Mozart e Haydn compunham para quartetos de cordas há um quarto de milênio, quando a Revolução Industrial estava em sua infância. Desde então, a escala da economia mundial aumentou pelo menos 100 vezes e o padrão de vida material na Europa cresceu 20 vezes ou mais. Nossa capacidade de viajar, construir, calcular, comunicar ou simplesmente produzir alimentos foi transformada de maneira irreconhecível. Mesmo assim, a produtividade de um recital ao vivo do quarteto “Imperador”, de Haydn, não mudou: ainda são necessários 4 músicos e entre 25 e 30 minutos para executá-lo. Esta é a essência do que ficou conhecido como “efeito Baumol” ou, de uma maneira mais desalentadora, “doença dos custos de Baumol”. O problema básico foi estabelecido pelos economistas William Baumol e William Bowen em “Performing Arts, the Economic Dilemma” em 1966, em meio a muita preocupação sobre a percepção de que as artes cênicas estavam cheias de desperdício e má gestão. Seja isso verdade ou não, Baumol e Bowen argumentaram: “A dificuldade básica surge não de nenhuma dessas fontes, mas da estrutura básica da performance ao vivo”. O efeito Baumol descreve o desafio que surge quando algumas partes da economia avançam rapidamente enquanto outras estão paradas. Se você quiser ouvir pessoas tocando Haydn ao vivo, provavelmente terá de pagar a elas um salário competitivo. E em uma economia próspera, o que conta como salário competitivo está sempre aumentando. Se a produtividade dos músicos não muda, mas seus salários continuam aumentando para acompanhar o resto da economia, então pagar às pessoas para tocar Haydn vai parecer cada vez mais um luxo caro. Mas não é por isso que o efeito Baumol está na boca do povo hoje. A preocupação agora não é o preço de uma noite na sala de concertos, mas o custo da saúde, da assistência social e da educação. Em vez de um violoncelista, pense em uma enfermeira trocando um curativo em uma ferida, um cuidador ajudando uma pessoa com demência a se vestir de manhã ou uma professora de jardim de infância incutindo alguns dos princípios básicos de leitura e contagem para uma classe de crianças de 4 anos. Exigir que essas pessoas se tornem “mais produtivas” parece o mesmo tipo de erro básico que insistir para que o quarteto de cordas toque mais alto e mais rápido. Talvez isso não possa ou não deva ser feito. Se o efeito Baumol é o culpado pelos problemas dos serviços públicos, temos uma escolha. Podemos deixar os salários dos trabalhadores do setor público caírem e, com o tempo, perder alguns dos melhores deles. Podemos esperar que serviços intensivos em mão de obra, dos trabalhos de assistência aos concertos clássicos, sejam realizados de forma voluntária ou semivoluntária. Ou podemos decidir que, assim como as apresentações ao vivo de obras de Haydn, não precisamos deles tanto quanto antes. Por outro lado, podemos concordar que o aumento dos custos é algo que estamos preparados para pagar. Afinal, o efeito Baumol é uma consequência direta dos ganhos de produtividade em outras áreas da economia. Por definição, isso implica que o dinheiro está disponível para pagar esses salários mais altos. O efeito Baumol é uma refutação útil para aqueles que presumem que todo trabalhador deve “merecer” seus aumentos salariais tornando-se mais produtivo. Isso é um absurdo; eles sempre podem justificar seus salários simplesmente pedindo demissão e fazendo outra coisa. Ainda assim, embora não devamos insistir dogmaticamente que os salários do setor público só podem aumentar se a produtividade do setor público aumentar na mesma proporção, não devemos aceitar rapidamente as limitações do quarteto de cordas de Baumol. Por definição, Baumol e Bowen descartaram a ideia de que os músicos podem gravar suas performances ou usar amplificação para alcançar um público maior. Eles estavam concentrados apenas nas performances ao vivo tradicionais e no custo dessas performances. Tudo bem. Mas seria imprudente simplesmente presumir que nada pode ser feito para aumentar a produtividade de médicos e professores. Em todo caso, o efeito Baumol é melhor visto como uma boa notícia. É um conto em que partes da economia se tornam dramaticamente mais produtivas. De fato, mesmo que cada parte da economia desfrute de ganhos de produtividade, os efeitos Baumol se aplicarão na medida em que alguns estejam aumentando a produtividade mais rápido do que outros. Aqueles que se preocupam com o efeito Baumol talvez devessem se preocupar mais com a alternativa: um crescimento lento da produtividade em todos os lugares. Isso é muito fácil de imaginar.
O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa? Luciano Sathler É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática. Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing. O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais. Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho. A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados. A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar. No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes. Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador". Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante. Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos. Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano. O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.
