Vídeos do líder nazista falando em inglês estão chegando a milhões de pessoas na internet. Os especialistas temem que eles estejam alimentando uma onda de antissemitismo
O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa? Luciano Sathler É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática. Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing. O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais. Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho. A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados. A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar. No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes. Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador". Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante. Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos. Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano. O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.
Anthony Howe's latest piece, Head, is a kinetic self-portrait that fuses human form with mechanical rhythm, capturing the fluid essence of identity and movement.
Não é que as pessoas de baixa renda não valorizem a educação. Elas simplesmente enfrentam um labirinto de dilemas diários que tornam o investimento educacional mais arriscado e complicado do que para os grupos mais privilegiados de nossa sociedade. Mesmo quando levamos em consideração o caso da educação pública, não podemos desconsiderar que aqueles que possuem uma renda muito limitada ainda precisam arcar com vários custos indiretos da educação, como, por exemplo, transporte, materiais escolares, alimentação e uniformes, além do tempo que poderia ser usado para dedicarem-se a trabalhos que complementam a renda familiar. Ao mesmo tempo, devemos lembrar que, nas regiões mais desfavorecidas, aquelas mesmas que precisariam ter mais investimentos em equipamentos públicos para garantir que a população tenha melhores chances de ascender socialmente, geralmente são as que apresentam escolas com menos recursos, professores com qualificação mais baixa e infraestrutura precária. Estes são alguns fatores que contribuem para a geração de um ensino básico e médio de baixa qualidade. Um ensino que cria dificuldades adicionais para que nossos jovens em situação de vulnerabilidade social consigam avançar e tenham condições de competir em exames seletivos como o Enem, ou entrar nas melhores universidades. Entretanto, esses fatores convencionais conseguem explicar apenas uma parte da desigualdade educacional. O problema vai além. Para muitas famílias de baixa renda, o retorno esperado da educação é baixo e isso afeta as escolhas que elas fazem em relação a esse investimento. A percepção do baixo retorno esperado é reforçada pelo fato de que nem sempre o investimento educacional é proporcional ao esforço que colocamos nele. A dura realidade brasileira é que o mercado de trabalho não costuma valorizar ou recompensar as credenciais acadêmicas daqueles que vêm de contextos sociais mais desfavorecidos. Muitos jovens de baixa renda têm constatado que, mesmo com um diploma, as oportunidades de emprego e ascensão profissional continuam limitadas, seja pela ausência de contatos no mercado de trabalho ou pela presença de preconceitos e discriminação. Existem ainda outros fatores que fazem com que o retorno esperado da educação seja significativamente menor nas camadas mais desfavorecidas da sociedade. Entre os mais pobres, há uma ausência de modelos sociais a serem seguidos. Há uma grande ausência de referências que mostrem o caminho e digam que é possível chegar lá. Muitos daqueles que estão marginalizados não sabem a remuneração dos trabalhos de maior nível de qualificação e qual deveria ser a trajetória para conquistar determinados espaços. Eles observam apenas a dura realidade de seu meio social e a reproduzem. Nesse contexto, quando você não consegue se imaginar em algo maior, dedicar-se a algo maior não é uma possibilidade. Quando não oferecemos a esses jovens uma visão e possibilidade concreta do que eles podem se tornar, estamos negando não somente a eles uma oportunidade de transformação, mas também estamos negando a nós mesmos o que podemos nos tornar como sociedade.
Já se foi o tempo em que a sustentabilidade fiscal era alcançada por meio do controle da boca do caixa, períodos em que indicações de ministros da Fazenda de perfil mais ortodoxo geravam dividendos para o governo perante o mercado. O equilíbrio das contas públicas não é mais alcançado com ajuste fiscal (controle das despesas discricionárias), mas somente com reforma fiscal (alteração da trajetória de crescimento das despesas obrigatórias). Assim, as habilidades para o ministro da Fazenda alcançar a estabilidade macroeconômica são muito mais complexas atualmente, pois precisa aprovar novas âncoras fiscais junto ao Congresso Nacional, demonstrando que a maior das técnicas é a política. A comunicação deve ser a maior virtude do ministro, que precisa deixar claro que o equilíbrio fiscal não é um fim em si mesmo e que tal responsabilidade deve ser compartilhada entre o governo federal e os entes subnacionais. Também é indispensável demonstrar que a redução das despesas obrigatórias é um eixo de um eventual plano de desenvolvimento, cujo objetivo central é dobrar a renda per capita da população em duas décadas, por exemplo. Para tanto, outras ações estruturantes também precisam ser priorizadas, como uma agenda focada em aumentar a produtividade do trabalho, ganhar mercado para exportação, especialmente de serviços, e tornar o Brasil líder em inovação e inteligência artificial para compensar nosso envelhecimento populacional. A primeira medida que Haddad deveria apoiar é a PEC da Previdência, que estende as mesmas regras de acesso e cálculo exigidas dos servidores federais para os servidores dos Estados, DF e municípios (estimativa de redução do déficit atuarial de mais de R$ 600 bilhões em dez anos). Mesmo após a EC 103/19, nossa despesa previdenciária está no mesmo patamar que Grécia, Portugal e França, cuja população idosa é três vezes maior do que a nossa. A segunda reforma mais impactante é a administrativa, pois se a despesa de pessoal do Brasil fosse igual à média da OCDE, teríamos uma economia fiscal da ordem de R$ 274 bilhões, sendo que as maiores distorções estão nos municípios. Deve-se aproximar os salários iniciais das carreiras públicas aos praticados pelo setor privado, aumentar a amplitude das carreiras e limitar as progressões salariais por tempo de serviço, conforme aprovado na modernização trabalhista em relação aos funcionários de estatais. Ademais, deveria ser criado um