O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa? Luciano Sathler É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática. Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing. O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais. Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho. A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados. A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar. No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes. Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador". Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante. Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos. Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano. O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.
A BBC News Brasil ouviu especialistas em formação e jovens das periferias para entender como eles estão superando algumas das barreiras sociais que dificultam a entrada no mercado de trabalho
Entretanto, nada disso é possível se a organização não possuir capacidade de coleta de informações, armazenamento, processo e análise eficiente. É justamente dentro desse âmbito que as plataformas de dados habilitadas para inteligência artificial (IA) se transformam nas maiores aliadas para gerar essas funcionalidades, trazendo valor e inovação para o ecossistema digital das marcas.
Fato consumado no mercado de trabalho, o uso da inteligência artificial (IA) na educação também já é uma realidade. O recurso vem transformando a forma como professores ensinam e alunos aprendem. Diversas escolas adotam essa tecnologia para personalizar o aprendizado, otimizar o ensino e preparar os estudantes para um futuro cada vez mais digital. O treinamento contínuo dos professores e o desenvolvimento de ferramentas próprias fazem parte do trabalho.
Christine Lourenço, diretora pedagógica do Grupo Salta, responsável pelos colégios pH, Pensi e Elite no Rio, destaca o impacto transformador da inteligência artificial na educação.
"No frontstage, a IA personaliza a aprendizagem, permitindo que cada aluno aprenda no seu próprio ritmo. No backstage, otimiza o tempo dos professores, facilitando o planejamento e a criação de materiais. Contudo, precisamos estar atentos aos desafios que surgem, como a possibilidade de dependência e a necessidade de um uso crítico e ético por parte de alunos e educadores", diz.
Christine também menciona o papel crucial da IA na inclusão de alunos com necessidades especiais, ao facilitar o aprendizado com materiais acessíveis e ferramentas que promovem equidade no ambiente escolar. Ela exemplifica o uso da ferramenta com tecnologias como softwares de reconhecimento de fala, que ajudam alunos com dificuldades motoras a escrever por comando de voz; e leitores de tela, que permitem que estudantes com deficiência visual acessem conteúdos escritos. Além disso, cita sistemas de tradução automática para alunos com deficiência auditiva, como a tradução de textos para Língua Brasileira de Sinais (Libras), e plataformas que personalizam o ensino, adaptando-se ao ritmo e ao estilo de aprendizagem de cada aluno.
Ela destaca ainda que o Grupo Salta está implementando a IA em várias frentes, incluindo a capacitação de professores por meio de workshops e uma eletiva para alunos sobre o uso produtivo dessas tecnologias.
"Menciono também os chatbots, que servem como monitoria remota para ajudar os alunos com dúvidas sobre o material didático. A IA pode reconhecer padrões de consumo de conteúdos e recomendar vídeos, textos e podcasts; avaliar a proficiência dos alunos e sugerir exercícios adequados; e compilar dados acadêmicos para auxiliar na criação de planos de ação personalizados. Acreditamos que integrar a IA com métodos tradicionais cria um ambiente de aprendizagem mais dinâmico e inclusivo, preparando nossos estudantes para um futuro tecnológico", afirma ela.
Implicações éticas Já o Colégio pH dá os primeiros passos na implantação da inteligência artificial. O tema será incorporado às Oficinas de Aprendizagem, que já acontecem dentro da grade curricular da escola, em dois tempos de aula por semana.
As oficinas são de ciências, matemática e redação, e, a partir do primeiro semestre de 2025, a instituição incluirá a educação digital nessas aulas, em que os estudantes vão poder usar a IA para trabalhar possibilidades relacionadas ao conteúdo. A nova disciplina buscará ainda fazer com que os alunos consigam analisar criticamente a informação que obtiverem e salientar sua responsabilidade no uso da ferramenta, com discussões sobre as implicações éticas da IA e temas como privacidade e viés algorítmico.
"O uso ético da IA é crucial. Não se trata apenas de habilidades técnicas, mas de uma compreensão profunda do impacto dessa tecnologia", afirma Igor Oliveira Vieira, coordenador do colégio. "Ao fomentar um ambiente de discussão, preparamos nossos alunos para serem líderes inovadores e conscientes".
Ajuda para os professores No Colégio Ao Cubo, a IA foi introduzida como uma ferramenta de apoio aos professores, especialmente na correção de redações e na criação de planos de estudo personalizados. A tecnologia também é usada em uma tutoria on-line. Segundo Rodrigo Reis, diretor da instituição, a IA funciona como um “primeiro corretor”, identificando erros básicos e deixando os professores livres para focarem em aspectos mais profundos das produções dos alunos.
"Com a IA, o tempo de correção de uma redação diminui de 17 para cerca de três minutos, permitindo ao professor mais tempo para planejar atividades criativas e acompanhar individualmente cada estudante", explica.
A ferramenta também personaliza o aprendizado, ajustando o nível de dificuldade das atividades com base nas competências de cada aluno. José Antonio Júnior, diretor-geral do Ao Cubo, destaca que a IA identifica as facilidades e dificuldades dos estudantes em diversas áreas, promovendo uma educação mais individualizada.
"O sistema ajusta automaticamente o nível de desafio das atividades, ajudando a superar um dos maiores desafios da educação básica: a uniformização das metodologias de ensino, proporcionando uma educação de excelência e humanizada", ressalta.
Além do suporte acadêmico, o uso da IA é voltado para o desenvolvimento de habilidades críticas. Nas aulas de redação, os alunos são incentivados a utilizar a tecnologia como ferramenta de análise e produção de perguntas, em vez de buscar respostas prontas.
"Essa abordagem promove a alfabetização visual e a capacidade de interpretação crítica, preparando os alunos para exames como o Enem", explica o coordenador de Redação, Daniel Bravo.
A aluna Isabela Ramadas, da 1ª série do ensino médio, elogia a integração da IA nas atividades:
"Ela me ajudou a refletir sobre questões que eu não havia considerado. O processo de formular perguntas nos leva a novos insights e amplia nossa capacidade de análise", disse.
No Mopi, as primeiras experiências com a IA começaram no ano passado, com treinamento da equipe docente e conscientização dos alunos sobre o uso responsável do recurso. Para os professores, foi criado um aplicativo que ajuda a reduzir o tempo gasto na elaboração de avaliações.
"Temos alunos de inclusão que precisam de provas adaptadas. Então, o professor, em vez de precisar formular novas questões do zero, pode pegar uma prova regular e lançar nesse aplicativo baseado em IA, que vai fazer a conversão das questões respeitando todos os processos de adaptação e nuances necessárias", explica Luiz Rafael Silva, coordenador pedagógico do Mopi e um dos desenvolvedores da plataforma, ao lado do professor de química Felipe Domingues.
"O aplicativo tem também o formulador de questões. O professor pode, por exemplo, pegar um link com reportagens em texto, vídeos ou áudios, dizer os conhecimentos que quer abordar, se deseja questões de múltipla escolha ou discursivas, e a plataforma elabora modelos de simulados parecidos com avaliações externas, como o Enem."
Outra funcionalidade é a validação de questões, destaca Silva.
"O professor pode pegar uma prova inteira, jogar no aplicativo e descobrir se as questões têm o nível de dificuldade fácil, médio ou difícil para determinada série e as habilidades e conhecimentos exigidos em cada uma delas. Ele ainda dá o gabarito e, se a prova for de múltipla escolha, justifica por que as demais alternativas estão erradas. Por fim, faz o cálculo de toda a pontuação da prova e uma previsão da média que a turma pode alcançar realizando a prova. Conseguimos comparar a média feita pela IA e a média real, e não há muita discrepância. O professor consegue antever como os alunos vão se sair na prova que elaborou", detalha.
Em breve, esse mesmo aplicativo será capaz de sugerir planos de aula:
"O professor vai dizer as habilidades e competências que quer desenvolver, e o nosso app vai sugerir um plano de aula, dentro do que acreditamos no processo de aprendizagem, colocando o aluno como protagonista."
Além dos professores, o Mopi tem uma equipe de monitores, ainda graduandos em Pedagogia, que, além de treinarem a metodologia da escola e a condução da didática em sala de aula, precisam apresentar para a direção aulas utilizando alguma ferramenta de IA.
"Esses monitores poderão virar nossos professores. Então, já preparamos os futuros profissionais para essa realidade de uso intenso da IA, da qual não temos como fugir" diz Silva.
A instituição pretende ainda criar tutores guiados por IA, para ajudar alunos no contraturno escolar.
"Há estudantes que não conseguem se organizar para estudar fora da escola. Estamos pensando numa ferramenta para auxiliá-los a dividir seu tempo entre os conteúdos mais necessários. Neste caso, o aluno vai apresentar sua demanda e o tutor, alimentado por nossa base de dados, vai identificar as lacunas que ele tem e orientá-lo", esclarece Silva.
Uso em sala de aula O Colégio Adventista, na Tijuca, também está promovendo uma capacitação específica para seus professores do ensino fundamental I, focada em formas de integrar a IA ao planejamento de aulas e atividades. A iniciativa, liderada pela professora Érica Abreu, visa a preparar os alunos para um futuro digitalizado, tornando as aulas mais dinâmicas e interativas.
"Essa capacitação oferece ferramentas práticas para integrar a tecnologia ao cotidiano escolar, tornando as aulas mais dinâmicas", afirma Érica.
Além disso, a professora implementou um projeto com alunos do 9º ano, que usaram IA para produzir conteúdos sobre Getulio Vargas, tema que será apresentado a alunos do 5º ano.
