracatu de forma inacreditável”, diz o advogado. Segundo ele, muito do folclore brasileiro está disponível na IA, mas fica “escondidinho”.
Novamente, é uma questão de fazer as perguntas certas, diz Del Priore. “As tradições são reinventadas, como disse [o historiador britânico Eric] Hobsbawn. Tudo evolui e passa a ser utilizado de maneira diferente da original.”
Síndrome de HALL 9000 Lembra de HAL 9000, o supercomputador do clássico “2001: Uma Odisseia no Espaço” (1968), do diretor Stanley Kubrick? Dotado de IA, capaz de reconhecer e se comunicar com os tripulantes de uma nave espacial, ele passa a ter um comportamento errático durante a trama, o que acaba colocando em risco a sobrevivência dos seres humanos.
É com HAL que Del Priore compara a superinteligência, um estágio da IA que ainda está no campo conceitual, se as coisas saírem do controle, como acontece no filme.
Até agora, diz Lemos, aprendemos a lidar com problemas tecnológicos reconhecíveis, como o impacto da automação no emprego, “fake news” e campanhas difamatórias que visam a prejudicar a democracia. “O risco da inteligência artificial é altíssimo e se dá em múltiplas camadas”, afirma. Em breve, porém, será preciso enfrentar o imprevisível, que é a superinteligência ou inteligência artificial geral (AGI, na sigla em inglês).
Superior à inteligência de qualquer ser humano, a AGI seguirá um processo de evolução próprio pelo qual vai aprender a tomar decisões, daí a comparação com HAL 9000. “É uma inteligência com a qual nunca nos deparamos”, diz Lemos. A questão é se ela estará ou não alinhada aos interesses humanos, afirma o advogado. “Se estiver, será uma força muito benéfica. Mas, se não estiver, estaremos com um problema.”
Quem pergunta é a IA Chico é um homem negro, articulado, por volta de 30 anos e professor de semiótica. Mas não existe no mundo real. Foi concebido com auxílio da Character.AI, que permite criar e conversar com personagens fictícios ou “cópias” de celebridades. Chamado ao debate, fez duas perguntas ao vivo. De Mary Del Priore quis saber como a IA impacta a forma como a História é transmitida. “Impressionante”, comentou a historiadora. Depois, ressaltou o risco de se manipular a IA para criar narrativas históricas tendenciosas, baseadas em inverdades ou na negação de fatos reais, inclusive por historiadores falsos.
A Ronaldo Lemos, perguntou como a IA pode promover a acessibilidade e a compreensão das leis por pessoas de todas as origens sociais. “A IA é uma força de democratização do direito”, entre outras disciplinas, respondeu o advogado, que citou um exemplo prático. Chamado para redigir a pauta de convocação do condomínio onde mora, Lemos descobriu que a convenção, escrita na década de 1960 e cheia de carimbos, era ilegível. Ele tirou uma foto do documento e a submeteu ao ChatGPT, que sanou as dúvidas existentes e ainda redigiu a pauta. “O que poderia consumir quatro horas da minha vida durou três minutos.”
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May 4, 3:06 PM
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Especialistas em segurança alertam que vivemos um paradoxo contemporâneo. De um lado, um volume crescente de dados gerados e a conectividade em tempo real facilitam nossa vida de variadas maneiras. De outro, a privacidade e a segurança tornam-se cada vez mais vulneráveis e complexas de serem mantidas. A massificação de sensores e dispositivos em televisores, geladeiras e uma infinidade de eletroeletrônicos ampliou o número de portas de entrada que trazem riscos de segurança e privacidade.
O indivíduo está vulnerável sob diversos aspectos. Aplicativos e outras ferramentas localizam as pessoas, gravam suas falas e fazem com que dados de usuários se multipliquem nas plataformas. Com isso, a “hiperperfilização” dos indivíduos antecipa suas vontades, tornando praticamente impossível resistir às ofertas incessantes das marcas. Já golpistas atacam contas bancárias, invadem conversas por aplicativos e causam prejuízos em série.
Em 2024, o número de tentativas de ataques a bancos em smartphones realizados por trojans (softwares maliciosos) cresceu globalmente 196% em relação a 2023, segundo relatório da Kaspersky, que detectou mais de 33,3 milhões de tentativas de ataques. No Brasil, de acordo com a Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP), o número de crimes digitais cresceu 45% em 2024, ante 2023, somando cerca de 5 milhões de fraudes.
