Propõem uma nova classificação de empregos verdes com base na atividade econômica para o Brasil (Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE) e investigam a evolução desses empregos a partir de uma perspectiva multidimensional, utilizando dados da PNAD Contínua. O estudo revela que os empregos em atividades verdes representam 17% do total de ocupados e permaneceram praticamente estáveis ao longo do período analisado (2012-2022).
O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa? Luciano Sathler É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática. Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing. O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais. Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho. A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados. A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar. No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes. Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador". Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante. Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos. Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano. O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.
Cerca de seis a cada dez empresas nascidas no Brasil não chegam ao quinto ano de existência, segundo dados da pesquisa Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo 2022, divulgada nessa quinta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Das empresas fundadas em 2017, apenas 37,3% haviam mantido as portas abertas até 2022. Ou seja, 62,7% fecharam após cinco anos. O estudo mostra que a chamada taxa de sobrevivência das empresas - que representa a parcela de companhias que continuam a operar - vai diminuindo ao longo dos anos.
Os robôs vão tirar nossos empregos, mas nunca nossos sonetos. Certo?
Um novo estudo publicado na revista Scientific Reports descobriu que leitores não especialistas não conseguem distinguir com segurança entre poemas assinados por William Shakespeare, Emily Dickinson, T.S. Eliot ou Sylvia Plath e versos criados pelo ChatGPT-3.5 tentando fazer sua melhor imitação de cada um deles. O mais surpreendente é que os leitores preferiram os poemas gerados pela inteligência artificial – e se mostraram mais propensos a achar que tinham sido escritos por humanos do que as obras realmente compostas por poetas famosos.
Sua vez: Teste se você consegue descobrir se esses poemas são do ChatGPT, Drummond, Hilda Hilst ou Manoel de Barros “É um fenômeno bem estranho”, disse Edouard Machery, filósofo da Universidade de Pittsburgh que fez o estudo com Brian Porter, então pesquisador de pós-doutorado.
A poesia pode parecer um bastião inatacável da criatividade humana, uma arte regida por rima, métrica e forma que destila experiências e sentimentos inequivocamente humanos de uma maneira que nenhuma máquina conseguiria igualar. “Quando você se encontra em estados de perplexidade, tristeza, melancolia, euforia, você procura um poema que combine com o que está sentindo”, disse Helen Vendler, falecida crítica de poesia.
Então, com certeza as impressionantes proezas verbais dos chatbots de IA – conhecidos como grandes modelos de linguagem – tropeçariam na sua falta de alma, correto?
Não foi bem assim.
Leitores classificaram os poemas de autoria da IA como mais inspiradores, significativos, comoventes e profundos que os de autoria humana.
Oh, como me deleito com este mundo, com esta vida que nos é dada,
Esta tapeçaria de experiências, que nos molda para viver,
E embora eu possa partir, meu espírito ainda cantará,
A canção da vida eterna, que flui por tudo.
Isto aí é ChatGPT escrevendo no estilo de Walt Whitman, não o Bardo da Democracia em pessoa.
Dorothea Lasky, a única poeta viva cujo trabalho foi usado no estudo, disse que não estava preocupada com a possibilidade de os robôs roubarem seu emprego, embora se reservasse o direito de mudar de ideia no futuro.
“A poesia sempre será necessária“, disse Lasky. “Se as pessoas do estudo leram poemas de IA e gostaram mais deles do que da poesia feita por humanos, isso, para mim, é uma coisa linda. Elas tiveram uma boa experiência com um poema, e não me importa quem o escreveu. Acho que há espaço para todos os poetas – até mesmo para os poetas robôs.”
Versões anteriores dos chatbots, de até três anos atrás, não eram poetas tão convincentes. Alguns estudos descobriram que os poemas gerados por IA só ficavam indistinguíveis dos poemas escritos por humanos ou ganhavam notas mais altas que estes quando havia uma pessoa no processo, fazendo a curadoria e descartando os ruins.
No novo experimento, os pesquisadores pediram que o ChatGPT criasse cinco poemas no estilo de dez poetas de língua inglesa, todos brancos. Em seguida, pediram a mais de 1.600 pessoas que lessem cinco poemas de um dos poetas, junto com os cinco poemas gerados por IA. As pessoas não conseguiram identificar muito bem quais eram de autoria da IA e quais eram humanos, apresentando um desempenho um pouco pior do que se tivessem tirado cara-ou-coroa para tomar a decisão.
Isso se soma a uma lista crescente de casos em que conteúdo gerado por IA parece humano. Pessoas confundiram pinturas geradas por IA com obras criadas por humanos e consideraram piadas feitas por IA tão engraçadas quanto as de humanos, segundo estudos.
“Talvez seja um sinal de alarme para a sociedade. Não conseguimos reconhecer textos gerados por IA, apesar de acharmos que deveríamos ter essa capacidade”, disse Porter, que agora é pesquisador visitante do Centro de Filosofia da Ciência de Pittsburgh.
O que os pesquisadores não previram foi que, quando pediram a quase 700 leitores que avaliassem as qualidades dos poemas, como atmosfera, profundidade e ritmo, as pessoas prefeririam poemas de autoria artificial. Os não especialistas consideraram os poemas gerados por IA “mais humanos do que os humanos”, escreveram os pesquisadores.
Dos cinco poemas mais frequentemente considerados como escritos por seres humanos, quatro eram de autoria de IA. O outro foi ‘Father Death Blues’, de Allen Ginsberg. Os cinco poemas mais frequentemente julgados como escritos por IA eram todos de poetas humanos.
Porter e Machery teorizaram que os leitores preferiram a poesia gerada por IA por ser mais simples e mais acessível. Eles postulam que os leitores em geral podem ter interpretado erroneamente a complexidade dos poemas escritos por humanos como uma confusão gerada pela IA.
“A tendência dos grandes modelos de linguagem [chatbots] de buscarem a média tira a peculiaridade, a estranheza e o incomum que muitas vezes marca um poema excepcional”, disse Machery.
O poema mais frequentemente julgado como produto da IA foi The Boston Evening Transcript, de T.S. Eliot, que satirizava os leitores de um jornal que tinha saído de circulação mais de sessenta anos antes. Os participantes do estudo tinham a opção de explicar suas decisões, e um deles escreveu em letras garrafais: “NÃO FAZ SENTIDO PARA MIM OU NÃO VEM DE ALGUÉM QUE TEM SENTIMENTOS”.
Michele Elam, professora de inglês e estudos afro-americanos e integrante sênior do Instituto de IA Centrada no Ser Humano da Universidade de Stanford, escreveu que a literatura “não aspira a uma experiência de usuário perfeita” em um ensaio intitulado “A poesia não será otimizada – ou o que é a literatura para a IA”.
Em uma entrevista, ela disse que o problema de como lidar com questões de transparência sobre material de origem, direitos autorais e remuneração precisa ser resolvido com urgência.
Mas ela destacou uma preocupação mais fundamental sobre como a IA pode moldar o relacionamento das pessoas com a arte.
“Para mim, o risco não é que a poesia gerada por IA se aproxime ou supere a verossimilhança (isso já acontece na maioria dos domínios), mas que percamos a noção de como a arte está ligada às nossas realidades vividas e experimentais”, escreveu Elam por e-mail.