"Os alunos do 9º ano vão ensinar os mais jovens, promovendo uma troca de conhecimento e demonstrando o potencial da IA no processo educacional", explica Érica.
Esse projeto destaca a importância da manipulação consciente da IA, capacitando os alunos a utilizarem a tecnologia como uma ferramenta auxiliar no aprendizado.
"Nós não estamos sendo manipulados pela inteligência. Ao contrário, a IA é uma ferramenta que potencializa a relação ensino-aprendizagem", conclui a professora.
Para 79% dos trabalhadores participantes do levantamento, a personalização da experiência no ambiente corporativo pode melhorar a relação com o trabalho e para 77% ela poderia melhorar o bem-estar de uma forma geral e incentivar a permanecer mais tempo na organização onde atuam.
O domínio do Google sobre o mercado de anúncios em ferramentas de busca na internet, que movimenta quase US$ 300 bilhões, vem diminuindo. Durante anos, a gigante da tecnologia deu a impressão de ser invencível nesse segmento do mercado de anúncios, que é a base do seu negócio. Agora, concorrentes começam a corroer sua liderança, e a oferta de novos produtos - impulsionados pelo crescimento da inteligência artificial (IA) e dos vídeos de plataformas de relacionamento social on-line - ameaçam remodelar o cenário. Recentemente, o TikTok, a popular plataforma de vídeos curtos, começou a permitir que marcas direcionem anúncios com base nas buscas dos usuários - um desafio direto ao cerne do negócio do Google. Ainda neste mês, a startup de buscas com IA, Perplexity, financiada por Jeff Bezos, planeja introduzir anúncios em suas respostas geradas por IA. Até agora, a maior parte da receita vinha de uma assinatura de US$ 20 por mês que permite acesso a uma tecnologia de IA mais avançada. Essas novas iniciativas aumentam a pressão sobre o Google, já às voltas com o crescimento da Amazon, que capturou uma grande fatia dos gastos em anúncios ligados a buscas na internet. Muitos consumidores iniciam suas pesquisas de produtos na plataforma de comércio eletrônico. Em 2025, a participação do Google no mercado de anúncios de busca nos EUA deve ficar abaixo de 50% pela primeira vez em mais de dez anos, de acordo com a firma de análises eMarketer. Projeta-se que a Amazon terá 22,3% do mercado em 2024, com crescimento de 17,6%, e que o Google terá 50,5%, com crescimento de 7,6%. “Esse espaço já está no ponto para uma transformação há muito tempo”, disse Brendan Alberts, chefe de buscas e comércio da agência Dentsu. Rivais começam a corroer sua liderança e novos produtos ameaçam remodelar o cenário O Google ainda tem uma posição invejável: está muito à frente no mercado de buscas e conta com recursos de sobra para reagir às investidas dos concorrentes. Ainda assim, os anunciantes estão ansiosos por mais competição. “Pela primeira vez em provavelmente 15 anos, teremos alternativas viáveis ao Google", disse Nii Ahene, um executivo veterano na publicidade digital. O crescimento explosivo da IA generativa vem transformando os produtos de busca, que cada vez mais passarão a fornecer respostas completas às consultas dos usuários ou resumos dos resultados da busca. Na semana passada, o Google começou a exibir anúncios nos resumos gerados por IA que aparecem no topo dos resultados das buscas. De início, os anúncios só serão exibidos em buscas realizadas por meio de dispositivos móveis nos Estados Unidos, segundo o Google. A Perplexity também busca uma fatia desse mercado. Dmitry Shevelenko, diretor de negócios da empresa, disse que um punhado de “nomes conhecidos e de alto nível” estão entre seus primeiros anunciantes. A startup permitirá que marcas patrocinem perguntas complementares, que desencadeiem um diálogo com o usuário. Em uma apresentação a anunciantes, a Perplexity informou que as respostas às perguntas patrocinadas serão “aprovadas previamente e podem ser bloqueadas”, dando conforto ao cliente “sobre como a marca será retratada na resposta”, segundo uma cópia vista pelo “The Wall Street Journal”. “Estamos abrindo a possibilidade para que uma marca inspire ou instigue alguém a fazer uma pergunta sobre ela”, disse Shevelenko. Em 2025, a fatia do Google no mercado de anúncios de busca nos EUA deve ficar abaixo de 50% Cerca de 46% das consultas da Perplexity nos EUA levam a perguntas complementares, segundo a apresentação. A empresa destacou ter processado 340 milhões de consultas em setembro. Em comparação, o Google informa que processa cerca de 2 trilhões de buscas por ano. De acordo com Shevelenko, a Perplexity nunca mudará as respostas não patrocinadas da ferramenta de busca com base nas demandas de anunciantes. Outras ferramentas de busca já experimentaram inserir anúncios em respostas geradas por IA. A Microsoft incluiu links patrocinados e anúncios de comparação de compras em um chatbot vinculado ao seu motor de busca Bing. Nos últimos 30 dias, quase 60% dos consumidores dos EUA se valeram de algum chatbot para ajudar a pesquisar ou decidir sobre uma compra, de acordo com uma pesquisa da New Street Research. Alguns analistas questionam se os anúncios em chatbots serão tão valiosos quanto os tradicionais anúncios de busca, uma vez que as pessoas podem estar menos propensas a clicar neles. Disputar verbas de anúncios em ferramentas de busca é um passo lógico para a chinesa TikTok, que está na mira da Casa Branca. Embora se projete que a receita do TikTok com anúncios nos EUA saltará 38,1% em 2024, a plataforma tem uma fatia de apenas 3,4% do mercado de anúncios digitais dos EUA, segundo a eMarketer.Segundo a empresa de publicidade digital Tinuiti, atualmente quase 20 de seus clientes, em categorias como bens eletrônicos de consumo, vestuário e beleza, estão comprando os novos anúncios do TikTok, e a maioria viu resultados positivos.
Pouco mais de um ano após a Volkswagen gerar polêmica ao recriar digitalmente a cantora Elis Regina em uma campanha publicitária com o uso de inteligência artificial (IA), o impacto dessa tecnologia no marketing ainda provoca reações mistas. Segundo o relatório Media Reactions 2024, da Kantar, 62% dos consumidores e 68% dos profissionais de marketing têm uma visão positiva da IA generativa. Na América Latina, os números são ainda mais expressivos, com 68% dos brasileiros e 87% dos profissionais da região apoiando a ferramenta. Mas, quando o foco se volta para a publicidade gerada por IA, o entusiasmo diminui.
Globalmente, 41% dos consumidores expressam desconforto com os anúncios que usam IA, percentual que chega a 31% no Brasil. Na mesma pesquisa, 71% dos profissionais de marketing, e 66% na América Latina, se mostram mais à vontade com o uso da ferramenta.
Na campanha da Volkswagen, criada pela AlmapBBDO, a equipe de marketing buscou “um toque emocional e humano, focado nas pessoas”, diz o vice-presidente de vendas e marketing da Volkswagen no Brasil, Roger Corassa. Mas as críticas, apontando falta de ética, foram de tal ordem que um processo chegou a ser aberto no Conar, órgão de autorregulação do mercado publicitário. Acabou sendo arquivado pois não se comprovou que alguma regra do Conar tivesse sido quebrada. A campanha teve 2,7 bilhões de visualizações e 98% de comentários positivos, informa a montadora.
Para Ana Paula Kuroki, chefe de estratégia da Africa Creative, as pessoas estão, agora, mais abertas à IA, mas a executiva também nota que a convivência com a tecnologia tem aumentado o senso crítico em relação a seu uso. “As pessoas estão mais abertas à IA, mas não dá para aplicá-la em tudo. Elas já conseguem identificar quando uma imagem é gerada por IA, e isso pode acabar parecendo artificial demais”, diz. Kuroki ressalta o valor da tecnologia quando usada de forma equilibrada. “Utilizar a IA como uma coadjuvante criativa, que expande nossa visão e complementa o trabalho? Com certeza.”
A fintech Nomad, em um anúncio em junho deste ano, fez questão de deixar claro que estava usando IA. No comercial, o ator Will Smith “fala” português, espanhol, francês e japonês, com ajuda da IA. A tecnologia foi aplicada na criação da voz com o timbre do ator, na sincronia labial e em filtros faciais para alinhar as expressões à voz. O vídeo deixa claro o uso de IA logo no início, com Smith dizendo: “A Nomad utilizou tecnologia para me fazer falar português.”
A campanha gerou um aumento de 540% no tráfego do site da Nomad nos primeiros dias da campanha. Superou 25 milhões de visualizações no YouTube e 18 milhões no Instagram.
“Os feedbacks foram majoritariamente positivos. Alguns usuários chegaram a questionar por qual motivo usamos esse tipo de tecnologia. Contudo, antecipando essa preocupação, lançamos uma segunda versão da campanha com os dubladores originais do Will Smith, que teve ótima repercussão. Com isso, trouxemos mais brasilidade para a campanha principal e conseguimos atender a uma demanda impulsionando ainda mais o engajamento”, explicou a diretora de marketing da Nomad, Thais Souza Nicolau. Ela destacou a importância do uso responsável e transparente da IA.
Em agosto, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) passou a divulgar seus boletins diários sobre o mercado financeiro, em suas redes sociais, com avatares gerados por IA. Baseados em vozes e imagens de funcionários, os avatares apresentam roteiros com informações sobre a B3 e dados do mercado, gerados pela versão corporativa do ChatGPT. Após aprovação da equipe, os avatares fazem a apresentação de forma automatizada. O projeto foi desenvolvido em parceria com a startup BeNext e também aplica o Gemini, IA do Google.
