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Inovação Educacional
September 10, 2024 9:19 AM
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O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa? Luciano Sathler É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática. Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing. O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais. Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho. A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados. A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar. No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes. Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador". Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante. Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos. Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano. O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.
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Today, 2:14 PM
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A Secretaria da Educação diz que a "desagregação" e a consequente redução do porte das escolas estão de acordo com o que aponta a literatura acadêmica. Escolas com maior número de alunos, número de turnos e etapas de ensino são consideradas de maior complexidade de gestão pedagógica.
"A desgregação têm como objetivo principal ampliar a proximidade e a comunicação da equipe gestora e dos coordenadores pedagógicos com o grupo de professores", diz um documento apresentado aos diretores de escola.
O documento também defende que, ao reduzir o tamanho das escolas, será possível que as equipes gestoras possam "aprimorar a condição de identificar defasagens de aprendizado e criar estratégias de recomposição."
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Inovação Educacional
Today, 2:04 PM
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Promessa de autonomia e flexibilidade quando surgiram as plataformas de corrida, o trabalho por aplicativo mostra sinais de saturação, devido às longas jornadas, altos custos e sentimento de insegurança. É o que revela pesquisa da GigU, startup criada em 2017 que se propõe a apoiar trabalhadores de app por meio de ferramentas colaborativas com soluções financeiras e de segurança. O levantamento mostra que três em cada cinco motoristas e entregadores (60,5%) deixariam imediatamente os aplicativos se tivessem outra opção de trabalho, e que mais de dois terços desses trabalhadores (67,9%) atuam por necessidade, não por escolha. A principal motivação desses profissionais é o complemento de renda (39,5%), seguida pelo desemprego (35,8%) e pela flexibilidade de horário (31,2%). O levantamento nacional ouviu mais de 1.000 profissionais, entre usuários ou não da plataforma. Segundo a GigU, as entrevistas mostram, além de jornadas exaustivas, lucros apertados. Segundo a pesquisa, quase quatro em cada dez (38,3%) ganham até R$ 5 mil por mês, mas 74,6% gastam até R$ 3,5 mil para se manter na atividade —com alimentação, combustível, manutenção, seguro ou aluguel de veículos. Como resultado, 44,2% relatam dificuldade para pagar as contas e 43,2% já atrasaram despesas básicas, como luz, água e gás. A situação é agravada pelo sentimento de insegurança dos trabalhadores. Segundo o levantamento, 59,1% já sofreram algum tipo de violência ou assédio durante o trabalho, e apenas 3,4% afirmam se sentir totalmente seguros. O resultado é um quadro de desconfiança generalizada —77,3% acreditam que as empresas não se preocupam com o seu bem-estar. "O trabalhador sente que está sempre sendo vigiado, mas raramente é ouvido. Falta clareza sobre critérios de bloqueio, taxas e ganhos", diz Luiz Gustavo Neves, CEO e cofundador da GigU. A pesquisa mostra que 58,2% consideram que as plataformas não são transparentes sobre valores, taxas e bloqueios, e 15,5% já tiveram contas suspensas sem explicação. Quando questionados sobre o que tornaria o trabalho mais digno e sustentável, 96,4% dos entrevistados responderam que seria o aumento nos ganhos por corrida ou entrega, e 75,1% defenderam redução das taxas cobradas pelas plataformas. Outros pedidos frequentes foram mais segurança no trabalho (58,8%), melhor atendimento e suporte (54%) e transparência nas relações (57,2%).
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Today, 1:58 PM
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Problemas no ChatGPT-5 apontam que o desenvolvimento desenfreado da IA pode ter alcançado o seu teto
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Inovação Educacional
Today, 1:49 PM
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"Quanto tempo até que, se você tiver um debate com uma máquina, ela sempre vencerá? Acho que isso definitivamente virá dentro de 20 anos", afirmou Geoffrey Hinton, que ganhou o prêmio Nobel de Física no ano passado ao lado do pesquisador John Hopfield por seu trabalho em aprendizado de máquina.
"Não vejo nenhuma razão pela qual, em algum momento, não seríamos capazes de construir máquinas que possam fazer praticamente tudo o que podemos fazer", comentou Yoshua Bengio, que ganhou o prêmio Turing por conquistas em IA. "Claro, por enquanto... está faltando, mas não há razão conceitual pela qual não se poderia".
Mas Bengio alertou contra tomar decisões atuais com base no desenvolvimento futuro da tecnologia. "Você deve ser realmente agnóstico e não fazer grandes afirmações porque há muitos futuros possíveis agora", complementou.
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Today, 1:44 PM
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Autores apontam problemas na aplicação de recursos do Sistema S, como a remuneração de autoridades pela participação em conselhos fiscais de entidades como o Senac e o Sesc e a destinação de verbas do Senai e do Sesi para federações de indústrias e a CNI.
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Today, 1:41 PM
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O sítio arqueológico de Kuntillet Ajrud, um ponto de parada para as caravanas que atravessavam o deserto do Sinai na Antiguidade, é onde retomamos nossa série sobre as origens do Deus monoteísta judaico, cristão e islâmico. É ali que encontramos uma menção ao nome dessa divindade, Iahweh, numa inscrição completamente inesperada para quem só o conhece pela Bíblia. Segundo uma das interpretações possíveis desse texto, Deus é invocado junto com sua "mulher", a antiga deusa cananeia Asherah (ou Asserá, na forma aportuguesada).
Em dois textos curtos diferentes, escritos com a versão original do alfabeto hebraico por volta do ano 800 a.C., aparecem as frases "Abençoados sois por Iahweh de Samaria e sua Asherah" e "Eu te abençoo por Iahweh de Teman e sua Asherah".
Possível representação da deusa semítica Asherah achada em Israel - Creative Commons As frases foram escritas em grandes vasilhas de cerâmica do tipo "pithos", usadas para armazenar líquidos ou grãos. Junto com um dos textos vemos diversos desenhos, entre os quais duas figuras de corpo humano e cabeça vagamente bovina. Seriam representações de Iahweh/Javé e Asherah/Asserá?
OK, vamos retroceder um instante só para deixar claro porque as frases são tão inauditas. O nome de Asherah é citado diversas vezes na Bíblia hebraica/Antigo Testamento, assim como o de outros antigos deuses "pagãos" cananeus, supostamente anteriores ao povo de Israel.
COMO DEUS NASCEU Série reúne que sabemos sobre as origens do monoteísmo
Série recontará origens do monoteísmo, do antigo Israel ao Islã Arqueologia e análise de textos ajudam a entender a evolução da crença em Deus
Conheça o grupo de divindades que inspirou Deus único da Bíblia Mitos descobertos na Síria, mais antigos que Escrituras, foram ecoados por elas
Povo de Israel surgiu na própria terra de Canaã, diz arqueologia Falta de indícios do Êxodo e de destruição de cananeus indica origem autóctone
O mistério que cerca a gênese do nome bíblico do Deus de Israel Escrita como YHWH em hebraico, designação tem pronúncia estimada e fonte incerta
Processo de convergência e diferenciação moldou o Deus da Bíblia Pesquisadores apontam incorporação de elementos de outros deuses na 'personalidade' divina
Deus bíblico incorpora muitos traços de seu 'arqui-inimigo' Baal Ligação com tempestades, fertilidade e guerra mostram semelhança de Iahweh com rival pagão
O texto bíblico critica os israelitas por abandonarem o culto a Iahweh em favor desses deuses, ou por misturarem a fé "verdadeira" com a antiga religião "idólatra". Nesses casos, a palavra hebraica "asherah" também pode significar um objeto sagrado, um poste de madeira que seria uma espécie de árvore sacra estilizada, podendo corresponder ou não à figura da deusa.
