As Agtechs (startups do agronegócio) e as Deep Techs (startups de base científica) ganham ainda mais protagonismo por trabalharem com tecnologias de ponta
O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa? Luciano Sathler É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática. Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing. O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais. Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho. A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados. A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar. No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes. Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador". Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante. Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos. Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano. O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.
Glauco Arbix toma mais uma vez o exemplo da DeepSeek para afirmar que, se os países em desenvolvimento conseguirem acelerar a sua capacitação em IA, o panorama global vai sofrer uma rápida diversificação
O e-book “Plano Educacional Individualizado para Escolares com Deficiência Auditiva: Usuários de Tecnologia Assistiva”, disponibilizado gratuitamente, é resultado de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP
Comportamento ético não é idêntico a ser silente em qualquer circunstância. A Universidade “tem lado”. De fato, o referido código estabelece situações em que, mantido o princípio da não adoção de posições de natureza partidária, a voz coletiva da Universidade deve se fazer ouvir em alto e bom som: “A Universidade deve sempre agir e se manifestar a favor da defesa e da promoção dos direitos humanos, aí incluídos os direitos individuais e liberdades públicas, os direitos sociais, econômicos e culturais e os direitos da humanidade”. Exemplo recente dessa manifestação foi o ato público em defesa da democracia organizado pelo Reitoria e a Faculdade de Direito no dia 9 de janeiro de 2023 no Largo São Francisco, no centro de São Paulo. O ato foi uma reação à ação de golpistas que, no dia anterior, haviam vandalizado o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.
Rede de Inovação para a Educação Híbrida (RIEH): lançamento do Guia e da Formação de Professores
Dia: 13 de fevereiro de 2025
Público-alvo: Coordenadores de implementação da RIEH, professores, gestores educacionais, coordenadores pedagógicos, pesquisadores e interessados em educação e cidadania digital Objetivo: apresentar a “Rede de Inovação para a Educação Híbrida (RIEH)”, destacando sua importância e contribuição para a política do ensino médio e para a política de educação digital no Brasil. Além disso, será lançado o guia "Educação Híbrida: Conceito e Orientações Pedagógicas", que servirá como um material orientador para a implementação de práticas pedagógicas na perspectiva das metodologias participativas.
Por fim, apresentado o curso de formação "Educação Híbrida para docentes: da compreensão à prática pedagógica", que visa formar os professores do ensino médio público para a compreensão das possibilidades da Educação Híbrida no contexto da Política Nacional do Ensino Médio e da Política de Educação Digital, descobrindo e construindo caminhos para planejar, implementar e avaliar práticas pedagógicas híbridas em suas práticas pedagógicas e escolas.
Data de Inscrição para o curso: 13 a 21 de fevereiro de 2025 Local: Verificar com a sua Secretaria de Educação
O diploma universitário, por exemplo, deixou de ser importante para quase metade desses brasileiros. Por outro lado, o empreendedorismo está em alta. A família encolheu, e o mais comum é ter duas ou três pessoas em casa. Mas a casa própria ainda é uma das principais aspirações.
Uma onda de calor fez os termômetros ultrapassarem 40°C em diversas regiões do país nos últimos dias e expôs o despreparo das escolas brasileiras para lidar com as altas temperaturas.
Um levantamento feito pelo CIEPP (Centro de Inovação para a Excelência das Políticas Públicas) aponta que apenas 33% das salas de aula das escolas públicas do país são climatizadas. Mesmo na rede particular menos da metade é climatizada (47%). Os dados são do Censo Escolar 2023.
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), responsável pelo Censo, considera como climatizadas as salas de aulas que possuem equipamentos como ar-condicionado, aquecedor ou climatizador.
Sala de aula com ventilador em escola estadual na zona leste de São Paulo - Zanone Fraissat - 18.out.22/Folhapress Os dois estados com o maior número de alunos são os que têm o menor percentual de salas de aula climatizadas: Minas Gerais (8,4%) e São Paulo (2,7%). Alunos e professores das escolas paulistas, no entanto, relatam que a situação é ainda mais difícil do que apenas a falta de climatização, já que muitas das salas nem sequer possuem ventilador funcionando ou cortina nas janelas para impedir a entrada de sol.
Professor de educação física em duas escolas públicas da capital paulista (uma estadual e outra municipal), Francisco Lima Neto conta que não há nem ao menos água gelada nos bebedouros para que os alunos se refresquem.
"Não recebemos nenhuma orientação das secretarias de Educação sobre o que fazer com os alunos nos dias de muito calor, mas, por bom senso, eu reduzi as atividades que demandam mais energia. É perigoso, todo dia tem algum aluno passando mal com o calor", conta.
Ele dá aula na escola estadual Mario Kozel Filho e na escola municipal Capistrano de Abreu, ambas no Itaim Paulista, na zona leste. Ele diz que as salas contam com apenas um ventilador, que frequentemente quebra por excesso de uso.
"Em dias muito quentes, o ginásio vira um forno e é impossível usá-lo principalmente no fim da manhã ou começo da tarde. Eu vivo um dilema nessas horas sobre o que fazer com os alunos: o ginásio com a cobertura que amplifica o calor ou as salas de aula sem ventilador."
Na escola estadual Professor Flávio José Osório Negrini, no Campo Limpo, na zona sul, uma professora contou que os ventiladores são tratados como itens de luxo, já que a maioria das salas não têm o equipamento funcionando.
Na escola estadual Professor Flávio José Osório Negrini, no Campo Limpo, na zona sul, uma professora contou que os ventiladores são tratados como itens de luxo, já que a maioria das salas não tem o equipamento funcionando.
A professora, que pediu para não ter o nome divulgado por medo de represália, diz que sempre culpam os alunos por estragarem os ventiladores. Para ela, no entanto, os equipamentos quebram por falta de limpeza, excesso de uso e falta de manutenção.
Com mais de 1.400 alunos, que estudam em três turnos, a escola tem duas faxineiras para cuidar da limpeza de todo o prédio. Por isso, é muito difícil que elas deem conta de tirar o pó dos ventiladores de 18 salas, diz a professora.