incentivo irrestrito para a mobilidade do servidor assumir um cargo comissionado em qualquer órgão, pois são menos de 30 mil cargos para cerca de 570 mil servidores no caso do governo federal, oportunidade na qual também poderia ser extinto o limite de 60% da remuneração do servidor. Para reduzir as despesas do seguro-desemprego, seria um grande avanço estabelecer parcerias público-privadas em que empresas de intermediação de mão-de-obra privadas possam reforçar o Sine, permitindo que a oferta de emprego ou exigência de qualificação reduza o número de parcelas, nos moldes do modelo alemão (art. 8º, inciso I, Lei 7.998/90). Por sua vez, a multa do FGTS poderia ser paga em percentual do último salário e não em pagamento único, de forma que o trabalhador também só pudesse acessar o seguro depois de esgotar a sua multa rescisória, conforme ocorre no Chile. O Codefat também poderia ser autorizado a reduzir o número de parcelas em períodos de pleno emprego e não somente aumentá-las em períodos de retração econômica, fazendo com que o seguro-desemprego se torne um estabilizador automático. O BPC também carece de aperfeiçoamentos, pois parte substancial da concessão se dá por vias judiciais. Deve-se desvincular a regra de acesso de 1/4 de salário-mínimo para um valor nominal e criar um preditor de renda para medir as condições de vulnerabilidade e miserabilidade (art. 20-B da Lei 8.742/93), pois há um incentivo para o subdimensionamento do tamanho das famílias e ocultação de rendas. A desvinculação do valor do benefício do salário-mínimo não é cláusula pétrea, mas teria grandes dificuldades de avançar, apesar de o valor do benefício em relação ao PIB per capita só ser menor do que o programa homólogo da Bélgica. A aprovação de algumas dessas sugestões acelerará a volta do grau de investimento para o Brasil, o que trará mais investimentos estrangeiros e ajudará a termos mais estabilidade no câmbio, podendo facilitar o controle da inflação e a alcançarmos uma taxa de juros real que favoreça o crescimento do investimento e da economia de forma sustentada. Logicamente, é muito mais fácil propor do que aprovar medidas, pois ao fim do dia, prevalece a lógica: “minha benesse é direito e a sua é um privilégio”. O fato é que atualmente não temos um modelo de desenvolvimento claro e nos tornamos uma sociedade liberal para pagar mais impostos e progressista para conceder novos benefícios. Em resumo, a conta não está fechando. Chegou a hora de reformar para avançar.
Os expositores incluíram o construtor naval Hanwha Ocean, que apresentou um modelo de um "navio de comando e controle não tripulado" semelhante a um porta-aviões. O navio, junto com os aviões e submarinos que ele transporta, seria capaz de operar sem humanos no leme, lidando com reconhecimento ou combate. "Este é o conceito que pretendemos desenvolver", disse um representante da Hanwha Ocean. "Levará tempo para alcançá-lo." Também no evento, um engenheiro da Korea Aerospace Industries (KAI) explicou o conceito de "piloto de inteligência artificial" da empresa — um sistema que foi treinado em um ambiente virtual para lidar com obstáculos e outras condições e agora está sendo testado em aeronaves reais. A KAI planeja fazer o sistema voar em formação com aviões pilotados por humanos e testá-lo em aeronaves de ataque leve já no ano que vem. A tecnologia de inteligência artificial entrou em uso real em terra em equipamentos como veículos terrestres não tripulados da Hyundai Rotem, que atraiu um fluxo constante de participantes interessados na exposição.
Somente as instituições com termo de adesão ao Fies e ao Fundo Garantidor do Fies (FG-Fies) válidos ficam habilitadas a assinar o termo de participação no processo de oferta e ocupação de vagas remanescentes do programa referente ao segundo semestre de 2024. Após o MEC consolidar a oferta das vagas por cada instituição participante, será publicado outro edital, que definirá o cronograma de inscrição dos candidatos e as demais regras para participação na próxima edição do Fies. As vagas remanescentes do programa serão destinadas exclusivamente aos estudantes com matrícula ativa no segundo semestre de 2024 no curso, no turno, no local de oferta e na instituição de ensino para os quais se inscreveram. Para isso, deverão estar cursando as aulas no momento da inscrição.
A inteligência artificial (IA) está cada vez mais presente no Ensino Superior. Conforme estudo elaborado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) em parceria com a Educa Insights, 71% dos estudantes de graduação usam recursos de IA com frequência na rotina de estudos. Para 74% dos consultados, as novas tecnologias são um investimento essencial nas instituições de ensino, sendo que 80% deles conhecem as principais ferramentas, como ChatGPT e Gemini.
"A decisão atacada não foi proferida com base em juízo de legalidade estrita, trazendo por fundamento abusos ou irregularidades do processo licitatório, mas invocou razões de axiologia e teleologia do ensino para questionar a oportunidade e a conveniência da política pública", escreveu.
Os jogos eletrônicos são uma porta de entrada para anunciantes que querem conversar com um público que não tem medo de gastar, é fiel a marcas e está inserido em um setor que movimenta bilhões de dólares anualmente. O valor do mercado dos “games” no Brasil é de US$ 8 bilhões, correspondendo a 80% do total da América Latina, conforme pesquisa inédita da consultoria Comscore, divulgada com exclusividade ao Valor. Essa cifra compreende as diversas facetas desse universo - inclusive patrocínio, anúncios e eventos que, neste ano, devem alcançar receita de US$ 971,1 milhões (R$ 5,7 bilhões) no país, segundo a consultoria Statista. A Comscore, que ouviu 1.040 pessoas entre 18 e 65 anos no Brasil, em março deste ano, aponta que mais da metade dos jogadores disseram não se incomodar em assistir a anúncios em troca de recompensas, como equipamentos para melhorar o desempenho nos jogos. Além disso, 51% dos entrevistados expressaram o desejo de ver anúncios mais alinhados a seus interesses - de produtos eletrônicos, bebidas (44,9%), alimentos (44,9%) e automóveis (41,6%) a artigos de luxo (30%). Ainda assim, 27,3% dos jogadores dizem que anúncios atrapalham as partidas. Recentemente, a franquia de jogos de basquete “NBA 2K”, da Take-Two Interactive, começou a passar anúncios nas telas de carregamento e provocou reação virulenta dos “gamers” nas redes sociais. Alejandro Enriquez, diretor de pesquisa da Comscore, diz que “gamers” brasileiros que jogam em consoles ou computadores tendem a dedicar mais de 20 horas semanais aos jogos, o que aumenta