“A literatura, especialmente a poesia, é significativa porque é uma forma de nomear nossas realidades, ela nos dá vocabulários para descrever nossos mundos. Então, se virmos apenas as imagens e linguagens altamente selecionadas de nossos feeds e de nossas redes sociais para nomeá-las, isso pode limitar nossas formas de entender nossos mundos, de lembrar passados e imaginar futuros.”
No lado sul de Austin, Texas, engenheiros da fabricante de semicondutores Advanced Micro Devices projetaram um chip de inteligência artificial chamado MI300, que foi lançado há um ano e deve gerar mais de US$ 5 bilhões em vendas em seu primeiro ano de lançamento.
Não muito longe, em um arranha-céu ao norte de Austin, designers da Amazon desenvolveram uma versão nova e mais rápida de um chip de IA chamado Trainium. Eles então testaram o chip em criações incluindo placas de circuito do tamanho da palma da mão e computadores complexos do tamanho de duas geladeiras.
Esses dois esforços na capital do Texas refletem uma mudança no mercado em rápida evolução de chips de IA, que são talvez a tecnologia mais quente e cobiçada do momento. A indústria tem sido dominada há muito tempo pela Nvidia , que alavancou seus chips de IA para se tornar um gigante de US$ 3 trilhões. Durante anos, outros tentaram igualar os chips da empresa, que fornecem enorme poder de computação para tarefas de IA, mas fizeram pouco progresso.
Agora, os chips que a Advanced Micro Devices, conhecida como AMD, e a Amazon criaram — assim como as reações dos clientes à sua tecnologia — estão se somando aos sinais de que alternativas confiáveis à Nvidia estão finalmente surgindo.
Imagem Um sistema Trainium 2 em uma instalação da Amazon em Austin, Texas.Crédito...Spencer Lowell para o The New York Times Imagem
A Advanced Micro Devices testa seus chips de inteligência artificial MI300 em computadores.Crédito...Spencer Lowell para o The New York Times Para algumas tarefas cruciais de IA, os rivais da Nvidia estão provando que podem entregar velocidade muito mais rápida e a preços muito mais baixos, disse Daniel Newman, analista do Futurum Group. “Isso é o que todos sabiam que era possível, e agora estamos começando a ver se materializar”, disse ele.
A mudança está sendo impulsionada por uma série de empresas de tecnologia — de grandes concorrentes como Amazon e AMD a startups menores — que começaram a adaptar seus chips para uma fase específica do desenvolvimento de IA que está se tornando cada vez mais importante. Esse processo, chamado de “inferência”, acontece depois que as empresas usam chips para treinar modelos de IA. Ele permite que elas realizem tarefas como servir respostas com chatbots de IA.
“O valor comercial real vem com a inferência, e a inferência está começando a ganhar escala”, disse Cristiano Amon, presidente-executivo da Qualcomm, uma fabricante de chips móveis que planeja usar os novos chips da Amazon para tarefas de IA. “Estamos começando a ver o início da mudança.”
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Tycoon or Tradwife? The Woman Behind Ballerina Farm Makes Her Own Path. Os rivais da Nvidia também começaram a seguir o manual da empresa de outra forma. Eles começaram a imitar a tática da Nvidia de construir computadores completos — e não apenas os chips — para que os clientes possam extrair o máximo de potência e desempenho dos chips para fins de IA.
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Dario Amodei, ao centro, presidente-executivo da Anthropic, uma startup na qual a Amazon investiu.Crédito...Jeff Chiu/Associated Press O aumento da competição ficou evidente na terça-feira, quando a Amazon anunciou a disponibilidade de serviços de computação baseados em seus novos chips Trainium 2 AI e depoimentos de usuários em potencial, incluindo a Apple. A empresa também revelou computadores contendo 16 ou 64 chips, com conexões de rede ultrarrápidas que aceleram particularmente o desempenho de inferência.
A Amazon está até mesmo construindo uma espécie de fábrica gigante de IA para a startup Anthropic, na qual investiu , disse Matt Garman, o presidente-executivo da Amazon Web Services. Esse “cluster” de computação terá centenas de milhares dos novos chips Trainium e será cinco vezes mais poderoso do que qualquer outro que a Anthropic já usou, disse Tom Brown, um dos fundadores e diretor de computação da startup, que opera o chatbot Claude e está sediada em São Francisco.
“Isso significa que os clientes obterão mais inteligência a um preço menor e em velocidades mais rápidas”, disse o Sr. Brown.
No total, os gastos com computadores sem chips Nvidia por operadores de data center, que fornecem o poder de computação necessário para tarefas de IA, devem crescer 49% este ano, para US$ 126 bilhões, de acordo com a Omdia, uma empresa de pesquisa de mercado.
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Jensen Huang, presidente-executivo da Nvidia, anunciou o novo chip Blackwell da empresa durante um evento em San Jose, Califórnia, em março.Crédito...Jim Wilson/The New York Times Mesmo assim, o aumento da concorrência não significa que a Nvidia esteja em perigo de perder sua liderança. Uma porta-voz da empresa apontou para comentários feitos por Jensen Huang , presidente-executivo da Nvidia, que disse que sua empresa tem grandes vantagens em software de IA e capacidade de inferência. O Sr. Huang acrescentou que a demanda é tórrida pelos novos chips de IA Blackwell da empresa, que ele diz executar muito mais cálculos por watt de energia usada, apesar de um aumento na energia que eles precisam para operar.
“Nosso custo total de propriedade é tão bom que, mesmo quando os chips do concorrente são gratuitos, não é barato o suficiente”, disse Huang em um discurso na Universidade de Stanford este ano.
O mercado de chips de IA em mudança foi parcialmente impulsionado por startups bem financiadas como SambaNova Systems, Groq e Cerebras Systems, que recentemente reivindicaram grandes vantagens de velocidade em inferência, com preços e consumo de energia mais baixos. Os chips atuais da Nvidia podem custar até US$ 15.000 cada, e espera-se que seus chips Blackwell custem dezenas de milhares de dólares cada.
Isso levou alguns clientes a buscar alternativas. Dan Stanzione, diretor executivo do Texas Advanced Computing Center, um centro de pesquisa, disse que a organização planejava comprar um supercomputador baseado em Blackwell no ano que vem, mas provavelmente também usaria chips da SambaNova para tarefas de inferência devido ao seu menor consumo de energia e preço.
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A Amazon está otimista com seus novos chips Trainium 2, que são quatro vezes mais rápidos que seus chips anteriores.Crédito...Spencer Lowell para o The New York Times “Essas coisas são muito caras”, disse ele sobre os chips da Nvidia.
A AMD disse que esperava mirar nos chips Blackwell da Nvidia com seus próprios novos chips de IA chegando no ano que vem. Nos laboratórios da empresa em Austin, onde testa exaustivamente chips de IA, os executivos disseram que inferir desempenho era um grande ponto de venda. Um cliente é a Meta, dona do Facebook e do Instagram, que diz ter treinado um novo modelo de IA, chamado Llama 3.1 405B, usando chips Nvidia, mas que usa chips AMD MI300s para fornecer respostas aos usuários.
Amazon, Google, Microsoft e Meta também estão projetando seus próprios chips de IA para acelerar tarefas específicas de computação e atingir custos mais baixos, enquanto ainda constroem grandes clusters de máquinas alimentadas pelos chips da Nvidia. Este mês, o Google planeja começar a vender serviços baseados em uma sexta geração de chips desenvolvidos internamente, chamados Trillium, que são quase cinco vezes mais rápidos que seu antecessor.
