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September 8, 7:42 AM
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A ideologia da transformação digital: automatismos, solucionismos e alienação técnica

A ideologia da transformação digital: automatismos, solucionismos e alienação técnica | Inovação Educacional | Scoop.it
O texto aborda a importância de considerar as interações sociais e as relações de poder ao analisar a evolução das tecnologias e suas implicações sociotécnicas. Critica a mistificação da Inteligência Artificial promovida pelo marketing das grandes empresas e destaca a necessidade de compreender os sistemas algorítmicos e suas influências econômicas, políticas e ideológicas. Aponta a alienação técnica e o solucionismo como elementos que limitam a compreensão das tecnologias e propõe uma abordagem crítica e propositiva para construir outras tecnologias que atendam às necessidades e visões de mundo das sociedades.
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Curadoria por Luciano Sathler. CLIQUE NOS TÍTULOS. Informação que abre caminhos para a inovação educacional.
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September 10, 9:19 AM
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Igualdade Artificial, um risco para a educação. Por Luciano Sathler

Igualdade Artificial, um risco para a educação. Por Luciano Sathler | Inovação Educacional | Scoop.it

O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa?
Luciano Sathler
É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais
As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática.
Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing.
O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais.
Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho.
A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados.
A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar.
No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes.
Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador".
Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante.
Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos.
Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano.
O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.

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October 3, 4:09 PM
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Censo Superior 2023: 67% dos professores em formação estudaram à distância em 2023

Censo Superior 2023: 67% dos professores em formação estudaram à distância em 2023 | Inovação Educacional | Scoop.it
Brasil conta com 24,6 milhões de vagas em cursos de graduação, 77% em modalidades virtuais
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October 3, 3:10 PM
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Ensino superior EAD cresce de 4,3 milhões de matrículas em 2022 para 4,9 milhões em 2023

Ensino superior EAD cresce de 4,3 milhões de matrículas em 2022 para 4,9 milhões em 2023 | Inovação Educacional | Scoop.it

Em 2023, o Brasil registrou 4,9 milhões de matrículas na rede superior de ensino na modalidade de educação a distância (EAD) e cerca de 5 milhões de novos estudantes no ensino presencial. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (03) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Anísio Teixeira (Inep) e fazem parte do Censo da Educação Superior de 2023.
Em 2022 foram 4,3 milhões de matrículas à distância e 5,1 milhões no ensino presencial.
Ao todo, foram registradas 9,9 milhões de novas matrículas no ensino superior brasileiro no ano passado. Desse número, 7,9 milhões são alunos de instituições privadas e 2 milhões na rede pública. De acordo com o diretor de Estatísticas Educacionais do Inep, Carlos Moreno, em instituições privadas prevalecem as matrículas à distância, enquanto em redes públicas, a maioria dos ingressos ainda é na forma presencial.
Moreno afirmou que o Inep está discutindo com o Ministério da Educação (MEC) uma forma de identificar mais dados sobre o “boom” de estudantes interessados na modalidade EAD. Nos últimos cinco anos, houve um aumento de 232% na modalidade.
Um dado tratado com preocupação pelo MEC evidencia que 93,5% dos ingressos em cursos de licenciatura são na modalidade à distância na rede privada. Nas instituições públicas, o número cai para 29,8%. Para o curso de pedagogia, graduação com o maior número de matrículas, a taxa de ingressantes na modalidade EAD é de 50%.
“O MEC está preocupado não só com a qualidade dos cursos EAD, mas também com a qualidade dos cursos presenciais. Tivemos ações para tentar conter o número desenfreado de vagas EAD, principalmente na licenciatura”, disse o ministro da Educação em exercício, Leonardo Barchini. De acordo com ele, é preciso entender que essa modalidade deve ser incentivada para determinadas situações. No entanto, é fundamental ter instrumentos regulatórios para garantir a qualidade dos cursos prestados.
Para a secretária de regulação e supervisão de educação superior do MEC, Marta Wendel, o país passou por um período de alteração das normas regulatórias e flexibilidade de regras que permitiu a criação de novos polos e cursos EAD. Segundo a secretária, é fundamental que existam parâmetros de qualidade, diretrizes e novas regulamentações. Nesse sentido, a pasta tem estudado, através de um grupo de trabalho, a criação de um ato regulatório para essa modalidade.
Wendel afirmou que, apesar do tema ser discutido para cursos de licenciatura, ainda não existe um olhar mais direcionado para áreas mais práticas, como os cursos de saúde, por exemplo.

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October 3, 1:18 PM
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Evolving Bloom's Taxonomy with AI - by Vriti Saraf 🌐 3.0

Evolving Bloom's Taxonomy with AI - by Vriti Saraf 🌐 3.0 | Inovação Educacional | Scoop.it
Teachers frequently use Bloom’s Taxonomy to audit student cognitive skills through assignments. But with this new tool, it might become hard to differentiate between what students know and what they’re simply regurgitating from NotebookLM’s analysis. It handles the type of thinking we typically ask students to do in subjects like History, Literature, and Science. This was already an assertion I made about AI almost a year ago, but this tool wraps it in a bow.
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October 3, 9:08 AM
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Bets: o ‘bicheiro’ que mora no seu bolso | Finanças