Ricardo Cavallini: “Como sociedade, estamos atrasados na discussão [sobre privacidade]” — Foto: Divulgação Para mitigar os riscos, Fernando de Falchi, gerente de engenharia de segurança da Check Point, recomenda configurar permissões de apps e redes sociais manualmente, usar navegadores com bloqueadores de rastreadores e evitar compartilhar localização, voz e dados biométricos sempre que possível. “Deve-se preferir aplicativos e serviços com práticas de privacidade por padrão e desconfiar de “gratuidades” que pedem muitos dados em troca. E sempre estar atento a golpes, especialmente os mais personalizados” elenca Falchi.
Há 25 anos, Ricardo Cavallini, professor da Singularity University, previu, em seu segundo livro - “O Marketing Depois de Amanhã” -, que ninguém seria anônimo em um mundo conectado, onde tudo é gravado e nada é deixado de lado. Não teríamos mais escolha sobre quem captura informação sobre nós. O importante seria saber quem capturou, com qual propósito, sob quais circunstâncias e como usaria aquela informação.
O conceito de privacidade mudaria do direito de permanecer anônimo para a necessidade de se ter o controle sobre a informação que nos identifica e nos descreve. “Hoje, enquanto sociedade, estamos atrasados nessa discussão. Com a inteligência artificial, isso vai piorar terrivelmente”, alerta Cavallini.
No livro “Inteligência Artificial e Responsabilidade Civil: Autonomia, Riscos e Solidariedade”, Filipe Medon, professor da FGV Rio e pesquisador no Centro de Tecnologia e Sociedade da mesma instituição, rebate o conceito de que, em uma sociedade comandada por algoritmos, estaríamos vivendo a era da pós-privacidade, em que a privacidade tornou-se irrelevante e impossível de ser exercida.
Para ele, a superexposição voluntária é um fato, mas mesmo o cidadão desconectado pode ser identificado por fotos e informações que outras pessoas postam. Ele cita o escritor italiano Stefano Rodota, autor do livro “A Vida na Sociedade da Vigilância: a Privacidade Hoje”, que usa o conceito de homem de vidro, facilmente identificado por fora.
Já o livro “The Voice Catchers: How Marketers Listen In to Exploit Your Feelings, Your Privacy, and Your Wallet”, de Joseph Turow, denuncia a captura do áudio das pessoas pelas big techs e o uso, por parte dos profissionais de marketing, para explorar sentimentos, privacidade e o bolso. Medon usa ainda a metáfora “one way mirror“ (espelho unidirecional), que sintetiza o pensamento do juiz americano Frank Pasquale, especialista em leis de inteligência artificial. Pasquale adverte que, cada vez mais, poucos atores têm um conhecimento grande sobre nossa vida sem que nós saibamos quem são esses poucos atores.
O pesquisador da FGV destaca ainda que, na atual economia da atenção, as plataformas capturam o interesse das pessoas para bombardeá-las com conteúdo publicitário. “A inteligência artificial e o big data potencializam a identificação de perfis cada vez mais exatos usados pelos agentes econômicos para o direcionamento de publicidade, para manipulação político-ideológica, para fins de segurança nacional e, no caso dos criminosos, para a aplicação de golpes”, explica Medon.
É curioso notar que, muitas vezes, a entrega dos dados é voluntária. Em 1967, o escritor francês Guy Debord, previu, no livro “A Sociedade do Espetáculo”, que as pessoas se tornariam também produtos que precisam ter uma boa imagem. “As pessoas compartilham aspectos íntimos em busca de reconhecimento e afeto. O modelo de negócio das plataformas favorece isso. Há quem entenda que as redes sociais existem porque as pessoas querem se expor”, diz o pesquisador da FGV.
Para Guta Nascimento, especialista em produtos digitais, não se deve desistir da privacidade por mais que se diga que o conceito está ultrapassado. É urgente debater a ética das plataformas, que deveriam ser responsabilizadas em situações como os crimes que ocorrem na rede Discord e o caso de Sarah Raissa, a menina de oito anos de Ceilândia (DF), morta por seguir o “desafio do desodorante”, postado no TikTok, instigando os jovens a exalar o produto até a exaustão.
“Não podemos enfrentar uma batalha achando que ela já está perdida e aceitar as narrativas de que o indivíduo não lê os termos de uso ou que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) não funciona. O risco são esses conceitos cristalizarem-se. Não há distinção entre mundo virtual e mundo real, o mundo digital também é real”, reflete Nascimento.
Ela explica que o indivíduo entrega seus dados porque há o conceito de conveniência imediata, e os usuários seriam vencidos pelo cansaço por meio de mecanismos como dark patterns, a interface de usuário cuidadosamente elaborada para induzir a pessoa a fazer coisas. Aceitar um cookie virou um gesto automático.