Ela também conta que, em alguns horários do dia, o sol bate diretamente nas janelas das salas de aula e os alunos se queixam ainda mais do calor e até mesmo de não conseguir enxergar a lousa por causa do reflexo.
Para amenizar a situação, já que não há cortinas nas janelas, ela pede que os alunos fiquem todos no canto oposto da sala.
Na escola estadual Maria Augusta de Moraes Neves, no Jabaquara (zona sul), as salas de aula são equipadas com dois ventiladores, mas é incomum encontrar alguma que tenha os dois funcionando. Uma docente, que também pediu para não ser identificada, disse que os alunos pedem o tempo todo para sair da sala e ir beber água. Ela também sente que os alunos ficam mais irritados ou com mais dificuldade de concentração.
Os professores das três escolas também contaram que o grande número de alunos por turma aumenta ainda mais o calor. Eles disseram que nas turmas do ensino médio, por exemplo, chegam a ter mais de 40 alunos em uma única sala.
Estudos já indicam que o excesso de calor prejudica a aprendizagem por afetar a concentração, memória e a saúde física e mental dos alunos. A Folha mostrou que economistas do Banco Mundial fizeram uma projeção de que o aumento de dias com altas temperaturas pode levar à queda de rendimento escolar das crianças brasileiras.
O levantamento do CIEPP mostra que são os estados do Norte e Centro-Oeste os que têm maior proporção de climatização das salas de aula. Rondônia, Tocantins, Mato Grosso e Amazonas possuem os maiores percentuais.
Apesar de a maior cobertura estar em regiões que registram mais dias de altas temperaturas, Jhonatan Almada, responsável pelo estudo, diz que os dados mostram o despreparo das outras redes para lidar com as mudanças climáticas.
"As autoridades públicas do Sul e Sudeste não podem se valer do argumento de que estão em estados com calor mais ameno e, por isso, não se preocupar em tornar o ambiente escolar menos desconfortável. As mudanças climáticas já chegaram e estão elevando as temperaturas de todas as regiões do país", diz.
1 5 Alunos passam mal em escolas de lata de SP com onda de calor
A escola estadual Jardim Maria Dirce 3, em Guarulhos, é uma das 65 "escolas de lata" do estado de São Paulo Karime Xavier/FolhapressMAIS
VOLTARFacebookWhatsappXMessengerLinkedinE-mailCopiar link Carregando... No Rio Grande do Sul, o início do ano letivo foi adiado na rede estadual na última semana já que algumas regiões registraram temperaturas acima de 43ºC, com sensação térmica de 50ºC.
A suspensão foi determinada pela Justiça após um pedido de liminar do CPERS (Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul) argumentando que as escolas não têm estrutura adequada para funcionar em temperaturas tão altas. A rede estadual gaúcha tem a terceira menor proporção de salas climatizadas do país, com 18,6%.
O governo Eduardo Leite (PSDB) conseguiu derrubar a liminar e iniciar as aulas para os 700 mil alunos da rede estadual gaúcha. A gestão disse que enviou R$ 180 milhões para as escolas, que podem ser usados, por exemplo, para a compra de ar-condicionado e ventiladores.
Em nota, a Secretaria de Educação da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que desde 2023 investiu R$ 300 milhões em reformas nas escolas para a adequação da entrada de energia para a instalação de equipamentos de ar-condicionado.
Segundo a pasta, neste ano, 595 escolas estaduais estão climatizadas. A pasta não informou quantas salas de aula possuem climatização.
Ainda segundo a secretaria, quatro regiões administrativas do estado com histórico de altas temperaturas (Barretos, Franca, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto) tiveram prioridade na aquisição dos equipamentos e têm 39,3% das escolas com climatização —também não foi informado quantas salas de aula dessas unidades estão equipadas.
Procurados, a secretaria de Educação de Minas Gerais e o Ministério da Educação não responderam até a publicação desta reportagem.
Mas além do perigo dos outros, tinha o medo de ser eu mesma o perigo. De lhe fazer mal pelo simples ato de postar algo sobre sua vida sem seu consentimento. Decidi portanto e definitivamente não expor minha filha na internet quando entendi, ao carregar aqueles três quilos de gente pela primeira vez, que ela era ela, uma pessoa inteira e independente e que talvez não quisesse ter sua vida exposta. Hoje, aos cinco anos, entendo que ela ainda não tem maturidade para consentir. Quando chegar a hora será ela (e não eu) que vai decidir se deseja ou não estar nas redes sociais e como quer ser percebida ali, que traços da sua personalidade mostrar, que conquistas deseja compartilhar. Eu vou estar aqui para monitorar, proteger e aconselhar, mas o protagonismo será dela. Vivemos numa era em que a nossa presença virtual se tornou uma extensão de nós mesmos. Eu decidi esperar até que ela tenha sua própria voz para decidir o que irá dizer por ali.
No topo das dez ocupações com maiores salários, também aparecem cargos como diretores de espetáculos e geofísicos. Os salários iniciais vão de R$ 9,4 mil a R$ 13,7 mil.
Os dados são do estudo "Raio-X do Salário de Admissão em 2024", elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
Em 12 anos, o rendimento de quem tem ensino superior caiu 12%, enquanto trabalhadores sem qualificação viram sua renda crescer 41%. Esses dados são de uma reportagem publicada no GLOBO, há dois domingos, por Cássia Almeida e Henrique Barbi. Uma leitura superficial pode levar à conclusão de que não vale a pena mais investir num diploma universitário. Mas a própria reportagem explica que, apesar das perdas recentes, o diferencial de quem possui nível superior segue muito relevante: 126% a mais na comparação com quem tem apenas ensino médio. Se a comparação for feita com trabalhadores sem instrução, a diferença chega a 305%.
Estatísticas compiladas pela OCDE e divulgadas anualmente no relatório Education at a Glance revelam também que, dentre o grupo de nações comparadas, o Brasil apresenta — ao lado de Chile, Colômbia e Costa Rica — os maiores diferenciais de renda em favor de quem possui ensino superior completo. No outro extremo (de países onde o ensino superior faz menos diferença) estão Noruega, Suécia, Austrália e Coreia do Sul.