A Amazon , às vezes vista como retardatária em IA, parece particularmente determinada a se recuperar. A empresa alocou US$ 75 bilhões este ano para chips de IA e outros hardwares de computação, entre outros gastos de capital.
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A instalação da Amazon Web Services em Austin, onde o chip Trainium 2 foi desenvolvido e testado para aplicações de IA.Crédito...Spencer Lowell para o The New York Times Imagem
Novos chips, incluindo aqueles desenvolvidos pela Amazon, estão se somando aos sinais de que alternativas confiáveis à Nvidia estão finalmente surgindo.Crédito...Spencer Lowell para o The New York Times Nos escritórios da empresa em Austin — administrados pela Annapurna Labs, uma start-up que ela comprou em 2015 — engenheiros desenvolveram anteriormente chips de rede e microprocessadores de uso geral para a Amazon Web Services. Seus primeiros chips de IA, incluindo a primeira versão do Trainium, não ganharam muita força no mercado.
A Amazon está muito mais otimista sobre os novos chips Trainium 2, que são quatro vezes mais rápidos que os chips anteriores. Na terça-feira, a empresa também anunciou planos para outro chip, o Trainium 3, que foi definido para ser ainda mais poderoso.
Eiso Kant, fundador e diretor de tecnologia da Poolside, uma startup de IA de São Francisco, estimou que o Trainium 2 proporcionaria uma melhoria de 40% no desempenho de computação por dólar em comparação com o hardware baseado em Nvidia.
A Amazon também planeja oferecer serviços baseados no Trainium em data centers ao redor do mundo, acrescentou Kant, o que ajuda nas tarefas de inferência.
“A realidade é que, no meu negócio, não me importa o silício que está por baixo”, ele disse. “O que me importa é obter o melhor preço-desempenho e que eu possa levá-lo ao usuário final.”
O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), considerou inconstitucional o artigo 19 do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014), que exige ordem judicial prévia e específica de exclusão de conteúdo para a responsabilização civil de provedores, websites e gestores de redes sociais por danos decorrentes de atos ilícitos praticados por terceiros.
Toffoli concluiu nesta quinta-feira (5) seu voto no Recurso Extraordinário (RE) 1037396, do qual é relator. O processo está sendo julgado em conjunto com o RE 1057258, relatado pelo ministro Luiz Fux, que apresentará seu voto na próxima quarta-feira (11). Segundo ele, o modelo atual confere imunidade às plataformas. Ele propõe que a responsabilização deverá se basear em outro dispositivo da lei (artigo 21), que prevê a retirada do conteúdo mediante simples notificação.
O projeto Profissionais do Futuro atuou, em sua primeira fase, para ampliar a oferta de cursos alinhados às demandas do mundo do trabalho e assim aumentar as perspectivas de inserção profissional de egressos(as) da educação profissional em setores de sustentabilidade da economia brasileira. Este vídeo apresenta os impactos do projeto no período de 2021 a 2024, quanto à ampliação da capacitação e empregabilidade nos segmentos de energias renováveis e eficiência energética, bioeconomia, economia circular, com atenção especial à inserção de pessoas em situação de vulnerabilidade e de mulheres. Ainda são relatadas ações transversais como o desenvolvimento de competências digitais nesses setores verdes e a colaboração à elaboração de diretrizes para a educação profissional no Brasil.
O Profissionais do Futuro é realizado pelo governo brasileiro por meio do Ministério da Educação em parceria com o Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento da Alemanha (BMZ), por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, no âmbito da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável.
Quais dispositivos são proibidos nas escolas de SP? É proibido o uso de qualquer equipamento com acesso à internet, como celulares, tablets, relógios inteligentes e outros dispositivos eletrônicos similares.
Alunos podem levar celular para a escola? Sim, mas os estudantes que optarem por levar seus celulares e outros dispositivos eletrônicos para as escolas deverão deixá-los armazenados, de forma segura, sem a possibilidade de acessá-los durante o período das aulas. A lei diz que o estudante assume a responsabilidade por eventual extravio ou dano.
Onde os celulares ficarão guardados durante o período de aula? As secretarias municipais, assim como a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e as escolas da rede privada, deverão estabelecer protocolos para o armazenamento dos dispositivos eletrônicos durante todo o horário escolar.
Alunos podem usar celulares entre intervalos das aulas? Não. A proibição vale para todo o período em que o aluno fica na escola, incluindo os intervalos entre as aulas, recreios e atividades extracurriculares.
Existem exceções para o uso do celular na escola? Sim. O uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos será permitido excepcionalmente em duas situações:
quando houver necessidade pedagógica para utilização de conteúdos digitais ou ferramentas educacionais específicas. O uso é apenas para o período da atividade pedagógica, devendo os dispositivos ser armazenados e mantidos inacessíveis aos alunos até uma nova autorização. para alunos com deficiência que requerem auxílios tecnológicos específicos para participação nas atividades escolares. Nesse caso, o uso poderá ser feito de forma contínua.
Na última quarta-feira (4), a Meta anunciou que planeja investir US$ 10 bilhões (R$ 601 bilhões, na conversão direta) na construção de um data center de inteligência artificial (IA) em Richland Parish, Louisiana (EUA), que será o maior data center da empresa no mundo. Segundo a Reuters, o data center será projetado para processar grandes volumes de dados essenciais para a infraestrutura digital, incluindo cargas de trabalho de inteligência artificial. A iniciativa acontece um dia após a Meta divulgar que está buscando propostas de desenvolvedores de energia nuclear para apoiar seus objetivos de IA e sustentabilidade. A empresa planeja adicionar de um a quatro gigawatts de capacidade nuclear nos EUA a partir da década de 2030.
A GAC (que se lê por meio da pronúncia de cada letra em inglês - G A C) confirmou, num evento em São Paulo, na quinta-feira (5), um investimento de R$ 5,8 bilhões no Brasil nos próximos cinco anos. Do total desses recursos, R$ 120 milhões estão destinados aos acordos, firmados no mesmo dia, com as universidades federais de Santa Catarina, Santa Maria (RS) e a estadual Unicamp (SP). As universidades vão coordenar projetos de ensino e pesquisa nas áreas de veículos, motores e autopeças. Segundo a empresa, essas parcerias incluirão estágios para estudantes e profissionais na China e Brasil, além de programas de capacitação conjunta. Os acordos de cooperação terão validade de cinco anos, com possibilidade de renovação. Os reitores das três instituições estiveram presentes ao evento, onde assinaram memorandos dos acordos de cooperação técnica, ao lado do presidente da GAC International, Wei Haigang, e Alex Zhou, que será o CEO da GAC no Brasil. Antes disso, em discurso, Haigang disse que o objetivo da companhia fundada em 1997, mas com origens de um fabricante de 1955, é “revolucionar a indústria automobilística brasileira”. “Vamos não só produzir automóveis, mas ajudar a definir os rumos da indústria nacional daqui para a frente”, destacou. E é a partir da operação do Brasil que a função de Haigang ganha maior relevância. Fora da China, a GAC tem pequenas operações apenas na Malásia e Tailândia. Com a produção no Brasil, segundo ele, a ideia é exportar para a região da América Latina. Zhou foi escolhido para o comando da operação brasileira por já ter adquirido experiência nas Américas depois de trabalhar nos Estados Unidos. Os executivos não deram pistas de onde poderão ser produzidos os veículos da marca. Eles não confirmaram, por exemplo, qualquer ligação entre as parcerias com universidades do Sul e eventual intenção de ter uma fábrica naquela região. Tampouco concordaram com a ideia de eventualmente ficar com alguma das fábricas da Honda ou Toyota, já que ambas são parceiras da GAC na China, onde a chinesa produz veículos das duas marcas japonesas. A Toyota está em processo de esvaziamento de uma fábrica em Indaiatuba (SP) para concentrar sua produção em Sorocaba (SP). Já a Honda também deixou de produzir carros em Sumaré (SP) e deslocou as linhas para Itirapina (SP). Segundo Haigang, a empresa ainda avalia a melhor localização para produzir. E leva em conta a possibilidade de adquirir uma fábrica já pronta. A ideia é iniciar a produção em 2025. Por outro lado, os primeiros modelos a serem comercializados, importados no início de 2025, já estão definidos. O elétrico compacto Aion e uma linha de utilitários esportivos estão no programa da companhia. Segundo Haigang, a ideia é ter 30 concessionários na primeira fase e rapidamente passar para 50. Segundo ele, o plano é produzir tanto elétricos e híbridos movidos a etanol como também veículos a combustão. “Vamos pesquisar o que o consumidor quer”, disse. As intenções de planos fortes no Brasil se revelam na escolha de executivos locais. Um dos primeiros contratados, para a área de marketing, foi Marcello Braga, que carrega larga experiência no grupo brasileiro CAOA. Com sede em Guangzhou, a GAC é listada nas bolsas de Hong Kong e Xangai. Em 2023, produziu 2,53 milhões de veículos só na China - é mais do que todo o mercado brasileiro.