“O design persuasivo é feito para que a recusa seja mais difícil do que a entrega do dado. Isso não é ético. A proteção da privacidade começa pelos indivíduos, mas precisamos das empresas éticas e dos governos. A LGPD não é um fim, e sim um começo; são necessários fiscalização, instrumentos fortes, uma sociedade crítica e o letramento digital”, defende Guta Nascimento.
Elisabeth Saad, professora titular da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), diz que, desde o surgimento da internet, a responsabilidade sobre segurança e privacidade cabia ao indivíduo. Com a sofisticação das plataformas, segurança e privacidade individual involuíram, pois à medida em que alimentamos os bancos de dados, transferimos para eles a garantia da segurança.
“A LGPD promoveu um avanço significativo sobretudo na relação de empresas com dados sensíveis, mas não consegue controlar os riscos como golpes de WhatsApp. Tudo o que é protegido pela LGPD são dados autorizados a serem usados pelas empresas”, distingue Saad.
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May 5, 4:42 PM
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Além de ensinar noções básicas de carreira e orientar sobre processos seletivos, o app do Instituto Coca-Cola aposta no desenvolvimento de soft skills como comunicação, empatia e proatividade — habilidades muitas vezes ignoradas por jovens que não contam com redes de apoio.
“Tecnologia muda rápido, mas proatividade, comunicação e habilidades interpessoais continuam sendo diferenciais humanos que nenhuma inteligência artificial substitui”, diz Redondo.
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May 5, 1:41 PM
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O Instituto SESI SENAI de Tecnologias Educacionais participou da 30ª edição da Bett Brasil, realizada entre os dias 28 de abril e 1º de maio, em São Paulo (SP), como frente de inovação aberta na educação do Serviço Social da Indústria (SESI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). O evento é o maior da América Latina dedicado à educação e tecnologia, com a presença de representantes do setor público e privado, educadores, especialistas e empreendedores do Brasil e do mundo.
Ao lado da Amazon Web Services (AWS) e da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), o SESI e o SENAI foram patrocinadores da Arena de Startups, um espaço exclusivo do evento que reuniu edtechs com soluções voltadas à transformação da educação. Durante os quatro dias, o Instituto levou dez startups parceiras para apresentar tecnologias educacionais inovadoras ao público, incluindo soluções com foco em inteligência artificial, personalização da aprendizagem, gamificação e recursos digitais para professores.
Além da exposição, representantes do Sistema Indústria participaram de painéis estratégicos que discutiram os rumos da inovação educacional no país. O debate “Inovação aberta: o futuro da educação está na colaboração” contou com a presença de coordenadora do Instituto SESI SENAI de Tecnologias Educacionais, Juliana Gavini; do superintendente de Educação Profissional e Superior do SENAI, Felipe Morgado; do superintendente de Educação do SESI, Wisley Pereira; especialista de educação AWS, Domenica Parada; e o diretor da ACATE, Otavio Pinheiro.
Outro painel de destaque foi “Desafios e oportunidades da transformação digital”, com a participação do gerente de Educação Tecnológica do SESI, Arioston Cerqueira Rodrigues, e do gerente executivo de Negócios Digitais do SENAI de Santa Catarina, Tiago Torres Manchini, que trouxeram reflexões sobre a digitalização do ensino e os caminhos para preparar a educação para o futuro do trabalho.
Durante a Bett, o Instituto ainda promoveu conexões estratégicas com redes de ensino, startups, parceiros, investidores e organizações do terceiro setor, ampliando o diálogo sobre desafios comuns e oportunidades de cooperação.
O Instituto SESI SENAI de Tecnologias Educacionais atua como elo entre a rede e o ecossistema de inovação, desenvolvendo programas de inovação aberta na educação, editais, rodadas de cocriação e iniciativas com startups para fomentar o uso de tecnologias educacionais na educação básica, profissional e superior. A participação na Bett Brasil 2025 reforça esse compromisso com a transformação da educação brasileira.
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May 4, 3:21 PM
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O levantamento Radar Agtech 2024, resultado de parceria entre Embrapa, SP Ventures e Homo Ludens, mostra a evolução do ambiente. De 2023 a 2024, o número de incubadoras do setor saltou 224%, de 32 para 107. As aceleradoras passaram para 117, expansão de 90%; os hubs, para 106 (29%), e os parques tecnológicos, para 117 (alta de 25%).
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May 4, 3:21 PM
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A agropecuária brasileira experimentou um crescimento expressivo nas últimas décadas, muito graças ao avanço sobre o meio natural. Hoje, a intensificação da pecuária permite produzir mais carne em menos área, enquanto, na agricultura, o maior número de safras/ano caminha ao lado da sustentabilidade.