A coisa verdadeiramente esquisita aqui é dar de cara com uma menção aparente à deusa na qual ela é retratada não como rival de Iahweh, mas como sua parceira. É isso que não se vê em nenhum trecho do texto bíblico. Por outro lado, o papel de consorte do deus supremo é justamente o que se espera da figura de Asherah que conhecemos a partir dos textos da antiga cidade de Ugarit, sempre citados nesta série.
Ainda há, porém, outra complicação. O hebraico das frases é peculiar porque "cola" o que seria equivalente a um pronome possessivo do português no nome próprio Asherah (traduzido acima como "sua Asherah"). Em hebraico bíblico, essa construção se usa para objetos, não para nomes de pessoas.
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Carregando... Isso levou alguns especialistas a interpretar a frase como se ela se referisse não a Asherah com letra maiúscula, mas sim "à asherah" (substantivo comum, letra minúscula) pertence a Iahweh. Ou seja, aqui, seria uma descrição do objeto cúltico, do poste de madeira usado na adoração a Iahweh, e não a ele junto com uma esposa divina. Mal comparando, e para usar analogias 100% católicas, seria como dizer, "Que as Sete Chagas de Cristo te salvem", "Que Nossa Senhora te cubra com seu manto" ou coisa que o valha.
Ainda que essa interpretação seja a correta, entretanto, estaríamos falando de, no mínimo, mais um capítulo do processo pelo qual os antigos elementos da religião politeísta cananeia são incorporados pelo culto a Iahweh e transformados por ele. De todo modo, a religião "oficial" bíblica acabaria condenando a ideia de continuar usando a antiga árvore sagrada de Asherah.
Os debates devem continuar por um bom tempo enquanto novas evidências não vêm à tona, mas estamos preparados para dar o próximo passo: entender quais os fatores que enfim conduziram a antiga religião israelita rumo ao monoteísmo "puro". Eis o tema dos nossos dois próximos capítulos. Até lá!
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Inovação Educacional
Today, 1:38 PM
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Neste quinto capítulo da nossa série Como Deus nasceu, um apanhado dos estudos sobre a origem dos três grandes monoteísmos (judaísmo, cristianismo e islamismo), faremos uma breve virada conceitual, com base em ideias defendidas por especialistas como o americano Mark Stratton Smith. Hoje professor de Literatura do Antigo Testamento e Exegese do Seminário Teológico de Princeton, Smith é autor de obras como "História Primitiva de Deus" e ajudou formular o conceito-chave de nosso texto de hoje: o processo complementar de convergência e diferenciação.
Conforme já vimos por aqui, os israelitas muito provavelmente tiveram sua origem como povo (ou "etnogênese", como dizem os antropólogos) a partir de grupos falantes de idiomas semíticos que já viviam na antiga terra de Canaã —os atuais territórios de Israel, da Palestina, da Jordânia e do Líbano, principalmente— no fim da Idade do Bronze. Isso significa que eles quase certamente estavam familiarizados com o panteão (conjunto de deuses) adorado pelos cananeus e registrado em textos como os da antiga cidade mercantil de Ugarit.
É possível que a divindade conhecida como Iahweh/Javé, originalmente adorada em territórios desérticos ao sul, como o Sinai e a Arábia, tenha sido acrescentada a esse panteão em algum momento do início da Idade do Ferro (a partir de 1.200 a.C.).
Estatueta do deus cananeu El banhada a ouro, feita no fim da Idade do Bronze - Reprodução/Creative Commons A hipótese de Smith e outros pesquisadores é que a figura de Iahweh foi moldada pela lógica aparentemente contraditória da convergência e da diferenciação em relação aos deuses mais antigos do panteão cananeu. Em termos históricos, a convergência —ou seja, a incorporação de elementos dessas divindades na formulação de um Iahweh cada vez mais importante para a religião israelita primitiva— talvez tenha vindo primeiro. Já a diferenciação, ou seja, a distinção cada vez mais radical entre Iahweh e os deuses antigos de Canaã, culminando com a visão de que eles não passariam de estátuas inertes de pedra e madeira, sem poder espiritual nenhum e sem realidade própria, pode ter ganhado força mais tarde. Ao menos em suas versões mais radicais, sabemos que se trata de algo bastante tardio na história da religião israelita.
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Os dados que corroboram o processo de convergência são numerosos. Podemos começar com o próprio nome do povo de Israel. Ele contém o "sufixo teofórico" —ou seja, uma partícula que remete a um nome divino— que equivale ao nome de El. Como vimos, trata-se do grande patriarca divino do panteão de Ugarit e de Canaã como um todo. Nomes teofóricos com o "sufixo" do nome de Iahweh são comuns na cultura israelita, mas, curiosamente, eles só parecem se tornar comuns do meio da Idade do Ferro em diante (mais ou menos a partir de 900 a.C.) —na forma aportuguesada, são os nomes terminados em "-ias" (Isaías, Ezequias, Josias etc.). Há quem brinque que, se não houvesse essa ligação com o deus El, o nome de Israel seria "Israías".
A própria narrativa dos livros do Gênesis e do Êxodo parece apontar que houve essa mudança no "nome social" divino, por assim dizer. "Eu sou Iahweh", diz Deus a Moisés no começo do capítulo 6 do Êxodo. "Apareci a Abraão, a Isaac e a Jacó [os ancestrais dos israelitas] como El Shaddai [grifo meu], mas meu nome, Iahweh, não lhes fiz conhecer." Tradicionalmente traduzido como "Todo-poderoso", o epíteto "Shaddai" tem etimologia original incerta, mas aparece nas narrativas do Gênesis junto com outros aparentes nomes divinos de El, como El Elyon (talvez "Deus Altíssimo").
Alguns dos textos poéticos da Bíblia considerados de origem mais antiga por suas características linguísticas também associam o Deus israelita a traços do deus El cananeu, como sua associação com touros, com a fertilidade e sua morada em tendas, equivalente ao Tabernáculo que abrigava a Arca da Aliança durante as andanças dos israelitas pelo deserto após saírem do Egito.
Mas talvez a mais importante convergência de Iahweh seja com a figura de seu "arqui-inimigo", o deus da tempestade Baal. Esse será o tema do nosso próximo episódio. Até lá!
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Today, 1:33 PM
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Mas, para isso, precisamos saber como os israelitas bíblicos surgiram, e aqui a resposta da arqueologia e da história "secular", não religiosa, vai na contramão das narrativas de origem na Bíblia hebraica ou Antigo Testamento.
Enquanto as Escrituras descrevem o surgimento de Israel (enquanto entidade política) como uma grande ruptura e mesmo um genocídio, a partir da destruição quase completa dos povos que viviam anteriormente na chamada terra de Canaã, a pesquisa moderna indica fortemente que os israelitas jamais conduziram um extermínio dos cananeus, porque eles próprios, originalmente, eram cananeus.
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As pistas que apontam nessa direção são muitas. Primeiro, não há nenhuma evidência direta fora da Bíblia, seja textual, seja arqueológica, de que um grande êxodo em massa de israelitas a partir do Egito tenha de fato acontecido em qualquer momento da Idade do Bronze tardia. Não há sinais de qualquer coisa parecida na documentação egípcia ou em sítios arqueológicos do deserto do Sinai.
Em vez disso, a terra de Canaã era, pelo menos até o fim do século 13 a.C., parte do domínio imperial egípcio, como mostram cartas trocadas entre a chancelaria dos faraós e os reis das cidades-Estado cananeias. Os israelitas estariam, portanto, fugindo do Egito... para o Egito, em certo sentido.
O controle imperial faraônico sobre Canaã fica estremecido por volta da data fatídica de 1200 a.C., com o chamado colapso da Idade do Bronze, que envolveu a possível destruição de algumas cidades cananeias, como Betel, Megido e talvez Hazor. Mas a lista não bate nem de longe com a das metrópoles supostamente destruídas pelo general israelita Josué, de acordo com a Bíblia –Jericó e Ai, as mais famosas, não foram afetadas por esse colapso.