Carlos Silva e sua esposa, dona Selma (nomes fictícios para proteger suas identidades), ambos septuagenários aposentados há oito anos, cultivaram o hábito de separar um valor para apostar no jogo do bicho. Mais do que ganhar algum dinheiro com as apostas semanais, o casal fez do hábito de ir até a banca de jornal, onde o jornaleiro desempenha a função paralela de “bicheiro”, uma rotina prazerosa de sair juntos para escolher a aposta. Dona Selma sempre desempenhou o papel de “custodiante” do canhoto de aposta, assim como o de verificar os resultados e assegurar que não apostariam mais que o valor pré acordado. Segundo ela, levavam uma vida sem luxos, mas confortável.
De um ano para cá, em virtude da mobilidade reduzida de seu Carlos, o casal deixou de jogar no bicho. Uma alternativa mais prática para manter o hábito da aposta surgiu na forma de um aplicativo, que o filho do casal os ensinou a usar. Embora o jogo exija algum conhecimento de esportes, particularmente de futebol, seu Carlos e dona Selma logo abraçaram a nova ferramenta.
De início, combinaram não gastar mais do que o valor que direcionavam ao jogo do bicho. Só não levaram em conta que agora o “bicheiro” passou a morar em seus bolsos, conhecendo seus hábitos e sendo capaz de provocá-los com ofertas de apostas e sugestões de jogos. Tudo com uma aparente facilidade de obter ganhos diariamente.
Passado menos de um ano, o casal de aposentados encontra-se endividado em um valor que supera uma vez e meia seus vencimentos pelo INSS.
O relato de derrocada financeira do casal se repete em muitos lares, não apenas no Brasil, mas no mundo. A situação brasileira talvez seja mais delicada pelo fato de termos uma taxa de poupança muito baixa, entre 10% e 15% da renda pessoal anual. Soma-se a isso o fato de que, segundo a pesquisa “Raio-x do Investidor”, da Anbima, 63% dos brasileiros não guardam dinheiro para investir.
No entanto, em 2023, 22 milhões de brasileiros apostaram nas “bets” e, desses, cerca de 22% consideram tais apostas um investimento. Se engana quem acha que tal hábito ocorre nas faixas mais pobres. A mesma pesquisa revelou que as classes A e B apostam tanto quanto as classes C, D e E.
A facilidade e onipresença de plataformas de apostas na vida das pessoas está em vias de criar um problema não apenas financeiro, mas uma crise no setor de saúde pública, na forma de distúrbios mentais associados a apostas, o que os médicos psiquiatras denominam desde 2013 de ludopatia, o vício de jogar.
Até o momento, esse é o único distúrbio ligado a um vício desenvolvido de forma 100% comportamental, em contraposição a vícios relacionados ao álcool ou cocaína, que têm uma origem química.
Os especialistas definem os distúrbios associados a apostas como um impulso incontrolável para continuar jogando, apesar dos evidentes prejuízos na forma de problemas familiares, profissionais, financeiros e legais associados às apostas.
O caminho em direção à ludopatia é bem conhecido. Começa como uma aposta com objetivo recreativo. Fatalmente tais apostas resultarão em perdas. Novas apostas são realizadas para tentar compensar o recurso perdido. A memória do prazer de ganhar impulsiona mais apostas como forma de obter o mesmo “barato” e, ao longo do tempo, recursos que foram poupados são consumidos, e muitos casos resultam em dívidas. A maioria que chega a essa fase tenta esconder o hábito, e tal negação agrava o quadro.
Uma das principais razões para o alastramento tão rápido de algo que está se tornando um problema financeiro - e, em breve, de saúde pública - é a facilidade de acesso. Quando o assunto é vício, quanto maior o acesso, maior é sua taxa de crescimento. Nesse caso, a tecnologia contribui perigosamente para o crescimento do vício. Os aplicativos desenvolveram algoritmos que, como base nos próprios hábitos do apostador, o mantêm com necessidade de interagir com a plataforma de forma recorrente.
Os aplicativos sabem, inclusive, se o indivíduo, que pode estar em tratamento contra o vício de jogar, parou de apostar ou reduziu apostas. Quando tal comportamento é identificado, o usuário será bombardeado por ofertas de créditos e outros incentivos em sua conta de apostas, como um bônus de R$ 100 para jogar gratuitamente, que levam a pessoa de volta ao ciclo acima.
Já são abundantes os estudos que mostram o impacto negativo das plataformas de apostas na economia real, com queda na renda disponível, recuo do consumo no varejo, elevação do endividamento etc. Sendo um problema de saúde pública, nos EUA estão surgindo números de telefones gratuitos, tipo 0800, para que as pessoas busquem tratamento médico. O próprio governo federal americano criou o site findtreatment.gov com o mesmo objetivo.
Por aqui, o debate está só começando, e caberá à classe política regular o acesso e as atividades dessas plataformas, sem cair na tentação de olhar apenas os impostos que podem turbinar a arrecadação.

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October 3, 9:06 AM
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Empresas do agro investem pouco em inovação aberta, aponta pesquisa

Empresas do agro investem pouco em inovação aberta, aponta pesquisa | Inovação Educacional | Scoop.it
Orçamento das empresas são mais voltados à pesquisa e desenvolvimento, modo clássico de inovação
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October 3, 9:03 AM
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IA vai criar batalhão de criadores de música, diz executiva do Youtube

IA vai criar batalhão de criadores de música, diz executiva do Youtube | Inovação Educacional | Scoop.it
Premiada pela Billboard como uma das mulheres mais poderosas da música, Vivien Lewit aponta o futuro do pop tanto quanto Beyoncé ou Taylor Swift.Mas seu comando é nos bastidores. Hoje, o foco é a parceria entre músicos humanos e a IA (inteligência arti
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October 2, 6:28 PM
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Home 2024

Home 2024 | Inovação Educacional | Scoop.it
El ILIA es un índice que entrega datos cuantitativos sobre el estado de avance de la Inteligencia Artificial en 19 países de América Latina y el Caribe, identificando logros, brechas y oportunidades para impulsar un ecosistema de IA ético y sostenible.
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October 2, 6:05 PM
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Cirurgiões fazem primeiro implante cerebral feito de grafeno

Cirurgiões fazem primeiro implante cerebral feito de grafeno | Inovação Educacional | Scoop.it

Pois é exatamente isso o que começa a acontecer. Esse material – uma forma de carbono ultrafina com diversas aplicações – tem sido usado há pouco tempo em baterias, sensores, semicondutores, ar-condicionado e até fones de ouvido. E, agora, passa também a ser empregado em implantes cerebrais.
Este mês, cirurgiões da Universidade de Manchester colocaram temporariamente um implante fino, semelhante a uma fita adesiva e com metade da espessura de um fio de cabelo humano, feito de grafeno no córtex de um paciente. Segundo o site Wired, o dispositivo, desenvolvido pela empresa espanhola InBrain Neuroelectronics, é um tipo de interface cérebro-computador, que coleta e decodifica sinais cerebrais.

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October 2, 6:00 PM
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CEO da OpenAI diz que se você tem medo de que a AI roube seu emprego, você deve se tornar bom em usar essa tecnologia | Inteligência Artificial

CEO da OpenAI diz que se você tem medo de que a AI roube seu emprego, você deve se tornar bom em usar essa tecnologia | Inteligência Artificial | Inovação Educacional | Scoop.it
Sam Altman afirmou que, quando estava na escola, as pessoas diziam o mesmo sobre a programação de computadores
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October 2, 5:56 PM
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Quero ser Pablo Marçal: por dentro da arriscada indústria que promete fabricar milionários | Tecnologia

Quero ser Pablo Marçal: por dentro da arriscada indústria que promete fabricar milionários | Tecnologia | Inovação Educacional | Scoop.it
O grupo inclui médicos e dentistas, pequenos comerciantes que buscam impulsionar sua presença online ou simplesmente aspirantes a empreendedores que querem ganhar dinheiro com negócios digitais.

Para tal, este mercado oferece um leque igualmente grande de possibilidades. Desde mentorias de autoconhecimento, a curso de vendas de qualquer tipo de produto, incluindo cursos sobre como vender cursos.

Em comum, está o discurso aspiracional e dos ganhos financeiros — de preferência, rápidos.

É um mundo ainda pouco explorado do ponto de vista de números e informações concretas. O Ministério do Trabalho, por exemplo, não tem ideia de quantas pessoas estão neste setor.

E as principais plataformas — a Meta, responsável pelo Instagram, Facebook e WhatsApp, e o TikTok — não abrem seus números sobre o tamanho da movimentação financeira ou a quantidade de contas comerciais que possuem.

Mas a BBC News Brasil teve acesso a um relatório inédito que será lançado no fim do ano sobre este universo.

Pesquisadores da University College Dublin (UCD) mergulharam neste mundo por dois anos e acompanharam os 500 maiores influenciadores de marketing digital do Brasil.

Analisaram também o perfil de 1 milhão de pessoas que fizeram algum dos cursos destes influenciadores, ou manifestaram interesse em fazer, chamadas aqui de aspirantes a empreendedores.

O trabalho, que envolveu coleta de dados e entrevistas mais aprofundadas, foi liderado pela antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, professora titular da UCD e diretora do Digital Economy and Extreme Politics Lab (Laboratório de Economia Digital e Extremos da Política), e teve financiamento do Conselho Europeu de Pesquisa (ERC).

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Aversão à CLT, valores tradicionais e ostentação
Com base em dados globais levantados no estudo, os pesquisadores estimam que 13 milhões de pessoas estão empreendendo no Instagram hoje no Brasil, por meio das contas comerciais.