consideravelmente a exposição aos anunciantes. A maioria são homens, entre 25 e 44 anos, casados, com filhos e casa própria. Mas a fatia de mulheres é alta: 44% (ver infográfico). A conclusão é que jogar é uma das atividades centrais na vida desses consumidores, indo muito além do estereótipo do jovem que fica dentro de um quarto escuro jogando o dia inteiro na frente da TV. “Há um grande preconceito que esse é um segmento pequeno, de adolescentes, mas qualquer pessoa que interaja com jogos, até por celular, é um ‘gamer’ ”, diz Enriquez. A pesquisa da Comscore mostra que mais de dois terços dos jogadores brasileiros já viram anúncios durante jogo ou evento relacionado ao “game”. Não à toa, cerca de 86% dos profissionais de marketing dizem que a publicidade em jogos é cada vez mais importante para as empresas e 40% planejam aumentar os investimentos em “games”, segundo levantamento do IAB Brasil. Para a copresidente da BETC Havas, Carol Boccia, a publicidade em jogos eletrônicos “deixou de ser uma tendência para se consolidar como um canal de mídia estável e em crescimento”. Em 2022, a agência lançou a Havas Play, divisão que, entre outras atribuições, atua na criação e execução de campanhas no ambiente dos “games”, desde publicidade dentro dos jogos até ativações em campeonatos, os e-sports. “A demanda por publicidade em ‘games’ aumentou significativamente, especialmente após o crescimento do mercado de jogos durante a pandemia. Setores como bancos, tecnologia, entretenimento, alimentação e moda têm demonstrado maior interesse em investir”, afirma Boccia. As possibilidades de publicidade são variadas: pop-ups, banners, áudio, vídeo e até produtos incorporados ao jogo. Em campanha de 2022, o Santander ofereceu uma jaqueta virtual exclusiva no Free Fire para quem abrisse conta no banco. Em outra ação, lançou uma série educativa sobre finanças para “gamers”. A Samsung criou espaço virtual no Fortnite com produtos como Galaxy S24 Ultra e dispositivos SmartThings, como ar-condicionado, TV, geladeira e robô aspirador. “Entendemos que o ‘gamer’ é uma pessoa multifacetada, que não se limita a jogar. Por isso, nossas campanhas são projetadas para se conectar com esses diferentes aspectos da vida do consumidor”, diz o diretor de marketing de produtos eletrônicos da Samsung Brasil, Thiago Cesar. O vice-presidente da Comscore para a América Latina, Ivan Marchant, observa que o “gamer” é um consumidor fiel a marcas e conteúdo. “Uma empresa não deveria anunciar em jogos eletrônicos só porque é uma oportunidade. Precisa entender a cultura.” Vídeos de recompensa também retêm maior atenção dos “gamers”, com 10,4 segundos em média, quatro segundos a mais que vídeos on-line comuns, conforme levantamento da Dentsu Creative. Gerente de dados e tendência de consumo da Dentsu, Andrea Ferraz, acredita que ainda há bastante espaço no mercado, especialmente, em jogos “freemium” - são distribuídos gratuitamente, mas os jogadores precisam pagar para acessar determinadas funcionalidades. “É como se os anunciantes estivessem pagando por esse desbloqueio.” Além de promover publicidade em “games” com o objetivo de aumentar o número de usuários de seu apicativo, a varejista on-line Shopee tem jogos dentro do seu próprio marketplace, tanto para entretenimento como para resgate de benefícios para clientes. “Recentemente, fizemos uma ação com a Hellmann's no lançamento da maionese inspirada na série Stranger Things. A iniciativa atraiu mais de 400 mil pessoas, com 100% de resgates do cupom”, afirma o diretor de marketing da Shopee, Felipe Piringer. A Mastercard entrou no cenário “gamer” em 2018. A operadora de cartão de crédito é patrocinadora global, e também no Brasil, de torneios. “Estamos falando de facilidades como pagamentos rápidos e seguros para compras on-line e ofertas exclusivas adaptadas ao universo dos jogos”, diz a diretora de marketing da Mastercard, Taciana Lopes. Na outra ponta estão empresas de jogos como a Riot, dona da Valorant e do League of Legends (LoL), que tem 180 milhões de usuários ativos mensais no mundo. “Não colocamos as marcas dentro dos jogos, pois achamos que isso atrapalharia a história que é tão bem contada e elaborada”, diz o executivo à frente da empresa no Brasil, Diego Martinez. A Riot trabalha tanto com patrocínio de eventos - o mais recente contou com marcas como Heineken, Nescafé Dolce Gusto e Dorflex Uno - quanto com parcerias, nas quais não há aporte financeiro, apenas acordo comercial para desenvolver conteúdos e produtos em conjunto. É o caso de KitKat, Burger King e Red Bull, que estão participando do lançamento da nova temporada da série “Arcane”, que estreia em 9 de novembro na Netflix. Relatório recente da consultoria holandesa Newzoo projeta que o mercado global de jogos eletrônicos terá faturamento de US$ 187,7 bilhões neste ano, aumento de 2,1% em relaçãoa a 2023. A estimativa é que o setor movimente US$ 213,3 bilhões em 2027. Levantamento da Statista prevê que a receita da indústria de “games” no Brasil será de US$ 2,47 bilhões neste ano, devendo chegar a US$ 3,18 bilhões em 2027, quando o país deve passar a ter 58,9 milhões de jogadores.
A revolução da IA na educação está apenas começando, mas seu impacto já é profundo e abrangente. Desde a personalização da aprendizagem até a otimização da administração institucional, a IA oferece inúmeras oportunidades para melhorar a educação superior. No entanto, é crucial abordar os desafios e questões éticas associados ao uso da IA para garantir que ela seja utilizada de forma justa, inclusiva e responsável.
Este estudo busca analisar a evolução e as características da sobre-educação no Brasil entre 2012 e 2023 com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC). São considerados sobre-educados os trabalhadores que desempenham funções que exigem abaixo de seu nível de escolaridade de acordo com informações da Classificação Brasileira de Ocupações (Brasil, 2010). Ademais, procura-se contribuir para a compreensão dos movimentos da sobre-educação no mercado de trabalho investigando em que medida o longo ciclo econômico recessivo atravessado desde o fim de 2014 afetou o forte crescimento da sobre-educação observado, construindo um painel de estratos geográficos (EGs) na PNADC, e usando diferentes formas de captar o ciclo econômico no mercado de trabalho. Observa-se entre 2012 e 2020 uma elevação da proporção de ocupados sobre-educados de 26% para 38%, e mostra-se um impacto significativo do ciclo na sobre-educação, porém essa ascensão parece mais associada à estrutura ocupacional da economia, como a distribuição setorial e o nível de informalidade.