Basta comparar o perfil das nações nesses dois extremos para deduzir que esse enorme diferencial não é algo de se orgulhar. A principal explicação — não a única — para essa aparente contradição é simples: em países muito desiguais, com uma proporção ainda relativamente pequena de trabalhadores com ensino superior, o diploma tende a fazer muito mais diferença.
No Brasil, um forte vetor a explicar a redução da distância salarial entre grupos de escolaridade foi justamente a ampliação da população com nível superior completo e a diminuição daqueles com escolaridade precária. Os trabalhadores sem instrução foram os que mais viram sua renda crescer em termos proporcionais de 2012 a 2024, mas — felizmente — esse é o grupo que mais diminuiu de tamanho. Representavam 7%, hoje são 4% da força de trabalho. Na contramão, a população com diploma universitário foi de 10% para 18%. Somando todos com ensino médio completo, a variação foi de 40% para 55%.
A ampliação do acesso à educação, portanto, é um fator positivo. Mas está incompleta. Primeiro porque ainda não universalizamos o ensino médio. Também é necessário ampliar muito a educação profissionalizante. Isso sem falar no desafio — imenso — de garantia de qualidade para todos.
No ensino superior também não faltam pontos de atenção. É necessário que ele continue crescendo, mas, além da garantia da qualidade, é preciso olhar para alguns aspectos estruturais. Um deles é o descasamento entre as áreas de formação e ocupação. Desde a década de 1990, estudos feitos a partir do Censo Demográfico mostram que esse é o caso de mais da metade dos diplomados em nível superior, o que só reforça a necessidade de uma formação mais abrangente ou de alternativas para requalificação na vida adulta. Além disso, o estudo “A Evolução da Sobre-Educação no Brasil e o Papel do Ciclo Econômico Entre 2012 e 2023”, do Ipea, revelou um salto de 26% para 38% na proporção de trabalhadores com mais escolaridade do que a exigida para a função que ocupavam.
A educação tem muito a contribuir para o esforço de ampliação de renda com redução das desigualdades. Mas ela não é panaceia. A economia, principalmente, precisa fazer sua parte.
No começo de fevereiro, quando saiu o resultado do Enem, me deu vontade de pesquisar e ir um pouco mais fundo nas histórias dos jovens autores das redações nota mil. Estava principalmente motivada pelo fato de que somente doze entre 3,2 milhões de candidatos alcançaram o feito na última edição, realizada em dezembro. Este é o menor número de participantes com pontuação máxima já registrado na história, uma queda de 80% em relação a 2023. Fiquei curiosa para saber quem eram esses alunos e o que os diferenciava: como se prepararam para a prova, quais critérios atenderam e quais competências demonstraram ter. Nessa busca, descobri uma coisa totalmente inesperada. Algo que coloca em dúvida a real eficácia da redação do Enem naquilo que ela se propõe a avaliar. Assim como em outros vestibulares, no Enem a redação é de extrema importância: é classificatória, eliminatória e o “fiel da balança” que pode decidir a aprovação ou não de um candidato. Das cinco provas do exame, quatro são objetivas, com questões de múltipla escolha e intuito de avaliar assuntos específicos. A redação é a única prova dissertativa, em um formato que exige uma resposta elaborada, original e se propõe a aferir não só o domínio sobre o tema proposto, mas habilidades como raciocínio lógico, senso crítico, argumentação e narrativa, identificando, assim, os alunos que usam o aprendizado de forma eficiente para criar conexões que vão além do óbvio. A redação do Enem poderia ser uma ferramenta incrível de avaliação, 100% autoral e imune a chutes e decorebas. Em teoria, sim. Mas, na prática, ela está mais para um grande “copia e cola”. Como relatou o professor Rafael Pinna, em um artigo para o jornal “O Globo”, a maioria dos alunos que presta o Enem escreve a redação sem pensar, memorizando textos quase inteiros e fazendo adaptações de acordo com o tema. E eles agem dessa forma porque aprendem assim! Escolas e cursinhos do país cada vez mais optam por ensinar aos alunos um modelo semipronto de texto que serve para qualquer assunto e é praticamente garantia de boas notas, inclusive a mil. Esse texto do professor Pinna me deixou tão chocada e, ao mesmo tempo, incrédula (não queria acreditar que um absurdo desses fosse verdade!), que resolvi conferir tudo eu mesma. Eu sabia que o Inep publicava, todos os anos, 90 dias depois da divulgação dos resultados do Enem, os espelhos das melhores redações. Encontrei no Google os de 2023, dos quais eu li dez. Fiquei pasma ao ver a semelhança entre eles. Todos tinham a mesma estrutura: uma introdução com 5 a 6 linhas, dois parágrafos de desenvolvimento com 8 a 9 linhas cada e uma conclusão com 5 a 6 linhas. Todos começavam com uma citação de um autor famoso ou menção a documentos do Direito, fazendo, a partir daí, um contraponto com a realidade brasileira e “encaixando” o tema sugerido. Não só as redações começavam do mesmo jeito como usavam as mesmas referências! Entre os dez, três iniciavam com a Constituição de 1988. A coisa toda me soou tão implausível que resolvi ler textos de anos anteriores para me certificar de que não se tratava de uma coincidência estapafúrdia. Selecionei dez redações nota mil dos anos de 2014 a 2022. Deste montante, 80 textos no total, poucos não seguiam a fórmula descrita acima. O restante era mais do mesmo. Até as menções e citações se repetiam ao longo das edições do Enem! Os que mais apareceram na minha análise foram a Constituição de 1988, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o livro Utopia, de Thomas More, e o conceito de banalidade do mal, de Hannah Arendt. No segundo parágrafo, que conforme a o modelo semipronto deve conter outra “referência”, os mais mencionados foram os filósofos John Locke, e sua acepção do contrato social, e Thomas Hobbes, com sua máxima “o homem é o lobo do homem”. Mesmo as melhores redações têm a mesma estrutura, começam do mesmo jeito e usam as mesmas referências Os exemplos abaixo dão uma ideia de como isso funciona, na prática: “A Constituição Federal de 1988, documento jurídico mais importante do país, garante o trabalho remunerado e a dignidade humana como direitos de todo cidadão brasileiro... Entretanto, nota-se que tal prerrogativa não tem se reverberado na prática, visto que ainda há uma invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil.” (Redação Nota 1000, Enem 2023. Tema: Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil). “A Constituição Federal de 1998, norma de maior hierarquia do sistema jurídico brasileiro, assegura os direitos e o bem-estar da população. Entretanto, quando se observa a deficiência de visibilidade do registro civil como forma de garantir o acesso à cidadania no Brasil...” (Redação Nota 1000, Enem 2021. Tema: Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil). “A Constituição Federal de 1988, norma de maior hierarquia do sistema jurídico brasileiro, garante o acesso ao lazer. No entanto, a população se mostra distante da realidade prometida pela norma constitucional, haja vista que os cinemas brasileiros recebem um público cada vez menor”. (Redação Nota 1000, Enem 2019 Tema: Democratização do acesso ao cinema no Brasil). Tudo isso me leva a uma pergunta: como nosso órgão avaliador pode se submeter ou ser conivente com essa fórmula, produzindo uma redação tão “enlatada” e “ideologicamente enviesada”? Eduardo Saron: Uma nova agenda para a matemática no país Afinal, o que queremos como resultado da educação brasileira? Crianças e jovens capazes de pensar com suas próprias cabeças, formando suas ideias e capazes de fazer conexões inteligentes? Ou cabeças viciadas, limitadas e doutrinadas para reproduzir algo vazio? Parece que nosso objetivo não está muito claro. E se está, é mais grave ainda. Porque se tudo isso for intencional, estamos perdidos!