No entanto, eles também levantaram que, dos empreendedores na rede, somente 54% usam uma conta comercial na plataforma, com funcionalidades específicas para quem quer fazer negócios.

"Muitas pessoas nem sabem fazer uma conta comercial", diz Rosana Pinheiro-Machado.

"Por isso, estimamos que a quantidade de gente usando o Instagram para vender algum produto no Brasil hoje é muito maior, girando em torno de 25 milhões."

Seguindo a projeção da pesquisa, cerca de um quarto da população economicamente ativa do país já busca fazer dinheiro no Instagram, em uma transformação do enorme setor informal e autônomo brasileiro.

"A lógica da pessoa querer ser chefe de si mesma, em um país onde muitos empregos estão marcados pela lógica da humilhação, é muito libertadora", analisa Pinheiro-Machado, citando condições precárias de trabalho em parte do mercado brasileiro como fator de estímulo à entrada neste setor.

As descobertas feitas pelos pesquisadores revelam a maneira como a maior parte dos influenciadores opera e seus padrões do discurso, que incluem a aversão ao emprego formal regido pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) — vista como limitadora —, e críticas à formação superior.

Também foram apontadas como características comuns o reforço de valores ligados à religião cristã e à família tradicional (no duo "homem valoroso, mulher virtuosa"), e a ostentação de valores materiais (exibir mansões, carros e relógios de luxo e até mesmo resultado de procedimentos estéticos) "em um ambiente propício à desinformação".

Em geral, os influenciadores analisados se alinham a valores conservadores, quer demonstrem ou não seus apoios políticos de maneira explícita.

"Há uma notável ausência de vozes divergentes, progressistas ou à esquerda nesta esfera", diz o relatório da UCD.

No universo de 1 milhão de contas compiladas, a pesquisa monitorou mais de perto 32 mil perfis que manifestaram interesse ou efetivamente fizeram algum curso de marketing digital, independentemente de qual ou com quem, para aumentar sua presença nas plataformas.

Os resultados e as análises desses números mostram a fragilidade dessa aposta, diz o relatório.

Somente 1,2% dos perfis monitorados ganhou seguidores de fato, saindo da classificação de "aspirantes" para o posto de influenciadores, com mais de 5 mil seguidores.

"São pessoas vulneráveis que caem no discurso", afirma Pinheiro-Machado.

"Uma grande parte das entrevistas aponta para uma expectativa grande em torno de ganhar muito dinheiro, para viver bem. Mas também tem um número significativo de pessoas dizendo que vai fazer milhões."


BBC News fonte — Foto: Apesar de continuar sua trajetória como CEO, Tales afirma que a experiência do curso o ajudou a sair da zona de conforto e a aprofundar seu autoconhecimento
Como funciona o universo de onde vem Pablo Marçal
O foco da parte qualitativa da pesquisa, feita com base em entrevistas e estudos de casos, está em grupos de baixa renda que trabalham como autônomos, com contratos sem garantia de direitos trabalhistas ou estão desempregados.

"Esses grupos têm menos opções profissionais e estão privados de várias capacidades, o que os torna mais vulneráveis aos impactos do mundo do marketing digital não regulamentado", segue a antropológa.

Se aparentemente este aparenta ser um mercado livre e horizontal, na prática, afirma o relatório, é um rígido esquema ditado por uma infraestrutura baseada em algorítmos que empurra os participantes a querer crescer.

Para isso, é preciso investir tanto em cursos como em tráfego pago, ou seja, dar dinheiro para as plataformas para ter seu conteúdo exibido para mais usuários.

"É deste universo que vem o Pablo Marçal", afirma Pinheiro Machado. "Em muitos sentidos, ele é a personificação do mundo do marketing digital e suas visões ideológicas."

Com uma presença digital na casa dos milhões há anos, Marçal foi citado como modelo a ser seguido por alguns dos entrevistados por Pinheiro-Machado em cidades tão distantes como Manaus e Porto Alegre.

Sócio ou dono de um emaranhado de empresas, de diferentes segmentos, Marçal declarou ter um patrimônio de R$ 169 milhões ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A PLX Digital, uma de suas empresas, é focada em lançamentos, o que, no jargão deste mercado, é o nome dado à venda de um curso ou produto online.

Fundada em 2019 por Marçal e seu sócio, Marcos Paulo de Oliveira, a PLX promete "romper limites" e "transformar vidas", de acordo com as mensagens descritas em seu site — o candidato a prefeito já disse ter vendido cursos e mentorias a 1,5 milhão de pessoas.

A BBC News Brasil tentou falar com Marcos Paulo, mas ele não respondeu à mensagem enviada, e também com Marçal, por meio de sua assessoria de imprensa, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.


BBC News fonte — Foto: Pablo Marçal durante a campanha em São Paulo
Neste mercado, os valores dos cursos e mentorias de diferentes influenciadores variam muito, podendo custar de R$ 100 a mais de R$ 60 mil.

Mas todos prometem a mesma coisa: que qualquer um pode prosperar finaceiramente.

O dinheiro pode ser conquistado transformando-se em um influenciador e criador de conteúdo, ou também apenas vendendo o conteúdo ou curso de alguém em troca de uma comissão, que é o caso dos chamados afiliados.

Por exemplo, a pessoa pode ser ensinada a ter renda revendendo cursos dos grandes influenciadores ou oferecendo atalhos de comércio digital para produtos de gigantes como a Amazon ou a Shopee.

Sem apontar diretamente para nenhuma empresa ou influenciador específico, o relatório faz um alerta sobre riscos em torno deste universo, que cria "pirâmides aspiracionais".

O estudo aponta para a presença dos esquemas de pirâmide, um modelo comercial fraudulento que depende do recrutamento de novas pessoas que pagam às antigas integrantes da rede, sem regras claras de remuneração. E também do estímulo nocivo de "aspirações irrealistas" e gastos com "treinamento digital enganoso”.

Por isso, a pesquisa defende a necessidade da criação de medidas regulatórias, inclusive com regras para o trabalho de influenciadores, além de programas educacionais para o segmento.

Vender e-books, sonhar alto
Foi por meio de um atraente anúncio para ganhar dinheiro que o motorista Lucas Silva, de 39 anos, foi atrás do primeiro curso de marketing digital que fez.

Em seu currículo, constam trabalhos como atendente, garçom, motorista de aplicativo, vendedor e vigilante.

Seu sonho, no entanto, é ter uma hamburgueria em Porto Alegre, cidade onde vive com a mulher, Priscilla Carvalho dos Santos, de 32 anos. Ela tem nível técnico em contabilidade e trabalha no momento como manicure.

Na tentativa de ser dono do próprio negócio, o casal já se aventurou por diferentes cursos de marketing digital, com focos variados.

Um deles, voltado para a venda direta de produtos de beleza, como pílulas que prometem cabelos saudáveis, crescimento das unhas e fortalecimento do sistema imunológico, ou comprimidos cujo anúncio diz auxiliar na perda de peso.

Desembolsaram quase R$ 1 mil, entre o valor do curso e dos impulsionamentos dos anúncios de vendas, mas, até agora, não tiveram retorno.

"Trabalhar com carteira assinada hoje em dia é uma coisa limitada", diz Lucas.

Por isso, ele diversifica as apostas, literalmente, já que também entrou no ramo das apostas esportivas, as bets. "Em um dia só, coloquei R$ 30 e ganhei R$ 700. Mas em seguida perdi tudo."

O perfil do casal é comum entre os analisados pelos pesquisadores da UCD. "Todo mundo aposta nas bets, faz rifas e quer vender e-book", diz Pinheiro-Machado.