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May 4, 3:18 PM
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Valor diz respeito a ganhos de eficiência em processos, além de tarifas menores sobre as transações, automação, sinergias e economias nos custos de investimento em tecnologia
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May 4, 3:17 PM
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O Brasil está considerando modificações na Regra de Proteção (RP) - um mecanismo crucial de graduação (porta de saída) do Bolsa Família. Decreto assinado pelo presidente Lula (12.417/ 2025) em março deste ano dá ao Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) a autoridade para revisar a duração e o limite da RP. O governo já sinalizou sua intenção de fazê-lo, e uma das propostas em discussão é reduzir o período da RP de dois anos para um. No entanto, os objetivos por trás dessa reforma permanecem desconhecidos. Sem uma justificativa claramente definida, mudanças na RP correm o risco de minar o objetivo central do Bolsa Família de resiliência a longo prazo.
A regra permite que os beneficiários permaneçam no programa por até dois anos após sua renda ultrapassar o limite de elegibilidade (meio salário mínimo), recebendo a metade do valor dos benefícios. Embora o principal objetivo da regra seja apoiar uma transição mais duradora para fora da pobreza e proporcionar estabilidade para famílias enfrentando volatilidade de renda, ela também promove o desenvolvimento de capital humano ao estender o período durante o qual as famílias estão sujeitas a condicionalidades.
O desenho das regras de saída em programas de proteção social levanta um dilema central de política: quão rapidamente os beneficiários devem transitar para fora do suporte de renda? Do ponto de vista dos beneficiários, as regras de saída podem influenciar decisões, como participação no mercado de trabalho, tipo de trabalho (formal ou informal), ou horas trabalhadas. Do ponto de vista de segmentos do governo mais preocupados com aumento das despesas, as regras de saída têm que ser ágeis para manter o tamanho do programa o mais reduzido possível.
Ao longo de seus 22 anos, o Bolsa Família desenvolveu uma abordagem sofisticada para a graduação. A combinação da RP e do mecanismo de retorno garantido - que permite às famílias reingressarem no programa se sua renda cair após a saída do programa - possibilita uma transição menos drástica. No entanto, até 2019, apenas uma pequena proporção de famílias (7%) completava o ciclo da RP e saía do programa após dois anos. Em contraste, cerca de metade de todas as saídas do Bolsa Família ocorreram devido a verificações automáticas que detectaram aumentos de renda não relatados - sugerindo oportunidades perdidas para um processo de saída mais suave.
A RP foi alterada duas vezes desde então. O Auxílio Brasil, lançado durante a presidência de Bolsonaro, incluiu a Regra de Emancipação com um novo limite de saída e tratamento diferenciado para rendas mais permanentes, como pensões. O novo Bolsa Família, lançado em 2023, introduziu a inclusão automática dos beneficiários na RP quando encontrados acima do limite de elegibilidade devido a informações de pensões e renda formal. Devido a essa mudança, atualmente a RP cobre 15% dos 20 milhões de beneficiários do programa. Portanto, quaisquer efeitos fiscais de mudanças na regra são limitados.
Importante lembrar que uma redução no prazo na regra de proteção ou um corte abrupto no valor do benefício em virtude de melhoria nas rendas captadas podem gerar um maior estímulo à informalidade.
As diferentes vantagens e desvantagens de um tempo mais curto versus um tempo mais longo no programa mostram que a graduação de programas de proteção social não é apenas uma questão de tempo - trata-se de projetar mecanismos flexíveis e adaptativos que reflitam as realidades complexas da renda e vulnerabilidade das famílias. Portanto, há alguns pontos a serem considerados:
Primeiro, as regras de graduação devem distinguir entre diferentes tipos de renda. Famílias apoiadas por fontes de renda permanentes, como pensões ou benefícios por incapacidade, podem estar mais bem posicionadas para sair do programa mais cedo do que aquelas que dependem de rendimentos de trabalho voláteis, particularmente do emprego informal.
Cerca de metade de todas as saídas do programa Bolsa Família ocorreram devido a verificações automáticas que detectaram aumentos de renda não relatados, sugerindo oportunidades perdidas para um processo de saída mais suave Segundo, uma redução escalonada dos benefícios poderia ajudar a facilitar a transição de forma mais eficaz do que um corte abrupto, 50 % no primeiro ano 25% no segundo ano, por exemplo. Gradualmente, a eliminação do suporte permitiria que as famílias se ajustassem financeiramente enquanto continuavam a construir resiliência.