Como o consumidor reagiu? O superintendente de comunicação da B3, Alexandre Nobesco, diz que o engajamento se manteve após a implementação, assim como o número de visualizações. No YouTube, a taxa de retenção, ou seja, percentual dos usuários que assistiram aos vídeos até o fim, subiu de 56% para 67%. O maior interesse, contudo, veio de empresas que procuraram a B3 para entender e replicar a tecnologia.
“A economia de tempo na produção é de cerca de sete horas por dia. Recebemos algumas reações de surpresa com o uso da tecnologia. Apesar de tentarmos aproximar o conteúdo ao máximo da realidade, deixamos claro que se trata de IA nos vídeos”, disse Nobesco. “Vemos a IA como uma ferramenta de apoio, não um substituto. Com isso, nossa equipe conseguiu focar em outras prioridades de produção”.
A Vivo, marca da Telefônica, aplica IA em diversas campanhas, como em um filme divulgado na Olimpíada de Paris, que somou 1 milhão de visualizações em 24 horas. A diretora de marca e comunicação da Vivo, Marina Daineze, diz que os resultados em campanhas com IA têm sido positivos. “Esta tecnologia não só melhora a experiência do usuário, como também intensifica o engajamento com a marca, ajudando a criar campanhas tecnologicamente avançadas e emocionalmente envolventes.”
Para Denise Porto Hruby, executiva-chefe do IAB Brasil (Internet Advertising Bureau), entidade que reúne empresas que operam na publicidade digital, o mercado ainda está nos primeiros estágios de compreensão do uso de inteligência artificial na publicidade. “Estamos engatinhando nessas movimentações para entender o que pode ou não ser feito. Ainda não há uma orientação clara, e é preciso cautela. O mercado precisa de tempo para se regular ”, disse.
Em junho, o IAB criou um comitê para discutir o tema, com a participação de empresas como Google e Microsoft. “Até o fim do ano, planejamos lançar um guia de boas práticas para o uso de IA na publicidade”, disse Hruby. Um dos pontos em aberto é se anúncio gerado com IA deve trazer de forma explícita essa informação, ao ser veiculado.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fechou questão sobre o assunto em fevereiro deste ano, mirando as eleições para prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, cujo primeiro turno foi realizado neste domingo (6) em todo o país. “A inteligência artificial só poderá ser usada na propaganda eleitoral, em qualquer modalidade, com um aviso explícito de que o conteúdo foi gerado por meio de IA”, diz a resolução 23.610/2019, que em fevereiro deste ano foi emendada sob a presidência do ministro Alexandre de Moraes, tendo a ministra Carmen Lúcia como vice-presidente. O comando do TSE agora está com Carmen Lúcia.
Coincidências acontecem, mas algumas coincidências acontecem mais do que outras. Desde o início de 2023, os EUA têm apresentado um crescimento da sua produtividade três vezes acima da década anterior à pandemia. O PIB dos EUA vem também crescido além das expectativas e as frequentes correções das taxas de crescimento da economia têm sido uma curiosidade persistente nos EUA e em outros países ao redor do mundo. As novas descobertas científicas também têm aumentado a um ritmo acelerado. Atualmente, existem mais de 350 ensaios clínicos de vacinas contra o câncer, e cientistas da área já estão começando a falar, agora sem ironia, sobre a possibilidade de uma cura para o câncer. Essas coincidências vão se tornar cada vez mais frequentes, e aos poucos vai começar a ficar claro de que não se tratam de coincidências. Algo de muito importante aconteceu em novembro de 2022 que está começando a mudar a economia global. No dia 30 de novembro de 2022, uma empresa modesta e sem fins lucrativos chamada OpenAI lançou despretensiosamente o primeiro algoritmo conversacional de inteligência artificial (IA) que de fato funcionava, o ChatGPT. E desde então muita coisa mudou no mercado de trabalho. Rapidamente, profissionais de todas as áreas começaram a aplicar essa tecnologia para aumentar a sua produtividade - como no caso da escrita de melhores relatórios, na diminuição do tempo perdido com o preenchimento de burocracias, e no desenvolvimento de melhores códigos de programação. Essas primeiras aplicações práticas da IA no dia-a-dia das empresas e da ciência têm gerado uma revolução silenciosa que está apenas começando. Por mais que as grandes empresas de IA continuem a perder muito dinheiro, e que as novidades científicas que vêm diretamente dos algoritmos, como no caso do AlphaFold, sejam ainda muito raras, tudo indica que o impacto indireto dos algoritmos na produtividade já começou. O grande desafio para os próximos anos será definir como a riqueza gerada pela IA será distribuída pela sociedade. As grandes empresas irão tentar usar o seu poder de oligopólio para incorporar esses ganhos de produtividade para os seus donos e herdeiros. A sociedade precisa começar a se organizar para impedir que isso aconteça. Se a revolução da IA ficar nas mãos de poucos, apenas trocaremos velhos monopólios por novos. O desafio será garantir que essa tecnologia quebre barreiras, redistribua poder e transforme o progresso tecnológico em avanço social. O verdadeiro potencial da IA não está em automatizar o presente, mas em reprogramar o futuro. A IA só será revolucionária se for para todos.
LEIA A MATÉRIA COMPLETA EM: https://www.estadao.com.br/link/empresas/o-futuro-das-redes-sociais-e-assustador-diz-orkut-buyukkokten/- Orkut Büyükkökten, criador do serviço que leva seu primeiro nome, está de saco cheio de redes sociais. Não que o engenheiro turco esteja cansado de um mercado que tenha ajudado a desbravar quando a internet brasileira era “mato”. Mas ele não vê com bons olhos os rumos que serviços do tipo tomaram nos últimos 10 anos, virando atalho para desinformação, polarização e degradação da saúde mental. A mudança dos serviços coincide com o período no qual a rede social Orkut esteve desativada. Neste dia 30 de setembro, completa-se dez anos do dia em que o Google encerrou o site que ensinou a muitos brasileiros o que é rede social, comunicação online e comunidades virtuais. Ao Estadão, Orkut refletiu sobre toda as transformações pelas quais passaram as redes sociais durante esse período - e a sua avaliação não é nada animadora.
“Com os algoritmos tão fortes, você fica sentado e espera o serviço trazer alguma coisa. E você reage e comenta. Nem parece rede social. O TikTok é uma plataforma de transmissão”, afirma Manuela Barem, jornalista e especialista em redes sociais. De fato, a ideia de que redes sociais “morreram” e deram lugar a plataformas de mídia é forte entre especialistas da área.
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Orkut nunca teve app para celular Foto: Rafael Henrique - stock.adobe.com Recentemente, usuários que não experimentaram a sensação de navegar por uma rede social livre de algoritmos se espantaram com a ausência de mediação. Com o bloqueio do X no Brasil, parte dos usuários da rede de Elon Musk migrou para o Bluesky - e se chocou com o suposto silêncio da rede, que adota organização cronológica de posts como era na internet orkutiana.
“Houve uma trend recente no Bluesky de pessoas ‘falando com o algoritmo’ numa tentativa de conectá-las a coisas de seu interesse. Isso é caricato e simbólico. Você não aciona um algoritmo como se estivesse falando com a Alexa”, diz Souza. Realmente, é a antítese da web 2.0, da qual o Orkut foi um grande símbolo: não existe mais construção contínua do espaço digital por parte de sua comunidade. Hoje, o algoritmo faz tudo por você.
Com os algoritmos tão fortes, você fica sentado e espera o serviço trazer alguma coisa. E você reage e comenta. Nem parece rede social. O TikTok é uma plataforma de transmissão
Manuela Barem, jornalista e especialista em redes sociais
Profissionalização A mudança de modelo foi determinante para a profissionalização não só das plataformas, mas também de seus usuários. “A rede social virou plataforma de entretenimento. É lugar para consumir fotos, vídeos e textos de pessoas que não são necessariamente próximas. São pessoas que você admira e em quem se inspira. É a ascensão das redes sociais como local por excelência dos influenciadores”, explica Souza.
Dessa maneira, “influenciador” virou profissão de desejo de muitos brasileiros. Segundo pesquisa da Nielsen, o País tem 10,5 milhões de influenciadores, com perfis tendo a partir de 1 mil seguidores. Esse número corresponde a um terço de toda a base de usuários do Orkut, quando ele perdeu o posto de rede social mais popular do Brasil.
Lan houses, como essa na favela Santa Marta, em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, em 2009, eram pontos comuns de acesso ao Orkut Foto: Marcos De Paula/AE Para muita gente se comportar profissionalmente desde o primeiro momento em que se pisa numa rede social se tornou peça importante do jogo - é um contraste principalmente aos primeiros anos de Orkut, quando viver de internet parecia um sonho para poucos.
“Entra muita gente nova nas redes já copiando outras pessoas. Copiam a estratégia e o conteúdo inteiros. Muitas vezes, eles nem sabem que copiar pega mal. A pessoa já chega com a ideia de que vai virar influenciador e vai passar por cima de todo mundo. Ela só está sedenta por tirar algum ganho daquela presença ali nas redes”, diz Manuela.
“O fim do Orkut também representou o fim da inocência de toda uma era antes da monetização de conteúdos e o advento dos algoritmos ditando o alcance de publicações”, diz Alexandre Inagaki, consultor em redes sociais.