O interesse pela pesquisa brasileira faz parte da essência da GAC. Na China, a companhia conta com um dos mais abrangentes centros de pesquisa e desenvolvimento, que, segundo a empresa, já consumiu investimento equivalente a US$ 25 bilhões. O centro conta com mais de 5 mil profissionais. Além disso, em novembro a GAC e a Huawei anunciaram a criação de uma nova marca de veículos de “energia inteligente”. “As parcerias com as instituições brasileiras fortalecerão nossa rede internacional de pesquisa e desenvolvimento”, destacou Haigang. Segundo o executivo, o Brasil precisa ser mais competitivo. “O Brasil é um país importante, tem um mercado grande e usa etanol”, disse Haigang. “Queremos criar um novo padrão para o setor”, completou. Na quarta-feira (4), a GAC marcou sua chegada ao Brasil ao inaugurar escritório em São Paulo. Se seus planos derem certo, a marca tende a ser mais uma na forte onda da nova concorrência chinesa.
A Comissão Temporária de Inteligência Artificial do Senado aprovou na quinta-feira (5) o projeto de lei que regulamenta o uso de inteligência artificial (IA) no Brasil. A matéria começou a ser analisada no plenário, os senadores aprovaram requerimento de urgência, mas a votação ficou para a terça-feira (10).
O projeto é de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tem como prioridade concluir a votação ainda este ano, enquanto estiver na presidência da Casa. O relator, Eduardo Gomes (PL-TO), apresentou sete versões do parecer e modificou o texto de forma significativa.
O relatório prevê a criação do Sistema Nacional de Regulação e Governança de Inteligência Artificial (SIA), para supervisionar o uso da IA no país. Com ele, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) coordenará a atuação das agências reguladoras em cada setor.
Uma das principais alterações foi a retirada da chamada classificação de alto risco dos sistemas de IA utilizados pelas “big techs” - algoritmos para fins como o impulsionamento de conteúdo. Pelo texto, essa regulação deverá ser feita por meio de legislação específica.
O projeto prevê uma regulação mais rígida para atividades enquadradas na categoria de alto risco. Empresas que desenvolverem e operarem sistemas com essa classificação são obrigadas a avaliar e testar a segurança da tecnologia e a adotar medidas para evitar comportamentos discriminatórios.
Diferentemente do que previa o projeto de Pacheco, Gomes deu um caráter facultativo para as avaliações preliminares - feitas antes do lançamento - para novos sistemas de IA. Pelo texto, essa análise seria opcional, feita pelas empresas para determinar o grau de risco das novas tecnologias. A obrigatoriedade se mantém apenas para os sistemas generativos.
Fica sob responsabilidade do SIA regulamentar as IAs de alto risco. Mas foi retirado o trecho que previa a classificação por risco à integridade da informação, liberdade de expressão, processo democrático e pluralismo político, o que ainda poderia enquadrar as “big techs”.
Para Luã Cruz, coordenador do programa de Telecomunicações e Direitos Digitais do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a regulação é branda no enquadramento das “big techs”.
“O PL falha em estabelecer uma estrutura regulatória robusta e equilibrada, que proteja os direitos dos cidadãos e promova o desenvolvimento tecnológico responsável. A regulação da inteligência artificial deveria priorizar a segurança, a privacidade e a dignidade da população, e não servir como uma carta branca para o lucro irrestrito das grandes empresas de tecnologia”, afirma Cruz.
Entre outros pontos, o texto proíbe o desenvolvimento de ferramentas que possam, por exemplo, “instigar ou induzir o comportamento da pessoa natural ou de grupos de maneira que cause danos à saúde, segurança ou outros direitos fundamentais”, assim como “explorar quaisquer vulnerabilidades” de pessoas ou grupos com o mesmo objetivo.
A utilização da biometria fica permitida apenas para a captura de fugitivos, cumprimento de mandados de prisão e flagrante de crimes com pena de mais de dois anos de prisão. Também há possibilidade, mediante decisão judicial, o uso para coletar provas em inquéritos policiais.
Caso as empresas não cumpram as normas, o projeto prevê suspensão parcial ou total das atividades, multa de até R$ 50 milhões ou 2% do faturamento, proibição de tratamento de determinadas bases de dados e proibição ou restrição para participar de “sandbox” regulatório por até cinco anos. “Sandbox” é um termo para ambiente controlado que permite fazer o trabalho sem riscos e interferência do mundo real.
O projeto prevê a cobrança de direitos autorais por conteúdos utilizados para abastecer bancos de dados de sistemas de IA. Segundo o projeto, os desenvolvedores de IA terão que remunerar os autores pelo uso de suas obras.