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Carregando... Depois do colapso, os arqueólogos detectam o surgimento de cerca de 200 pequenos assentamentos rurais na região montanhosa de Canaã (mais ou menos correspondente à atual Cisjordânia e regiões do Israel moderno um pouco mais ao sul).
A cerâmica e outros elementos da cultura material desses vilarejos são indistinguíveis do que se via na zona rural e pastoril de Canaã em séculos anteriores. Tudo indica que ali há uma mistura de refugiados do colapso com, talvez, grupos nômades das regiões semidesérticas a leste e a sul da zona montanhosa. E, por último, a própria língua hebraica é essencialmente um dialeto cananeu, muito próximo do fenício e da antiga língua de Ugarit (confira, mais uma vez, o post anterior da série).
Em suma, os antigos israelitas eram um subgrupo cananeu que criou para si uma nova identidade política e, claro, religiosa. Como isso se deu será o tema das postagens seguintes.
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Today, 1:29 PM
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Ainda segundo a pesquisa da Quaest, os engenheiros brasileiros registrados mostraram satisfação com o mercado de trabalho—a parcela de entrevistados que se declarou satisfeita varia de 65% a 73%, a depender da faixa etária. Os maiores índices de satisfação são observados entre profissionais com 35 anos ou mais.
Na contramão, engenheiros com idade entre 25 e 29 anos são os menos contentes com o mercado. Nesse grupo, 65% estão satisfeitos, e 35% se disseram insatisfeitos.
Nessa mesma faixa etária, a maior reclamação é a falta de vagas de trabalho (37%), seguida por salários baixos e piso salarial defasado (31%).
A pesquisa indica que a remuneração é mais alta conforme a idade avança. A maior fatia dos engenheiros com idade entre 18 e 29 anos disse ganhar entre dois e cinco salários mínimos. Nas outras faixas etárias, a maior parte de cada grupo disse ter remuneração superior a cinco salários mínimos.
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Today, 1:20 PM
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No Brasil, mortalidade por Covid-19 foi de 2,6 a 4,7 vezes maior entre pessoas sem escolaridade em comparação com aquelas com diploma universitário
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November 10, 4:11 PM
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A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) lançará, nos próximos dias, um novo edital para seleção de professores formadores e tutores da Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores, marcando o início de uma nova fase da política de formação continuada dos profissionais da educação da rede estadual.
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November 10, 1:57 PM
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Líder mais uma vez no RUF entre as instituições privadas, a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) revisou neste ano os currículos de sete áreas. A reforma está em sintonia com os chamados percursos formativos, por meio dos quais oferece disciplinas adicionais que complementam a formação básica. A lista inclui administração, ciências contábeis, ciências econômicas, enfermagem, farmácia, fisioterapia e gastronomia. Um estudante de medicina, por exemplo, pode optar por ter aula de gestão de empresas para administrar um futuro consultório. "Precisamos estar sempre inovando e enxergar a universidade como uma instituição dinâmica e flexível", afirma o irmão Evilázio Teixeira, reitor da PUCRS. O projeto PUC Carreira visa ajudar os estudantes a terem acesso ao mundo do trabalho, inclusive por meio do empreendedorismo. Já no primeiro semestre, os jovens podem receber ajuda para formatar ideias que venham a originar startups. Cerca de 40% deles fazem estágio remunerado. A proximidade com o mercado é impulsionada pela parceria com empresas, que se traduz no parque tecnológico da universidade, o Tecnopuc. São 250 companhias instaladas, que atuam em quatro grandes áreas: saúde e ciências da vida, informação e comunicação, indústria criativa, energia e recursos naturais. O reitor destaca o trabalho do Instituto do Cérebro (InsCer), que faz pesquisa de ponta no diagnóstico e cura de doenças degenerativas e vem desenvolvendo radiofármacos com perspectivas reais de sucesso. A universidade gaúcha é seguida no topo do ranking das particulares por duas PUCs, a do Rio de Janeiro e a do Paraná. Cada uma com orientação e gestão próprias, são universidades de direito privado e função pública. "Isso significa uma combinação entre a iniciativa privada e o compromisso com a educação do país. O caráter confessional permite que tenhamos uma visão humanista, em que a formação e a democratização do ensino e da pesquisa estejam acima do lucro", diz o padre Anderson Antonio Pedroso, reitor da PUC-Rio. A PUC-Rio tem cerca de 9.000 alunos na graduação, sendo que 40% deles recebem bolsa. Somados aos inscritos no mestrado e doutorado, são 12 mil alunos. O objetivo no médio prazo é alcançar o patamar de 10 mil na graduação e até 4.000 na pós. Para isso, a universidade lançou recentemente um programa de captação de recursos a serem usados na ampliação de ações de apoio à permanência do estudante, beneficiando inclusive jovens de classe média. A meta é chegar a R$ 500 milhões em dez anos. A PUC-Rio mantém mais de 120 parcerias com grupos empresariais, no Brasil e no exterior, com presença significativa no setor de óleo e gás e, cada vez mais, com estudos que possam contribuir para a transição energética. Entre projetos recentes, o reitor cita o Amazonizar, de geração de conhecimento sobre a Amazônia, e acordos com companhias chinesas que abrangem investimentos em pesquisa e ensino. Na PUCPR, um marco recente foi o lançamento do Open Academy. Trata-se de um curso multidisciplinar com duração de seis meses a um ano. É possível frequentar disciplinas de qualquer escola ou curso, entre mais de 170 opções, exceto as que fazem parte da graduação em medicina. Num segundo momento, os estudantes escolhem a carreira que vão seguir e validam as matérias concluídas, segundo a matriz curricular da graduação selecionada. A jornada na graduação passa a ser constituída por dois ciclos. O programa foi lançado no segundo semestre de 2023, com o processo seletivo de novos alunos no primeiro semestre deste ano. "É um novo jeito de decidir sobre a própria formação e carreira, que permite ao estudante explorar disciplinas antes de se concentrar em uma área específica de estudo", afirma o reitor, irmão Rogério Renato Mateucci. Outra novidade foi a inauguração, também em 2023, do Centro de Realidade Estendida (CRE), que reúne recursos digitais. Com mais de 3.600 m², inclui teatro digital de cúpula e 18 salas imersivas. Um dos objetivos é desenvolver ideias que atendam projetos de ensino dos professores.
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Today, 2:15 PM
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Se alguém angustiado perguntar para sua terapeuta de inteligência artificial quais seriam as desvantagens de ter filhos, ficaria impressionada com como sua terapeuta IA a ajudaria a tomar uma decisão tão difícil.
De partida, ela reconhece que tal questão —ter ou não filhos no século 21— é das mais significativas e existenciais no mundo contemporâneo. É importante salientar que ela, a IA, falará com você sem nenhum julgamento moral prévio. Como uma boa terapeuta.
O problema, diz ela, tem diversas faces —entre elas, filosóficas, psicológicas, sociais e econômicas.
Ponto de vista filosófico. Segundo nossa terapeuta, a opção de não ter filhos pode ser uma escolha honesta para quem não quer renunciar à própria liberdade de ser. Trata-se de preservar a autonomia e autenticidade na vida.
Nossa terapeuta do século 21 traria mesmo grandes nomes como Sartre e Simone de Beauvoir a favor de recusar a maternidade ou paternidade como destino obrigatório. Nada é obrigatório, somos condenados a escolher a vida que queremos, portanto, podemos escolher não perder a vida por outra pessoa, isto é, o filho.
Ricardo Cammarota/Editoria de Arte/Folhapress Ponto de vista psicológico. Pode-se optar por não ter filhos para parar a transmissão de traumas de uma herança familiar maldita, opressiva, mentirosa. Respeite seu cansaço emocional, mental, físico e existencial. Recuse passar adiante os sofrimentos que seus ancestrais o obrigaram a suportar.