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O fim do Orkut também representou o fim da inocência de toda uma era antes da monetização de conteúdos e o advento dos algoritmos ditando o alcance de publicações
Alexandre Inagaki, consultor em redes sociais
Faz mal Embora o Orkut represente uma certa inocência na internet, ele não estava livre de problemas sérios. A companhia era inundada de conteúdo ilegal e criminoso.
“Os problemas jurídicos causados pelo compartilhamento ilegal de obras com copyright e conteúdos pornográficos, assim como a criação de comunidades com conteúdos racistas e troca de informações entre pedófilos, homofóbicos e outros tipos de criminosos, sem que houvesse um modo eficaz de coibir essas comunicações dentro da interface do Orkut, mostrou o lado danoso de uma rede social sem uma política eficaz de moderação de conteúdos e proliferação e perfis anônimos ou fakes”, lembra Alexandre Inagaki, consultor em redes sociais.
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Facebook vai mudar para tentar atrair geração Z; veja as novidades Em 2008, como resultado da ‘CPI da pedofilia’, o Google fechou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público Federal para a remoção e fornecimento de informações sobre contas que promoviam pornografia infantil. Em 2014, dois advogados da gigante no País foram detidos por suposto não cumprimento do acordo. E a fundação em 2005 da SaferNet, uma das principais organizações brasileiras de combate à violação aos direitos humanos, está intimamente ligada ao combate de pornografia infantil no Orkut.
No entanto, o lado nocivo das redes sociais só se agravou na década em que o Orkut esteve ausente e trouxe novos problemas, como polarização, desinformação, extremismo político, ansiedade, cultura do cancelamento e problemas de saúde mental, especialmente em jovens. Três episódios marcantes do período são o caso Cambridge Analytica (2018), o 8 de janeiro em Brasília (2023) e as desculpas de Mark Zuckerberg em audiência no senado americano a pais de crianças que morreram por depressão e bullying originados no Instagram (2024).
Felix Ximenes, representante do Google Brasil em 2008, entrega documentos à CPI da pedofilia Foto: Ed Ferreira/AE Assim, moderação de conteúdo virou o tema da década - e segue emperrado no Congresso. “O debate sobre moderação de conteúdo nas redes sociais já existia, mas não com a sofisticação que ele vai ganhar na segunda metade dos anos 2010, tanto que o Marco Civil da Internet não fala sobre padrões de moderação de conteúdo. Isso é uma questão que eu acho que aparece em especial nesses anos 10, mas numa segunda metade”, afirma Souza.
Futuro É difícil prever como será a segunda década sem Orkut - talvez não fosse possível prever tudo o que aconteceu com as redes sociais na primeira década. Mas, o recente bloqueio do X no Brasil, que abriu caminho para que os públicos experimentassem outros espaços, pode oferecer uma pista - e, talvez, ele seja até meio parecido com o Orkut.
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‘Geração digital’ tem dificuldade ao usar computadores e enfrenta desafios no mercado de trabalho
Com o iminente retorno do X, grupos que migraram para outras redes, especialmente o Bluesky, ponderam se devem voltar à antiga rede. É como se bolhas específicas tivessem se estabelecendo em plataformas específicas, um pouco como eram as comunidades do Orkut, que se organizavam por gosto e afinidade. Parte da experiência da última década, na qual bolhas diferentes compartilhavam o mesmo espaço digital, pode ter virado uma grande ressaca.
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O caminho pode ser o nicho. “O futuro é redes mais fechadas, mais nichadas e com novos recursos que possibilitem o compartilhamento de conteúdos de maneiras mais restritas aos “melhores amigos”, driblando os riscos da cultura do cancelamento e dos julgamentos alheios”, afirma Inagaki.
É um caminho que também já pode ser visto no atual cenário de influenciadores (e seus seguidores). Ser grande em uma plataforma já não resulta gigantismo por osmose em outras. Você pode ter 10 milhões de seguidores no TikTok e 10 mil no Instagram.
Ainda é cedo para dizer se esse é o caminho, pois, em muitos casos, furar a bolha é o único caminho para o avanço da sociedade. As únicas certezas, porém, são a mudança e a necessidade de não aprofundar problemas novamente. “A experiência de estar numa rede social vai mudar e a gente vai ter diversas novas chances de não estragar”, diz Souza.
Vídeos do líder nazista falando em inglês estão chegando a milhões de pessoas na internet. Os especialistas temem que eles estejam alimentando uma onda de antissemitismo
O mais recente censo da educação superior revela que o número de matrículas universitárias no Ensino a Distância (EAD) praticamente equivalia ao do ensino presencial em 2023 – dos 9,9 milhões de estudantes do ensino superior, 4,9 milhões estavam no EAD, ante 5,06 milhões no presencial, de acordo com levantamento recém-divulgado pelo Ministério da Educação (MEC). Os dados demonstram que é questão de tempo para que o EAD ultrapasse o presencial, razão pela qual demonizar a modalidade, que para muitos brasileiros é a única opção de avançar nos estudos, é contraproducente. Uma devida regulação e inspeção dos cursos, contudo, é mais do que necessária. É verdade que o contato pessoal, essencial em diversas esferas da vida, é ainda mais relevante quando se está aprendendo; a proximidade entre professor e aluno, entre os próprios estudantes e o debate de ideias e conceitos são amplamente mais ricos no modelo presencial. Mas também é verdade, e a pandemia de covid-19 é prova disso, que as ferramentas online evoluíram imensamente, sendo possível oferecer conteúdo sólido e de qualidade via EAD. Some-se a isso o contexto brasileiro, de inexistência de estabelecimentos de ensino em regiões onde há demanda ou de alunos que têm de escolher entre se locomover ou estudar. Daí a necessidade de que o MEC atue de modo a garantir um EAD sólido e de qualidade, e não apenas buscar limitar a opção. Não parece ser o que vem ocorrendo. O ministro da Educação, Camilo Santana, não participou da divulgação do censo, pois estava ocupado com a campanha para as eleições municipais em seu Estado, o Ceará. Já o secretário executivo do MEC, Leonardo Barchini, afirmou que a pasta é contra o EAD, e que as matrículas na modalidade estão explodindo “por conta dessa regulação que estamos revendo hoje”. A regulação, de fato, não vem avançando muito. “A gente tinha um documento de 2007 e precisava rever toda essa situação”, disse a secretária de regulação do MEC, Marta Abramo, alegando que a pasta está reavaliando parâmetros de qualidade do segmento EAD, sem detalhar quando esses padrões serão divulgados. O ministro, agora ocupado com compromissos outros, havia dito no ano passado que o MEC criaria uma agência para regular o ensino superior. Em janeiro deste ano, em entrevista ao Broadcast/Estadão, Santana declarou que o governo pretendia “criar um marco regulatório para a educação a distância”; proposta que nunca saiu do papel. A pasta afirma que está “finalizando um projeto de lei” a ser enviado ao Congresso até o fim do ano, talvez sem atentar que já estamos no último trimestre de 2024. De concreto, apenas uma resolução de maio do Conselho Nacional de Educação (CNE) determinando que cursos de licenciatura EAD devem oferecer 50% das aulas de forma presencial. Há uma preocupação especial, e legítima, com a formação de professores, já que o curso de Pedagogia lidera em matrículas EAD. Mas, a julgar pelas prioridades do ministro e pela demora no envio de propostas ao Congresso, o avanço desse modelo seguirá desregulado.
O historiador e autor de best-sellers internacionais Yuval Noah Harari defende em seu novo livro, "Nexus", que informação e verdade não são a mesma coisa. Embora pareça óbvia, a afirmação não corresponde ao entendimento do público. Nossa tendência é tomar uma coisa pela outra, o que explicaria o efeito contagioso das fake news. O livro é um alerta enfático contra o vale-tudo das redes às vésperas da revolução da inteligência artificial.
"Nexus" se propõe a fazer a genealogia admonitória das redes de informação desde a pré-história até a inteligência artificial, passando pela Bíblia, pelas guerras de religião e pelo advento da democracia e dos totalitarismos na modernidade. A promessa se sustenta até se perder em especulações reiteradas à exaustão sobre o que nos reserva o futuro nada radiante da IA. É como Cassandra pregando para surdos.
Yuval Harari em Beverly Hills, na Califórnia - Emily Berl/10.set.18/The New York Times É claro que a informação muitas vezes leva à verdade, mas ela costuma ser mais palatável quando também produz algum tipo de ordem. Não é possível abrir mão da ordem social em nome da verdade, por exemplo. E as duas nem sempre combinam. Daí o conforto da ilusão, e da confusão entre uma e outra.
O problema potencial da IA é a criação de uma rede de informação absoluta e inquestionável. A solução, como nos mostra a história, seria a instauração simultânea e urgente de um sistema de contrapesos formado por instituições transparentes e falíveis, mas sempre prontas a prestar contas umas às outras e ao cidadão, que relativizassem e regulassem o poder das redes de informação como transmissoras da verdade, sem abrir mão da ordem, à imagem das democracias e da ciência moderna.
Harari trata diversas redes de informação ao longo da história como produtoras de ficção, narrativas ordenadoras e normativas, como a Bíblia, as identidades nacionais e os racismos. Aí mora o perigo de uma rede de informação autointerpretativa e inquestionável como a IA, com o poder de estabelecer, por meio de um pensamento e de uma lógica inacessíveis, uma ordem ficcional absoluta travestida de verdade.