Parece muito claro, em cada ano letivo, há um tanto a ser aprendido. Quem conseguiu passa para o ano seguinte, para aprender novos assuntos. Quem não conseguiu deve tentar de novo. Para isso, deve repetir o ano. É o único caminho para aprender o que deveria. A lógica é cristalina. Pois não é que apareceu uma tal de “progressão automática”? Nela, quem não aprendeu, ainda assim, passa de ano. Contraria o bom senso. A confusão criada por essa regra é antiga dentre nós. Porém, um artigo recente mostra que, nos Estados Unidos, as mesmas controvérsias estão pipocando (Why holding kids back fails − and what to do about it, The Conversation). Alguns Estados reprovam, outros não. O artigo mostra pesquisas rigorosas, comparando o impacto de uma com a outra alternativa. Vale notar, os resultados são equivalentes aos já encontrados pelo mundo afora, desde décadas atrás. Ou seja, poucas novidades. Antes de entrar no assunto, uma notinha sobre o método científico. Nele, começamos por formular algumas hipóteses ou teorias. Por exemplo, a promoção automática é prejudicial aos alunos. Porém, manda a ciência, chega a hora de verificar se a hipótese descreve o mundo real. E aqui emerge o imperativo metodológico: se a realidade é diferente, lixo com a teoria! Se não há imperfeições nos métodos usados, somos obrigados a rejeitar nossa bela explicação. Basicamente, a nova revisão da literatura técnica mostrou, novamente, que promover quem não sabe é melhor do que fazê-lo repetir o ano. Poderíamos parar por aqui, pois se a conclusão é essa, temos que aceitá-la. Mas ajuda tentar entender o porquê. Ficou demonstrado, os repetentes têm desempenho pior do que se fossem aprovados sem saber. Ao se depararem com as mesmas aulas, terão os mesmos resultados negativos. Ademais, a repetência chamusca sua autoestima e aumenta o seu grau de ansiedade. Pior, nos Estados Unidos, acirra a desigualdade racial. E, obviamente, aumenta os custos da educação pública. Diante disso, no ensino básico, a melhor solução é manter a promoção automática e, ao mesmo tempo, identificar precocemente os alunos que, durante o ano, vão ficando para trás. Para eles, cumpre oferecer auxílio suplementar, para que não se distanciem dos colegas, ao longo do mesmo ano. O interesse desse artigo é sua total aplicabilidade no Brasil. Estivemos e estamos diante do mesmo quadro. Onde a repetência é permitida, esses alunos se separam de seus colegas e amigos, virando penetras, em turmas mais jovens. Ficam frustrados. Não têm paciência para enfrentar as mesmas aulas que não haviam entendido antes. Assim, aprendem menos do que se estivessem na série seguinte. Note-se bem, isso não é divagação ou especulação, é o que mostram pesquisas confiáveis. O caso brasileiro merece alguns comentários adicionais. Seja nas mesas de bar, seja nos eventos mais sérios, se faz presente a mesma choradeira contra a progressão automática. Os pais se queixam de que, com ela, se eliminam os incentivos para estudar mais. Ficou mais difícil para eles forçar os pimpolhos a mergulharem nos livros, já que não vão ser reprovados. De fato, esse parece um argumento imbatível. Porém, não podemos ignorar uma diferença fundamental. Quem se queixa são os pais de classe média e alta, mais conscientes de seu papel de assegurar uma boa educação para seus filhos. No fundo, não é que a repetência seja saudável para eles. Quem faz a mágica é o medo da repetência. Esse sim é um santo remédio para esses jovens. Como temem a ira paterna e as terríveis punições pairando no ar, tratam de não levar bomba. Ou seja, o temor da reprovação é um acicate poderoso para estudar mais. E, com efeito, quase todos conseguem escapar dela. É totalmente distinto o caso das famílias mais pobres – muito mais numerosas que as ricas. Em geral, acreditam que repetir é melhor, é uma nova chance de aprender. Erradamente, nem pressionam os filhos para estudar mais e nem defendem a progressão automática – como deveriam, se entendessem do assunto. Repetir é a vida, é o destino. É lamentável a incapacidade da nossa escola para lidar com os muitos que vão ficando para trás. Mas, como amplamente demonstram as pesquisas, se os mais pobres são reprovados, sairão perdendo. Insistindo, no ensino fundamental, uma política que admite a reprovação é a alternativa mais nociva. Atrapalha um pouquinho as famílias de classe média, que perdem uma excelente ferramenta, chamada de “medo da repetência”. Mas pune, cruelmente, a maioria mais pobre, para quem a reprovação e repetência levam a resultados bem piores. Como dito, a melhor solução é aquela já mencionada. Nada de repetência, mas uma identificação precoce daqueles que vão ficando para trás, seguida de apoio firme e eficaz para eles. Não há grandes mistérios para implementar essa assistência seletiva. Aos que dizem que aumenta os custos, de fato, isso acontece. Porém, pesquisas mostraram que é menos dispendioso do que manter no sistema uma frondosa coleção de repetentes. Seja como for, na maioria das nossas escolas públicas, tais providências primam pela ausência.
O consórcio SP+ Escolas foi o vencedor do segundo leilão da parceria público-privada para a construção e manutenção de escolas estaduais paulistas –projeto encampado pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O anúncio foi feito na tarde desta segunda-feira (4) na B3, na região central de São Paulo. O lote é para a construção e manutenção de 16 escolas no estado, que totalizam 17.680 vagas.
A líder do consórcio é a Agrimat Engenharia, empresa especializada em construção de rodovia. O consórcio é formado ainda por mais quatro empresas, uma delas é do ex-dono da Escola Mais, uma rede de escolas com mensalidades mais baratas com foco na classe C.
Além da Agrimat Engenharia, integram o consórcio as empresas CDL, CBI, DP Barros e A100X Empreendimentos.
Governador Tarcísio de Freitas bate o martelo ao fim do leilão que definiu o vencedor do segundo lote da parceria-público privada Novas Escolas, na sede da B3 - Marcelo Camargo/Governo do Estado de SP O consórcio vencedor arrematou o lote ao oferecer uma proposta de receber ao mês R$ 11,5 milhões do governo paulista para fazer a manutenção das escolas. O valor oferecido pelo grupo tem um desconto de 22,51% sobre o teto definido pelo governo para as prestações —nessa modalidade de parceria, vence quem faz a menor proposta.