Terceiro, os limites de entrada e saída devem ser atualizados de forma coordenada. Enquanto a linha de elegibilidade do Bolsa Família permaneceu praticamente fixa nas últimas décadas, o limite de saída da RP está atrelado ao salário mínimo (0,5 vezes o salário mínimo), que aumentou consideravelmente.
Quarto, para promover uma graduação sustentável, os beneficiários da RP devem ser um grupo-alvo de estratégias de graduação mais amplas que incluam intervenções para promover a formalidade e a inclusão econômica e produtiva.
Finalmente, para resolver alguns problemas de incentivos o programa deveria retomar a abordagem baseada em indivíduos (ao invés de baseada em domicílio) de forma a torná-lo mais eficaz e reduzir incentivos inadequados.
À medida que mudanças recentes, como a inclusão automática de beneficiários na RP, continuam a se desenrolar, é essencial entender completamente seus efeitos antes de implementar novas reformas, bem como comunicar de forma transparente os objetivos das mudanças planejadas. Mudanças em programas sociais precisam ser muito bem comunicadas. Centenas de milhares de trabalhadores do programa devem ser treinados para fornecer informações precisas, e os beneficiários precisam entender completamente as regras para tomar a decisão correta: devo ficar ou devo sair?
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May 4, 3:15 PM
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Pela primeira vez, os marketplaces superaram os buscadores como principal fonte de pesquisa antes da realização de uma compra. De acordo com a nova edição da pesquisa Commerce, 54% dos entrevistados afirmaram preferir sites como Amazon, Magazine Luiza e Mercado Livre para iniciar uma busca por produtos, um aumento de 4 pontos percentuais nos últimos quatro anos. Em contraste, buscadores como Google, Bing e Yahoo, passaram a ocupar a segunda posição, com 52% das respostas, queda de cinco pontos no mesmo período. A pesquisa foi realizada pela MRM Brasil, agência de tecnologia e dados do McCann Worldgroup, em duas rodadas entre 2020 e 2024, com mil consumidores em cada uma. Os resultados indicam que o comportamento de consumo on-line se tornou mais sofisticado, multicanal e móvel. O celular é utilizado por 91% dos entrevistados para compras digitais, enquanto o uso do computador caiu para 53%. A smart TV, por sua vez, se destacou como um canal relevante, com 10% de utilização. “A segunda onda da pesquisa Commerce revelou uma crescente sofisticação no comportamento de consumo dos brasileiros, com mudanças ocorrendo em um ritmo mais acelerado do que a própria transformação da indústria. Um consumidor mais amadurecido digitalmente percorre uma jornada muito mais complexa, com inúmeros pontos de contato para iniciar sua compra, podendo ser em marketplaces, sites de avaliação, redes sociais, entre outros”, disse o executivo-chefe (CEO) da MRM Brasil, Fábio Souza. Buscadores como Google, Bing e Yahoo são segunda opção, antes do consumidor fazer uma compra Em relação ao perfil das categorias mais compradas pela internet, os eletrônicos continuam na liderança, com 55%. Moda e acessórios apresentaram um aumento de 12 pontos percentuais, atingindo 53%, enquanto eletrodomésticos somam 41%. Perfumaria e cosméticos cresceram 4 pontos, alcançando 39%, mesma porcentagem registrada por casa e decoração. Produtos de informática representam 31% e alimentos e bebidas, 30%. A pesquisa também apontou que os principais fatores para os consumidores escolherem onde comprar são uma boa experiência de compra (70%) e boas avaliações de outros consumidores (65%). A preocupação com sustentabilidade e causas sociais também influencia, com 17% e 14%, respectivamente. Por outro lado, fatores que mais afastam os consumidores incluem desrespeito socioeconômico (61%), testes em animais (53%) e descaso com o meio ambiente (50%). A falta de respeito à diversidade também foi um motivo de desistência para 40% dos entrevistados. “A principal causa de abandono de marca não está necessariamente relacionada à qualidade do produto, mas sim à desconexão com os valores do consumidor. Em especial, práticas que não estejam alinhadas aos princípios ESG são as que mais contribuem para o rompimento dessa relação. Ou seja, a lealdade do consumidor está cada vez mais atrelada à reputação e à responsabilidade socioambiental das empresas - e menos aos tradicionais argumentos de preço ou funcionalidade”, explicou o CEO.