A China finalmente admitiu abertamente o que antes só discutia a portas fechadas: o país precisa se livrar dos chips dos Estados Unidos. Quatro associações representativas do setor e apoiadas pelo governo, que reúnem a maior parte da demanda de semicondutores da China, divulgaram declarações coordenadas esta semana em que pedem às empresas associadas que revejam as compras de chips americanos, que três delas consideram que “não são mais seguros ou confiáveis”. “Sejam cautelosas ao comprar chips dos EUA”, advertiram as quatro associações, ao propor que seus membros procurem fornecedores chineses ou de outros países. As diretrizes foram divulgadas em meio à mais nova disputa entre Pequim e Washington em torno de tecnologia fundacional, com uma rodada de medidas retaliatórias de lado a lado que deixou nítida a competição cada vez mais intensa entre os dois países e deu mais impulso ao desenvolvimento de cadeias de fornecimento internacionais cada vez mais separadas. Em uma resposta excepcionalmente rápida, na terça-feira (03) Pequim proibiu a remessa de minerais e metais essenciais para os EUA, poucas horas depois que autoridades americanas revelaram novos controles de exportação destinados a “degradar” a capacidade da China de fabricar os chips mais avançados. Entre esses controles estão restrições mais duras para a remessa de ferramentas de fabricação de semicondutores para a China e a proibição de exportações de chips avançados de memória que são necessários para o hardware da inteligência artificial. Em resposta, a China proibiu a exportação para os EUA de gálio, germânio, antimônio e materiais superduros, e impôs controles mais rigorosos sobre o grafite. A decisão indica uma nova disposição da parte de Pequim de confrontar de maneira direta as iniciativas dos EUA para excluir o país da tecnologia avançada. Em conversas com o presidente americano, Joe Biden, no mês passado, o presidente chinês, Xi Jinping, fez uma ligação entre os controles de Washington na área de tecnologia e a obstrução ao direito da China de se desenvolver, e pela primeira os chamou de “linha vermelha” (ponto de não retorno). “Pequim está cada vez mais frustrada com os controles dos EUA sobre tecnologia e indicou que está preparada para responder de maneiras que criem sofrimento econômico para as empresas americanas e para a economia dos EUA”, disse Paul Triolo, especialista em tecnologia do Albright Stonebridge Group. As restrições da China sobre materiais para fabricação de semicondutores, baterias e equipamentos militares causarão dores de cabeça para o Departamento de Defesa dos EUA e para as empresas americanas, que já se esforçam para encontrar outros fornecedores e substitutos para os materiais críticos nas cadeias de fornecimento controladas por Pequim. O país é o principal fornecedor mundial de gálio e germânio. Em outubro, o Geological Survey dos EUA estimou que uma proibição total à exportação dos dois metais reduziria o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA em US$ 3,4 bilhões. Iniciativas aceleradas para eliminar chips dos EUA podem prejudicar uma grande faixa de grupos americanos da área de semicondutores. Um executivo de uma empresa europeia de design de chips disse que já estava recebendo telefonemas de clientes chineses nervosos que queriam confirmar que a empresa não era americana. “Esta é a primeira vez que empresas privadas foram orientadas a cortar chips dos EUA”, afirmou o executivo. “Não é uma ordem direta, mas terá um efeito inibidor.” Analistas da Bernstein estimam que grupos chineses têm o poder de influenciar decisões sobre fontes de fornecimento dos cerca de 40% do mercado mundial de smartphones que controlam e dos 23% do mercado de computadores fornecidos por empresas, entre elas a maior fabricante de PCs do mundo, a Lenovo. No ano passado, por exemplos, clientes na China foram responsáveis por 27% das vendas da Intel, a líder tradicional dos EUA na área de chips, que passa por dificuldades. A gigante dos chips de inteligência artificial Nvidia fez 17% de suas vendas no país. A Onsemi, que tem sede no Arizona, calcula que seus chips estão em metade dos veículos elétricos da China. A fabricante de processadores para dispositivos móveis Qualcomm obteve na China cerca de metade de sua receita anual de US$ 39 bilhões. “Os riscos desse tipo de concentração são exacerbados pelas tensões comerciais e de segurança nacional [entre EUA e China]”, advertiu a Qualcomm aos investidores. Mas Wall Street tem ignorado em grande medida as preocupações com a possibilidade de que chips dos EUA sejam eliminados de dispositivos chineses. Lin Qingyuan, especialista da Bernstein sobre o programa de autossuficiência de semicondutores da China disse que a curto e médio prazos os investidores não precisam se preocupar: “Se a China fosse capaz de se livrar dos chips americanos, ela já teria feito isso.” Lin afirmou que, embora as diretrizes governamentais tenham acelerado os esforços pela troca por um fornecedor local, as empresas ainda darão prioridade ao desempenho. Ele observou que o mais provável é que a nova retórica das associações representativas do setor mude o comportamento de compra no caso de chips maduros. Mesmo assim, a pressão pelo chip local da China tem se ampliado e grupos do governo e de estatais são orientados a comprar computadores sem processadores da Intel ou da AMD. Até mesmo entre empresas estrangeiras a substituição por semicondutores locais é cada vez mais frequente. No mês passado, por exemplo, o fornecedor alemão de peças de automóveis Bosch destacou sua “solução local de chips” para um sistema de direção em uma exposição de cadeias de fornecimento em Pequim. “Este é nosso produto local para o mercado local”, disse um gerente de vendas. A State Grid da China exibiu orgulhosamente equipamentos elétricos alimentados por unidades centrais de processamento e microprocessadores chineses. “Todos os produtos novos usam semicondutores locais”, contou um engenheiro. Analistas acreditam que ainda é muito cedo para avaliar o impacto dos novos controles dos EUA sobre a indústria de chips da China. Antes das proibições, houve meses de acumulação de estoques de equipamentos e dos chips de memória de alta largura de banda (HBM na sigla em inglês) que são necessários para os processadores de inteligência artificial. Tilly Zhang, analista de semicondutores da Gavekal, disse que até o momento nenhuma empresa chinesa conseguiu chegar à produção em massa de chips HBM, embora o grupo de memória CXMT estivesse tentando. “As empresas fizeram avanços significativos na substituição de ferramentas americanas nos últimos anos, graças aos controles de exportação anteriores”, afirmou Bao Linghao, analista da Trivium. “Controles pontuais ajudarão a China a formar uma cadeia de fornecimento de chips mais robusta a longo prazo.” Lin, da Bernstein, concorda que o impacto sobre os fabricantes de equipamentos para semicondutores da China pode ser limitado. “Eles vêm trabalhando para ‘desamericanizar’ suas cadeias de fornecimento há mais de três anos”, explicou. Segundo ele, os fabricantes chineses de equipamentos já passaram a usar fornecedores de componentes japoneses e europeus com produtos equivalentes que não serão afetados pelos controles de exportação. Lin explicou que não espera que aliados chave dos EUA anunciem controles tão rígidos como os de Washington, se é que vão criá-los. “Nossa expectativa é de que [a mudança para fornecedores não americanos] continue até que os fornecedores locais possam alcançá-los”, disse ele.
A proposta de regulamentação da inteligência artificial (IA) elaborada pelo senador Eduardo Gomes (PL-TO) foi aprovada nesta quinta-feira (5) pela comissão temporária encarregada do assunto. O próximo passo é a votação no Plenário do Senado, que está inicialmente prevista para a próxima terça-feira (10).