Em oposição a esse sentido negativo e ilusório, o modelo de ficção exaltado por Harari no livro é um episódio da série "Black Mirror". A boa ficção, para ele, seria a representação especular, parábola ilustrativa, advertência sobre os riscos que corremos. Aí estaria a contribuição especulativa da arte para a verdade. Há, porém, outra dimensão positiva da ficção, que parece escapar ao escopo do livro.
A ficção é o discurso que se desdiz e se desconstrói por definição. Assim como a arte, ela é um exercício de verdade em si, independente da informação. A verdade nela já não é referencial; é a própria criação. E por isso talvez ela já não faça sentido para muita gente num mundo dominado por redes de informação, porque foi reduzida à utilidade de instrumento de reconhecimento e confirmação, conquista de mercado e motivação social.
Ao contrário das redes nas quais ela se confunde com a verdade, como na Bíblia ou nas fake news, a ficção assumida como tal traz o sistema de contrapesos embutido na própria porosidade de um discurso falível e questionável, que pode tomar formas polifônicas, contraditórias e paradoxais. A ficção é, por natureza, duplo e duplicidade, afirmação e negação simultâneas, diálogo e reflexão. É a sua verdade.
1 10 Conheça autores que já trabalharam com a autoficção em seus livros
A escritora Annie Ernaux aos 22, em novembro de 1962, cinco antes da morte de seu pai, que originaria "O Lugar" Acervo Pessoal de Annie ErnauxMAIS
VOLTARFacebookWhatsappXMessengerLinkedinE-mailCopiar link Quando a escritora argentina Ariana Harwicz disse recentemente, num encontro em São Paulo, sentir-se chantageada pela autoficção, como leitora, era disso que ela estava falando. De uma ficção que quer passar por verdade referencial, confundindo informação e verdade, e que por isso depende antes de mais nada da crença na expressão da identidade do autor para poder existir como prova, documento.
Tomando o modelo da palavra divina, essa "ficção absoluta" é um oximoro que não admite questionamento. Nela, ou a dúvida é banida como imoral ou é ignorada como fraqueza.
A política de cotas voltada a pessoas trans e travestis avança nas universidades públicas brasileiras. Só no último mês, Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), UFF (Universidade Federal Fluminense) e UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) decidiram destinar vagas ao grupo a partir de 2025, na graduação e na pós. Elas se uniram a outras 15 instituições do país nessa política, apoiada pelo MEC (Ministério da Educação) —mesmo as unidades de ensino tendo independência constitucional para tal decisão. Para a pasta de Camilo Santana, a adoção de um sistema de cotas específico para pessoas transgênero e de outros grupos LGBTQIA+ é ferramenta importante e deve ser aprofundada.
No momento, no entanto, a IA tem uma "falta geral de âncora no mundo", o que torna esse tipo de raciocínio básico e flexível uma dificuldade. Mas o estudo da IA pode ser para além de computadores. Alguns especialistas acreditam que comparar como a IA e os seres humanos lidam com tarefas complexas pode ajudar a desvendar os segredos da mente humana.
Para o cientista, professor e escritor Silvio Meira, um dos maiores experts em IA no país, é urgente recapacitar e aprimorar os profissionais da nova era, para tentar mitigar os riscos de uma geração sem emprego e sem rumo "As pessoas acham que tudo está mudando rápido demais, só que não é verdade. Pela primeira vez na história, temos que conviver com agentes não humanos com competências e habilidades equivalentes ou maiores do que as nossas. Estamos sendo desafiados em algo que achávamos ser nosso: a capacidade de pensar. E é por isso que tudo parece tão diferente e acelerado.” Refletir sobre a tecnologia e o futuro é algo que Silvio Meira faz todos os dias. Professor, engenheiro, escritor e cientista-chefe da consultoria TDS Company, ele é figurinha carimbada nas listas de brasileiros mais influentes do ano. E não apenas porque ajudou a fundar o Porto Digital, o primeiro parque tecnológico brasileiro, com sede em Recife. Mas sim pela clareza com que transforma as ideias que discute nas aulas de aula – seja na Cesar School ou na UFPE – em lições de estratégia para empresas. Além de consultor, Meira é membro do conselho de companhias como CI&T, Magalu, MRV e Tempest. Confira como o cientista vê o futuro do trabalho e da inovação no país. ÉPOCA NEGÓCIOS Qual vai ser o maior impacto da IA no futuro da humanidade? SILVIO MEIRA Um dos maiores impactos, claro, será na força de trabalho. E ele virá de uma forma surpreendente, porque a gente esperava que os sistemas fossem capazes de substituir o motorista de ônibus ou de táxi, o varredor de rua, o garçom, os profissionais que realizam atividades repetitivas. Mas não é isso que está acontecendo. Na verdade, a IA está ganhando força nas atividades que dependem de um conhecimento sofisticado. Tarefas como dirigir um ônibus são mais difíceis para a IA, porque dependem de uma percepção da realidade que ela não tem. Ela não vai conseguir parar no lugar certo, esperar o tempo certo, sair na velocidade certa, no meio do trânsito caótico de São Paulo, Recife e Rio de Janeiro. Mas na hora de prestar um exame para o exercício da medicina nos Estados Unidos, ou o equivalente ao exame da OAB no Brasil, esses grandes modelos linguísticos superam em muito as habilidades e competências humanas. Conseguem resolver problemas com um índice de acerto muito grande. NEGÓCIOS Então, o que a IA vai realmente substituir são os profissionais do conhecimento? Meira Sim, o trabalho cognitivo repetitivo de alto nível. Isso corresponde a parte das tarefas do advogado, do designer, do engenheiro, do jornalista, do programador, do profissional médico que analisa imagens complexas de tomógrafo e assim por diante. A gente não esperava por isso. Então, vai haver um impacto dramático. Nos Estados Unidos, por exemplo, a avaliação do Goldman Sachs é de que cerca de 40% de todas as funções que um advogado exerce hoje serão desempenhadas por grandes modelos linguísticos. E haverá variados graus de substituição para muitas outras capacidades, associadas a um número gigantesco de profissões, de contador, gerente, profissionais que achávamos que eram insubstituíveis – mas não são. NEGÓCIOS Mas nem todos os profissionais perderão seu emprego, correto? Meira Nem todos. Precisamos levar em conta que esses sistemas superam em muito as habilidades e competências dos seres humanos medianos. A performance é 50%, 60% melhor, em média. Veja bem, a vasta maioria do trabalho humano não é espetacular. É mais ou menos. Essas pessoas serão substituídas. Mas a IA não é capaz de superar os grandes especialistas em sua área de atuação, ou um pesquisador muito sofisticado. Esses permanecerão, enquanto os outros serão dispensados. NEGÓCIOS O que pode levar a problemas socioeconômicos sérios. Qual seria a solução? Meira Precisamos de políticas públicas de grande porte, grande alcance e longo prazo. É necessário reeducar os humanos para um mundo que tem inteligência artificial em todo canto. E ninguém no Brasil está discutindo isso agora, o que é catastrófico. Quando há grandes transições socioeconômicas sem políticas públicas que as acompanhem, surge uma dissonância, uma desarticulação entre o trabalho que está desaparecendo e o que está surgindo. Por exemplo, o Brasil tem 1,2 milhão de advogados com carteira da OAB. Se 40% deles forem dispensados, teremos 500 mil profissionais qualificados desempregados. Estamos falando de pessoas que custaram caríssimo ao país. E podemos sair mapeando isso para uma gama gigantesca de profissões. Não vai ter ninguém que não seja afetado. Ou os profissionais vão precisar mudar de área ou se qualificar mais dentro das suas competências. Se não houver uma política pública para ajudá-los, eles não vão conseguir. E hoje eu não vejo nenhum indício de que isso vá acontecer. NEGÓCIOS Você vê exemplos de outros países se preparando para isso de maneira mais adequada? Meira A Europa tem uma boa política para inteligência artificial. Os Estados Unidos são um caso à parte, porque há muitas oportunidades e regras bastante flexíveis no mercado de trabalho. Há iniciativas bacanas rolando no Canadá. E claramente a China tem pensado muito em tudo o que a gente está falando aqui, e tem tomado providências. Na comparação com o que outros países têm feito, estamos parados. NEGÓCIOS Nesse momento, fala-se muito em regulação da inteligência artificial. Como vê esse movimento? Meira Nós temos uma tentativa de legislação sendo feita a partir do Senado, que é desatualizada e confusa. O fato é que ela não ajuda a criar uma estratégia brasileira para a IA. Você só pode regular um assunto para o qual já existe uma estratégia. Regular uma coisa só para dizer o que não deve ser feito tem um efeito extremamente danoso para os interesses econômicos nacionais. Não adianta ter uma lista do que não fazer, se você não tem uma lista do que fazer. Como focar nas proibições se eu não tenho uma estratégia referente à indústria, à formação do capital humano, ao investimento em pesquisa e desenvolvimento, à mudança de currículos e assim por diante? Se não tenho nenhuma estrutura, nenhum estímulo? A boa notícia é que há em andamento um processo para criar as bases de uma estratégia brasileira para inteligência artificial. Isso foi solicitado pelo Presidente da República e está sendo feito agora. A minha esperança é que essa estratégia saia bem antes de a gente começar a colocar em votação o projeto de regulação, e que ela sirva para reescrevê-lo. NEGÓCIOS Quais outras mudanças o mundo empresarial vai sofrer nos próximos anos por causa da IA? Meira Muitas. Se você olhar para quais eram as dez maiores empresas do mundo antes da internet, não havia quase nenhuma digital. Era empresa de petróleo, de varejo, bancos e assim por diante. Hoje, todas as dez primeiras são de tecnologia: Apple, Amazon, Alphabet, Meta e por aí vai. Mas isso também já está mudando. O que está surgindo hoje são as empresas especializadas em inteligência artificial. Veja a Nvidia, que faz infraestrutura para IA: as vendas no primeiro trimestre deste ano cresceram 262% em relação ao mesmo período no ano passado, e o lucro aumentou 628%. Portanto, hoje estamos falando de movimentos de mercado acima de 500%, o que é uma monstruosidade. Vemos a Microsoft, que está associada à OpenAI, anunciando a construção de data centers de dezenas de bilhões de dólares. Não é uma coisa trivial. Quando os investimentos vão para a casa de bilhões, é porque muitos esperam mudanças radicais nas fundações da economia. NEGÓCIOS Como você vê hoje o ecossistema de inovação no Brasil? Meira Vejo muita iniciativa e pouco resultado concreto. No Brasil, há muita gente falando sobre inovação e empreendedorismo, mas a inovação em si é rara. Um produto novo não é uma inovação. Só se tornará uma inovação se mudar o comportamento de fornecedores ou consumidores. Outro problema é que o Brasil trabalha no curto prazo. Mas para você criar um ecossistema de inovação sustentável leva pelo menos 30 anos. O Vale do Silício começou em 1948. O Porto Digital está no ano 24. A gente tem mais de 400 empresas e gera mais de R$ 5 bilhões de faturamento. Mas o nosso plano é de 50 anos. Precisamos de mais ecossistemas desse tipo, para mostrar às pessoas como se faz. Inovar é uma coisa complexa e difícil. Não é todo mundo que vai conseguir. Precisa ter preparo, estudo, dedicar-se horas, noites a fio e os fins de semana também. Mas não diria que é sofrido. É delicioso, para falar a verdade. Mas exige aprofundamento e demanda trabalho e tempo.