"É tudo parte do mesmo universo de esquemas que jogam com a aspiração das pessoas."

Independentemente do meio, o fim se justifica pelo ganho de dinheiro graças a, teoricamente, o esforço individual, apontam os pesquisadores.

Para lucrar, é preciso vender, e, para vender, é preciso se esforçar e ter foco.

E, claro, fazer um curso, com "muitos entrevistados de origens menos privilegiadas, ou até mesmo em situação de pobreza, reiterando a crença de que ainda não eram ricos porque não tinham o mindset (mentalidade) certo", diz o relatório.

"É um discurso baseado no hiperindividualismo", afirma Pinheiro-Machado, que cita também a presença de uma "meritocracia distorcida" — se algo não deu certo, é porque a técnica não foi bem aplicada. Um "caldo de cultura" que carrega junto milhões de seguidores.

A cuidadora Crystian Rodrigues Ayres, de 31 anos, já fez cinco cursos de vendas online, mas ainda não conseguiu empreender. "Não me dediquei o suficiente", diz ela.

"Não tenho vontade de fazer faculdade. Tenho o objetivo de fazer dar certo no marketing porque sei que o retorno é bom."

Atualmente, Crystian, que vive no Rio de Janeiro, é contratada como microempreendedora individual (MEI) por uma agência especializada em cuidados de idosos.


BBC News fonte — Foto: O mercado de marketing digital, ainda carente de dados concretos, abrange uma ampla gama de profissionais, de médicos a pequenos comerciantes, todos em busca de visibilidade e lucros rápidos
Altas expectativas, longas jornadas
A pesquisa da UCD aponta que pode haver vantagens no mundo digital para todos os tipos de empreendedores, mas a questão é em que medida estão ancoradas suas expectativas.

"Quem já tem um pequeno comércio se beneficia do Instagram para promover seu negócio", afirma Pinheiro-Machado.

"Mas é um percentual muito pequeno de pessoas que de fato estão ganhando dinheiro ali."

A professora Adriana Tavares, por exemplo, já dava aulas de inglês totalmente online quando conheceu o mundo do marketing digital.

Em 2022, quando ela lançou um curso voltado para pessoas com mais de 50 anos, chegou a faturar R$ 100 mil em uma semana, um marco para quem se aventura por esse universo — e ainda repetiu o feito outras duas vezes naquele ano.

Mas hoje ela não está milionária. Tampouco tem tempo livre ou faz viagens luxuosas.

Pelo contrário, sua rotina de trabalho é extensa, dura de 12 a 15 horas por dia, inclusive aos finais de semana.

Do que ganha hoje, parte ela separa para quitar as dívidas que fez justamente quando faturou os tão sonhados "seis dígitos". "Eu fiz errado no começo", diz Adriana.

"Quando faturei aquele valor, contratei gente, cheguei a ter 12 pessoas trabalhando comigo, contando que eu iria faturar aquele valor de novo. E não é porque você fez 'seis em sete' uma vez que fará sempre.”

Fazer "seis em sete" significa faturar seis dígitos, ou ao menos R$ 100 mil, em sete dias, ou uma semana.

O curso de Adriana custa R$ 1.597 e fica disponível por um ano para que o aluno o conclua quando quiser, na Hotmart, uma das maiores plataformas de cursos online do país.

A plataforma foi fundada em 2011 e diz que já ultrapassou US$ 10 bilhões (R$ 54,5 bilhões) em vendas.

Os cursos que estão ali são variados, desde aulas sobre a Bíblia, maquiagem, idiomas, dietas, preparo para concursos, passando por formações sobre todos os tipos de terapias, jornalismo, direito, medicina, e, claro, muitos cursos sobre como criar cursos.

A BBC News Brasil solicitou uma entrevista com os executivos à frente da Hotmart, mas não houve retorno ao pedido.

Hoje, Adriana comemora ter chegado a 800 alunos e conta com orgulho sobre a sua mais recente matriculada: uma senhora de 84 anos.

"Sei que meu produto é bom. Sei que não estou enganando ninguém", diz ela.

Suas expectativas, no entanto, foram reduzidas. Dos 12 funcionários que chegou a ter, hoje trabalham com ela o marido e a filha.

"Se eu pudesse voltar atrás, não teria contratado equipe, teria cuidado mais", diz Adriana.

"O [influenciador] Erico [Rocha] não ensina isso, ele ensina o 'montinho montão', ou seja, a cada ganho, é preciso separar uma parte para investir no próximo lançamento.”

Esse ciclo de investimentos em publicidade a cada novo lançamento tem dado musculatura para esse setor da economia de influenciadores.

Segundo projeções do Goldman Sachs, esse ecossistema pode quase dobrar de tamanho nos próximos cinco anos, chegando a movimentar US$ 480 bilhões até 2027 no mundo.

Os principais impulsionadores desse crescimento, segundo o banco, serão os gastos com impulsionamentos e a monetização de vídeos curtos por meio de publicidade.

Faixa-preta de chinelo
Com mais de 2,5 milhões de seguidores no Instagram, Erico Rocha é um sujeito de voz mansa e gestos contidos, longe dos estereótipos mais agressivos utilizados por muitos influenciadores deste universo.

Um dos precursores do marketing digital no Brasil, é dele o método que Adriana aprendeu, chamado Fórmula de Lançamento.

Ele importou o método em 2013 do guru dos gurus, o americano Jeff Walker, pagando royalties cujo valor ele não revela.

Hoje, sua empresa tem 154 funcionários e, segundo ele, fatura R$ 100 milhões ao ano e ajuda a movimentar mais de R$ 1 bilhão indiretamente, por meio do faturamento dos alunos.

Seu discurso é voltado para o reinvestimento na empresa. "Sempre digo: não quero que você faça 'seis em sete' e vá para Ibiza. A gente quer ser empreendedor, por isso eu falo para as pessoas fazerem reserva de caixa, cuidar da empresa."

Quando conversou com a BBC News Brasil de seu escritório em Brasília, Erico vestia camiseta, calça jeans e chinelo.

De acordo com ele, seu público, formado por pessoas com mais de 25 anos, já não se vê mais atraído pela ostentação de riqueza.

"Minha audiência não quer isso. Eles querem pagar o seguro de saúde da mãe, uma escola particular para o filho."

Rocha se orgulha em dizer que tem mais de 400 "mentorados", como ele chama, que já faturaram R$ 2 milhões em um ano, os chamados "faixas-pretas", em alusão às graduação de artes marciais.

"Quer dizer que todos fazem esse valor? Não. Teve gente que fez mais, teve gente que faliu, foi fazer outra coisa…"

O dinheiro, no entanto, não vem da noite para o dia. "A média para que um aluno faça 'seis em sete' é de 12 a 14 meses", diz Rocha.

Mas há exceções. "[Pablo] Marçal deve ter feito seis em sete no primeiro lançamento, ou no segundo", diz Rocha.

"O que ele faz hoje não é a fórmula clássica. Ele cria movimentos, é extremamente viral. As pessoas, para ter sucesso com a fórmula, não são virais. Eu não sou viral."

Viralizar um conteúdo e fazer com que ele chegue ao maior número possível de pessoas é estratégico.

Nesta equação, larga na frente quem tem mais seguidores ou consegue ganhar novos com técnicas para capturar atenção e tráfego pago.