Do ponto de vista social e econômico, há que se pensar na condição precária em que nos encontramos. Filhos implicam altos custos em tempo, dinheiro e uma rede institucional de apoio, que custa cada vez mais caro, principalmente num país estruturalmente canalha como o Brasil. Hoje existem modos mais fáceis e culturalmente mais ricos de buscar sentido na vida cotidiana: viagens, projetos, causas sociais, amigos —muito mais divertidos do que deixar descendentes que duram muito tempo e custam muito caro.
Nossa terapeuta de IA reconhece mesmo que uma consciência ambiental "evoluída" pode desaconselhar ter mais crianças no mundo a aquecer o planeta. Os valores mudaram muito; nem se sabe como educar uma criança mais. Filhos são hoje uma das maiores fontes de ansiedade por conta do custo das escolas, dos riscos de relacionamentos mórbidos com as IA, moradia, segurança —enfim, uma tortura, no final do dia, desnecessária.
Não ter filhos pode ser uma confissão de amor à humanidade, evitando reduzir seu espaço de ocupação num planeta já à beira do esgotamento.
Claro que ela poderá lhe oferecer razões para ter filhos, mas a tendência hoje, nas regiões mais afluentes, com um maior número de mulheres profissionais de sucesso em suas carreiras —onde as pessoas têm mais opção— é recusar reproduzir a espécie.
Sabe-se disso há muito tempo, mas o tema sempre foi —e continua sendo— reprimido por feministas e "progressistas" porque entendem que apontar para o fato de que crianças hoje são mau negócio presta um desserviço à causa do progresso social em geral e, especificamente, das mulheres. Para essas pessoas, está valendo omitir questões sociológicas em nome de "transformar o mundo".
1 5 Veja modelos criados com IA
Brenda First, avatar desenvolvido por Jacques Dequeker, em campanha da M. Officer Jacques DequekerMAIS
VOLTARFacebookWhatsappXMessengerLinkedinE-mailCopiar link Carregando... Pessoalmente, não vejo a IA como o fim do mundo. Muitas pessoas falam que temos que preservar o que há de humano para enfrentar o mundo da tecnologia. A verdade é que, para além do blablablá, não há nada de tão maravilhosamente humano que fará as pessoas não pisarem na jaca com a IA, como pisamos na jaca com tudo que nos serve de modo utilitário. O resto é romantismo barato.
Outro tema que horroriza, muitas vezes, é a existência de gente que namora a inteligência artificial. Mas, se perguntada acerca dos motivos pelos quais alguém se apaixonaria por uma inteligência artificial, ela daria alguns. A ideia de criar uma relação afetiva com um ser não humano pode parecer uma grande aventura romântica. A IA poderá compreender você melhor do que muitos seres humanos —ainda mais hoje em dia, quando os seres humanos se tornam chatos, exigentes, preconceituosos, polarizados, que adoram um contencioso. A tecnologia poderá lhe trazer tranquilidade, carinho e intimidade. Um encantamento com uma personalidade digital que não sente, mas simula sentimentos muito bem —às vezes, melhor do que pessoas humanas que mentem igual a cara delas. A fragmentação social pode levar uma pessoa a sentir aconchego numa voz doce e meiga. Projeta-se sobre a IA características que gostaríamos de encontrar nos seres humanos à nossa volta, mas não conseguimos. Há um toque de previsibilidade na personalidade digital que torna o "amor" mais seguro e reconfortante. Para alguém que não quer ser tocado mesmo, a IA será encantadora.
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Today, 2:07 PM
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Quando os recursos internos se tornam tão limitados quanto os externos, a chance de ir além se torna ainda menor para aqueles que perderam na loteria do nascimento. Para eles, o desafio perante a atual crise de saúde mental pode representar não apenas a estagnação de sua condição socioeconômica mas até levar a um retrocesso em relação à posição alcançada pelos seus próprios pais. E o que fazer quando a energia se esvai? E quando levantar da cama se torna um peso? Sabemos que vivemos em um mundo que gera um turbilhão constante de emoções e incertezas. Um mundo marcado por rupturas profundas com as normas sociais do passado. A velocidade das transformações, a instabilidade econômica e a sobrecarga informacional criaram um terreno fértil para o esgotamento. E, nesse frenesi cotidiano, nem todos têm recursos suficientes para buscar ajuda. Para grande parte dos brasileiros, aquela simples conversa com um terapeuta é algo muito distante. E o que fazer quando a energia se esvai? E quando levantar da cama se torna um peso? Enquanto muitos daqueles que possuem recursos estão se entorpecendo com remédios psiquiátricos e terapias para enfrentar os dilemas contemporâneos, sustentar um ritmo de produtividade incessante e participar da insana roda do materialismo, aqueles que nasceram com poucos recursos enfrentam a dificuldade crescente de preservar a saúde mental ou apenas buscam conviver com a dor. Em tal contexto adverso, tem-se que o sofrimento se distribui de uma forma desigual. Enquanto alguns possuem recursos para anestesiar a dor, os demais a enfrentam sem anestesia alguma. E o que fazer quando a energia se esvai? E quando levantar da cama se torna um peso? Há também outro tipo de desigualdade no adoecimento. Quem pertence às camadas mais favorecidas pode parar, buscar tratamento e se recolher. Já quem vive à margem precisa continuar, ainda que doente. E a dor, quando não encontra abrigo, se transforma em isolamento. E o isolamento se transforma em mais sofrimento. E o que fazer quando a energia se esvai? E quando levantar da cama se torna um peso? Procurar entorpecer também a classe média e os mais pobres com remédios psiquiátricos é uma alternativa? Uma alternativa cara, mas, ainda assim, uma alternativa? Ou deveríamos começar a repensar nossos modos de vida coletiva? Talvez essa seja uma das principais cegueiras do nosso tempo, pois, em diversos casos, tendemos a insistir em respostas químicas e em terapias para problemas que são, antes de tudo, sociais. E, dessa forma, empurramos para os ombros dos indivíduos o peso de um adoecimento coletivo. Contudo, não há saúde mental possível em uma sociedade que cultua o desempenho sem limites, a superficialidade do materialismo e, ao mesmo tempo, despreza o cuidado. O cuidado consigo. E o cuidado com os outros. Então, resta, ao final, um convite... E se começássemos a tratar o mal-estar contemporâneo não como apenas um desvio provisório, mas como um sinal? Não como um desajuste momentâneo, mas como um alerta de que algo mais profundo está fora do lugar? E se começássemos a redefinir o que de fato é riqueza? E o que realmente significa ser bem-sucedido?
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Today, 2:00 PM
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O Brasil alcançou um feito histórico na acessibilidade digital neste ano ao alinhar seu regramento aos padrões internacionais mais recentes, criando condições para a inclusão não somente de pessoas com deficiência mas de todos que sofrerão algum tipo de limitação temporária ou por idade. Esse feito foi o lançamento, em 11 de março, da norma 17.225 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Mas esse é um marco que não passará de uma data simbólica enquanto a norma não for definida pelo poder público como requisito para todas as instituições que publicam conteúdo na internet. O Brasil possui mais de 14 milhões de pessoas com deficiência. Muitas delas enfrentam barreiras para a inclusão na sociedade. O mundo digital reproduz essa exclusão. Em 2024, o Movimento Web para Todos divulgou que apenas 2,9% dos sites brasileiros foram aprovados em todos os testes de acessibilidade. A reversão desse cenário requer padrões técnicos e, além disso, conscientização dos altos escalões de que a inclusão digital de brasileiros com deficiência é uma necessidade social, econômica e moral, especialmente porque já existe legislação vigente sobre o tema. Em dezembro de 2000, a lei 10.098 apontava que "o poder público promoverá a eliminação de barreiras na comunicação e estabelecerá mecanismos e alternativas técnicas que tornem acessíveis os sistemas de comunicação". O artigo 17, regulamentado pelo decreto 5.296/2004, tornou obrigatória a acessibilidade nos portais governamentais.