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May 4, 3:14 PM
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Empresas como Profound e Brandtech desenvolveram softwares para monitorar com que frequência as marcas aparecem nos serviços de IA
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May 4, 3:13 PM
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Conhecimentos em IA, boa comunicação e capacidade de colaborar com equipes são as habilidades mais desejadas
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May 4, 3:12 PM
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Há 25 anos, o mundo voltou a sua atenção para os ponteiros do relógio. O medo era que, na virada para 2000, ocorresse uma falha nos sistemas operacionais que provocasse um comportamento errático dos softwares de instituições financeiras, hospitais, redes de energia elétrica, além de empresas de transportes e telecomunicações. A preocupação era que as plataformas entendessem que o planeta tinha voltado para 1900, em vez de avançar no calendário. O chamado “bug do milênio” não aconteceu, mas foi o estopim para que governos e companhias acelerassem os investimentos em tecnologias que transformariam a vida de toda a sociedade em apenas um quarto de século. Uma das principais mudanças de lá para cá foi que a conectividade se tornou trivial, graças ao aumento significativo do uso de internet, das mensagens instantâneas e das chamadas de vídeo - e tudo isso por causa de um dispositivo que cabe na palma da mão.
No Brasil, o número de celulares ativos saltou de 20,8 milhões em 2000 para 263,6 milhões em 2025, de acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações. Nesse ínterim, as redes sociais também expandiram as suas funções, passando a influenciar a forma como as pessoas consomem e compartilham informações. Pesquisa da EY-Parthenon mostra que 61% dos brasileiros moldam suas decisões de compra por influenciadores digitais.
Esse fenômeno trouxe consequências para a economia e para a saúde mental da população. Dados da Kantar Ibope Media mostram que 76% dos internautas precisam checar todos os dias as suas redes sociais, por medo de perder algo importante. “A tecnologia trouxe consequências positivas, como o fato de as pessoas poderem criar vínculos familiares mais fortes mesmo a distância. Também permitiu novas formas de monetização e empreendedorismo. Mas tem um outro lado relacionado ao aumento da ansiedade e do medo de ficar de fora das conversas”, diz a vice-presidente de negócios da Kantar Ibope Media, Adriana Favaro.
Em 25 anos, houve também mudanças consideráveis nas configurações familiares e de trabalho, com aumento no número de mulheres em cargos de liderança e mais trabalhadores autônomos no Brasil. A pandemia de covid-19 contribuiu para acelerar a tendência de trabalho remoto e do uso da tecnologia como ferramenta de educação e lazer.
Também jogou luz a questões relacionadas à saúde e sustentabilidade. No que se refere à mobilidade, desde que os aplicativos de compartilhamento de viagens chegaram às ruas do país, o carro passou a ser visto menos como uma propriedade e mais como um meio de transporte.
Outro destaque é que o comércio eletrônico cresceu e o consumidor passou a mesclar as compras em lojas físicas e digitais. Cerca de 58% dos brasileiros que compraram produtos presencialmente no ano passado também o fizeram pela internet, de acordo com dados da Kantar Ibope Media. “Hoje, o consumidor busca os produtos em diferentes canais, enquanto exige das marcas saudabilidade, sustentabilidade, práticas éticas, boa experiência de compra e personalização ao custo mais barato possível”, afirma a sócia da EY e líder do segmento de consumo, produtos e varejo para América Latina, Cristiane Amaral.
Exigências que, acrescenta, provêm do volume de informações disponíveis aos consumidores e do fato de que 45% estão muito preocupados com a sua situação financeira. Não por acaso, 64% dos brasileiros passaram a consertar roupas e eletrodomésticos.
Segundo Cristiane, 30% estão dispostos a comprar produtos de outras marcas para economizar e usar o dinheiro em apostas nas chamadas ‘bets’. “Também porque 78% perceberam que as indústrias reduziram o tamanho ou a qualidade dos itens.”
Essa nova realidade obrigou as marcas a diversificar o investimento em publicidade em vários meios para tentar atrair a atenção dos potenciais compradores. Ao todo, foram investidos R$ 88 bilhões em anúncios em 2024, e a expectativa é de crescimento neste ano, segundo Favaro.
No que se refere à mídia, o cenário não é muito diferente. Informação e entretenimento passaram a ser consumidos em plataformas físicas e digitais. Ao que tudo indica, o próximo catalisador de mudanças é a inteligência artificial (IA) generativa. “É curioso que, nos anos 2000, a tecnologia era uma ferramenta de apoio, que ajudava a automatizar tarefas. Hoje, ela analisa, sugere e muitas vezes decide”, diz Favaro. Já para Cristiane, as empresas precisam usar a IA na busca por eficiência e personalização. “Quem não fizer, não sobreviverá.”