No monitoramento da UCD, além de verificar o reduzido crescimento em número de seguidores dos aspirantes a influenciadores, também apareceram os padrões de discurso.

"Existe uma média de repetição muito clara", explicou a pesquisadora e cientista de dados Jéssica Matheus, também do Digital Economy and Extreme Politics Lab.

Entre as palavras comuns a todas as categorias, do maior influenciador para o menor aspirante a empreendedor, apareceram sempre a ideia de mentoria e expertise, como nas frases "te ajudo", "especialista".

"No entanto, à medida que eles ganham mais seguidores, a nuvem de palavras muda também", afirma Matheus.

Saem de cena palavras como "Deus", "mãe" e "CEO" e entram "mentor", "pai" e "curso", por exemplo, em um possível indicativo de que, quanto mais seguidores, mais corporativa e masculina são as descrições do perfil.

Leia mais:

- Os processos contra empresas de Pablo Marçal: 'Trabalho de domingo a domingo'

- Nunes, Boulos ou Marçal na frente? Por que pesquisas em São Paulo dão cenários diferentes

- Justiça suspende redes de Pablo Marçal: o que acontece agora?

Instagram como 'plataforma de trabalho'
É por causa da escala de abrangência do setor e suas implicações que a pesquisa da UCD defende que redes como Instagram tem que ser classificadas como "plataforma de trabalho" por governos e entidades globais como Organização Internacional do Trabalho (OIT), ao lado de empresas como Uber e Rappi, por exemplo.

Para a antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, essa mudança permitirá uma melhor análise para formular políticas públicas e uma maior cobrança das plataformas por transparência.

Na visão da pesquisadora, trabalhador "plataformizado" não seria apenas o motorista do aplicativo, mas um público muito mais amplo, que abarcaria da vendedora de cosméticos que tem um perfil na redes até o dentista que quer se lançar como mentor de outros dentistas. Todos "homogenizados" sob uma lógica ditada pela plataforma.

"As plataformas reforçam o tempo todo a promessa de que é possível viver como influenciador digital", afirma Issaaf Karhawi, pesquisadora da cultura dos influenciadores digitais no Brasil e autora do livro De blogueira a influenciadora (Sulina, 2020).

"Isso te leva a trabalhar, de forma gratuita, produzindo diariamente conteúdo, na esperança de um dia viralizar e vir a se tornar um influenciador."

Para Karhawi, a pesquisa da UCD "está muito associada a uma virada crítica importante nos estudos dos influenciadores digitais", iniciados na época em que surgiram as blogueiras de moda.

Ela também compartilha da ideia, que aparece nos resultados da pesquisa, de que é um discurso muito presente no mundo digital, mas que não se concretiza e contém riscos.

A opacidade das plataformas, que não deixam claras as regras do algoritmo, e as próprias regras, como punições, suspensão de conteúdos considerados violadores, necessidade de constância nas publicações e a imposição de horários para um conteúdo ter melhor desempenho criam, na verdade, um sistema esgotador para quem trabalha com isso, de acordo com a pesquisadora. É o que Karhawi chama de "exaustão algorítmica".

Já Cássio Calvete, economista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) que pesquisa inteligência artificial e seu impacto no mercado de trabalho, aponta que a tecnologia ou o trabalho mediado por algoritmos pode, inclusive, piorar as condições de trabalho.

"Percebemos que o algoritmo tem uma série de formas para intensificar e estender o ritmo de trabalho, tanto por aplicativo, quanto para profissionais que trabalham em centros de distribuição", diz ele.

Suas conclusões são um contraponto ao discurso de mais liberdade atrelado ao trabalho mundo digital.

Pinheiro-Machado lembra, no entanto, que a digitalização também traz a promessa de dignidade.

"Uma coisa é eu dizer que sou faxineira. A outra, é dizer que sou personal trainer", afirma a antropóloga.

"A pessoa muitas vezes não ganhou dinheiro algum ainda, mas ganhou dignidade. Isso em um país historicamente marcado pelo estigma da pobreza importa."

'Eu invado cérebros'
"O outro lá invade terrenos. Eu invado cérebros. Entro no cérebro da pessoa, faço ela ficar com raiva e depois pulo para o outro lado", disse Pablo Marçal durante uma entrevista no mês passado ao podcast Primocast, do grupo empresarial Primo, onde falou sobre seus negócios, em especial de marketing digital, e sobre política.

A declaração continha uma provocação ao adversário na corrida eleitoral, Guilherme Boulos (PSOL), que fez parte do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), e também foi uma janela para comentar as técnicas que ele usa tanto na carreira empresarial como na corrida eleitoral.

Ao longo dos meses, Marçal utilizou provocações e lançou mão de gatilhos emocionais para irritar adversários e ganhar holofotes. Também usou algo que aplica em seus "lançamentos digitais", os chamados campeonatos de "cortes", para divulgar sua campanha.

Na modalidade, ele recruta milhares de seguidores para que façam pequenos clips de seus conteúdos, os "cortes" de vídeos, em busca de engajamento nas redes.

O candidato chegou a dizer publicamente que remuneraria os campeões dos cortes que tivessem mais engajamento, e, questionado pela campanha de Tabata Amaral (PSB) na Justiça Eleitoral, acabou punido em agosto, ficando sem acesso às redes sociais que tinha. Isso no o impediu de seguir nas redes, já que ele criou novas contas em seguida.

"Deus vai mudar nossa sorte. A gente está sozinho. Nós, o povo, e Deus. [... ] Eu construí riqueza e você também vai construir. Chegou a hora do povo de São Paulo prosperar", disse em um programa de TV em agosto, em linguagem próxima a que usa em seus próprios produtos digitais.

Se Marçal começou a campanha com 14% das intenções de voto antes do registro das candidaturas, em agosto, agora esse número chega a 21%, segundo apontou o Datafolha em 27 de setembro.

Para Rosana Pinheiro-Machado, o sucesso até agora é menos surpreendente do que parece, porque, em sua visão, trata-se de uma mensagem "individualista, consumista e conservadora" que ela vê repetida no mundo do marketing digital há muitos meses.

A hipótese da pesquisadora é que a plataformização do trabalho, aliada à precarização, une, em um só lugar, toda essa lógica, criando um "solo fértil" para a direita radical.
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October 2, 5:51 PM
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A 'epidemia' de miopia que atinge 1 em 3 crianças no mundo (mas ainda não é tão comum no Brasil) | Ciência e Saúde

A 'epidemia' de miopia que atinge 1 em 3 crianças no mundo (mas ainda não é tão comum no Brasil) | Ciência e Saúde | Inovação Educacional | Scoop.it
Jovens focam os olhos por mais tempo em livros e telas durante os primeiros anos de vida, o que tensiona os músculos oculares e pode levar à miopia, sugere a pesquisa
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October 2, 5:45 PM
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How AI is Shaping the Future of Education | Askwith Education Forum

Join us for the first Askwith Education Forum of the academic year where we focus on how education policymakers, technology developers, and researchers are responding to the emergence of generative artificial intelligence (AI) — and the implications for the future of education. HGSE Academic Dean Martin West will welcome U.S. Department of Education Assistant Secretary Roberto J. Rodríguez, Google for Education Strategy and Operations Manager Marta McAlister, and HGSE Assistant Professor Ying Xu as they explore the potential promise, still being envisioned, of AI to shape learning, teaching, and thriving in the world.