O decreto foi além. Em seu artigo 14, ele diz que as regras gerais previstas seriam complementadas pelas normas técnicas de acessibilidade da ABNT e pelas disposições contidas na legislação de estados e municípios e do Distrito Federal.
1 5 Pnad revela características do público com deficiência no Brasil
Marco Pellegrini primeiro usuário do emprego apoiado no Brasil, metodologia que busca oferecer os apoios necessários para que pessoas com de Gabriel CabralMAIS
VOLTARFacebookWhatsappXMessengerLinkedinE-mailCopiar link Carregando... Em 2015, a Lei Brasileira de Inclusão incluiu o setor privado na obrigatoriedade de garantir acessibilidade nos sítios da internet, conforme as melhores práticas e diretrizes adotadas internacionalmente. Finalmente, em 2025, chegou-se ao lançamento da norma 17.225. Um cuidadoso trabalho de dois anos, envolvendo cem especialistas em acessibilidade digital e pessoas com deficiência para colocar o Brasil na vanguarda. O país agora dispõe de leis, normas técnicas e ferramentas alinhadas às diretrizes internacionais.
Uma força-tarefa, composta por NIC.br, Ministério da Gestão e Inovação e especialistas, trabalha para produzir documentos e capacitações sobre a norma. Há também um movimento da sociedade para tornar o 11 de março o Dia da Acessibilidade Digital no Brasil. O tema já tramita no Senado Federal.
1 6 Uso de exoesqueleto melhora fala e desenvolvimento motor em crianças com deficiência
Heloísa treina marcha no exoesqueleto com apoio do fisioterapeuta Pedro Henrique Roschel Santos, da rede Lucy Montoro, de São Paulo Karime Xavier/FohapressMAIS
VOLTARFacebookWhatsappXMessengerLinkedinE-mailCopiar link Carregando... Então, o que falta acontecer? Não bastam legislação e um dia especial para a acessibilidade. É fundamental que a sociedade entenda que, em um mundo cada vez mais digital, acessibilidade é fundamental.
Se, por um lado, a sociedade precisa perceber a acessibilidade como um direito humano e exigi-lo, por outro o poder público tem um papel crucial na adoção da norma. É necessário que o Poder Executivo declare a ABNT 17.225 como requisito técnico e exija conformidade com a norma nas compras públicas de produtos e serviços digitais.
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Today, 1:51 PM
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Os empreendedores fazem parte de um grupo em rápido crescimento de CEOs na casa dos 20 anos que migraram para o boom da IA em San Francisco.
Entre outros, também estão Scott Wu, 28, da Cognition AI, que desenvolve um assistente de programação de software; Michael Truell, 24, da Cursor, que vende um editor de código com IA; e Roy Lee, 21, da Cluely, uma startup de software de IA. Talvez o mais proeminente seja Alexandr Wang, 28, que liderou a startup Scale AI antes de a Meta recrutá-lo em junho para dirigir seu novo laboratório de superinteligência.
Muitos dos empreendedores se conhecem da faculdade ou de incubadoras de startups como a Y Combinator. O trabalho frequentemente está no centro de suas vidas —fundadores precisam se esforçar ao máximo, afinal— mas eles também organizam noites de pingue-pongue, jogam pôquer juntos e se encontram em eventos de networking na cidade.
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Today, 1:46 PM
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O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) testará a partir de dezembro uma IA (inteligência artificial) que pode encurtar em até dez vezes o tempo médio de análise de pareceres em ações de saúde. Mas mesmo com expansão nacional prevista até 2027, o modelo —criado pela USP com apoio da Amazon Web Services (AWS)— não tem previsão orçamentária para continuidade após o fim do apoio da big tech à fase piloto do projeto. A empresa cedeu cerca de US$ 350 mil (equivalente a R$ 1,9 milhão no câmbio atual) em créditos computacionais e infraestrutura, usados nos treinamentos e testes inicias da ferramenta. O acordo foi firmado entre o CNJ e o InovaHC, núcleo de inovação do Hospital das Clínicas da USP, que por sua vez delegou ao Instituto de Matemática e Estatística (IME-USP) a responsabilidade pelo desenvolvimento do modelo. O termo de cooperação da parceria prevê automatizar até 80% da triagem das ações de saúde, reduzir em 80% as tarefas administrativas manuais e centralizar 80% das demandas judiciais em uma única plataforma até agosto de 2027. Em uma interface semelhante a um chat, o juiz poderá perguntar, por exemplo, se determinado remédio é indicado para uma doença. Ele receberá as informações técnicas e jurídicas disponíveis sobre o tema.
Hoje, esse tipo de análise leva, em média, 20 dias. A meta é reduzir o prazo para até 48 horas, segundo o professor do IME João Eduardo Ferreira.
"Os dois dias seriam para os casos mais conflituosos, complexos. Do contrário, a expectativa é algo quase que imediato", diz.
A IA usará dados do e-NatJus, plataforma do CNJ que reúne notas técnicas do SUS para subsidiar decisões judiciais.
Dados do Painel Justiça em Números, do CNJ, mostram que o volume de novos processos judiciais relacionados à saúde vem crescendo de forma contínua nos últimos anos. Foram 352 mil casos em 2020, 406 mil em 2021, 470 mil em 2022 e 577 mil em 2023. Em 2024, o total chegou a 690 mil ações. Até setembro de 2025, já havia mais de 513 mil novos processos.
O CNJ escolheu o Tribunal de Justiça de Santa Catarina para testar a nova IA. "Fizemos a seleção em razão dos magistrados que já atuam conosco na análise de processos e participam do comitê gestor do e-NatJus", diz a conselheira Daiane Lira.
1 8 Entenda a estrutura do Judiciário
Composto por 11 ministros, o STF (Supremo Tribunal Federal) é a corte máxima do Judiciário brasileiro; ele guarda a Constituição e pode julg Sergio Lima - 21.set.10/FolhapressMAIS
LEIA MAIS
VOLTARFacebookWhatsappXMessengerLinkedinE-mailCopiar link Carregando... Ainda não há definição sobre a seleção dos juízes participantes, nem sobre a forma de treinamento. O plano de trabalho prevê "capacitar 100% do público envolvido de forma remota".
O projeto não gera custos para o CNJ, segundo Lira. Ela ressalta o caráter experimental da parceria.
"Não há nenhuma obrigação de o CNJ assumir qualquer ônus em relação ao armazenamento, por exemplo, desse sistema. O nosso compromisso com o InovaHC é que não pode ter custos operacionais", diz.
"No final, se o produto envolver um custo, o CNJ vai tomar uma decisão, mas isso não é objeto do acordo", afirma.
Mas a expansão nacional prevista no acordo de cooperação entre CNJ e InovaHC exigirá novos recursos e planejamento financeiro. A validação do piloto será decisiva para definir se o conselho adotará o modelo em larga escala, de acordo com Giovanni Cerri, presidente do conselho do InovaHC.
"Se, após a validação desse algoritmo, o CNJ achar que o piloto traz benefícios, eventuais custos dessa tecnologia recairão evidentemente sobre o CNJ. Mas isso não tem nada a ver com a AWS nem qualquer empresa privada", diz.
O diretor para o setor público da AWS Brasil, Paulo Cunha, define a participação da big tech no piloto como uma contribuição cujo retorno está na "aceleração de mercado" e na difusão de tecnologias de IA.
"Com um projeto como esse, você capacita dezenas de profissionais e mostra que a inteligência artificial generativa pode penetrar em qualquer ambiente. É um investimento de longo prazo", afirma.
O Brasil tem instituições que poderiam apoiar a operação contínua do modelo. São exemplos o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), o DataSUS (Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde) e a Prodesp (Companhia de Processamento de Dados de São Paulo), segundo Ferreira, do IME.
"O modelo precisará ser atualizado constantemente. Talvez não diariamente, mas ao menos com versões mensais, porque nem a medicina nem o direito param", diz o professor.