Programa de Formação Continuada Leitura e Escrita na Educação Infantil (Pro-LEEI) integra o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. Objetivo é incrementar a implementação de práticas pedagógicas
Para o professor Gilson Schwartz, “a alienação e controle de corpos e mentes ganhou uma dimensão ainda mais totalitária no tempo e no espaço, causando uma hiperconexão acompanhada de uma ‘hiperweaponização’, ou seja, um DNA militar e violento das novas tecnologias”.
A busca das notícias foi inicialmente nos sites da Revista Educação e Nova Escola, revistas voltadas para a área da educação, que publicam artigos de profissionais da área e tratam de temas voltados à formação de professores e gestores. Em seguida, a busca foi ampliada para veículos de comunicação com uma linha editorial mais diversificada, sem foco exclusivo em educação. Foram consultados jornais como Folha de S.Paulo, BBC, G1, O Globo e Veja. Além disso, realizaram-se pesquisas no Google, especificamente na seção “notícias”, utilizando palavras-chave como “desenvolvimento infantil”, “problemas no desenvolvimento infantil”, “relação entre pais e filhos”, “relação entre professores e alunos”, “tecnologia e infância” e “metodologias de ensino na educação básica”. Para a seleção das notícias, buscou-se saber se o seu conteúdo: abordava o desenvolvimento infantil e adolescente; apresentava uma definição de desenvolvimento; apresentava problemas e soluções para o desenvolvimento infantil e adolescente; apresentava fontes de legitimidade/autoridade (especialistas, instituições, bibliografia, dados, gráficos) para dar embasamento à matéria; criticava ou enfatizava metodologias para se alcançar o desenvolvimento infantil.
• Universidades empreendedoras desenvolvem consistentemente ações relacionadas ao empreendedorismo, que permeiam e integram as atividades de pesquisa, ensino e extensão. • Elas desenvolvem essas atividades em conjunto com outros atores do ecossistema de inovação e empreendedorismo, tais como governo, empresas, outras universidades, agências de fomento, investidores de capital de risco e instituições de apoio ao desenvolvimento de empresas nascentes inovadoras (incubadoras, aceleradoras, parques tecnológicos, venture builders, hubs de inovação, etc.). • Universidades empreendedoras têm uma estrutura destinada aos empreendedores de modo que estes possam desenvolver e alavancar os conhecimentos científicos e as novas tecnologias para resolver problemas relevantes do mercado e da sociedade.
Cabe ressaltar que há diferentes modelos de universidades empreendedoras. Esses modelos devem ser desenhados e implantados adequadamente. Assim, esses três componentes – ações empreendedoras, inserção no ecossistema de inovação e empreendedorismo e estrutura – devem estar alinhados à missão e aos objetivos estratégicos de uma universidade empreendedora.
Os modelos de universidade empreendedora podem ser implantados e executados em diferentes níveis:
• No nível individual, ou seja, dos docentes, pesquisadores e alunos. Exemplos incluem os professores responsáveis por disciplinas de empreendedorismo, ou docentes que coordenam laboratórios de pesquisa que incorporam iniciativas empreendedoras. • No nível das unidades de uma universidade. Por exemplo, um departamento pode oferecer uma formação focada em empreendedorismo. Esse é o caso do Programa de Pós-Graduação Profissional em Empreendedorismo da USP. • No nível institucional da universidade. Espera-se, neste caso, que as ações empreendedoras apresentem multidisciplinaridade e envolvam a integração com diferentes unidades e departamentos. Exemplos incluem as iniciativas empreendedoras promovidas pelas agências de inovação (ex.: Auspin), escritórios de transferência de tecnologias e centros de inovação (Ex.: Inova USP) das universidades.
Cabe ainda citar que diferentes métodos de ensino do empreendedorismo podem ser adotados nesses diferentes níveis. Esses métodos incluem:
• Método tradicional: o ensino é centrado na figura do professor. Este realiza a organização e exposição do conhecimento sobre empreendedorismo aos alunos, que assumem um papel mais passivo. O resultado desse método é o aprendizado do aluno por meio de transferência de conhecimento. • Método baseado em ação: no âmbito do empreendedorismo, esse método é conhecido como empreendedorismo baseado em ação (ou action-based entrepreneurship). Neste método, o ensino do empreendedorismo é orientado para a ação, enfatizando o “aprender fazendo” (ou learning by doing). O docente atua como um instrutor e os alunos, individualmente ou em grupo, geralmente desenvolvem um projeto para resolver um problema ou explorar uma oportunidade empreendedora. • Método de criação de valor: esse método contempla uma extensão da abordagem de “aprender fazendo” para “aprender criando valor” (ou learning by creating value). Neste caso, o docente assume um papel de facilitador e de supervisor dos projetos dos alunos. O intuito desses projetos é proporcionar que os alunos efetivamente iniciem uma atividade empreendedora, e gerem valor por meio do lançamento de uma empresa nascente inovadora (startup).