Guests:
• Marta McAlister, Strategy & Operations, Google for Education, Google
• Roberto J. Rodríguez, Assistant Secretary for Planning, Evaluation, and Policy Development, U.S. Department of Education
• Ying Xu, Assistant Professor of Education, HGSE

Hosted by:
• Martin West, Academic Dean and Shattuck Professor of Education
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October 3, 4:09 PM
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Matrículas em cursos superiores presenciais caem no Brasil

Matrículas em cursos superiores presenciais caem no Brasil | Inovação Educacional | Scoop.it
Dos 9,9 milhões de estudantes no ensino superior, 4,9 milhões estão em cursos EAD, mostra Censo da Educação Superior
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October 3, 3:16 PM
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A Post-AI Learning Taxonomy

A Post-AI Learning Taxonomy | Inovação Educacional | Scoop.it

Perhaps the first thing you’ll notice is that, unlike Bloom's Taxonomy, this framework doesn't include a 'Remember' level. In the traditional model, 'Remember' focused on recalling facts, terms, basic concepts, and answers. But in our AI-enhanced world, is memorisation still a critical skill?
Think about it: when was the last time you needed to memorise a complex formula or a set of industry regulations? In a world where we can access virtually any piece of information in seconds via our smartphones or AI assistants, the value of rote memorisation has significantly diminished.

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October 3, 2:13 PM
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Gemini Live agora consegue falar em português com você

Gemini Live agora consegue falar em português com você | Inovação Educacional | Scoop.it
O Gemini Live tem 10 modelos de voz diferentes para a escolha do usuário e permite conversar com a IA com as mãos livres: você pode falar um prompt para o chatbot e receber a resposta em áudio instantaneamente, além de dialogar de maneira fluida. No final do bate-papo, o aplicativo transcreve o resultado e armazena o texto no histórico.
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October 3, 9:09 AM
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No Einstein, exoesqueleto terá teste pioneiro na AL

No Einstein, exoesqueleto terá teste pioneiro na AL | Inovação Educacional | Scoop.it

O Hospital Israelita Albert Einstein prepara-se para testar uma nova abordagem. Será o primeiro hospital da América Latina a usar um exoesqueleto que percebe a intenção do movimento do usuário, amplifica o microssinal neurológico emitido e o ajuda a completar o gesto. Isso permite à pessoa em tratamento assumir um papel muito mais ativo no processo de recuperação.
A novidade ressalta o papel da Eretz.bio, centro de inovação e empreendedorismo do Einstein. As discussões em torno do exoesqueleto começaram nesse ambiente, criado para apoiar startups, o que sedimentou o caminho para que o hospital trouxesse o equipamento do Japão, onde foi concebido e produzido pela Cyberdyne. A companhia explora um campo recente batizado de “cybernics”, que preconiza a combinação entre humanos, inteligência artificial, robôs e ciência de dados para resolver problemas do dia a dia.
“Quando criamos a diretoria de inovação, houve muita discussão sobre se um hospital filantrópico deveria investir em startups, por causa do risco envolvido”, diz Sidney Klajner, presidente do Einstein. “Em dez anos, criamos um ecossistema de atração de talentos e um local onde é possível validar novas ideias.”

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October 3, 9:06 AM
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‘O velho manual de marketing não é mais tão relevante’

‘O velho manual de marketing não é mais tão relevante’ | Inovação Educacional | Scoop.it
Os executivos de marketing nunca tiveram tantos dados à disposição para ajudar a traçar estratégias para seus clientes. No entanto, a maioria deles não está conseguindo prever o comportamento do consumidor, moldar produtos aos novos gostos, e ainda colocar entretenimento nessa fórmula. Essa é uma das conclusões de uma pesquisa da agência de publicidade Dentsu Creative, realizada com 950 diretores de marketing (CMOs) em 14 países.
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October 3, 9:05 AM
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Inteligência temporal para lidar com a complexidade atual

Inteligência temporal para lidar com a complexidade atual | Inovação Educacional | Scoop.it