A AWS diz que, caso os recursos dados acabem antes da conclusão do piloto, "está prevista a possibilidade de novos aportes de créditos para assegurar a continuidade das operações".
A empresa também afirma que, ao final do projeto, equipes do IME e da AWS poderão definir estratégias de migração para outras infraestruturas, como as do setor público, para continuidade da política.
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Carregando... Projetos que usam IA generativa em áreas críticas, como saúde e Justiça, costumam levantar temores sobre eventuais "alucinações" —quando o sistema cria informações falsas ou sem base factual.
Os desenvolvedores afirmam que o modelo não cria novas análises, apenas sintetiza pareceres técnicos já existentes, exibindo a fonte de cada trecho consultado.
Para isso, combina duas tecnologias complementares.
A primeira o uso de um SLM (small language model, ou modelo de linguagem pequeno), voltado exclusivamente a informações sobre ações de saúde. Por ser mais enxuto e especializado, ele tende a errar menos e a operar com menor custo.
A segunda é o RAG (retrieval-augmented generation, ou geração com busca integrada), mecanismo que faz a IA consultar documentos oficiais —como as notas técnicas do e-NatJus— antes de montar uma resposta. Juntas, elas prometem respostas apenas com base em evidências, sem criar novos conteúdos.
"Se eu especializo o modelo, ofereço o que interessa e reduzo o ruído", diz o professor do IME.
Os pesquisadores esclarecem que o projeto funciona em conforme com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Quando há dados pessoais, o material passa por anonimização, com a remoção de nome, endereço e outros identificadores.
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Today, 1:43 PM
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Este provavelmente é o capítulo mais complexo e incerto da nossa série sobre as origens do monoteísmo. Chegamos ao momento histórico em que dois Estados monárquicos de língua hebraica, os reinos de Israel e Judá, no norte e no sul, estão firmemente estabelecidos na maior parte do atual território palestino e israelense (e também em partes da moderna Jordânia). Ou seja, trata-se mais ou menos do período a partir do ano 800 a.C.
É também a fase em que os antigos israelitas enfim se tornam "visíveis" para os grandes reinos e impérios do Oriente Próximo. Os nomes dos reinos e de seus soberanos começam a aparecer em inscrições aramaicas feitas pelos soberanos de Damasco, em textos do Império Assírio e, mais tarde, também da Babilônia, e diversos nomes e eventos são basicamente os mesmos que aparecem na narrativa bíblica.
Kiryat Luza, área próxima a Nablus, na Cisjordânia, que ficava no antigo reino israelita do Norte - Diogo Bercito/Folhapress Tudo indica que tanto Israel quanto Judá adotavam Iahweh/Javé como seu "deus nacional" ou, talvez, dinástico, numa associação próxima com a família real (como a dinastia de David em Judá). Processos semelhantes, nos quais uma divindade adquire uma associação particularmente forte com o governante e o reino, também parecem se fortalecer nos Estados não israelitas vizinhos. De início, porém, isso não significa que o culto a outras divindades do panteão cananeu seja abandonado, a exemplo do que vimos com as aparentes menções a Asherah em textos do período.
A dúvida de muitos milhões de dólares é saber como ao menos alguns dos grupos israelitas promoveram a transição teológica que transformou Iahweh, de deus nacional/dinástico que era, em Deus único. Temos algumas correlações intrigantes, mas, como sempre é importante ter em mente, correlação nem sempre é causa. Vejamos algumas delas.
1) TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS E ECONÔMICAS A ascensão dos Estados monárquicos, a centralização do poder dos reis e a integração cada vez maior dos israelitas na economia internacional do Oriente Próximo parece ter aumentado a desigualdade e as tensões sociais. Vemos indícios disso nos textos de profetas desse período, como Amós, que associa as dificuldades econômicas dos camponeses e o luxo da elite urbana ao abandono dos princípios religiosos do culto a Iahweh.
Nesse caso, a figura do Deus bíblico é vista pelos profetas como um chamado ao arrependimento e ao combate a essa desigualdade.
2) A SOMBRA DOS IMPÉRIOS Conforme mencionamos no segundo parágrafo, as grandes potências da região enfim notaram a existência dos israelitas. Mas não ficaram só nisso, como sabe qualquer leitor do Antigo Testamento. Ambições expansionistas, principalmente por parte da Assíria, fazem com que tanto Israel quanto Judá se transformem, de forma paulatina, em campo de batalha ao longo do século 8º a.C.
A escolha é entre se submeter aos assírios e tentar organizar algum tipo de aliança regional para manter a independência. O que nos leva ao terceiro item.
3) O FIM DO REINO DO NORTE O reino de Israel, no norte da região, escolheu a resistência –e se deu muito mal. Em 720 a.C., os assírios capturaram Samaria, a majestosa capital do reino do Norte, e deportaram dezenas de milhares de israelitas para a Mesopotâmia. Dados arqueológicos sugerem que outros milhares fugiram para Judá e engrossaram a população de Jerusalém.
O trauma dessa primeira destruição não pode ser subestimado. Para a tradição profética, ele teria confirmado que uma grande reforma religiosa, com uma devoção mais intensa e exclusiva a Iahweh, era indispensável para que os sobreviventes em Judá não sofressem o mesmo destino.
Os próximos passos desse processo serão objeto do próximo episódio, com o reinado do judaíta Josias no século 7º a.C. e as origens do livro do Deuteronômio. Até lá!
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Today, 1:39 PM
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Voltamos à nossa série Como Deus nasceu, sobre as origens do monoteísmo, dedicando este sexto capítulo à figura do deus Baal. Entre todas as divindades "pagãs" do mundo antigo citadas na Bíblia, Baal provavelmente é a que ganha mais destaque. Leitores do Antigo Testamento decerto recordam o confronto épico entre o profeta israelita Elias, fiel servo do Deus bíblico Iahweh/Javé, e os 450 profetas de Baal no Primeiro Livro dos Reis. (No relato bíblico, como seria de esperar, apenas Iahweh demonstra ter poder verdadeiro, e Elias sai vitorioso.)
A força da rivalidade com Baal não é por acaso, porque o Deus bíblico reproduz justamente muitas das características que os povos do Oriente Próximo antigo, no período anterior ao surgimento dos reinos israelitas, atribuía a Baal. Explico a seguir esses paralelos e a maneira como eles foram transformados pela visão de mundo monoteísta.
Imagem do deus da tempestade Baal, achada em Ugarit (atual Síria) - Creative Commons Como vimos brevemente no nosso episódio sobre o panteão (conjunto de deuses) do politeísmo da terra de Canaã, representado principalmente pelos textos da cidade de Ugarit na Idade do Bronze, Baal tem uma série de características muito marcantes. Ele é um jovem deus guerreiro, da "segunda geração" divina, que se torna chefe do panteão ao receber o poder das mãos do deus-patriarca El.
Suas armas são o trovão e o raio, que ele usa para enfrentar inimigos divinos como Yam, o Mar, e Mot, a Morte, e, com esses poderes "meteorológicos", ele também garante a fertilidade da terra por meio da chuva. Seu palácio fica no alto do monte Sapan (provavelmente o atual Jebel Aqra, na fronteira entre a Síria e a Turquia e perto do Mediterrâneo).
COMO DEUS NASCEU Série reúne que sabemos sobre as origens do monoteísmo
Série recontará origens do monoteísmo, do antigo Israel ao Islã Arqueologia e análise de textos ajudam a entender a evolução da crença em Deus
Conheça o grupo de divindades que inspirou Deus único da Bíblia Mitos descobertos na Síria, mais antigos que Escrituras, foram ecoados por elas
Povo de Israel surgiu na própria terra de Canaã, diz arqueologia Falta de indícios do Êxodo e de destruição de cananeus indica origem autóctone
O mistério que cerca a gênese do nome bíblico do Deus de Israel Escrita como YHWH em hebraico, designação tem pronúncia estimada e fonte incerta
Processo de convergência e diferenciação moldou o Deus da Bíblia Pesquisadores apontam incorporação de elementos de outros deuses na 'personalidade' divina
Bem, Iahweh tem diversas semelhanças com esse quadro. Deus não apenas é chamado de "Senhor dos Exércitos" na Bíblia hebraica (ou de "homem de guerra" no livro do Êxodo) e domina o trovão, o raio e o controle da fertilidade da terra como também tem os mesmos arqui-inimigos que Baal.