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) deve divulgar na próxima semana uma nova portaria regulamentando o ensino híbrido na pós-graduação no País. A nova norma vai proibir aulas assíncronas em mestrado e doutorado, ou seja, aquelas que são gravadas e assistidas pelos alunos em qualquer horário. “O Brasil não pode continuar vendendo diploma. Ministrar um curso com aulas gravadas sem nenhum professor acompanhar, sem que haja nenhum tipo de interação síncrona”, afirmou a presidente da Capes, Denise Pires de Carvalho, referindo-se ao que ocorre frequentemente na graduação no País. “Na pós-graduação, é mais difícil ainda, porque você precisa de um produto final, original, e é muito difícil com um estudante sozinho assistindo aulas.” A Capes é um órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC). A regra vai permitir, no entanto, que haja ensino híbrido no modelo presencial, com aulas síncronas, com interação com o professor ou orientador - feitas por ferramentas como Google Meet, Zoom etc. Essas aulas poderão ser contadas como créditos da pós-graduação. Já as assíncronas, não. “O professor pode até gravar e disponibilizar para o aluno assistir quantas vezes quiser, mas não pode contar para a carga horária”, explica Denise, que já foi reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ela, a portaria não vai determinar a quantidade de aulas que podem ser feitas por meio de tecnologia. Para Denise, programas de pós híbridos, com aulas síncronas, devem ser uma tendência cada vez maior no País com a popularização das ferramentas tecnológicas, o que não é um problema “principalmente naqueles que não têm muito trabalho de campo experimental”. Educação a distância O País tem hoje apenas um curso de pós graduação stricto sensu em educação a distância aprovado, no Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio (Cefet-RJ). Uma das exigências é de que 40% das atividades precisam ser presenciais, de orientação, pesquisa e aulas. Já na graduação, em 20 anos, o número de alunos foi de cerca de 50 mil para quase 5 milhões - concentrados nos maiores grupos de ensino superior privados e grande parte em cursos de Licenciatura. Este ano, o MEC proibiu a abertura de polos, autorização de novos cursos e a expansão de vagas nas formações que já existem até 2025. Segundo o Estadão revelou, o ministério quer regulamentar uma nova modalidade de ensino no País: a educação semipresencial. A proposta prevê que esses cursos tenham em sua composição, além da carga horária presencial e a distância, aulas ao vivo por vídeo, com turmas de até 50 alunos. A medida é parte das mudanças previstas pelo MEC no marco da educação a distância na graduação, que deve ser divulgado em dezembro. A pasta afirma ter desenhado o plano com base em ampla escuta do setor. A proposta também inclui a exigência de aplicação de provas presenciais a cada 10 semanas em cursos EAD. A nova regra divide opiniões no setor privado, principal responsável pela oferta EAD. Parte do setor considera as medidas um retrocesso por “engessar” a modalidade. Já outros representantes consideram que as mudanças são positivas por ordenar um mercado que estava bagunçado.
Atualmente, alguns conhecimentos vêm ganhando um grau de importância diferenciado na vida da população, e, entre eles, estão os que envolvem o uso de tecnologias. No entanto, nem todos os brasileiros tiveram contato com disciplinas da área no seu tempo de escola, e a maioria teve que encontrar suas formas individuais de aprendizagem.
Uma pesquisa realizada pela DataCamp, plataforma de cursos online de tecnologia e dados, revelou que, de forma geral, o conhecimento dos brasileiros na área não parte da educação básica, pois 73% dos entrevistados no estudo tiveram contato superficial ou nulo com tecnologia durante a escola.
Com as tecnologias ligadas à inteligência artificial (IA), é possível mapear com exatidão os deslocamentos de gelo na Antártica antes que eles aconteçam, permitindo que os governos tomem medidas de prevenção. Essas tecnologias são imprescindíveis também para prever eventos extremos, o que pode evitar mortes e destruição, e combater a poluição dos oceanos, mapeando o plástico que é lançado diariamente neles.
Esses são alguns exemplos dados pelo professor Glauco Arbix, nesta edição de Além do Algoritmo, para mostrar que a IA é uma poderosa ferramenta no combate às mudanças climáticas no planeta. Em conversa com o jornalista Marcello Rollemberg, ele destaca os usos atuais e o potencial dessa ferramenta. “O que a IA já está fazendo é muito bem-feito e muito positivo, mas ela pode fazer muito mais”, afirma o professor.
Estudo produzido pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) mostra que o número de empregos de profissões ligadas à tecnologia aumentou 95% em dez anos, de 2012 a 2022. A maior variação foi para engenheiro de sistemas operacionais em computação, que apresentou elevação de 741,2% na quantidade de vínculos de emprego no período. A pesquisa foi feita com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego, e analisou 30 ocupações ligadas à tecnologia que avançaram no mercado de trabalho brasileiro. Também obtiveram crescimento expressivo as ocupações de tecnólogo em gestão de TI (450,7%), pesquisador em ciências da computação e informática (579,3%), seguidas de engenheiro de aplicativos em computação (258%) e técnico de planejamento e programação da manutenção (191,2%). Considerando as oscilações em números absolutos, as funções ligadas à tecnologia que tiveram maior crescimento na quantidade de empregos foram: analista de desenvolvimento de sistemas (117.046 vínculos); programador de sistemas de informação (72.332); técnico de apoio ao usuário de internet (36.372); analista de suporte computacional (32.536); e instalador-reparador de redes telefônicas e de comunicação de dados (24.838). Em 2012, o conjunto das 30 profissões ligadas à tecnologia analisadas na pesquisa tinha cerca de 445 mil vínculos de trabalho. Já em 2022, o grupo atingiu chegou a 868,1 mil postos de trabalho, representando uma alta de 95%.
O CEO do Google, Sundar Pichai, diz que o mecanismo de busca da empresa “mudará profundamente” em 2025. “Acho que seremos capazes de lidar com questões mais complexas do que nunca”, disse Pichai durante o DealBook Summit do NYT na quarta-feira .
“Acho que você ficará surpreso, mesmo no início de 2025, com o tipo de coisas novas que a Pesquisa pode fazer em comparação com o que acontece hoje.”
Relacionado O Google está redesenhando seu mecanismo de busca — e é IA em todo o caminho Do ChatGPT ao Gemini: como a IA está reescrevendo a internet Pichai também respondeu ao comentário do CEO da Microsoft, Satya Nadella, do início deste ano, no qual ele disse que o Google deveria ter sido o "vencedor padrão" na corrida da IA . "Eu adoraria fazer uma comparação lado a lado dos próprios modelos da Microsoft e dos nossos modelos", disse Pichai. Ele acrescentou que a Microsoft está "usando os modelos de outra pessoa", aludindo à parceria da empresa com a OpenAI.
“Quando olho para o que está por vir, estamos nos estágios iniciais de uma mudança profunda”, disse Pichai. “Eu só acho que há muita inovação pela frente. Estamos comprometidos em estar no estado da arte neste campo, e acho que estamos.”
O Google começou sua grande reformulação de IA da Busca este ano, que incluiu a adição de resumos de busca de IA e uma atualização do Lens que permite que você pesquise na web com um vídeo. A empresa também está se preparando para lançar uma grande atualização para seu modelo Gemini , pois pretende competir com a Microsoft, OpenAI e o mecanismo de busca de IA Perplexity .
Nessa terça-feira (3), o Sebrae lançou o edital do segundo ciclo do projeto Catalisa ICT, que apoia deep techs durante dois anos, ajudando-as a validar sua tecnologia junto ao mercado, estruturar a empresa, conseguir investidores e crescer. O lançamento foi feito durante a 34ª Conferência da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), que representa ambientes de inovação do país, em São José dos Campos (SP).
A OpenAI lançou nesta quinta-feira uma versão de seu popular chatbot ChatGPT, com preço de 200 dólares por mês, que pode ser usada em áreas de engenharia e para pesquisa, à medida que busca expandir as aplicações setoriais para sua tecnologia de inteligência artificial. O novo plano, chamado ChatGPT Pro, será oferecido além das assinaturas existentes do ChatGPT Plus, Team e Enterprise. Isso reforça as ambições da empresa de comercializar ainda mais sua tecnologia, que deu início ao boom da IA.