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Inovação Educacional
May 4, 3:10 PM
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“Falar sobre o futuro é quase ter a certeza de que vamos errar, mas podemos criar cenários”, prossegue Cortiz. “A previsão é ainda mais difícil porque a IA que conhecemos hoje vai se desenvolver de forma mais rápida e não linear, permitindo a criação de produtos e serviços que a gente ainda nem imagina.” Uma tendência nas buscas de informação, por exemplo, é que os “bots” passem a pesquisar conteúdos e entregar o resultado pronto, com qualidade e autonomia crescentes. A diminuição do tráfego humano na internet deve reformular a economia digital, hoje baseada na venda de anúncios.
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Inovação Educacional
May 4, 3:06 PM
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Treinados a partir da varredura de uma base massiva de informações disponíveis na internet e em repositórios específicos, os modelos de inteligência artificial (IA) colocam em evidência a necessidade de mitigar os riscos de conteúdos falsos não serem apenas intencionais, mas resultado da falta de identificação de fontes idôneas, sem inibir o desenvolvimento de projetos inovadores baseados na tecnologia. Tarefa que os especialistas consideram desafiadora face a complexidade em se atingir o ponto de equilíbrio dessa balança.
A identificação da fonte das informações é considerada um fator crítico. Os desenvolvedores até conseguem saber com certa precisão onde está ocorrendo o processo de mineração de dados que geram o conteúdo fornecido pela IA, mas como essa varredura é feita em escala gigantesca fica muito difícil saber se o conteúdo que os usuários obtêm é verdadeiro ou falso.
De acordo com Henrique Fabretti, CEO do Opice Blum Advogados, a alucinação é uma característica da plataforma. Significa que, apesar de seu processo de aprimoramento ao longo do tempo, os modelos de IA seguirão fornecendo informações erradas. “Ela pode alucinar mais ou alucinar menos. Mas se pensarmos em alucinação como uma característica oposta à acurácia, nunca teremos uma IA totalmente acurada”, diz.
O risco de propagação de conteúdos falsos sempre existirá. A era digital diminuiu as barreiras para acessar informações, ou seja, o usuário pergunta e recebe respostas das mais variadas fontes: balizadas, totalmente artificiais ou exploratórios. “É uma característica do mundo atual”, salienta Demi Getschko, diretor-presidente do Núcleo de Informações e Coordenação do Ponto Br (NIC.br), órgão responsável por implementar as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
Embora ressalte a importância de aperfeiçoamento dos mecanismos de controle para que os sistemas de IA possam fornecer informações as mais fidedignas possível, André Gildlin, vice-presidente de estratégia da Associação Brasileira de Inteligência Artificial (Abria), atribui aos usuários papel relevante na checagem da veracidade do conteúdo. “Devemos ter pensamento crítico em relação ao conteúdo e, na dúvida, buscar outras fontes”, afirma.
As empresas já dispõem de técnicas que permitem validar a origem dos dados minerados para a criação de conteúdo. Um deles é a marca d’água digital, aplicada principalmente em imagem, que funciona como uma espécie de assinatura do que é gerado pela plataforma. Outro é a indicação às referências que serviram de base para a resposta. “São soluções técnicas bem-vindas para coibir a difusão de fake news”, afirma Rodolfo Avelino, professor de Ciência da Computação do Insper.
Uma das startups que desenvolveram plataforma de IA está fazendo pesquisas para tentar identificar de onde surgiram “pedaços” (trecho de textos, uma palavra ou parte de uma imagem, por exemplo) inseridos na resposta que a IA fornece aos usuários, acrescenta Fabretti, do Opice Blum Advogados.
A preocupação não é somente com a origem e a acuracidade dos dados, mas também com a propriedade intelectual. O grande debate no direito é se os sistemas de IA poderiam acessar informações que estão protegidas por direitos autoriais para extrair um padrão e gerar conteúdo. “A única forma de o sistema ser ‘responsável’ é permitir o acesso aos dados até para informar que o conteúdo solicitado pelo usuário não pode ser replicado por estar protegido”, afirma Luís Fernando Prado, sócio do Prado Vidigal Advogados e conselheiro da Abria.
Além das ferramentas de rastreamento, o marco legal é visto como um mecanismo para exigir transparência e atribuir responsabilidades pelos resultados que as plataformas de IA geram. Em tramitação no Congresso Nacional, o Projeto de Lei 2338 contém princípios de prevenção, precaução e mitigação de riscos e danos causados, razão pela qual é considerado no mundo jurídico um instrumento de regulação de extrema relevância.
Mas se a transparência da plataforma de IA é um tema que ninguém discute, o mesmo não ocorre com o seu alcance. Existe o temor de que a restrição excessiva de acesso à base de dados possa comprometer a qualidade de treinamento das plataformas. Outro receio é que a regulação do conteúdo para mitigar o risco de propagação de fake news possa frear o fomento à inovação.