Sistema operacional iOS 18 permite ao usuário bloquear publicidade e derrubar o ‘paywall’ de sites de notícias - ANJ está avaliando o impacto no setor Com o lançamento do sistema operacional iOS 18, em meados de setembro deste ano, os dispositivos da Apple passaram a ter uma nova funcionalidade que permite ao usuário ocultar anúncios durante a navegação na internet. A ferramenta, chamada “controle de distração”, coloca em risco modelos de negócios que dependem da publicidade na internet. Segundo especialistas, a mudança ameaça a sustentabilidade do jornalismo, além de afetar criadores de conteúdo, e-commerce e publicações independentes. A Associação Nacional de Jornais (ANJ) começou a fazer testes para avaliar o impacto que o bloqueador de anúncios terá para o setor. “É extremamente preocupante e não é a primeira vez que a Apple simplesmente vira as costas para o modelo de sustentabilidade do jornalismo”, diz o presidente-executivo da ANJ, Marcelo Rech, que lembra que a empresa cobra um percentual do valor de assinaturas feitas pela loja de aplicativo Apple Store. Em um botão no Safari, sistema de navegação na internet desenvolvido pela Apple, o usuário que ativa o recurso opta por eliminar da página da web anúncios, banners e pop-ups que não quer ver. Se outras páginas do mesmo site tiverem os mesmos itens, eles são ocultados automaticamente. A ferramenta faz parte do pacote de mudanças promovido pela empresa na atualização do iOS 18, sistema operacional que roda os aparelhos da Apple. Foi lançada globalmente há duas semanas. A preocupação é que a receita da publicidade digital que sustenta sites na internet encolha. Rech diz que o bloqueador pode “retirar uma parte do que sustenta os sites de jornalismo, que é a publicidade”. Em diversos sites abertos, que não cobram assinatura, 100% da receita vem da publicidade, lembra ele, enquanto outros veículos se mantêm de forma híbrida, com assinatura e anúncios. Testes feitos pelo “O Globo” com o recurso mostram que, além dos anúncios, é possível também derrubar o “paywall” dos sites de jornalismo quando eles estão no “front-end” do site (quando é carregado diretamente no navegador). O “paywall” é a barreira que sites de notícias e outros tipos de conteúdo on-line usam para garantir conteúdo exclusivo aos assinantes. Para Rech, a derrubada do paywall é equivalente a uma “fraude contra um produto”. Segundo ele, a ANJ irá seguir com os testes para avaliar o alcance do bloqueador da Apple para retirar as barreiras de conteúdo. “É a mesma coisa que fazer um gato de internet ou ter um aparelho que pirateia a televisão por assinatura”, diz ele, que acrescenta que o sistema pode gerar o efeito de encarecer as assinaturas e restringir o conteúdo jornalístico gratuito. Procurada pelo “O Globo”, a Apple não comentou o assunto. A empresa vem trabalhando na ferramenta, pelo menos, desde o início do ano. As primeiras informações de que a dona do iPhone testava o bloqueador de anúncios começaram a circular em abril na mídia especializada dos Estados Unidos. Em maio, grupos de jornais britânicos alertaram a empresa que a ferramenta poderia colocar em risco a sustentabilidade financeira do jornalismo, ao suprimir anúncios que são fonte de receita para os veículos. Em carta enviada à Apple, a News Media Association, que representa 900 veículos do Reino Unido, como “The Guardian” e “The Times”, afirmava que o bloqueador “minava a capacidade dos criadores de conteúdo financiarem seu trabalho de maneira sustentável”. A entidade argumentou que plataformas on-line como navegadores da web são rotas importantes de acesso ao jornalismo, mas também para os editores “monetizarem seu conteúdo no mercado digital”. Para Rafael Mayrink, presidente da NP Digital Brasil, agência de pesquisa e desempenho, o recurso pode gerar efeitos para “todo o ecossistema de publicidade digital”. Ele diz que o “controle de distração” pode reduzir “drasticamente” os cliques em anúncios, o que afeta diretamente os modelos de custo por clique (CPC) ou custo por mil (CPM), que são métricas usadas pelo mercado para definir a remuneração do anúncio - a cada clique ou quando o anúncio é exibido mil vezes. Mayrink também citou o risco de outros navegadores seguirem a iniciativa. “O impacto pode ser bem significativo. Sites que dependem de anúncios para gerar receita, como muitos portais de jornalismo, podem ver uma queda drástica em suas receitas se os usuários optarem por ocultar banners e anúncios com a nova funcionalidade”, diz o especialista. O professor de Marketing Digital da ESPM, João Finamor, observa que o mercado da Apple, no Brasil, é voltado a um público de renda mais alta, onde os aparelhos da marca têm maior penetração. “Se houver aderência dos usuários, isso significa que marcas de luxo ou que busquem um consumidor com poder de consumo maior vão ter mais barreiras para chegar ao público-alvo a partir da mídia programática. É fundamental para muitas empresas”, disse.
A inteligência artificial já é conhecida há décadas, muito antes de sua vertente, a IA generativa, se popularizar por meio de assistentes como o ChatGPT, da OpenAI, e ajudar a criar peças publicitárias que parecem reais. A IA já é assunto desde 1943, quando o neurofisiologista Warren McCulloch e o matemático Walter Pitts publicaram o artigo “Um cálculo lógico das ideias imanentes à atividade nervosa”. A teoria de McCulloch e Pitts cria um modelo matemático equivalente ao comportamento dos neurônios no cérebro humano e defende que toda atividade neural pode ser descrita como uma atividade computacional. Este estudo introduziu os conceitos de redes neurais e de neurônios lógicos, ou artificiais. Poucos anos depois, em 1950, a IA ganha novo protagonismo nas mãos do matemático, cientista da computação e criptoanalista britânico Alan Turing, também conhecido por ter ajudado os ingleses a desvendarem o código militar alemão gerado pela máquina de criptografia “Enigma”, durante na Segunda Guerra Mundial. No artigo “Máquinas de computação e inteligência”, o matemático britânico introduz o chamado Teste de Turing para avaliar se uma máquina pode reproduzir um comportamento inteligente equivalente ao de um ser humano. Na década, com o avanço dos algoritmos inteligentes, máquinas começaram a ser produzidas para vencer humanos em diversos testes e jogos, a exemplo do xadrez. Em 1997, o computador Deep Blue, da IBM, venceu uma partida contra o campeão mundial de xadrez Gary Kasparov. Mas a IA não para em sua versão generativa. Nas próximas décadas o mundo verá avanços nas chamadas inteligência artificial geral e superinteligência artificial, alerta o engenheiro Charles Fadel, ex-professor de Harvard e do MIT, em entrevista ao Valor. “A IA, hoje, não é infinitamente capaz, mas uma IA em 20, 30, 40 anos será incrivelmente mais poderosa”, diz Fadel.