A Rede é resultado de uma parceria entre o MEC e a Ufal, que é a responsável pela aquisição, distribuição dos núcleos de inovação e formação das equipes das secretarias. O MEC investiu R$ 40 milhões em infraestrutura, equipe e desenvolvimento dos sistemas que permitirão a produção e compartilhamento de materiais, bem como a ampliação da oferta de itinerários formativos. Os profissionais e estudantes terão acesso a quatro plataformas digitais: um sistema administrativo para gestão das matrículas e da oferta de itinerários; o ambiente virtual de aprendizagem para acompanhamento e certificação das unidades curriculares; o repositório de recursos educacionais digitais; e o portal da Política.
O curso “Educação Híbrida para Docentes: da compreensão à prática pedagógica” será oferecido entre 18 de março e 15 de agosto. Entre os pontos a serem abordados, estão a escola como espaço de vivências da educação híbrida; ferramentas e recursos didáticos digitais; recursos educacionais digitais; educação híbrida na perspectiva da comunidade escolar; e uma atividade integrada para elaboração de plano de aula. Com carga de 80h (distribuídas entre 72h virtuais e 8h presenciais), a formação terá um encontro presencial em cada estado e no Distrito Federal. As oficinas presenciais deverão ocorrer entre 24 de abril e 27 de maio. Haverá um recesso entre 16 de junho e 30 de julho. As inscrições podem ser realizadas até o dia 21 de fevereiro. Serão ofertadas 40 vagas para cada rede de ensino que integra a Rieh. A coordenação do curso recomenda que sejam inscritos quatro professores de cada escola — preferencialmente, um de cada área de conhecimento. Os docentes interessados devem entrar em contato com a secretaria de educação da sua unidade federativa e buscar as orientações. Em caso de dúvidas, podem entrar em contato pelo e-mail formacao.rieh@nees.ufal.br.
Durante muito tempo pensou-se que o envelhecimento era um processo contínuo e progressivo, com deterioração biológica gradual ao longo da vida. A teoria predominante sustentava que as mudanças relacionadas à idade ocorriam de forma linear, influenciadas por fatores genéticos e ambientais cumulativos. Nessa perspectiva, a saúde e a longevidade dependiam principalmente do acúmulo de danos celulares, do estresse oxidativo e da deterioração progressiva dos sistemas fisiológicos. No entanto, um estudo recente da Universidade de Stanford desafiou essa visão tradicional. Pesquisadores descobriram que o envelhecimento não ocorre uniformemente, mas em “saltos” ou “pontos de virada” ao longo da vida, uma descoberta que levanta um novo foco sobre como e quando as mudanças mais significativas ocorrem em nossos corpos. Para analisar esse fenômeno, a equipe de cientistas realizou um estudo longitudinal no qual examinou 108 pessoas entre 25 e 75 anos por um período médio de 1,7 anos. Utilizando tecnologias multiômicas avançadas, eles analisaram vários aspectos biológicos, como expressão genética (transcriptômica), proteínas celulares (proteômica), metabólitos resultantes de processos metabólicos (metabolômica) e citocinas, moléculas essenciais na resposta imune. Os resultados foram reveladores. Em vez de um declínio gradual e constante, os pesquisadores identificaram dois momentos chave em que o envelhecimento se acelera significativamente: por volta dos 44 anos e novamente aos 60 anos. Nesses pontos, ocorrem mudanças profundas no metabolismo, na resposta imunológica e na inflamação sistêmica. As duas “explosões” do envelhecimento: o que acontece no corpo O primeiro ponto de inflexão ocorre por volta dos 44 anos, quando os pesquisadores detectam alterações no metabolismo de carboidratos e lipídios. Esse desequilíbrio pode explicar por que muitas pessoas começam a notar ganho de peso e maiores dificuldades em manter a composição corporal nessa fase da vida. Além dessas alterações metabólicas, o estudo mostrou sinais de desregulação imunológica. Isso indica que o sistema imunológico começa a perder eficácia, o que pode se traduzir em maior vulnerabilidade a infecções e menor capacidade de regeneração celular. Juntos, esses fatores podem estar na base do desenvolvimento de doenças crônicas relacionadas à idade. A segunda “explosão” do envelhecimento ocorre por volta dos 60 anos, quando o corpo experimenta um aumento acentuado na inflamação crônica, também conhecida como “ inflammaging ”. Esse processo está associado a uma maior predisposição a doenças como diabetes tipo 2, condições cardiovasculares e certos tipos de câncer, de acordo com estudos publicados na PMC. Ao mesmo tempo, observou-se uma deterioração mais pronunciada na regulação dos níveis de glicose e lipídios no sangue, o que aumenta o risco de doenças metabólicas e cardiovasculares. À medida que o corpo perde a capacidade de manter a homeostase, o envelhecimento biológico acelera ainda mais, intensificando os efeitos da passagem do tempo na saúde. Essas “explosões” de envelhecimento podem ser interrompidas? Embora o envelhecimento seja um processo inevitável, as descobertas deste estudo oferecem novas possibilidades para a criação de estratégias para mitigar seus efeitos nestes momentos críticos. De acordo com um estudo publicado no JAMA Network Open, as principais recomendações incluem: A partir dos 40 anos, adotar uma dieta rica em antioxidantes, proteínas de alta qualidade e gorduras saudáveis pode ajudar a manter a função metabólica e prevenir a inflamação crônica. Reduzir o consumo de açúcares refinados e alimentos ultraprocessados é essencial para evitar distúrbios metabólicos e fortalecer o organismo contra as alterações que acompanham o envelhecimento. O treinamento de força e as atividades aeróbicas têm se mostrado eficazes para manter o metabolismo ativo e fortalecer o sistema imunológico. Aos 60 anos, incluir exercícios de flexibilidade e equilíbrio também é fundamental para prevenir quedas e melhorar a mobilidade, o que garante maior qualidade de vida na vida adulta. Estresse crônico e falta de sono são fatores que contribuem para a inflamação sistêmica e aceleram o envelhecimento. Implementar técnicas de relaxamento, praticar meditação e priorizar uma boa higiene do sono pode fazer uma grande diferença na saúde a longo prazo. Com essa nova perspectiva, os pesquisadores sugerem que, no futuro, os exames médicos poderão incluir análises específicas de biomarcadores para detectar sinais precoces de envelhecimento acelerado. Isso permitiria uma intervenção antes que doenças crônicas aparecessem e uma abordagem mais preventiva e personalizada da saúde de cada indivíduo.