Durante todo o tempo de concessão, o consórcio deve receber cerca de R$ 3,2 bilhões. Segundo José Aliperti, sócio fundador da Astra Concessões Educacionais, uma das empresas que compõem o consórcio, o grupo pretende investir de recursos próprios 30% do valor necessário para a construção das escolas —o restante pretendem financiar.
O governo calcula que o consórcio terá que investir cerca de R$ 1 bilhão para a construção das 16 unidades.
"O grupo já tem uma estrutura, mas, com o contrato em mãos, vamos conversar com financiadores. O primeiro deve ser o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]", disse Aliperti.
Segundo ele, apesar de a maioria das empresas do consórcio ter expertise em construção civil, a participação de sua empresa garante a experiência na administração escolar.
A parceria público-privada define a construção em um prazo de um ano e meio. Depois, a licitante será responsável pela manutenção das unidades por 23 anos e meio.
Na última terça-feira (29), o consórcio Novas Escolas Oeste SP, que tem como empresa líder a Engeform Engenharia Ltda, foi o vencedor do leilão do primeiro lote, de 17 escolas.
É a primeira vez que escolas estaduais paulistas têm a gestão de serviços entregue para a iniciativa privada. O modelo é uma aposta da gestão Tarcísio para enfrentar o problema de infraestrutura escolar. O governo já planeja terceirizar no próximo ano a manutenção de mais 143 unidades, que já estão em funcionamento na cidade de São Paulo.
Após o arremate do leilão, o governador voltou a defender a concessão dos serviços estaduais para a iniciativa privada. "Tenho um gestor privado que está preocupado em oferecer um bom serviço de manutenção predial, um bom equipamento escolar. O professor e o diretor das escolas agora vão se preocupar somente com a questão pedagógica", disse Tarcísio.
A proposta chegou a ser barrada judicialmente por uma decisão liminar um dia após o primeiro leilão. O presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Fernando Antonio Torres Garcia, derrubou a liminar no dia seguinte
A deputada estadual Maria Izabel Noronha (PT), presidente da Apeoesp, sindicato que ingressou com a ação contra a PPP, disse que a entidade ainda tenta barrar a parceria judicialmente.
As 16 novas escolas serão construídas nas cidades de Aguaí, Arujá, Atibaia, Campinas, Carapicuíba, Diadema, Guarulhos, Itapetininga, Leme, Limeira, Peruíbe, Salto de Pirapora, São João da Boa Vista, São José dos Campos, Sorocaba e Suzano.
Segundo a gestão Tarcísio, nessas regiões há falta de vagas para todas as crianças e adolescentes em idade escolar. A Secretaria de Educação informou que há casos de estudantes que precisam estudar no período noturno por falta de salas.
As novas escolas funcionarão no turno de nove horas e terão três modelos, de 21 salas de aula, 28 salas de aula e 35 salas de aula. Além disso, a estrutura contará com ambientes integrados e interligados, uso interativo de tecnologia, auditório de múltiplo uso, ampliação de espaços esportivos e culturais, espaços de vivência, espaços para estudo individualizado e espaços de inovação.
PM ENTROU EM CONFRONTO COM MANIFESTANTES Assim como no dia do primeiro leilão, houve protesto de estudantes para barrar a terceirização em escolas, que acabaram entrando em confronto com a Força Tática da Polícia Militar.
Os estudantes foram impedidos de acessar a entrada da B3, onde ocorreu o leilão. Um grupo avançou e derrubou uma das grades de contenção, e a polícia usou bombas de gás e ergueu escudos contra o grupo. Eles também deram golpes de cassetete em alguns manifestantes.
Esse é o segundo plano da gestão Tarcísio para as escolas estaduais que é aprovado sob confronto com estudantes. Em maio, quando o governo aprovou na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) a criação das escolas cívico-militares, um grupo de estudantes foi agredido por policiais do Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) por protestar contra a iniciativa.
"Manifestações fazem parte da democracia, então é esperado que haja pessoas contra, mas a grande maioria é a favor. A gente vê pelo número de pessoas que estamos com amplo apoio dos professores", disse Renato Feder, secretário de Educação, ao ser questionado sobre o confronto da polícia com os estudantes.
Voltando ao Brasil em 1975, após meu período de doutorado na Universidade da Califórnia, em Berkeley, pude acompanhar o debate que ocorria por aqui sobre as causas da piora da distribuição de renda no país.
De um lado estava o economista Carlos Langoni, que teve acesso privilegiado aos dados individuais do Censo de 1970, e defendia a tese de que a piora se devia principalmente a um problema de oferta e demanda por mão de obra qualificada no país, que estava crescendo a altas taxas e precisava desse pessoal mais qualificado. Isso teria induzido a um aumento de seus salários com consequente piora na distribuição de renda.
Do outro lado se posicionaram vários economistas como Maria da Conceição Tavares, Luiz Gonzaga Belluzzo, Paul Singer, Rodolfo Hoffmann, Edmar Bacha, José Serra e outros que culpavam o modelo econômico de “aumentar o bolo para depois distribuir”, conforme sugerido por Delfim Neto.
Um dos livros mais importantes, publicado pela Zahar Editora em 1975, discutindo a questão da piora da distribuição de renda no período, foi “A Controvérsia sobre Distribuição de Renda e Desenvolvimento”, organizado pelo saudoso Ricardo Tolipan, ex-professor do Instituto de Economia, e Arthur Tinelli. Um dos capítulos mais interessantes do livro é “Distribuição de Renda e Desenvolvimento Econômico do Brasil”, escrito por Pedro Malan e John Wells, em que os autores praticamente destroem os argumentos de Langoni sobre as causas da piora da distribuição de renda no Brasil naquele período, atribuindo tal piora ao modelo econômico implantado pelo governo militar.
Cinquenta anos depois, ao folhear o livro, sinto uma grande frustração. A má distribuição de renda no Brasil continua sendo uma das características centrais de nossa sociedade. É verdade que ela se reduziu em pouco (Gini baixou da faixa 0,6 para 0,5) no período. Houve momentos de melhora, seguidos de piora, de nova melhora, de nova piora, dependendo da conjuntura política e econômica. De qualquer forma, ela continua muito desigual para o padrão internacional de modo que nunca nos livramos do problema.