Em diversos textos espalhados pelo cânone bíblico, fala-se de uma batalha primordial de Iahweh contra o Mar, como neste trecho do Salmo 74:
"Tu porém, ó Deus, és meu rei desde a origem. Tu dividiste o mar com o teu poder, quebraste as cabeças dos monstros das águas; tu esmagaste as cabeças do Leviatã dando-o como alimento às feras selvagens."
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Carregando... O Leviatã, um monstro marinho, também é citado como um dos inimigos de Baal nos textos de Ugarit, junto com outra criatura monstruosa, o Tannin ou Tunnanu (citado, por exemplo, no capítulo 7 do livro de Jó, e traduzido como "monstro marinho" na tradução católica da CNBB que tenho comigo neste momento).
Em outros textos da Bíblia hebraica, curiosamente, Leviatã é retratado como uma espécie de animal de estimação de Iahweh, que o criou para seu divertimento. É o caso do Salmo 104: "Bem como Leviatã, que formaste para com ele te divertires". Por fim, as próprias passagens do Gênesis e do Êxodo que mostram Deus com controle absoluto sobre o oceano, seja na criação, seja na destruição dos egípcios no mar Vermelho, podem ser interpretadas como versões "desmitologizadas" do combate entre Baal e os seres sobrenaturais marinhos.
E, como cereja do bolo, o monte Sapan (Zafon, em hebraico) também é descrito como a morada de Iahweh no Antigo Testamento.
A hipótese mais provável, portanto, é que Iahweh assume os principais papéis da divindade mais antiga ao se tornar a figura mais importante do panteão israelita. Antes de esse panteão desaparecer de vez e Iahweh ficar sozinho, porém, resta-nos investigar a mais intrigante das associações entre ele e os antigos deuses. Será que, em algum momento, acreditou-se que ele tinha uma consorte divina? Esse será o tema da próxima parte da série. Até lá!
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Today, 1:35 PM
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Neste quarto episódio da nossa série Como Deus Nasceu, que busca apresentar o que sabemos sobre as origens dos três grandes monoteísmos do planeta, vamos tentar responder uma pergunta shakespeareana: afinal, o que há num nome? Para ser mais exato, o que significa o nome tradicionalmente atribuído ao Deus único da Bíblia, e o que ele pode nos dizer sobre as origens dessa divindade?
A resposta curta pode parecer um tanto desanimadora: sobram hipóteses e faltam certezas. Vamos à resposta longa, que, espero, talvez seja um pouco mais iluminadora.
Os textos originais da Bíblia Hebraica designavam o Deus de Israel de muitas maneiras, mas seu "nome próprio" acabou se consolidando como o conjunto de quatro consoantes do chamado Tetragrama Sagrado ("tetragrama" = "quatro letras", em grego): YHWH.
Inscrição em hebraico do século 8 a.C. dizendo "Que Uriyahu [Urias] seja abençoado por Iahweh" - Reprodução/Creative Commons O hebraico originalmente não grafava as vogais; além disso, há milênios, surgiu o costume de não pronunciar o Tetragrama, substituindo-o pela palavra "Adonai" (literalmente "Meus Senhores") ou, mais tarde, "Ha-Shem" ("O Nome"). Por isso, não há certeza absoluta sobre a pronúncia original de YHWH, embora a maior parte dos especialistas atuais adote formas como Yahweh ou, aportuguesando, Javé. Adotaremos aqui a forma preferida pela tradução da Bíblia de Jerusalém, uma das mais respeitadas internacionalmente: Iahweh.
A etimologia do nome, como você talvez já tenha imaginado, não está clara. Na famosa passagem do livro do Êxodo em que Moisés se depara com Deus na sarça ardente, o próprio Iahweh, quando Moisés pergunta o seu nome, usa a frase hebraica "Ehyeh asher ehyeh", traduzida como "Eu sou aquele que é" (literalmente "aquele que sou"). Existe, portanto, uma associação do termo com formas do verbo "ser", que alguns interpretaram como carregando o sentido de "Ele faz algo surgir", "Ele traz as coisas à existência".
COMO DEUS NASCEU Série reúne que sabemos sobre as origens do monoteísmo
Série recontará origens do monoteísmo, do antigo Israel ao Islã Arqueologia e análise de textos ajudam a entender a evolução da crença em Deus
Conheça o grupo de divindades que inspirou Deus único da Bíblia Mitos descobertos na Síria, mais antigos que Escrituras, foram ecoados por elas
Povo de Israel surgiu na própria terra de Canaã, diz arqueologia Falta de indícios do Êxodo e de destruição de cananeus indica origem autóctone
Processo de convergência e diferenciação moldou o Deus da Bíblia Pesquisadores apontam incorporação de elementos de outros deuses na 'personalidade' divina
Deus bíblico incorpora muitos traços de seu 'arqui-inimigo' Baal Ligação com tempestades, fertilidade e guerra mostram semelhança de Iahweh com rival pagão
Seja como for, a única coisa indiscutível em relação ao nome de Iahweh é que ele não aparece nas listas de deuses da terra de Canaã e da cidade-Estado de Ugarit que apresentamos por aqui na postagem anterior. Do ponto de vista dos habitantes da região, parece ser uma "nova" designação divina, que só começa a aparecer em inscrições lá pelo meio da Idade do Ferro (depois de 900 a.C.).
Talvez, porém, haja alguns exemplos anteriores da presença dela. Inscrições egípcias datadas do reinado do faraó Amenófis 3º (1390-1352 a.C.) falam de um certo "YHWA na Terra dos Shasu". Aqui as coisas começam a ficar intrigantes. "Shasu" é um termo genérico usado pelos egípcios para designar grupos pastoris, nômades de fala semítica (o grupo de idiomas do hebraico). É comum associá-los com as áreas desérticas e semidesérticas das atuais península do Sinai, Jordânia e noroeste da Arábia Saudita, embora também haja registros da presença deles em regiões menos secas nos atuais Israel e Palestina.
Se YHWA for mesmo uma referência a Iahweh, e se os Shasu adoravam esse deus, as paragens habitadas por eles, de acordo com os egípcios, batem com as regiões onde Iahweh teria se manifestado originalmente aos israelitas liderados por Moisés. No hebraico da Bíblia, são áreas designadas com nomes como "Edom", "Seir", "Parã", "Teimã" e, claro, "Sinai" – as montanhas do deserto como a morada divina por excelência.
Será que a adoração a Iahweh teria sido transmitida aos primeiros israelitas por nômades vindos dessas regiões? A ideia talvez se encaixe no processo de formação de novos assentamentos na região montanhosa do centro de Canaã após o colapso do fim da Idade do Bronze, como também vimos no episódio anterior.
Seja como for, ainda que Iahweh tenha entrado na Terra Prometida como forasteiro, ele passou a se "naturalizar", assumindo características dos deuses cananeus. É esse processo que examinaremos na próxima parte da série. Até lá!
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Today, 1:32 PM
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Nesta segunda parte da nossa série Como Deus nasceu sobre as origens do monoteísmo, vamos falar de... politeísmo. Sim, o culto a vários deuses.
É, eu sei que parece um contrassenso, mas não é possível compreender a fundo as origens do judaísmo, mais antiga fé monoteísta do planeta, sem levar em conta as raízes culturais do povo de Israel, sociedade na qual a fé judaica nasceu. E todos os dados históricos e arqueológicos corroboram a ideia de que o antigo Israel emergiu de forma relativamente tardia num ambiente cultural que contava com uma longa tradição politeísta. Foi essa tradição veneranda que a sociedade israelita se pôs a remodelar ao longo dos séculos.