As ações que praticamos hoje são potencialmente prejudiciais, levando a consequências para as gerações futuras. Isso em diversas áreas: riscos tecnológicos, inteligência artificial, engenharia genética e, claro, a crise climática global. E é por isso que o PhD em sociologia política e professor da Universidade de Oxford, Roman Krznaric, australiano radicado na Inglaterra, ressalta a importância de uma nova habilidade: a inteligência temporal. “Em um certo sentido, eu sinto que quase colonizamos o futuro”, disse em entrevista ao Valor por videochamada de sua residência em Londres.
Krznaric é cofundador da The School of Life, uma escola britânica especializada em desenvolvimento de inteligência emocional, com dez unidades em diferentes países. É também autor dos livros “Como ser um bom ancestral” (editora Zahar), “Como encontrar o trabalho da sua vida” (editora Objetiva) e “História para o amanhã: Inspirações do passado para o futuro da humanidade” (editora Difel), que será lançado em novembro em português. Ele estará no Brasil para dois eventos este ano: a 24ª edição do HSM+, em novembro, e a masterclass “A arte da inteligência temporal”, no dia 6 de dezembro, na sede da The School of Life Brasil, em São Paulo.
Na visão dele, esse fato de que estamos colonizando o futuro tem implicações hoje para as lideranças das organizações. “Eu acho que qualquer líder e organização precisa se perguntar: como podemos ser bons ancestrais?”, provoca. “Além da minha própria carreira, além da minha própria vida, como vou deixar o mundo um lugar melhor? Esta é a forma que os líderes precisam trabalhar.”
Não podemos criar sociedades resilientes sem que aprendamos a pensar em um período de tempo mais longo”
Nesse sentido, ele defende uma liderança de longo alcance, com uma habilidade chamada de inteligência temporal - capacidade de pensar em múltiplos horizontes de tempo e modos temporais, tanto em relação ao futuro quanto ao passado. “Muitas vezes pensamos em ser inteligentes em relação ao tempo, pensando em sermos eficiente aqui e agora, sendo mais produtivos. Bem, não estou dizendo que é o oposto disso. É sobre ser capaz de pensar tanto no curto como no longo prazo, no futuro e também no passado. É sobre ter um senso maior de tempo, porque eu não acho que podemos criar sociedades que sejam resilientes diante de todos esses problemas a menos que aprendamos a pensar em um período de tempo mais longo.”
Liderança ética é mais do que um modelo de comportamento
Como transmitir paixão nas empresas familiares
Além da CEO: precisamos de organizações mais femininas
Krznaric costuma propor a lideranças de empresas e de governos um exercício que permite sentir melhor o impacto que estamos causando para gerações futuras - está em seu livro “Como ser um bom ancestral” e ele o descreve: “Eu faço com que essas lideranças fechem os olhos e imaginem um jovem que faz parte da vida deles, alguém com quem eles realmente se preocupam, pode ser um afilhado, sobrinho ou sobrinha, ou o próprio filho ou neto. E então eu peço a essas pessoas, com os olhos fechados, que deem um passo à frente e imaginem aquele jovem trinta anos no futuro, imaginando seu rosto, suas alegrias e as lutas que ele pode estar enfrentando. E então eu peço a essas lideranças para darem um passo final. Ainda com os olhos fechados, imaginem agora a festa de noventa anos desse ‘jovem’. Ele tem noventa anos, está cercado por familiares e amigos, colegas de trabalho, vizinhos, e eu peço à pessoa que está fazendo o exercício que ela vá e dê uma olhada pela janela. Que tipo de mundo você vê lá fora? Então eu peço que essa pessoa volte e começo a dizer que aquele ‘jovem’ que agora completa 90 anos vai se levantar para fazer um discurso de aniversário quando de repente ele vê uma fotografia sua na mesa, de você, um ancestral já falecido. E aí todos na sala decidem contar sobre algo que você fez para ser um bom ancestral, um legado positivo que você tenha deixado para a geração deles. E aí eu convido você, ainda com os olhos fechados, para que pense nisso por um minuto ou dois.”
Krznaric diz que quando ele mesmo fez esse exercício pela primeira vez, pensando em sua filha, na época com 10 anos, ele percebeu que sua filha não está sozinha no mundo, está inserida em uma teia de relações humanas e em uma teia do mundo vivo, “a água que ela bebe, o ar que respira” - como todos nós. “Você percebe, então, eu percebi, que se eu me importo com a vida dela eu preciso me preocupar com toda a vida”, comenta. “Você vai de algo muito pessoal para algo universal”. O pesquisador acredita que as pessoas começam a fazer grandes mudanças externas quando partem de uma mudança interna, uma percepção individual primeiro.
Krznaric diz, ainda, que geralmente há uma tensão nas organizações entre o presente e o futuro: maximizar os ganhos de agora, para atender os stakeholders, e o pensamento futuro. E diz que tem muitas organizações que ainda não pensam dez ou vinte anos à frente. “Mas acho que o que é realmente interessante é que também podemos ver uma nova geração de empresas emergentes que têm uma ‘visão longa’ e que estão conseguindo ser muito bem-sucedidas e resilientes”, afirma. Ele menciona uma empresa dinamarquesa de petróleo e gás que, mesmo sendo a maior de seu setor, criou o que chamou de “plano 85” - invertendo a proporção de produção de 85% de combustíveis fósseis e 15% de energias renováveis. A ideia inicial era, em 30 anos, ter 85% da produção baseada em energia renovável, mas a companhia fez isso em 10 anos, ele conta, e em 2018 atingiu essa meta. “Hoje, é uma das maiores empresa de energia eólica do mundo, controlando 30% da energia eólica offshore global”, comenta. “Eu gosto desse exemplo porque foi realmente muito difícil fazer essa mudança. Eles tiveram muitas brigas internas sobre isso, exatamente porque se conhece a necessidade de curto prazo, mas, na verdade, os resultados de longo prazo são enormes.”
Mais do que nas empresas tradicionais, mais antigas, Krznaric vê a grande mudança acontecendo nas organizações mais jovens, “que estão nascendo em um mundo onde eles [os empreendedores] entendem os limites do planeta e a necessidade de serem éticos com suas cadeias de suprimentos”.
Ele cita uma empresa britânica chamada Faith in Nature, que fabrica xampus e outros itens de higiene pessoal. “Alguns anos atrás eles foram a primeira empresa do mundo a dar um assento no conselho para a natureza”, afirma. “A natureza tem um assento real, então o dever legal da empresa não é apenas ganhar dinheiro, mas também proteger o planeta. É o tipo de empresa que tem essa visão mais longa”. Krznaric menciona ainda o exemplo famoso da marca de roupas Patagonia, de Yvon Chouinard, na qual o planeta Terra se tornou o único acionista e, dessa forma, os lucros da empresa passam a ser geridos e investidos por um fundo no combate às mudanças climáticas.
O pesquisador diz que não é um otimista por natureza. “Eu faço uma distinção entre otimismo e esperança”, explica. “Eu penso no otimismo como uma ideia de copo meio cheio, que tudo ficará bem apesar das evidências. Não sou otimista no sentido de como os negócios estão caminhando, devido aos riscos ecológicos e tecnológicos. Mas estou esperançoso e o que quero dizer com isso é que eu penso na esperança como estar comprometido com os valores e visão em que você acredita. Mesmo que as chances estejam contra você, mesmo que a probabilidade esteja contra você.”
Seu novo livro, “História para o amanhã”, trata um pouco disso, de como olhar através da história pode nos ajudar a ver transformações que levaram sociedades a novos caminhos. Na obra, ele desenterra insights e inspirações dos últimos mil anos que podem nos ajudar a enfrentar os desafios mais urgentes da humanidade no século 21.
Krznaric exemplifica mencionando uma região da Itália chamada Emília-Romanha, com cerca de 5 milhões de habitantes, onde a economia é um terço composta por cooperativas, e as empresas são de propriedade de seus trabalhadores. “Eles têm um dever para com o planeta”, ele diz. E essa região, conta Krznaric, lidou bem com a crise de 2008, adotando esse modelo. “Eu tenho esperança de que haja esse tipo emergente de economia regenerativa”, diz, enfatizando a importância dos governos nesse processo. “É claro que os governos precisam fazer muito mais”, diz, exemplificando. “Um iPhone normal tem uma série de elementos da tabela periódica, incluindo alguns do metais conhecidos como ‘terra-raras’, e as pessoas os jogam fora depois de menos de três anos. Na minha opinião, acho que você não deveria ter permissão para comprar um iPhone ou a empresa ser informada que em menos de cinco anos não pode mais vendê-los. Ou, sim, os únicos telefones que poderia vender são os que têm metais reciclados.”
Parece distante? Ele dá outro exemplo. “Muitas cidades estão introduzindo regras para dizer ‘em 2030, sem carros de combustível fóssil no meio da cidade’, e as empresas estão apenas se ajustando. Os fabricantes de telefones farão o mesmo. Eu acho que devemos fazer isso em muitas áreas.”
Para isso, Krznaric fala da imaginação criativa que as empresas precisam ter, “desenvolvendo uma espécie de visão regenerativa, operando dentro dos ciclos do único planeta que conhecemos que sustenta a vida”. “É sobre encontrar inspiração nesses tipos de exemplos que dei aqui”, comenta. “Isso pode fazer você pensar que talvez não tenha que ser assim [como a maioria das empresas opera hoje].”
Ele cita fundos de investimento que já fazem aportes exclusivamente em empresas ecologicamente sustentáveis e também o interesse crescente de pessoas trabalharem em organizações que estão alinhadas com seus valores pessoais. “Eu vejo os alunos saindo da Universidade de Oxford e eles não querem apenas trabalhar para grandes bancos de investimento, eles querem trabalhar para algo que pareça mais alinhado [com seus valores e o futuro da sociedade], algo de uma linha ecológica, cidades inteligentes, ou outra coisa”, comenta. “E voltamos ao tema da importância de a liderança ter uma boa atitude ancestral, sobre como trazer esses valores de forma profunda para a empresa, como dar às pessoas uma participação na propriedade... eu acho que isso [esse tipo de mentalidade] não vai embora, vai crescer mais e mais.”
Também fundador do Museu da Empatia e pesquisador sênior em Oxford no Centro para Eudaimonia e Florescimento Humano, Krznaric conclui dizendo que um grande líder hoje precisa ajudar suas organizações a desenvolver não apenas inteligência emocional, mas a inteligência temporal, o pensar através do tempo. “Inteligência emocional e empatia falam muito sobre o funcionamento interno de uma organização, mas então há aquela parte mais externa, que é sobre essa visão de longo prazo temporal.”