Aos 20 anos, Leonardo Martins Cunha, estudante de engenharia mecatrônica, diz que venceu a primeira etapa do seu plano de trabalhar na Faria Lima, referência ao corredor financeiro de São Paulo por reunir bancos, gestoras de recursos e corretoras. Vindo de Angra dos Reis (RJ), o caminho foi encurtado ao concluir um programa de formação em tecnologia do Instituto Consuelo, organização não governamental (ONG) dedicada à promoção da mobilidade social, econômica e educacional, que capacita jovens talentos para ingressar no mercado financeiro e em áreas de tecnologia.
Aquele “sonho de criança” acabou se materializando quando Cunha foi recrutado no ano passado para estagiar no “backoffice”, a retaguarda operacional, da gestora de fortunas Brainvest. A sua atividade inclui automatizar processos e simplificar soluções com o apoio da tecnologia de uma butique que tem cerca de US$ 5 bilhões de recursos de investidores, no Brasil e no exterior.
“Comecei a me interessar por economia e pelo mercado financeiro na crise da pandemia [de covid-19], em 2020, queria entender como aquela máquina funcionava. E a meta acabou ficando mais clara com o passar do tempo. Eu já programava, e, quando entrei na faculdade, percebi que o que era um hobby poderia virar profissão”, diz Cunha. Ele foi um dos medalhistas da Olimpíada Brasileira de Investimentos, programa iniciado em 2021 no Cefet-RJ com o objetivo de disseminar conhecimentos de finanças para alunos do ensino médio de escolas públicas e privadas.
A Brainvest, por sua vez, selou uma aliança com o Instituto Consuelo que resultou na primeira turma da “Trilha Financeira: Capacitando Talentos”, um curso em formato híbrido destinado principalmente a estudantes negros de baixa renda. “A gente fez um programa pensando no longo prazo, de como trazer mais diversidade para a organização, com a perspectiva de dar uma contribuição social e reduzir a desigualdade”, diz Roberta Pacifico, analista de investimentos e especialista em práticas de responsabilidade ambiental, social e de governança (ESG) da gestora.
Dos 15 alunos participantes da primeira turma do curso, 12 realizaram a prova da Anbima e obtiveram a certificação CPA-10 (Certificação Profissional Anbima Série 10), a licença de trabalho que é uma porta de entrada para quem atua na distribuição de investimentos no varejo, seja em agências bancárias ou em plataformas de investimentos. Outros aluno do instituto foram aprovados no CPA-20, num projeto em parceria com a Ser+ e a Genial Investimentos.
Elevador social quebrou e jovens levam nove gerações para sair de renda de R$ 400 para R$ 17 mil” — Gilvan Bueno Novas turmas estão previstas para 2025. No longo prazo, o objetivo é consolidar uma base mais diversa de candidatos para posições no mercado financeiro como um todo. “Outras organizações se engajaram no tema, houve uma contaminação positiva” diz Pacifico.
A inspiração para colocar de pé o Instituto Consuelo veio da constatação de que “o elevador social quebrou”, diz Gilvan Bueno, conselheiro da entidade. Ele cita um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 2019, que buscou medir quanto tempo leva para pessoas de baixa renda, com salário médio de R$ 400, atingirem ganhos da ordem de R$ 17 mil. O resultado: nove gerações.
Daí surgiu o projeto batizado como NPS9, de ‘Não Precisa Ser nove gerações’ para ganhar R$ 17 mil, afirma o executivo, que começou a atuar no mercado financeiro em 2009, na Geração Futuro (hoje Banco Genial), foi diretor financeiro do Banco Maré e passou por instituições como Órama, BTG Pactual e Itaú Unibanco.
“Quinze anos atrás, eu era garçom num shopping de Botafogo”, recorda Bueno. “O número de jovens ‘nem nem’ [que não trabalha nem estuda], com idade entre 18 e 24 anos, é alarmante e eu fui fruto de projetos sociais. Queria fazer o meu ‘give back’ [retribuição] para a sociedade.”
Para construir a ponte que leva os jovens ao mercado de trabalho, o Instituto Consuelo fechou uma parceria com a Unisuam, que nasceu como Colégio Luso Carioca, em 1930, uma escola preparatória para o Colégio Naval - foi o primeiro centro universitário brasileiro. A entidade oferece os cursos a preços competitivos, e tem “notas de excelência no MEC”, diz Bueno.
A partir do momento em que o aluno ingressa no ensino superior, ele consegue se candidatar aos programas de estágio do mercado, afirma Bueno. Ele conta que a Brainvest contratou um dos alunos do instituto e que o EloGroup, de consultoria, outros seis. “A gente aumentou a aposta ao misturar o mercado financeiro e a ciência de dados. Esses jovens não conseguem entrar para ser ‘bankers’, se começam a formação nas áreas de tecnologia, de construção de dados, as chances são maiores.”
A Wright Capital, gestora de fortunas cofundada por Fernanda Camargo, uma das vozes mais ativas nos investimentos de impacto no Brasil, é uma das mantenedoras, financiando algumas bolsas de estudo na universidade carioca. As companhias que querem fazer projetos de responsabilidade social contratam o instituto para aumentar a empregabilidade dos jovens. Olimpíada de investimentos e campeonatos de xadrez são alguns meios para encontrar os talentos nas periferias. “É uma espécie de PPP social, com faculdade e empresas privadas que nos ajudam com a ideia da renúncia fiscal e assim desenvolvem projetos para o ecossistema”, diz Bueno.