O National Institute of Standards and Technology (NIST) propôs novas diretrizes para proteger as identidades digitais das pessoas contra fraudes. Entre elas estão a proibição de regras de senha que os especialistas em segurança cibernética há muito consideram ultrapassadas. Não é mais necessário solicitar caracteres especiais, como “%” e “$”, por exemplo. E não há mais perguntas de segurança sobre seu primeiro animal de estimação ou melhor amigo de infância. O NIST disse que as alterações têm o objetivo de ajudar os consumidores a escolher senhas fortes e evitar a perda de tempo com requisitos inúteis. A pesquisa também sugere que todos esses asteriscos extras não tornaram nossas senhas muito mais seguras. “Senhas altamente complexas introduzem uma nova vulnerabilidade em potencial: É menos provável que elas sejam memoráveis e mais provável que sejam escritas ou armazenadas eletronicamente de maneira insegura”, diz a proposta mais recente do NIST. Se as diretrizes entrarem em vigor, as empresas, os órgãos governamentais e outros provedores de serviços online terão que parar de solicitar que você redefina sua senha a cada poucos meses. A Microsoft, por sua vez, chamou a prática de “antiga e obsoleta” antes de parar de exigir alterações periódicas de senha em 2019. “As alterações regulares de senhas tendem a levar as pessoas a um caminho de senhas piores em geral”, disse Hans Raj Kumar, diretor de gerenciamento de produtos do provedor de gerenciador de senhas Dashlane. “Quem nunca mudou simplesmente um número no final de uma senha?”. A proposta do NIST exigia que os sites parassem de proibir determinados caracteres especiais e recomendava que permitissem espaços e caracteres como emojis nas senhas. Portanto, sua nova senha pode ser uma frase como “Um mergulho na lagoa durante a chuva” ou “Os bons tempos nunca foram tão bons”. As alterações regulares de senhas tendem a levar as pessoas a um caminho de senhas piores em geral” Hans Raj Kumar, diretor de gerenciamento de produtos do provedor de gerenciador de senhas Dashlane Os especialistas em segurança cibernética estão pressionando para que as senhas sejam totalmente eliminadas em favor de algo com menos espaço para erros humanos. Até lá, aqui está a sabedoria sobre senhas que inspirou as regras do NIST: Mantenha o que está funcionando Mudanças frequentes de senha provavelmente o tornam mais vulnerável a uma invasão digital. Não há necessidade de alterar suas senhas, a menos que você tenha sido afetado por uma violação de dados, diz o NIST. No caso de uma violação de dados, a empresa culpada deve entrar em contato com você por e-mail, informando que suas informações foram comprometidas. Se isso acontecer, altere as senhas de suas contas de saúde, financeiras e de rede social. Em seguida, ligue para as grandes empresas de relatórios de crédito e peça para congelar seu crédito. As senhas devem ter mais de oito caracteres e, idealmente, pelo menos 15, segundo o NIST. Não se baseie em nada contextual, como o nome do site ou seu nome de usuário. Evite fazer referência a coisas de sua vida, como nomes de filhos ou animais de estimação. (Os criminosos cibernéticos também têm acesso ao Facebook). Além disso, nada de usar uma palavra aleatória do dicionário como senha - os ataques computadorizados de “preenchimento de credenciais” inserem automaticamente as palavras existentes, mas não têm o poder de adivinhar todas as combinações de palavras e letras, portanto, opte por uma frase ou adicione alguns números e símbolos. Obviamente, quanto mais complexa for sua senha, mais difícil será lembrá-la. A empresa de pesquisa de mercado Forrester estimou em 2020 que os funcionários gastam 11 horas por ano tentando lembrar ou redefinir suas senhas. Isso é muito tempo perdido. O que nos leva a: Use um gerenciador de senhas Armazenar suas senhas em uma planilha, aplicativo de anotações ou caderno físico coloca você em risco. Esses programas não foram projetados para proteger credenciais importantes contra fraudadores e, se você perder ou excluir sua lista, poderá ficar no escuro. Em vez disso, comece a usar um gerenciador de senhas, que armazena suas senhas e as preenche automaticamente quando você faz login em um aplicativo ou site. Eles são mais seguros do que uma planilha porque mantêm suas credenciais ocultas atrás de uma senha. Alguns serviços até ocultam suas senhas deles mesmos usando criptografia. Testamos diferentes gerenciadores de senhas e recomendamos o Dashlane ou o 1Password. A Apple e o Google também oferecem gerenciadores de senhas que são sincronizados entre os seus dispositivos, de modo que uma senha de e-mail definida no seu MacBook, por exemplo, também aparecerá quando você acessar o e-mail no seu iPhone. Opte por chaves de acesso As chaves de acesso são como uma versão única das senhas: Você as configura uma vez e, depois disso, faz o login automaticamente. Em vez de digitar as credenciais, o aplicativo solicitará a mesma leitura do rosto ou do polegar que você usa para desbloquear o dispositivo. Eles funcionam usando criptografia para provar que você é quem diz ser. O Google, a Microsoft e outros grandes provedores oferecem suporte a chaves de acesso, e seu gerenciador de senhas deve armazená-las junto com suas outras senhas. (Uma chave de acesso é uma sequência gigante de caracteres, portanto, você nunca precisará lembrá-la ou protegê-la por conta própria).
O que você se lembra dos seus últimos dias no Orkut?
NEWSLETTER Estadão Pílula Um resumo leve e descontraído dos fatos do dia, além de dicas de conteúdos, de segunda a sexta. EXCLUSIVA PARA ASSINANTES INSCREVA-SE Ao se cadastrar nas newsletters, você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade. Tínhamos mais de 300 milhões de usuários em todo o mundo. Mas a rede nunca se tornou uma grande prioridade para o Google. E tínhamos uma equipe muito pequena que operava principalmente nos EUA e no Brasil. Então, o Google decidiu tornar o elemento social uma prioridade da empresa. Eles queriam adicionar uma camada social em todos os serviços do Google, como a pesquisa, o Gmail e o Google Fotos. Foi assim que surgiu o Google Plus. Quando você pensa no Google, você pensa em pesquisa, você pensa em empresas, você não pensa em rede social. Eu sempre acreditei que uma plataforma social deve ter sua própria marca. Essa foi uma das principais razões pelas quais o Plus nunca decolou. A pessoa que estava no comando do Google Plus cancelou todos os projetos de rede social no Google, para que não houvesse conflito. E o Orkut foi um deles. Foi um momento muito triste.
O sr. tentou argumentar para que o Google mantivesse o serviço? Vic Gundotra, gerente geral do Google, estava encarregado dos produtos de rede social da empresa. E o Google Plus era a visão dele. E foi uma decisão executiva dele fechar todos os produtos do Google. Eu não culparia o Google, mas foi uma execução muito ruim da parte deles. O único produto bem-sucedido que tinha um componente social era o Orkut, então eles tentaram muito forçar uma migração para o Google Plus. Obviamente não funcionou. E muitos usuários acabaram migrando para outras plataformas.
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O que o sr. aprendeu sobre moderação de conteúdo com o Orkut? Para ter boa moderação, você precisa de três componentes. Você precisa de tecnologia, e hoje há muita inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina que podem ser incorporados à moderação. O segundo é a própria base de usuários, a comunidade. Com o Orkut, sempre demos ferramentas para nossa base de usuários sinalizar e denunciar conteúdo questionável. E a terceira parte é ter moderadores humanos. E sabemos como a moderação não deve ser feita. Por exemplo, quando Elon Musk assumiu o Twitter, uma das primeiras coisas que ele fez foi se livrar de todos os moderadores. Durante a covid, houve campanhas massivas de desinformação no Facebook e no Instagram sobre vacinação.
O Orkut teve todos os recursos necessários para moderar bem a plataforma? O Orkut moderava muito bem.Você não via nenhum conteúdo como está causando ansiedade, depressão ou abuso ou assédio online. Tínhamos muitas pessoas trabalhando muito duro, como engenheiros, a própria comunidade de usuários e moderadores internos que garantiam que tivéssemos um ótimo conteúdo e conteúdo saudável. As mídias sociais se tornaram extremamente tóxicas. Há polarização política. Há isolamento. Há vergonha, ansiedade, depressão, problemas de saúde mental. E eles estão realmente prejudicando nossa sociedade, e, especialmente, crianças e a geração Z. Se você olhar para o Instagram, alguns dos conteúdos criam problemas de imagem em meninas de 13 anos. E mesmo que a empresa soubesse disso, eles não tomaram as medidas necessárias para se livrar desse conteúdo. Mas a sociedade e a humanidade não têm sido uma prioridade nas corporações de mídia social. Isso trouxe o colapso da sociedade.
O que mudou no cenário das redes sociais desde então? Três coisas principais mudaram bastante. A primeira é óbvia: A maioria do consumo de redes sociais está em nossos smartphones. Naquela época, as pessoas usavam desktops ou laptops para acessar o Orkut. A segunda coisa é que as pessoas passavam o tempo compartilhando, postando e enviando mensagens. E foi assim que eles se conectaram, foi assim que eles criaram comunidades, e foi assim que eles promoveram um ambiente saudável. Hoje, você fica rolando o feed e navegando em conteúdo sem sentido. A terceira coisa que mudou foi o surgimento do vídeo. Naquela época, eram textos e fotos. E agora que temos esses dispositivos poderosos é ótima banda larga, vemos as pessoas postando e consumindo muito vídeo.
Agora há também a mediação de conteúdo por algoritmos… Exatamente. Esses algoritmos são otimizados para engajamento e monetização. Com o Orkut, o feed era cronológico, certo? Hoje, é reordenando, dependendo se aquele conteúdo específico gera reação. Eles escolhem as postagens que geram ódio e raiva. Então, as redes estão espalhando loucamente ódio, raiva e desinformação. Estão espalhando negatividade porque lucram com a negatividade. Eles lucram com o ódio. E essa é uma das razões pelas quais as redes se tornaram tão tóxicas. É a priorização da monetização sobre a sociedade.