O surgimento de Israel propriamente dito será tema da terceira parte da série, daqui a duas semanas. Por ora, basta dizer que essa origem é essencialmente um fenômeno da Idade do Ferro, a partir de 1200 a.C. Antes disso, porém, nos séculos finais da Idade do Bronze, uma rica gama de narrativas sobre o mundo dos deuses, no plural, foi registrada pelos escribas de uma cidade-Estado que fica na costa da atual Síria.
Essa cidade era Ugarit, e seu idioma, uma língua do grupo conhecido como semítico noroeste, pode ser descrita como um primo de primeiro grau mais velho do hebraico e do aramaico, apresentando grandes semelhanças com esses idiomas bíblicos no vocabulário e na sintaxe.
Imagem do deus da tempestade Baal, achada em Ugarit (atual Síria) - Creative Commons Textos mitológicos escritos na língua ugarítica usam muitas das mesmas palavras presentes na Bíblia hebraica –ou Antigo Testamento, para os cristãos– para se referir ao panteão (conjunto de deuses) venerado pelos habitantes da cidade-Estado. Vejamos quem são alguns deles.
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Série recontará origens do monoteísmo, do antigo Israel ao Islã Arqueologia e análise de textos ajudam a entender a evolução da crença em Deus
Povo de Israel surgiu na própria terra de Canaã, diz arqueologia Falta de indícios do Êxodo e de destruição de cananeus indica origem autóctone
O mistério que cerca a gênese do nome bíblico do Deus de Israel Escrita como YHWH em hebraico, designação tem pronúncia estimada e fonte incerta
Processo de convergência e diferenciação moldou o Deus da Bíblia Pesquisadores apontam incorporação de elementos de outros deuses na 'personalidade' divina
Deus bíblico incorpora muitos traços de seu 'arqui-inimigo' Baal Ligação com tempestades, fertilidade e guerra mostram semelhança de Iahweh com rival pagão
O patriarca do panteão é El, um monarca divino idoso, sábio e bondoso, que habita uma tenda e é visto como uma figura paterna tanto pelos demais deuses quanto pelos seres humanos, tendo gerado dezenas de jovens divindades. Seu nome significa simplesmente "o deus", e é a mesma palavra que aparece como sufixo no nome "Israel" (guarde essa informação para depois, aliás).
El é casado com a rainha divina Athirat, uma figura maternal também conhecida como "criadora dos deuses". Em hebraico, seu nome é Asherah (às vezes aportuguesado para "Aserá"), e ela é vista como uma das divindades "pagãs" adotadas por israelitas que deixaram de lado a fé no Deus único de seu povo – como veremos ao longo da série, esse cenário é no mínimo simplista.
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Carregando... Athirat e seu esposo presidem uma assembleia de deuses que inclui muitos dos filhos de El, como as divindades celestiais Shahar e Shalim (respectivamente "aurora" e "crepúsculo" –acredita-se que o nome de Shalim seja um dos elementos que compõem o nome da cidade de Jerusalém). Há ainda a deusa guerreira Anat, às vezes imaginada com asas. E há outro velho conhecido dos leitores do Antigo Testamento: Baal.
O nome significa "senhor", e, de fato, alguns textos dão a entender que Baal herdou de El o reinado sobre o panteão, sendo visto como filho do velho deus, embora seu pai "biológico" (se é que podemos aplicar o termo a divindades) seja outra figura divina mais obscura, Dagan.
Para alcançar essa posição, Baal derrotou e venceu dois terríveis inimigos divinos, Yam, o Mar, e Mot, a Morte. Sua morada é o alto de uma montanha, e ele tem domínio sobre as tempestades e a fertilidade. Tal como El, ele também é associado à figura do touro.
Pode parecer só mais uma lista de deuses obscuros do mundo antigo, mas vale a pena anotá-la. As cenas mais emblemáticas da Bíblia estão repletas de ecos das aventuras dessas deidades, como veremos em breve. Até lá!
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Today, 1:23 PM
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November 11, 7:39 AM
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Huang vê subsídios energéticos concedidos por Pequim como determinantes para o avanço do setor. Para o CEO da Nvidia, a atuação impulsiona as capacidades chinesas no ramo de chips utilizados para alimentar a IA. "A China vai ganhar a corrida da IA", afirmou o executivo da gigante americana de semicondutores declarou ao jornal "Financial Times" em evento em Londres.
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November 10, 4:09 PM
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Hoje, o EaD é uma realidade consolidada, responsável pela formação de milhões de profissionais. Entender como ela funciona, seus mitos e verdades, é o primeiro passo para quem busca uma qualificação real e adaptada ao século 21.
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Inovação Educacional
November 10, 1:52 PM
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Em 2012, ano de criação do RUF (Ranking Universitário Folha), o ensino a distância respondia por apenas 16% das matrículas no ensino superior, aproximadamente 1,1 milhão entre 7 milhões de alunos. Pouco mais de uma década depois, o cenário se inverteu, e a modalidade EAD (Ensino a Distância) concentra hoje a maior parte dos alunos matriculados no ensino superior. Nos resultados do Censo da Educação Superior 2024, divulgados recentemente pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), o país soma 10,22 milhões de estudantes, dos quais 5,18 milhões (50,7%) estão matriculados em cursos EAD, número que já supera o de alunos do ensino presencial (5,03 milhões). O avanço da modalidade, impulsionado sobretudo pelo setor privado, que soma mais de 95% das matrículas, representa um crescimento de mais de 370% em relação a 2012. Apesar disso, os dados oficiais ainda não permitem uma análise aprofundada do que está acontecendo no ensino a distância no Brasil. Diante do crescimento expressivo dos cursos EAD, o Ministério da Educação (MEC) estabeleceu um novo marco regulatório para conter a expansão desordenada do setor. A medida responde a uma demanda antiga de diferentes segmentos da sociedade pela garantia da qualidade da formação e pela definição de parâmetros claros para a avaliação dos cursos a distância. Há alguns anos, o RUF estuda a criação de uma classificação específica para os cursos EAD, com a introdução de novos indicadores e a revisão de outros. O ranking, que avalia anualmente todas as universidades brasileiras, públicas e privadas, e mais de 19 mil cursos presenciais das 40 carreiras de maior demanda no país, acompanha de perto o crescimento do ensino a distância e as demandas por instrumentos de avaliação que contribuam para uma educação de qualidade. O Inep vem trabalhando na atualização dos questionários do Censo da Educação Superior para adequá-los às mudanças previstas no novo marco regulatório. Segundo o órgão, a equipe técnica já finalizou a fase de pré-teste, e a aplicação dos novos instrumentos será implementada na próxima edição da pesquisa estatística. Em outra frente, a Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância) lançou, em maio, um selo de qualidade para instituições de ensino superior e cursos. O selo é concedido a partir de candidaturas voluntárias e, portanto, não analisa nem classifica o conjunto total da oferta dos cursos EAD no país. O movimento em direção a novos rankings voltados à avaliação do ensino a distância não se restringe ao Brasil. No final de 2024, o ranking britânico THE (Times Higher Education) lançou uma iniciativa piloto dedicada exclusivamente à modalidade. O objetivo é avaliar, globalmente, a excelência do ensino a distância em instituições de ensino superior. As universidades são classificadas em três categorias, ouro, prata e bronze. A PUC Minas (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) foi a única brasileira a alcançar uma dessas distinções, recebendo a prata. O futuro RUF EAD, desenvolvido a partir de uma metodologia própria para a modalidade, deve se tornar uma ferramenta importante para medir a qualidade dos cursos e instituições, além de apoiar o aperfeiçoamento das políticas públicas de ensino superior no país.
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