No caso da alta da pobreza no Brasil, outra característica de nossa sociedade, tem havido melhora. Mas as altas taxas de pobreza continuam a desafiar o país. Nos últimos anos houve forte transferência de renda aos mais pobres, de modo que tanto a pobreza extrema quanto pobreza relativa melhoraram no longo prazo. O programa símbolo das políticas de transferência de renda é sem dúvida o Bolsa Família, cujo volume praticamente triplicou nos anos recentes. Com isso a pobreza tem sido reduzida, mas a distribuição de renda no país continua perversa, colocando o Brasil entre os campeões da má distribuição de renda no mundo.
A pergunta que surge imediatamente é: por que o Brasil tem uma distribuição de renda tão desigual e por que temos tanta dificuldade em melhorá-la de forma significativa? A resposta seria bastante complexa e não é nosso objetivo neste curto artigo tentar respondê-la, mas apenas apontar para algumas dificuldades que poderiam ser enfrentadas nessa direção.
No passado, o crescimento econômico podia ser obtido com a incorporação de novos/as trabalhadores/as (pessoas desempregadas ou fora da força de trabalho) ao mercado de trabalho. Com a transição demográfica dos últimos anos, entretanto, essa fonte tende a diminuir e eventualmente secar definitivamente. O número de pessoas jovens vem diminuindo ao mesmo tempo em que a população idosa aumenta. Assim, o aumento do PIB vai depender cada vez mais do aumento da produtividade.
A produtividade do trabalho no Brasil tem evoluído de forma bastante insatisfatória, especialmente na última década. Além disso, a comparação internacional deixa o país numa péssima situação. Não apenas na comparação com os países mais desenvolvidos, mas principalmente com os menos desenvolvidos, em que também ficamos para trás, como Argentina, México, Uruguai, Chile, Colômbia, Peru e Equador.
Temos pesquisado no Instituto de Economia da UFRJ a questão da produtividade do trabalho no Brasil. Nosso último estudo de longo prazo procura associar o nível educacional da população ocupada e a taxa de investimentos à evolução da produtividade nos últimos 40 anos, deixando clara a importância dos investimentos e da educação para o crescimento da produtividade1.
O comportamento dos investimentos no período analisado apresenta grande semelhança com a evolução da produtividade. Em geral, em períodos de crescimento do investimento houve também aumento da produtividade e vice-versa. O período 2003/2013 é bastante ilustrativo, coincidindo com um forte aumento dos investimentos e da produtividade do trabalho. Os períodos de queda dos investimentos estão associados à estagnação ou queda da produtividade. A associação positiva entre investimentos e produtividade é muito clara.
A escolaridade do país cresceu bastante ao longo das últimas décadas, confirmando a melhora em termos de escolaridade da população ocupada, tanto quando considerada a escolaridade média ou o percentual de ocupados com o curso superior completo. Embora a análise visual das séries não permita identificar claramente a relação entre escolaridade e produtividade, os modelos utilizados estimam relações positivas e significativas. Assim, os dados de escolaridade ao longo dos quarenta anos analisados sugerem que a melhora na educação da população ocupada teria contribuído para o aumento da produtividade do trabalho no país.
E como ficam as relações entre a produtividade do trabalho e a distribuição de renda? Até que ponto o crescimento da primeira beneficia a segunda? Nosso histórico não permite concluir imediatamente que uma beneficia a outra (vide o período do “milagre econômico”). Mas, por outro lado, pensando no futuro, acreditamos que o aumento da produtividade é uma condição necessária, embora não suficiente, para a melhoria da distribuição de renda daqui para a frente.
É claro que programas de transferência de renda podem e devem ser utilizados, mas um verdadeiro processo de melhoria da distribuição de renda passa obrigatoriamente pelo mercado de trabalho e o processo fica muito mais simples se houver crescimento econômico. Como o crescimento da economia não pode mais depender principalmente da incorporação de novas pessoas ao mercado de trabalho por conta da transição demográfica, a saída óbvia seria por meio do aumento da produtividade do trabalho, preferencialmente para aqueles trabalhadores com menores níveis de produtividade e salários.
Conforme apontado por nosso estudo, investimentos e educação são fundamentais para o crescimento da produtividade e é por aí que passa a solução para o crescimento da economia com melhoria da distribuição de renda no futuro.
1) Ver João Saboia; Susan Schommer; Camilla Oliveira, Produtividade do Trabalho, Investimentos e Educação no Brasil - dos anos 1980 aos anos 2020, Texto para Discussão 014/2024, Instituto de Economia, UFRJ.