“O Brasil tem uma carência muito grande de inovação. Se inibirmos os projetos, corremos o risco de ficar para trás. O ideal seria ter liberdade para inovar e proteger o conteúdo”, diz Gildlin, da Abria.
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Inovação Educacional
May 4, 3:05 PM
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Com o poder de transformar profundamente a vida das pessoas a uma velocidade ditada pela era digital, a inteligência artificial (IA) amplia as possibilidades de desenvolvimento de aplicações inovadoras que podem beneficiar toda a sociedade. O requisito, entretanto, é a efetiva democratização da tecnologia, afirmam os especialistas, para os quais o modelo atual de concentração da IA em poucas empresas, sobretudo nas chamadas “big techs”, tende a inibir as iniciativas nacionais nessa área, acentuar a dependência brasileira de soluções estrangeiras e aumentar as desigualdades sociais. Para garantir o acesso de todos aos benefícios proporcionados pela IA, será preciso superar barreiras relacionadas, por exemplo, à infraestrutura tecnológica. O processamento e o armazenamento de aplicações baseadas em IA exigem data centers hiperescala - ambientes que suportam cargas de trabalho maciças e dinâmicas e que consomem muita energia. Existe uma forte concentração nessa área. Para se ter ideia, os Estados Unidos possuem 120 instalações do tipo, enquanto o Brasil conta com apenas dez, revela Rodolfo Avelino, professor de ciência da computação do Insper. Investimentos terão que ser realizados na ampliação de tais ambientes. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) está para anunciar um plano que prevê o desembolso de R$ 2 trilhões em dez anos para construção de novos locais. Não se sabe ainda o tipo de instalação contemplado (se hiperescala ou tradicional, ou se ambos). Atraídas pelas vantagens que o mercado brasileiro oferece, entre as quais se destaca a matriz energética renovável, grandes empresas internacionais pretendem fazer aportes bilionários em novos data centers no país, como a Amazon Web Services (AWS), a Equinix, a Ascenty e a Microsoft. André Gildin, vice-presidente de estratégia da Associação Brasileira de Inteligência Artificial (Abria), chama a atenção para necessidade de ampliação das redes 5G e de fibra óptica, outra grande deficiência brasileira. “Existem áreas rurais que não possuem cobertura. Como formatar um negócio usando IA se não é possível coletar dados no campo? Como exigir dos alunos uso intensivo de ferramentas de IA se não há boa conectividade nas escolas?”, indaga. A disponibilidade de talentos é outro requisito indispensável para a jornada de democratização da IA. Nessa seara está ocorrendo um fenômeno mundial que Avelino, do Insper, considera preocupante: a produção de ciência está se deslocando das universidades para as big techs e, por razões financeiras, os profissionais especializados em IA estão seguindo o fluxo migratório. “Como resultado, existe uma escassez de profissionais com conhecimento para desenvolver alta tecnologia.” As universidades deveriam assumir esse protagonismo, opina Pierre Lucena, presidente do Porto Digital, parque localizado na cidade do Recife (PE), que abriga empresas de base tecnológica. “É a forma mais eficaz de desenvolver projeto de inclusão em escala.” No Brasil, existem iniciativas com o objetivo de habilitar profissionais que irão ingressar no mercado de trabalho - área em que talvez seja mais visível no momento o impacto provocado pela IA. Empresas, entidades e instituições de ensino oferecem cursos de preparação de pessoal, já que se acelera o processo de automação de tarefas dentro das empresas. A avaliação é de que, quanto maior a fluência digital, menor a chance de o candidato ficar para trás na disputa por uma vaga de emprego. As projeções são de que várias profissões desaparecerão nos próximos anos por causa do avanço da IA. A esperança, porém, é de que número muito maior de profissões seja criado. Os profissionais que dominarem os recursos da IA terão as melhores oportunidades no mercado de trabalho, afirma Demi Getschko, diretor-presidente do Núcleo de Informações e Coordenação do Ponto Br (NIC.br), órgão responsável por implementar as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). “É importante que todos se adaptem ao quem vem por aí, para poder ter mais condições de sobrevivência. O mundo está mudando e nós devemos dar a chance para que todas as pessoas consigam se beneficiar dessa tecnologia de IA”, diz. Apesar da concentração em poucas empresas, a tecnologia de IA é vista como vetor para o surgimento de novos atores no mercado. Através do Programa IA2, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) pretende impulsionar a pesquisa e inovação por empresas brasileiras. Na avaliação de Demi, o Brasil precisa descobrir em que nichos de mercado pode fazer a diferença. “Não podemos perder o bonde”, ressalta.
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