Especialista em tecnologia e políticas públicas, o professor Ivan Siqueira analisa os desafios da educação digital no Brasil, destacando a restrição ao uso de celulares nas escolas e a necessidade de uma formação docente adequada
Creator empowerment Rather than seeing it as a threat, creators are turning technology to their advantage. Take the growing number of platforms which allow creators to engage, build and monetize audiences directly.
Via a subscription model from which it takes a 10% cut, Substack allows for direct audience engagement, enabling creators to “own the relationship with their audience,” and earn revenue, even if the audience is small. Some - including journalist and writer Emma Gannon who moderated a fireside chat with Substack co-founder Hamish McKenzie – have even accrued six-figure earnings. “The special sauce is the model,” said McKenzie, “the only way Substack makes money is if its creators make money.”
Physical AI represents the next evolution in artificial intelligence, bridging the gap between digital thinking and physical action. In this video, we explore how machines are learning to interact with our world through a sophisticated process that mirrors human learning. From virtual training environments to real-world adaptation, discover how Physical AI is transforming industries like healthcare, manufacturing, and transportation. We'll break down the three-layer architecture that makes this possible and explain why Nvidia's CEO Jensen Huang believes we're approaching a "ChatGPT moment" for robotics. Whether you're a business leader, technology enthusiast, or simply curious about the future of AI, this comprehensive overview will help you understand one of the most significant technological developments of our time.
World Models, Humanoids, Synthetic Data and Improved fine motor hand and agility marks a new beginning. 🤖 New Robot Arms race begins in 2025. With Deep Dive 🧐 on Unitree.
A parcela da população de 25 anos ou mais com ensino superior completo teve novo crescimento no Brasil, aumentando de 19,7% em 2023 para 20,5% em 2024, segundo dados divulgados nesta sexta (13) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É a primeira vez na série histórica que o patamar passa de 20%. Os números integram um módulo de educação investigado desde 2016 na Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). Naquele ano, o ensino superior completo era uma realidade para 15,4% da população de 25 anos ou mais.
Mas existe um problema de fundo mais geral, que é a ideia de que a qualidade da educação possa ser assegurada pelos seus processos, e não pelos resultados. No Brasil sempre prevaleceu a ideia de que, se o governo aprovar a forma em que os cursos são dados, especificando tempos, características dos professores, instalações e currículos detalhados, os diplomas que as instituições dão aos alunos estarão automaticamente garantidos. Isto pode ter funcionado em certa medida no passado, mas hoje é claro que o importante é que os estudantes sejam certificados individualmente por agências indendentes, sobretudo para o exercício de profissões de impacto na vida ou patrimônio das pessoas, como no Direito e nas profissões médicas. No Direito, aliás, esta certificação já existe com o Exame da OAB, e não fica clara a razão pela qual o Ministério resolveu que estes cursos precisam ser necessariamente presenciais.
Na estreia da terceira temporada do Sinto Que Lá Vem História, o pediatra, sanitarista e ativista pela infância Daniel Becker está de volta ao videocast para uma conversa sobre um tema urgente: como equilibrar o uso de tecnologias nas escolas sem comprometer o desenvolvimento integral dos alunos? A partir da nova lei que proíbe o uso de telas em sala de aula, o episódio convida para uma reflexão sobre o papel da escola — e da sociedade — na construção de uma infância mais saudável e presente.
O Regulamento Inteligência Artificial é o primeiro quadro jurídico em matéria de IA, que aborda os riscos da IA e posiciona a Europa para desempenhar um papel de liderança a nível mundial.
A Creator Economy do Brasil na ponta dos dedos. Obtenha sua cópia gratuita do relatório mais abrangente sobre a Creator Economy no Brasil. A Favikon analisou mais de 200 principais criadores no Instagram, YouTube, LinkedIn, TikTok e X para descobrir sinais de crescimento, benchmarks de engajamento e padrões de monetização em um dos mercados digitais mais dinâmicos do mundo
Scalability of AI systems Why it's a challenge: As AI applications become more widespread, organisations must ensure their systems can handle increased loads and complex problem-solving without a drop in performance Company tackling this: Nvidia
Disponível nas livrarias desde o dia 6 de maio, o livro "é um guia essencial para pais, alunos e professores" e apresenta "uma lista dos 150 melhores programas de inteligência artificial, práticas éticas e seguras para que a tecnologia complemente - e não substitua - a interação humana".
Ferramenta deve avaliar 5% dos exercícios de estudantes do 8º ano do ensino fundamental e da 1ª série do ensino médio da rede estadual. Professores continuam com acesso a respostas e podem incluir comentários.
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