Uma pesquisa realizada pelo LinkedIn revelou que 10% dos trabalhadores contratados em 2024 ao redor do mundo têm cargos que não existiam no ano 2000. Entre as funções, destacam-se os cientistas de dados, gerentes de sustentabilidade e engenheiros de IA. O levantamento ouviu cerca de 5.000 usuários do LinkedIn do nível de vice-presidência ou superior, além de 2.044 profissionais de RH em mais de 10 países. O estudo também apontou que nove em cada dez líderes empresariais do Brasil afirmam que o ritmo das mudanças no mercado de trabalho está acelerado, graças ao aumento da procura por novas funções, habilidades e tecnologias. Profissões como piloto de drone, analista de cibersegurança e estrategista de mídias digitais foram algumas que cresceram de forma mais acelerada nos últimos cinco anos. “Esses cargos emergentes surgiram e estão se fortalecendo para atender às novas demandas e necessidades da sociedade, impulsionadas por fatores como o avanço da tecnologia, a digitalização de serviços e a valorização da segurança da informação”, comenta Ana Claudia Plihal, executiva de soluções de talentos do LinkedIn no Brasil. Ainda de acordo com a pesquisa, as competências demandadas pelo mercado de trabalho sofreram alterações significativas desde 2016 e devem mudar em 70% até 2030 globalmente, com essa taxa alcançando 75% especificamente no Brasil. Além disso, líderes brasileiros entrevistados afirmaram que, para 2025, suas organizações estão focadas principalmente em mudanças voltadas a: adoção de novas tecnologias e ferramentas de IA (62%); investimentos na qualificação e requalificação dos profissionais (49%); e ajudar equipes multigeracionais a trabalharem melhor juntas (32%). Habilidades do futuro A executiva revela que o LinkedIn identificou as habilidades mais buscadas por recrutadores brasileiros para 2024, com base no que priorizam ao recrutar e contratar dentro da plataforma. Entre as mais valorizadas, estão habilidades comportamentais como comunicação, habilidades analíticas, trabalho em equipe, negociação e liderança, além de competências técnicas específicas, como SQL (Linguagem de Consulta Estruturada), gerenciamento de projetos e vendas. “À medida que a inteligência artificial transforma o mundo do trabalho, as habilidades interpessoais, que apenas os humanos podem trazer, como comunicação, gerenciamento e liderança, estão se tornando mais importantes do que nunca”, observa Plihal. Além disso, ela defende que os conhecimentos e habilidades em IA generativa deixaram de ser competências limitadas a um setor ou cargo específico e estão, agora, cada vez mais presentes como um diferencial em diversas áreas de atuação. “Independentemente da função, profissionais que entendem como utilizar essa tecnologia para aprimorar suas atividades diárias, seja para acelerar processos, otimizar operações ou fomentar a criatividade, estão em posição de evidência em seus campos”, reforça. “A IA não está aqui para substituir profissionais, mas sim para agregar valor ao trabalho humano. Aqueles que souberem explorar as novas tecnologias, como a IA generativa, certamente terão um destaque adicional em suas carreiras”, pondera. O que muda para o RH Segundo a pesquisa, as equipes de recursos humanos se tornam ainda mais essenciais conforme as mudanças avançam. Mais da metade (66%) dos profissionais de RH do país dizem que as expectativas em relação ao seu trabalho estão mais altas do que nunca, e 40% se sentem sobrecarregados com o número de decisões que precisam tomar no dia a dia. ”Nesse contexto de rápidas mudanças, os líderes naturalmente recorrem às suas equipes de RH para guiá-los por essa jornada e explorar ao máximo as novas oportunidades. No entanto, esses profissionais muitas vezes enfrentam uma sobrecarga significativa de trabalho, comprometendo o seu desempenho”, alerta Plihal. Outra pesquisa realizada pelo LinkedIn com mais de 2.500 recrutadores na Europa e nos EUA revelou que 73% dos profissionais de recrutamento reconhecem que precisam acompanhar as mudanças tecnológicas para manter sua vantagem competitiva e 45% esperam um aumento expressivo no uso de IA nos processos de recrutamento nos próximos três a cinco anos. Nesse sentido, a IA generativa tem sido recebida com otimismo, com 62% dos recrutadores globalmente avaliando essa tecnologia como uma aliada essencial para otimizar suas atividades. Além disso, essa tendência reflete-se no perfil dos próprios profissionais na plataforma: no último ano, houve um aumento de 14% no número de recrutadores que adicionaram habilidades em IA aos seus perfis do LinkedIn.
A Argentina adota um sistema de ensino em que não existe vestibular —por isso, atrai brasileiros que ou não conseguem vaga na universidade pública ou não podem pagar pelos estudos em faculdades privadas no Brasil.
Institui as Diretrizes Operacionais Nacionais de Qualidade e Equidade para a Educação Infantil.
A Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, no uso de suas atribuições legais, tendo em vista o disposto no artigo 9º, § 1º, da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, com a redação dada pela Lei nº 9.131, de 24 de novembro de 1995, e com base no disposto na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, no Decreto nº 5.154, de 23 de julho de 2004, e com fundamento no Parecer CNE/CEB nº 2, de 4 de julho de 2024, homologado por Despacho do Senhor Ministro de Estado de Educação, publicado no Diário Oficial da União, de 17 de outubro de 2024, Seção 1, página 39, resolve:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes Operacionais de Qualidade e Equidade para a Educação Infantil, que devem ser implementadas em todo o território nacional, atendendo as diversas dimensões propostas pelos Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil, editados pelo Ministério da Educação - MEC no ano de 2024, mediante conjugação de esforços da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com a finalidade de garantir a todas os bebês e crianças, do nascimento aos 5 (cinco) anos, o acesso e a permanência na Educação Infantil, bem como a qualidade e a equidade da oferta educativa em termos de gestão educacional, infraestrutura e ambientes educativos, processos pedagógicos e demais condições promotoras de sua aprendizagem e desenvolvimento.
A rápida aprovação, pela Comissão de Educação da Câmara, do projeto de lei que proíbe celulares em escolas é um indicativo do quanto, acertadamente, a sociedade tem debatido o impacto desse uso em crianças e adolescentes na educação básica. No entanto, um novo estudo, publicado há duas semanas pelo NBER (siga em inglês para Centro Nacional de Estudos Econômicos), traz novos e relevantes achados, mostrando que jovens em universidades também são afetados negativamente, com prejuízos que chegam ao mercado de trabalho. Um diferencial do estudo dos pesquisadores Panle Barwick, Siyu Chen, Chao Fu e Teng Li foi ter combinado informações de registros acadêmicos por quatro anos de uma universidade chinesa com dados coletados por uma grande empresa de telefonia local, permitindo estimar o tempo de uso em aplicativos de jogos em celulares e a localização dos estudantes. Como a universidade mantém também estatísticas sobre o ingresso no mercado de trabalho de seus recém-formados, foi possível com isso avaliar ainda o impacto até mesmo na empregabilidade e renda do trabalho. Em todas as dimensões avaliadas no estudo, o alto uso de aplicativos de jogos em celulares mostrou ser prejudicial aos jovens, com redução nas notas na universidade, salários menores no mercado de trabalho e a piora na saúde física. Outra conclusão muito relevante é que o uso é contagioso: quanto mais tempo colegas de quarto utilizaram os aparelhos, mais seus pares também os utilizavam. O estudo traz também algumas pistas sobre os mecanismos que levam a esses resultados. Por exemplo, os autores descobriram que o alto uso de aplicativos de jogos reduz o tempo gasto em salas de estudo e aumenta o número de faltas e atrasos. Por meio de pesquisas online com os estudantes, o trabalho identifica que usuários mais frequentes relatavam pior saúde mental, se candidataram menos a entrevistas de emprego e estavam mais insatisfeitos com as oportunidades de trabalho que receberam. Também foi possível observar que esses usuários mais intensos tinham consciência do vício. Outra evidência interessante do estudo foi o impacto de uma lei chinesa que limitou o tempo que menores de idade podem jogar online. A lei, de 2019, estabeleceu tempos máximos de uso semanal e restrição do uso noturno e aos finais de semana, proibindo as empresas de liberarem acesso aos jogos online nos horários restritos e exigindo que mantenham seus registros de assinantes atualizados, para identificar quando se trata de um menor de idade. Como o estudo acompanhou três gerações diferentes de universitários ao longo de quatro anos, foi possível monitorar os resultados daqueles que foram em algum grau afetados (direta ou indiretamente por seus pares) pela política com aqueles que não foram afetados. A conclusão foi que as restrições surtiram efeito, e a recomendação dos autores é de que seja ampliada também a universitários na China. É comum nos referirmos às novas gerações como nativos digitais, como se já nascessem mais preparados para lidar com as novas tecnologias. Mas, quando o uso mais se assemelha a um vício, talvez seja mais apropriado falar em cativos digitais.
