«O projecto de um E-Dicionário de Termos Literários, em língua portuguesa, iniciado há já 18 anos, pretende recolher o maior número possível de termos técnicos em uso nas teorias da literatura, na crítica literária, nos textos académicos, nas bibliografias específicas dos estudos literários e culturais.
Possui uma base terminológica de mais de 1500 entradas e abrange um elevado número de termos actuais e mesmo não dicionarizados ainda em nenhuma outra língua. Inclui também muitos termos estrangeiros que fazem parte de linguagem técnica da literatura, que no mundo lusófono se utilizam de forma variada. [..]»
«3. Ter de distingue-se, pois, de ter que, porque no primeiro caso está presente a ideia da obrigação, da necessidade, do dever, enquanto no segundo está presente a de dar uma informação sobre o que o emissor possui ou tem em mãos.
Vou construir duas frases semelhantes, em que apenas substituo a preposição «de» pelo pronome relativo «que», de modo a mostrar como o sentido é diferente.
a) «Ele não vai sair, porque tem de estudar.» – Com esta construção pretende dizer-se que ele precisa de estudar, deve estudar, tem a obrigação ou a necessidade de estudar, está obrigado a estudar; e a necessidade de estudar impede-o de sair.
b) «Ele não vai sair, porque tem que estudar.» – Com esta construção pretende dizer-se que ele tem matéria para estudar. Não é do dever de estudar que se pretende falar, mas da quantidade de estudo que há para fazer. Não é o dever de estudar que o impede de sair, mas a quantidade desse estudo: não é o que «deve», aquilo de que «precisa», mas o que «tem», o que «possui».»