Como um multifamily office (MFO) relativamente pequeno, com cerca de R$ 7,2 bilhões sob gestão, e 38 pessoas no time, a Wright Capital vai no limite do que pode para fazer ações de inclusão, segundo Camargo. O acesso costuma ser pela área operacional, custeando cursos de inglês e de tecnologia, porque não dá para partir do princípio que as pessoas de baixa renda vão ter esse tipo de formação, diz. “A dificuldade é quando você pega grandes instituições financeiras. Na abertura de vagas, a exigência do inglês já delimita muita gente, só 1% da população brasileira fala inglês. Seria legal a instituição entender que tem que dar o inglês, vai ser um custo, mas é uma megaporta de entrada.”
A executiva diz ser também comum o setor buscar candidatos nas universidades de ponta, nas top 5, e quando se estende o olhar é possível fazer seleções mais diversas. “Dependendo da área, precisa mesmo de formação de boa qualidade, não tem jeito, mas tem muita gente boa em vários outros lugares, precisa esticar a mão, não adianta ficar sentado e dizer que abriu vaga e não veio candidato negro do Insper ou da Poli.”
Camargo conta já ter treinado jovens na gestora para depois perdê-los para grandes bancos que oferecem duas ou três vezes mais do que consegue pagar. Alguns fazem o caminho de volta por causa do ambiente de trabalho mais hostil que encontram. “Fico feliz por voltarem, mas com o coração moído por causa do quão difícil é o ambiente”, afirma. A executiva acrescenta que há muito para o setor financeiro aprender para criar um espaço não violento.
Como exemplo, ela cita o horário de almoço, que tem um ou dois funcionários que não descem para ir ao mesmo restaurante da turma porque não podem arcar com o tamanho dessa despesa. “Falar que vai fazer inclusão não basta, tem que chamar para dançar, é tão mais profundo... As pessoas se sentem um ‘token’, estão lá porque a instituição precisou contratar [para cumprir políticas de diversidade].”
Camargo critica o discurso puro da meritocracia, que valoriza a competição, vindo de quem estudou nas melhores escolas, viajou, fez MBA fora e voltou para trabalhar nas melhores instituições financeiras, enquanto outros precisam ajudar em casa e a dividir a conta com os pais. “Vamos falar em meritocracia? Sério?”
Desde a sua origem, dez anos atrás, a Wright Capital combina na largada que seus clientes destinem de 2% a 4% do patrimônio para investimentos de impacto. Como a maior parte dos fundos com esse perfil passou a ser “verde”, com ênfase no clima, pela facilidade de atração de recursos, o cuidado tem sido em continuar irrigando projetos com viés social. “A gente não pode desistir”, diz Camargo.
Desde que a Rússia de Vladimir Putin enviou seus tanques através da fronteira ucraniana, na invasão que completará três anos no próximo dia 24, o mundo tornou-se cada vez mais uma praça de armas.
O investimento dos países em defesa saltou de 1,59% do PIB planetário em 2022 para 1,80% no ano seguinte e 1,94%, no passado. Nunca, desde a Segunda Guerra Mundial, gastou-se tanto com Forças Armadas.
Os dados sobre a despesa militar global, relatados anualmente pelo britânico Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, permitem também vislumbrar as mudanças no mapa bélico.
A Europa, berço das duas guerras mundiais, é o exemplo mais gritante, obra da insegurança gerada pela agressão russa que Donald Trump parece querer recompensar com sua proposta de negociar a paz com Putin.
Lá, a Alemanha rompeu com pruridos pelo passado e abriu o bolso. Passou de sétimo para quarto maior investidor em defesa do mundo, despendendo US$ 86 bilhões em 2024, 23,2% a mais do que em 2023. Pela primeira vez desde a Guerra Fria, irá gastar mais com armamentos que os 2% do PIB recomendados pela Otan, a aliança militar liderada pelos EUA.
Ainda assim, mantém-se longe da campeã continental, a Polônia com seus 4,12% do produto aplicados em defesa —e em 15º lugar no ranking britânico de valores absolutos, subindo cinco posições em quatro anos.
A Ucrânia sob ataque gastou os mesmos US$ 28,4 bilhões, mas nesse caso a maior parte vem da ajuda militar externa. É o país com maior gasto mundial em relação a seu PIB, 15,4%.
O caso polonês aponta também para a internacionalização da defesa: o país se tornou um dos principais clientes da indústria da Coreia do Sul —aliás 10º posto.
Logo acima da dupla do Leste Europeu está outra novidade geopolítica, Israel. Afundado nas guerras decorrentes do ataque do Hamas em 2023, o Estado judeu investiu US$ 33,7 bilhões no setor, estimulando sua indústria e fornecedores americanos.
Outros atores aparecem mais discretamente do ponto de vista nominal, mas com aporte pesado. Caso da Argélia, com 8,6% do PIB, que acaba de se converter na primeira cliente externa da nova geração de caças russos.
No topo da lista estão as maiores potências militares. Em terceiro está a Rússia, com 6,7% do PIB gastos no setor. Ajustada pelo poder de compra da moeda, sua despesa equivale à de todos os 30 países europeus da Otan.
O colosso chinês vem em segundo lugar. Despende nominalmente, contudo, pouco mais de um quinto do quase US$ 1 trilhão dos campeões Estados Unidos.
A maior potência da história gastou em um único dia quase o dobro do que o Brasil investiu em defesa —pessoal e custeio à parte— no ano passado. Na periferia da geopolítica, os brasileiros seguem tímidos, tendo caído para o 17º lugar no ranking.
inteligência artificial não é só uma ruptura que paira sobre o mercado de trabalho, mas pode ser um grande catalisador de uma transformação colaborativa. O AEI (Anthropic Economic Index), índice da economia de inteligência artificial, que mergulha em milhões de conversas no Claude.ai, desvela um futuro onde a sinergia entre humanos e IA impulsiona a produtividade, a inovação e o bem-estar. Em vez de substituição, o cenário que se desenha é o de parceria.