Outro ponto que o estudo traz é que o principal desafio dos CEOs brasileiros é a estratégia (70,6%), seguido por pessoas (64,7%) e resultados, performance e projeções (61,8%). Bagnolesi comenta que a gestão de pessoas é um desafio central, porque impacta diretamente a cultura organizacional e a produtividade da empresa. “Em tempos de rápida transformação digital e mudanças nas demandas dos trabalhadores, CEOs precisam garantir que suas equipes estejam motivadas, adaptáveis e bem capacitadas”, detalha. “Além disso, a retenção de talentos, a diversidade e a criação de ambientes inclusivos tornam-se essenciais para o desenvolvimento de uma equipe sólida e resiliente”. Segundo ele, esses aspectos são especialmente desafiadores no Brasil, onde a rotatividade de funcionários e a pressão por qualificação ainda são barreiras significativas.
É preciso estimular o atual movimento com a criação de cursos de letramento em inteligência artificial para professores, pesquisadores, funcionários e alunos, e isso é muito saudável
O impacto da transição digital sobre o desenvolvimento socioeconômico e ambiental sustentável é o foco do livro "Do Paradoxo das Habilidades à Superinteligência Pós-Humana: Como a Tecnologia da Informação e Comunicação Vem Forjando o Futuro da Relação Homem-Máquina", publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A temática compõe o quarto volume da série Nova Geração de Infraestruturas (NGI), organizado por Rosane Lourenço, especialista em políticas públicas e gestão governamental no Ipea. A série reavalia alguns dos principais setores de infraestrutura (transportes, saneamento, energia e comunicações) à luz dos avanços tecnológicos.
Propõem uma nova classificação de empregos verdes com base na atividade econômica para o Brasil (Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE) e investigam a evolução desses empregos a partir de uma perspectiva multidimensional, utilizando dados da PNAD Contínua. O estudo revela que os empregos em atividades verdes representam 17% do total de ocupados e permaneceram praticamente estáveis ao longo do período analisado (2012-2022).
O governo estuda medidas para controlar gastos e aumentar a eficiência das políticas públicas. A complementação da União ao Fundeb (Fundo do Ensino Básico) é um dos pontos sob análise. Essa despesa pulou, em termos reais, de R$ 21 bilhões para R$ 44,5 bilhões em apenas quatro anos. É resultado da aprovação da emenda constitucional 108/20, que determinou a elevação da participação da União no fundo de 10% para 23% do aporte feito por estados e municípios. Como o aumento desse percentual é gradual (atualmente estamos em 19%), o crescimento do gasto continuará pelo menos até 2026, quando chegaremos aos 23%. O objetivo inicial da emenda era meritório: redistribuir o fundo em favor de municípios mais pobres, sem aumentar a despesa. Mas incorporou o aumento de aportes da União, sob o argumento de que mais dinheiro seria fundamental para melhorar a qualidade da educação. Passados quatro anos, não se vê a revolução propalada pelos entusiastas da PEC. No exame internacional Pisa, continuamos atrás de países cujo gasto por aluno é similar ao nosso, como Colômbia, México, Turquia e Chile. Durante a discussão da PEC, argumentei em colunas, artigos e audiência pública que o problema não era pouco dinheiro, mas falta de incentivos à boa gestão. A emenda deu mais dinheiro e piorou os incentivos. Houve forte resistência, durante a tramitação, a premiar os municípios por melhoria nas notas médias dos alunos. A pequena fatia do fundo que acabou destinada para este fim não foi regulamentada até hoje. Aumentou o engessamento na alocação dos recursos: a parcela do fundo carimbada para pagar salários passou de 60% para 70%, reduzindo o espaço para gestores locais decidirem a alocação do dinheiro, conforme suas diferentes necessidades. A PEC também induziu forte crescimento do piso salarial do magistério. Em 2008, lei proposta pelo então ministro da Educação, Fernando Haddad, indexou o piso salarial ao crescimento do valor gasto por aluno. Mais dinheiro no Fundeb significou mais gasto por aluno, implicando seguidos reajustes anuais de dois dígitos no piso do magistério, que hoje está em R$ 4,6 mil. A literatura só encontra relação causal entre aumento da remuneração de professores e desempenho dos alunos quando o pagamento a maior se faz por premiação de desempenho. Além disso, é preciso que haja liberdade para demitir por mau desempenho. Condições não observadas no Brasil. Os aposentados do magistério também têm direito ao piso, mas recursos do Fundeb não podem custear aposentadorias. Logo, os municípios têm que tirar dinheiro de outras políticas para pagar os aposentados. Não é de admirar que reajam, indo a Brasília para obter desoneração de alíquotas previdenciárias e outras ajudas fiscais, propagando o custo de políticas mal desenhadas. Esses problemas eram previsíveis no momento de votação da PEC. Foram debatidos publicamente. Não obstante, ela foi aprovada por 499 x 7 na Câmara, e por 79 x 0 no Senado.
To get content containing either thought or leadership enter:
To get content containing both thought and leadership enter:
To get content containing the expression thought leadership enter:
You can enter several keywords and you can refine them whenever you want. Our suggestion engine uses more signals but entering a few keywords here will rapidly give you great content to curate.