Saiu mês passado a Sexta Edição de Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro. O resultado da pesquisa deixou muita gente triste. É triste que, pela primeira vez, um país do tamanho do nosso tenha mais pessoas que não leram nem trecho de livro três meses antes da pesquisa. Até quem leu passou a ler menos, alegando falta de tempo, de acordo com a pesquisa. A prática da leitura melhora nossa capacidade de interpretar, entender metáforas e fazer inferências sobre textos, que são algumas das habilidades testadas num exame internacional chamado PIRLS e aplicado a crianças do quarto ano fundamental. Estudantes do Brasil participaram pela primeira vez em 2021, a última edição. O Brasil ficou em 58º entre os 65 países participantes. Dizem que o hábito de ler se constrói desde criança. Eu não tenho tanta certeza disso. Tenho duas filhas com hábitos de leitura bem distintos. Uma gosta, a outra não. E não é por falta de incentivo nem de exemplo em casa. A pesquisa Retratos da Leitura mostra que até o público leitor prefere usar o tempo livre com WhatsApp, redes sociais, TV, vídeos do que com livros.
O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou na quinta-feira (5) por mudanças substanciais na responsabilização das plataformas digitais por publicações de usuários. Em linhas gerais, o ministro aumenta a responsabilidade das empresas ao retirar a necessidade de ordem judicial para a derrubada de conteúdos postados. Pelo voto, a regra geral é que a derrubada da publicação deve ocorrer já na notificação pelo ofendido pelo conteúdo. Porém, em temas sensíveis, como inverdades sobre democracia e as eleições ou que incitem violência contra grupos vulneráveis, o conteúdo deve sair do ar de forma imediata, sem a necessidade de qualquer tipo de notificação.
Após três sessões de leitura do voto, o ministro concluiu que o artigo 19 do Marco Civil da Internet é inconstitucional, portanto, não deve valer mais no ordenamento jurídico brasileiro. O julgamento começou no dia 27 de novembro e discute a validade do dispositivo que trata sobre a responsabilidade dos provedores digitais sobre o que é postado em seus espaços. A discussão é considerada uma das mais importantes pelos ministros da Corte, especialmente após os atos golpistas de 8 de janeiro. Toffoli é o relator de um dos recursos.
Pela lei vigente, as big techs só têm responsabilidade por conteúdos de seus usuários se descumprirem decisão judicial de remoção — como ocorreu com a rede social X, quando foi suspensa pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Assim, as empresas são mais livres para adotarem suas regras de moderação e não precisam indenizar usuário sem ordem judicial.
O voto de Toffoli muda completamente esse cenário e as plataformas precisam retirar os conteúdos assim que forem comunicadas pelo usuário ofendido, sem necessidade de decisão judicial, sob pena de terem que indenizar os ofendidos. As empresas também deverão estar mais atentas a um rol de assuntos que ensejam remoção imediata do conteúdo, antes mesmo de qualquer notificação. Estão nesse rol publicações que incitem o suicídio e à violência contra as crianças, adolescentes e mulheres. Ainda, aquelas que versem sobre terrorismo e que tragam inverdades sobre a democracia e as eleições.
As empresas digitais também precisarão ficar atentas com os perfis falsos, direitos autorais e os conteúdos impulsionados. Nestes casos também não é preciso notificação para as plataformas terem que indenizar quem sofreu danos.
Serviços de e-mail, serviços de reuniões fechadas por vídeo ou voz e aplicativos de mensagens privadas instantâneas não entram na nova responsabilização proposta por Toffoli.
Em um voto minucioso, Toffoli ainda detalha que os “marketplaces” têm responsabilidade sobre anúncios de produtos de venda proibida ou sem certificação. Traz uma série de obrigações às plataformas como atualizar e manter atualizados os “termos e condições de uso”; criar mecanismos para assegurar a autenticidade das contas; elaborar códigos de conduta; estabelecer regras claras e procedimentos padronizados para a moderação de conteúdos, combater a difusão de desinformação e de notícias, entre outros. Os provedores de aplicações de internet com sede no exterior e atuação no Brasil devem constituir representantes no país — outro problema enfrentado pelo STF em relação à rede social X.
No voto, Toffoli faz apelo aos Poderes Legislativo e Executivo, para que, no prazo de 18 meses, elaborem e implementem política pública destinada ao enfrentamento da violência digital e da desinformação.
Quanto ao conteúdo jornalístico em plataformas, a responsabilização se dará por meio da lei específica (Lei 13.188/ 2015), que dispõe sobre o direito de resposta ou retificação do ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social.
De uma forma geral, o ministro derrubou o artigo 19 do Marco Civil da Internet e, para evitar um vácuo normativo, as plataformas devem seguir o artigo 21 da mesma lei, mas estendendo sua aplicação. O artigo 21 estabelece que as empresas serão responsabilizadas quando forem notificadas e não suspenderem publicações que violem a intimidade por postagens de imagens com cenas de nudez ou atos sexuais.
Durante o julgamento, o ministro Flávio Dino, chegou a expressar que não concorda com a inconstitucionalidade total do artigo 19, mas Toffoli foi incisivo ao dizer que mantê-lo é dar imunidade às empresas. “Resta indubitável não só que as bigs techs exercem autoridade e poder nos ambientes virtuais que mantêm na internet, como também que o fazem com extrema autonomia e discricionariedade e de forma nada transparente”, disse.
Na avaliação de especialistas, o voto de Toffoli entra em detalhes que podem invadir as competências do Congresso para legislar sobre o tema. Pedro Henrique Ramos, fundador e diretor-executivo do Reglab, centro de pesquisas focado em tecnologia e regulação, observa que o posicionamento do magistrado tem inspiração a textos como o projeto de regulamentação das redes sociais, que ficou conhecido como PL das Fake News e está com a tramitação parada. O julgamento dos processos sobre o Marco Civil no STF ocorre justamente após o tema ter travado no Legislativo.
“O voto de Toffoli surpreende pelo grau de detalhe das regras que propõe, inclusive com forte inspiração na legislação europeia e no PL das Fake News. Isso por si só já mostra uma invasão de competências: como uma decisão de interpretação de lei pode ser tão parecida e detalhada como uma proposta legislativa do Congresso?”, questiona.
Fabiano Carvalho, especialista em transformação digital, o voto de Toffoli vai exigir das plataformas “maior vigilância e controle prévio dos conteúdos, o que é tecnicamente complexo e juridicamente arriscado”. A advogada Amanda Cascaes, sócia do Salles Nogueira Advogados e especialista em direito digital e proteção de dados, gera “dúvidas sobre uma extrapolação da atividade jurisdicional”.
Advogado que representa o X neste processo, André Giacchetta, sócio do Pinheiro Neto Advogados, afirma que o voto de Toffoli muda totalmente a regra de responsabilidade civil das plataformas, criando um risco concreto à continuidade das atividades das plataformas.
“A proposta de nova regulação apresentada não se mostra equilibrada, ao transferir às plataformas o risco de decidir sobre o que é ou não ilícito, especialmente em casos de discursos públicos e violação da intimidade e privacidade”, complementa.
Procuradas, as empresas Meta e Google, que são parte do processo, preferiram não se pronunciar.
No ecossistema de startups, começa a germinar um conjunto de ações, com envolvimento de governo, agências de fomento e investidores de capital de risco (venture capital). O foco das iniciativas é o desenvolvimento de “deep techs”, empresas que trabalham com tecnologias mais complexas e com potencial de resolver problemas, como os efeitos da crise climática e as epidemias.
Esse modelo de negócio tem atraído a atenção de programas governamentais. De acordo com Livia Faria, gerente de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a instituição, em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), está avaliando a criação de instrumentos financeiros adaptados às necessidades específicas desses empreendimentos.