O AEI revela que só 23% das interações com Claude não estão relacionadas a trabalho; entre quem usa para o trabalho, 36% das profissões estão usando IA para pelo menos 25% de suas tarefas e a IA está sendo utilizada para aumentar as capacidades humanas em 57% das interações, contra 43% para automação. Até aqui, pois, o uso de IA não se limita a automatizar tarefas repetitivas, mas a turbinar o aprendizado, refinar ideias e otimizar processos. Habilidades como compreensão de leitura, escrita e pensamento crítico, inerentemente humanas, são potencializadas pela capacidade da IA de analisar grandes volumes de dados e produzir insights.
Esse e-book tem como propósito apontar tecnologias e aplicativos que estão disponíveis a ao alcance de todos. Você educador, educadora pode utilizá-las no dia a dia tanto nos projetos educacionais, quanto na sala de aula
Para que existe a redação do Enem? Para avaliar a qualidade de um tipo de escrita, claro, mas também a capacidade de raciocínio, de argumentação e de articulação de ideias. Mais que isso, serve para medir a potencial atuação do estudante como cidadão habilitado a compreender um problema nacional e propor uma solução. Essa é a teoria. Na prática, cada vez mais colégios e cursinhos ensinam modelos semiprontos de texto que se encaixam em qualquer tema, proporcionando aos alunos um Frankenstein capaz de gerar notas altas com segurança e sem perda de tempo. O adolescente se sente diante de um “macete” para passar de fase num jogo de videogame. Mas será mesmo que funciona? A resposta é “sim”. Se bem ensaiada, a estratégia funciona. Muito bem, até. Basta, para isso, perceber que boa parte das escolas com as maiores médias de redação no ranking nacional recorre a esse artifício. Há instituições em que os alunos da 3ª série do ensino médio são proibidos de escrever redações fora do modelo ensinado. Pois é. Esse método praticamente elimina os erros de português (afinal, o texto é decorado) e garante o cumprimento de todas as exigências específicas da grade de correção. Além de gerar notas altas (inclusive 1.000, não se enganem), essa estratégia quase impede que haja notas baixas, o que é decisivo para a média do colégio. Sob o ponto de vista pedagógico, tudo isso é trágico. A redação era, até então, a única disciplina que não exigia “decorebas” para o alto rendimento. Com essa tática, os estudantes memorizam textos quase inteiros e apenas fazem adaptações de acordo com o tema cobrado. Não se aprende mais a escrever. Muito menos a pensar, analisar, criticar. Nem sempre, no entanto, o “ensino” de redação baseado em modelos é bem-feito. No YouTube e no TikTok, há uma proliferação de professores e até ex-alunos anunciando fórmulas infalíveis que geram textos desencaixados, com repertórios socioculturais desconexos que o estudante nem sequer conhece, mas copia na redação. Esses casos costumam ser severamente punidos? Não. Na verdade, para um estudante com maiores dificuldades de escrita (caso da maioria), modelos semiprontos, mesmo simplistas e forçados, estruturam o texto melhor do que ele conseguiria fazer sozinho. Esse aluno vai tirar 1.000? Não, nem perto. Mas sem isso também não tiraria. E essas fórmulas podem perfeitamente levar o aluno de 500 para 700 ou, com sorte, 800. Não por acaso, nas salas de aula, docentes que não aderem a essa estratégia são frequentemente ignorados ou mesmo cobrados pelos alunos. Um trabalho sofisticado que ensine a escrever, pensar, criticar, analisar e argumentar é louvável e possível. Mas depende de tempo, de ótimos professores e de alunos dedicados. Quantos estão dispostos e em condições disso? Estamos falando de um país onde as deficiências da educação são gritantes. E também de um país onde muitas escolas inscrevem seus melhores alunos num CNPJ separado no Enem para, assim, figurar entre as melhores do ranking, como já foi amplamente divulgado na imprensa. Na educação de hoje, os resultados (aparentes) importam mais que os meios. Imaginar algo fora disso é ingenuidade. A anunciada promessa de uma correção capaz de identificar esse tipo de estratégia tem pouco efeito prático e ainda pode gerar injustiças, punindo redações que apresentam sintomas parecidos, mas não foram feitas com um modelo. É preciso mudar o conceito da redação do Enem para tornar inviável esse tipo de subterfúgio, valorizando pensamento crítico e profundidade argumentativa, como fazem os vestibulares da Uerj e Fuvest. Ou então o país seguirá aprovando para suas universidades federais futuros profissionais treinados no ensino médio para decorar um texto, mas inaptos para refletir criticamente acerca dos problemas nacionais. O Brasil merece mais.
Com transmissão online pelo canal do MEC no YouTube, evento orientou as redes de ensino sobre a implementação desses serviços, conforme previsto na Lei nº 13.935/2019. Norma indica ambiente escolar inclusivo
Mas a realidade é ácida. Muitos docentes, mesmo com mestrado ou doutorado, não têm recursos para explorar exposições, teatros ou viagens pedagógicas.
Um professor que pisa no lugar histórico sobre o qual ensina há décadas, mas que viu apenas em livros e vídeos, vive uma emoção indescritível. Seu coração palpita, a aula ganha alma. A tecnoglobalização até nos permite "viajar" virtualmente, mas nada substitui a presença diante de um monumento antigo ou o silêncio reverente de um museu.
Docentes para o mundo Aos meus alunos e futuros colegas, digo: se a bolsa chegar, invistam em livros, em experiências que alimentem a mente. O dinheiro é ponte, não destino. Nem tudo precisa ser "instagramável".
O Estado, porém, precisa ir além. Políticas paliativas não bastam. É urgente um projeto que una incentivo financeiro, garantia de carreira e acesso irrestrito à cultura.
Assim, aos meus estimados milhares de colegas da docência, mesmo que nunca os venha a conhecer pessoalmente, desejo que não enfrentem as estatísticas desalentadoras como as do estado de São Paulo, onde a predominância de professores temporários supera a de efetivos.
Enquanto isso, sigo esperançoso. Cada aluno que planeja uma excursão cultural, cada licenciando que sonha em transformar vidas, me lembra que a educação ainda pulsa. Resta ao poder público priorizar o humano em meio aos números. A hora é agora – antes que a esperança vire só nostalgia.
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