Ao criar o Orkut, o sr. imaginava que redes sociais poderiam ser usadas para corromper democracias em todo o mundo? As redes sociais hoje são administradas por aproveitadores. Eles só se importam com dinheiro e poder, certo? Quando você tem um tipo de plataforma que incentiva a polarização política, faz isso porque ela gera mais receita. Esse é o mal dessas pessoas que estão no comando. Com o Orkut, sempre garantimos que nossos usuários estavam felizes, nossas comunidades eram saudáveis. Não tínhamos conteúdo ilegal. O conteúdo era moderado diretamente. A maioria das pessoas nem se lembra que havia anúncios no Orkut, e ele era extremamente lucrativo. Mas sempre foi para melhorar a experiência.
Estou com a sensação de que o sr. não está muito feliz com a maneira como Elon Musk e Mark Zuckerberg estão administrando suas plataformas atualmente. Eu acho que ninguém está feliz. Você acha que as pessoas estão felizes com como o Facebook, Instagram, TikTok e Twitter são administrados? Acho que não.
O sr. se sente feliz por ter deixado o Orkut antes da chegada da ‘era sombria’ das redes sociais, quando a maiorias dos problemas dos serviços começaram a acontecer? Eu saí por causa da era sombria. Eu vi a era sombria chegando, então eu saí do Google para focar em criar uma plataforma que é sobre positividade, conexão e comunidade. Isso é ótimo. Na Hello, nosso maior desafio foi: Podemos criar uma plataforma que realmente faça as pessoas felizes e promova conexão e comunidade? Eventualmente nós acertamos. As mídias sociais são projetadas em torno de publicidade, corporações e lucro. Não são otimizadas em torno de felicidade, positividade, reunir pessoas e criar comunidade. E é por isso que tem sido tão prejudicial.
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Você usa alguma rede social atualmente? Claro, estou na maioria das redes sociais.
Qual é a sua favorita? Eu não tenho uma favorita, e é por isso que estou lançando uma nova.
Há espaço para novas redes sociais? Claro. A geração Z está procurando experiências autênticas. Eles não gostam das plataformas atuais. Os jovens agora não tiram selfies, por exemplo. É muito fascinante.
O sr. está acompanhando a disputa entre Elon Musk e o Supremo Tribunal Federal aqui no Brasil? Claro.
Qual é a sua opinião? Eu não aprovo a maneira como Elon administra o Twitter porque é só monetização. E ele age como se não se importasse se há terrorismo, crueldade animal, pornografia infantil. Ele não parece se importar com essas coisas. Porque se ele realmente se importasse, ele não teria se livrado da equipe de moderação. É muito importante se importar com a comunidade, ter empatia e compaixão. Eu não acredito que Elon esteja focado nas coisas certas. Não surpreende que o X tenha sido banido.
Qual é o futuro das redes sociais? O futuro das redes sociais é muito assustador agora por causa desse monte de IA. Tivemos um salto gigante com o ChatGPT e a IA generativa. Resultado: um monte de fotografias no Facebook geradas por IA. A maioria das pessoas nem consegue diferenciar. Se você olhar para o Instagram, há muitas contas falsas onde todas as imagens são geradas por IA. E elas estão respondendo a comentários, que também são gerados por IA. E estamos recebendo mais e mais spam de IA. Você quer falar com máquinas quando está em uma plataforma social? Ou você quer falar com pessoas reais? E estamos apenas vendo a ponta do iceberg. Vai ficar muito pior no futuro próximo. Veja a pesquisa do Google. Parece estar muito pior comparado 10 anos atrás. Mas não é o algoritmo que está pior. O algoritmo é melhor. Mas a internet está muito pior agora porque há tanto spam e desinformação. Reputação vai ser uma das coisas mais importantes nas mídias sociais daqui para frente.
A internet está muito pior agora porque há tanto spam e desinformação. Reputação vai ser uma das coisas mais importantes nas mídias sociais daqui para frente.
Há alguma luz no fim do túnel? Sim. Precisamos de líderes que realmente se importem em criar um futuro melhor. Eu me importo com o futuro. Eu me importo com a sociedade. Eu me importo com nossos filhos. Eu me importo com nossos netos. Você quer que seus filhos conversem com chatbots no smartphone? Ou você quer que eles saiam e brinquem com outras crianças? Precisamos nos certificar de que melhoramos o capital social. E melhoramos o capital social passando tempo com as pessoas. Precisamos sair para jantar e conversar durante as refeições. Precisamos nos encontrar pessoalmente. Se você olhar para a geração X e os millennials, a principal forma de comunicação era por chamadas telefônicas, não pelo smartphone. Para a geração Z, a comunicação é online. E precisamos mudar isso. Há muitas coisas que podemos fazer como sociedade e também como governo. E muitas dessas coisas são fáceis. Por exemplo, a idade de uso do telefone celular precisa ser aumentada. Jovens de 10 anos não deveriam usar celular ou TikTok. Podemos proibir telefones celulares nas escolas, certo? O que podemos fazer também é apoiar o jornalismo. Isso é muito importante.
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E qual é o futuro para você? Há chances do Orkut retornar? Não posso falar porque não anunciei nada oficialmente. Mas estou levando toda a experiência que tive com as quatro plataformas sociais que lancei: Club Nexus, InCircle, Orkut, Hello. E vou lançar uma nova rede social que é toda otimizada em torno de comunidade e conexão, mas não tenho uma data.
Os androides, fabricados pela Agility Robotics, têm o tamanho aproximado de uma pessoa e podem andar pelo chão do armazém, bem como se espremer em espaços apertados graças a seus joelhos para trás. A Amazon, que investiu na startup por meio de seu Fundo de Inovação Industrial, está testando alguns Digits (como são chamados os robôs da Agility), observando se os andróides se comunicam bem com seus outros sistemas de armazém e como os trabalhadores humanos da empresa se sentem em relação a seus colegas robóticos.
Nos últimos dias, o Brasil recebeu a notícia de investimentos bilionários para expansão de data centers no país. A Microsoft anunciou um investimento de R$ 14,7 bilhões em infraestrutura de nuvem e inteligência artificial (IA), com o objetivo de expandir seus serviços no Brasil. Este plano inclui também a capacitação de milhões de brasileiros em habilidades de IA. Paralelamente, a Amazon, por meio da sua subsidiária AWS, estará investindo R$ 10,1 bilhões até 2034 para expandir seus data centers no estado de São Paulo. O motivo? Sustentar o crescimento das soluções de IA, cada vez mais demandadas no país. Esses movimentos são indicativos das necessidades emergentes de data centers, impulsionadas pelas crescentes exigências computacionais dos modelos de IA. No entanto, junto com esta expansão, vem um grande desafio: como alimentar essa montanha computacional de energia. Com a popularização de modelos de IA cada vez mais complexos, como os modelos generativos, a quantidade de energia necessária para treiná-los é comparável à energia usada por pequenos países. Você não leu errado: países. Para se ter uma ideia, a simples geração de uma imagem em IA pode consumir o equivalente à energia necessária para recarregar um smartphone, segundo revelou estudo da Carnegie Mellon University. Com todo esse consumo, já estima-se que, até 2030, apenas os data centers devem representar 9% do consumo total de energia dos Estados Unidos, segundo análise do Electric Power Research Institute (EPRI).
Quando eu era pequeno, os meus pais foram à minha escola exigir que eu pudesse ir para as aulas com uma televisão, uma câmera de filmar, uma máquina fotográfica, um console de jogos, milhões de filmes e um toca-discos. As freiras não aceitaram, surpreendentemente. Disseram que a minha experiência escolar seria radicalmente diferente se eu tivesse acesso permanente a uma televisão, uma câmera de filmar, uma máquina fotográfica, um console de jogos, milhões de filmes e um toca-discos. Muito estranho. Enfim, tempos antigos. Felizmente, evoluímos. Hoje, todos os alunos vão para a escola com uma televisão, uma câmera de filmar, uma máquina fotográfica, uma console de jogos, milhões de filmes e um toca-discos. Está tudo contido num único dispositivo chamado smartphone. Além destas vantagens, o aparelho ainda lhes oferece a possibilidade de entrar em contato com amigos, conhecidos, ou até estranhos —instantaneamente. Os especialistas dizem que essa circunstância tem produzido efeitos preocupantes. Parece que as crianças e jovens não convivem, a não ser através do zingarelho. E o convívio digital é, segundo dizem, muito diferente do convívio real. O psicólogo social Jonathan Haidt, autor do livro "A Geração Ansiosa", nota que a atividade que as crianças levavam a cabo antigamente —brincar— foi substituída por outra coisa mais fria, mais distante, menos humana. Na prática, a exposição intensa ao smartphone e às redes sociais priva as crianças da sua infância, interfere na sua capacidade de frequentar a escola normalmente, e causa prejuízos mentais, físicos e sociais. Não sei se veem onde quero chegar. O que acabei de descrever são os malefícios do trabalho infantil —priva as crianças da sua infância, interfere na sua capacidade de frequentar a escola normalmente, e causa prejuízos mentais, físicos e sociais. O que significa que os problemas causados pelo antigo trabalho infantil são muito parecidos com os problemas causados pelo atual entretenimento infantil. A pobreza levava ao trabalho infantil, que desumanizava, e agora a riqueza leva ao entretenimento infantil, que desumaniza. Conseguimos substituir uma abominação por outra. Um dia ainda havemos de acertar.
Você conhece o termo? Uma fala da Ministra Anielle Franco conectando racismo como uma das causas de tragédias que aconteceram no último final de semana gerou polêmica. Mas o “Racismo Ambiental” já é amplamente usado em diversas áreas de pesquisa. Mas será que existe uma relação entre raça, classe social e as enchentes que atingem as cidades, do estado do Rio de Janeiro, ano após ano?
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