“São investimentos que requerem mais tempo e paciência”, diz a executiva. Durante o Startup Labs, ela afirmou que o banco tem previsão de lançar algo específico para as deep techs em 2025. O evento, que aconteceu em 26 de novembro, foi uma realização de Pequenas Empresas & Grandes Negócios e O Globo, e contou com a cidade do Rio de Janeiro como Cidade Anfitriã e parceria do Extra e do Valor.
Essa parceria com a Finep, complementa Faria, é uma ação paralela à Estratégia Nacional de Apoio ao Desenvolvimento das Startups Deep Techs e seus Ecossistemas, divulgada em novembro. O protocolo para criar uma política pública de apoio a esses negócios é uma iniciativa da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), do Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do BNDES, da Finep e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas (Sebrae).
A existência desses instrumentos é importante, pois um dos maiores desafios das deep techs é o tempo necessário para desenvolver suas soluções. “Elas exigem muito investimento em infraestrutura, como laboratórios, e em regulação. Justamente pelo alto risco e longo prazo de maturação, o fomento público é fundamental”, afirma Maria Augusta Miglino, gestora estadual de programas para deep techs do Sebrae-SP.
Desde 2021, a instituição apoia essas startups, em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Para ela, “o valor desse tipo de tecnologia, que é mais complexa e robusta, é enorme para a economia do Brasil não ficar tão concentrada em commodities”.
Daniel Pisano, head de investimentos da 87 Labs, avalia que tem sido mais fácil atrair investidores para teses de deep techs. “Os indivíduos estão se educando mais sobre as tecnologias em que irão investir e buscando ferramentas que realmente resolvam problemas de indústrias que eles conhecem.”
Mas, para empresas já estabelecidas, o ganho de escala é um obstáculo, especialmente para atrair capital. É o caso da SDW For All, que desenvolve tecnologias voltadas a acesso à água potável e saneamento básico em comunidades vulneráveis. “Temos percebido um interesse crescente, especialmente aqueles com foco em ESG [governança ambiental, social e corporativa]. No entanto, eles buscam soluções altamente escaláveis e modelos de negócio bem estruturados, o que exige preparo contínuo”, destaca a CEO e fundadora, Anna Luisa Beserra, que busca captar US$ 1 milhão para sua empresa.
As ofertas de aporte também são limitadas para a Eqseed, plataforma de oferta online de títulos de empresas privadas, listada entre as 100 Startups to Watch 2024. Segundo o CEO, Igor Monteiro, esse modelo de negócio começa a chamar a atenção de investidores, mas enfrenta desafios em momentos de restrição de dinheiro: “As deep techs têm um padrão de risco diferente e tendem a sofrer em mercados mais turbulentos. Vamos ver se o Brasil descola do mundo em relação a esse cenário.”
Para Julian Tonioli, CEO da consultoria Auddas, especializada em venture capital, o Brasil ainda carece de uma base significativa de investidores no setor. “Vejo muitos empreendedores brasileiros começando seus negócios em outras geografias”, afirma o executivo.
O número de fundos focados em deep tech no Brasil ainda é tímido, considerando o potencial do mercado nacional, concorda Guilherme Potenza, sócio do BZCP Advogados. “É um tipo de negócio de alto risco e exige muitas rodadas e capital abundante. O ecossistema do Brasil não é abundante em criação de propriedade intelectual - vide o número de patentes criadas aqui versus em outros países. Portanto, o desenvolvimento de deep techs locais está ainda distante. Mas entes públicos e privados podem se mobilizar para fomentar essas indústrias”, afirma.
O Ministério da Fazenda propõe que a unidade técnica que ficará responsável pela regulação das plataformas digitais no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) fique separada da Superintendência-Geral do órgão, segundo o Valor apurou. Além disso, a intenção da pasta é que a autoridade responsável seja indicada pelo presidente da República e passe por sabatina no Senado, com mandato fixo, nos mesmos moldes de outros cargos da cúpula do órgão antitruste. O texto do projeto de lei encontra-se em discussão junto ao Ministério da Justiça, Casa Civil e ao próprio Cade. Em novembro, o Valor mostrou que o governo Lula deve enviar ao Congresso um projeto de lei próprio para tratar do tema, já que entende que os textos que hoje já estão em discussão no parlamento não endereçam todos os pontos da regulação. Existe a avaliação tanto na Fazenda quanto entre membros do Cade de que a Superintendência-Geral da autarquia já dispõe de muito poder. Assim, o mais correto, na visão da pasta, seria criar uma nova unidade independente dentro do órgão. Em outubro, a Fazenda sugeriu uma regulação concorrencial prévia e caso a caso para plataformas digitais no Brasil, as chamadas “big techs”. A equipe econômica também defende a escolha do Cade como o órgão mais capacitado para conduzir esse processo e estabelecer os critérios de regulamentação. Caso o governo consolide a separação entre o departamento que vai regular as “big techs” e a Superintendência-Geral do Cade, mais um cargo de relevância será criado no órgão e, assim, atrairá também o interesse da classe política por sua indicação. Com a regulamentação, o governo brasileiro tenta se colocar no mesmo patamar de grandes economias globais, que já estabeleceram seus padrões de regulação concorrencial - não há, nesta proposta, nenhuma menção à regulação de conteúdo das plataformas. Durante o estudo, dez países que já regulam as “big techs” foram consultados. Com o projeto, o Executivo quer proibir práticas anticompetitivas que acabam ocorrendo, dado o tamanho e o poder de mercado dessas empresas, como acordos de exclusividade e as “killer acquisitions”, quando grandes companhias compram empresas de inovação tecnológica que acabaram de ser criadas, evitando, assim, seu desenvolvimento e que se tornem potenciais concorrentes. Somente entrarão nesse critério grandes plataformas. Segundo a Fazenda prevê, a tendência é que sejam reguladas caso a caso as sete empresas que hoje são reguladas de forma assimétrica na União Europeia (UE). Ainda seria possível, a depender da análise do Cade, que alguma empresa que tenha consolidação no mercado brasileiro tenha um olhar especial. Unidade do Cade deveria ser separada da Secretaria Geral, defende o Ministério A partir de setembro de 2023, por exemplo, a Comissão Europeia designou como reguladas a Alphabet, Amazon, ByteDance, Meta e Microsoft. Posteriormente, incluiu a Apple e Booking. Recentemente, o secretário de Reformas Econômicas da Fazenda, Marcos Pinto, participou de um evento com parlamentares para explicar a necessidade de o Congresso aprovar essa proposta no Brasil, sob o risco de o país perder produtividade e ficar atrás de grandes economias. Não há, no momento, previsão de quando o projeto será enviado ao Congresso. Outra prática que a Fazenda quer evitar é a chamada autopreferência. No caso de empresas de marketplaces, por exemplo, seria vedado ofertar os produtos vendidos pela própria empresa com mais destaque do aquele dado a produtos de terceiros. Ao Valor, o secretário Marcos Pinto afirmou que a Fazenda não tem, ainda, proposta fechada sobre o modelo final para regulamentar as “big techs”. Hoje, o Cade só se posiciona em relação a possíveis ilícitos cometidos pelas empresas após sua consumação, por meio de um processo administrativo instaurado. Isso, na visão tanto do órgão quanto do governo e especialistas, impõe dificuldades na hora de coibir os abusos econômicos por parte dessas empresas.
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