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October 2, 6:29 PM
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Perspectivas internacionais para anos finais do ensino fundamental

Perspectivas internacionais para anos finais do ensino fundamental | Inovação Educacional | Scoop.it
Em 2023, o workshop Perspectivas para uma Política Nacional de Fortalecimento dos Anos Finais no Brasil, reuniu formuladores de políticas federais e subnacionais, atores da sociedade civil e pesquisadores no Brasil que trabalham com educação escolar. Os participantes tiveram a oportunidade de aprender com as experiências de reforma de três sistemas educacionais (Chile, Colômbia e Espanha). Os seminários também forneceram insights sobre outros trabalhos internacionais comparativos e empíricos relevantes da OCDE, incluindo o trabalho do Education Policy Outlook sobre capacidade de resposta e resiliência na política educacional. As discussões e as experiências internacionais, bem como as evidências anteriores coletadas pela OCDE, fundamentam a análise apresentada neste Policy Briefing.
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October 2, 6:08 PM
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I Taught for Most of My Career. I Quit Because of ChatGPT

I Taught for Most of My Career. I Quit Because of ChatGPT | Inovação Educacional | Scoop.it
his fall is the first in nearly 20 years that I am not returning to the classroom. For most of my career, I taught writing, literature, and language, primarily to university students. I quit, in large part, because of large language models (LLMs) like ChatGPT.

Virtually all experienced scholars know that writing, as historian Lynn Hunt has argued, is “not the transcription of thoughts already consciously present in [the writer’s] mind.” Rather, writing is a process closely tied to thinking. In graduate school, I spent months trying to fit pieces of my dissertation together in my mind and eventually found I could solve the puzzle only through writing. Writing is hard work. It is sometimes frightening. With the easy temptation of AI, many—possibly most—of my students were no longer willing to push through discomfort.

In my most recent job, I taught academic writing to doctoral students at a technical college. My graduate students, many of whom were computer scientists, understood the mechanisms of generative AI better than I do. They recognized LLMs as unreliable research tools that hallucinate and invent citations. They acknowledged the environmental impact and ethical problems of the technology. They knew that models are trained on existing data and therefore cannot produce novel research. However, that knowledge did not stop my students from relying heavily on generative AI. Several students admitted to drafting their research in note form and asking ChatGPT to write their articles.

Read More: Regulating AI Is Easier Than You Think

As an experienced teacher, I am familiar with pedagogical best practices. I scaffolded assignments. I researched ways to incorporate generative AI in my lesson plans, and I designed activities to draw attention to its limitations. I reminded students that ChatGPT may alter the meaning of a text when prompted to revise, that it can yield biased and inaccurate information, that it does not generate stylistically strong writing and, for those grade-oriented students, that it does not result in A-level work. It did not matter. The students still used it.

In one activity, my students drafted a paragraph in class, fed their work to ChatGPT with a revision prompt, and then compared the output with their original writing. However, these types of comparative analyses failed because most of my students were not developed enough as writers to analyze the subtleties of meaning or evaluate style. “It makes my writing look fancy,” one PhD student protested when I pointed to weaknesses in AI-revised text.

My students also relied heavily on AI-powered paraphrasing tools such as Quillbot. Paraphrasing well, like drafting original research, is a process of deepening understanding. Recent high-profile examples of “duplicative language” are a reminder that paraphrasing is hard work. It is not surprising, then, that many students are tempted by AI-powered paraphrasing tools. These technologies, however, often result in inconsistent writing style, do not always help students avoid plagiarism, and allow the writer to gloss over understanding. Online paraphrasing tools are useful only when students have already developed a deep knowledge of the craft of writing.

Read More: The 100 Most Influential People in AI

Students who outsource their writing to AI lose an opportunity to think more deeply about their research. In a recent article on art and generative AI, author Ted Chiang put it this way: “Using ChatGPT to complete assignments is like bringing a forklift into the weight room; you will never improve your cognitive fitness that way.” Chiang also notes that the hundreds of small choices we make as writers are just as important as the initial conception. Chiang is a writer of fiction, but the logic applies equally to scholarly writing. Decisions regarding syntax, vocabulary, and other elements of style imbue a text with meaning nearly as much as the underlying research.

Generative AI is, in some ways, a democratizing tool. Many of my students were non-native speakers of English. Their writing frequently contained grammatical errors. Generative AI is effective at correcting grammar. However, the technology often changes vocabulary and alters meaning even when the only prompt is “fix the grammar.” My students lacked the skills to identify and correct subtle shifts in meaning. I could not convince them of the need for stylistic consistency or the need to develop voices as research writers.

The problem was not recognizing AI-generated or AI-revised text. At the start of every semester, I had students write in class. With that baseline sample as a point of comparison, it was easy for me to distinguish between my students’ writing and text generated by ChatGPT. I am also familiar with AI detectors, which purport to indicate whether something has been generated by AI. These detectors, however, are faulty. AI-assisted writing is easy to identify but hard to prove.

As a result, I found myself spending many hours grading writing that I knew was generated by AI. I noted where arguments were unsound. I pointed to weaknesses such as stylistic quirks that I knew to be common to ChatGPT (I noticed a sudden surge of phrases such as “delves into”).  That is, I found myself spending more time giving feedback to AI than to my students.

So I quit.

The best educators will adapt to AI. In some ways, the changes will be positive. Teachers must move away from mechanical activities or assigning simple summaries. They will find ways to encourage students to think critically and learn that writing is a way of generating ideas, revealing contradictions, and clarifying methodologies.

However, those lessons require that students be willing to sit with the temporary discomfort of not knowing. Students must learn to move forward with faith in their own cognitive abilities as they write and revise their way into clarity. With few exceptions, my students were not willing to enter those uncomfortable spaces or remain there long enough to discover the revelatory power of writing.
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October 2, 6:02 PM
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Ganhadoras do Nobel de Química por técnica de edição genética pedem cancelamento de duas patentes | Ciência e Saúde

Ganhadoras do Nobel de Química por técnica de edição genética pedem cancelamento de duas patentes | Ciência e Saúde | Inovação Educacional | Scoop.it
A técnica de edição genética CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats ou Conjunto de Repetições Palindrômicas Curtas Regularmente Espaçadas, em tradução para o português) permite alterar o DNA de organismos, como animais, plantas e microrganismos.

Esse sistema foi descoberto em 1993. Alguns anos depois, as cientistas Emanuelle Charpentier e Jennifer Doudna identificaram como ele funciona em outras células, inclusive humanas, e como usá-lo. Por este trabalho, em 2020, receberam o Prêmio Nobel de Química.

Mas, agora, em uma reviravolta surpreendente, a dupla está pedindo o cancelamento de duas de suas próprias patentes seminais, segundo informações da MIT Technology Review.

A decisão pelo cancelamento se deu após o parecer negativo de um conselho europeu de apelações técnicas, que dizia que o pedido de patente da dupla não explicava o CRISPR bem o suficiente para que outros cientistas o utilizassem e não conta como uma invenção adequada.

O órgão decidiu que foi omitido um detalhe-chave no primeiro pedido de patente, fazendo com que nenhum outro médico conseguisse replicar o método - e que, portanto, o CRISPR não seria uma invenção real.

Essa omissão está relacionada a uma característica das moléculas de DNA chamadas “protospacer adjacente motifs” (PAMs).


A era da medicina genômica com Crispr chegou — Foto: Época Negócios
Os advogados de Emanuelle Charpentier e Jennifer Doudna informaram que o parecer é errado e injusto e que eles não têm escolha a não ser fazer o cancelamento preventivo. Dessa maneira, evitam que uma avaliação negativa feita por um conselho europeu fique registratada junto com o pedido, e assumem o controle sobre sua invenção.


Sobre a omissão das PAMs, elas complementaram que não havia realmente necessidade de mencionar, por ser algo tão óbvio que “até mesmo estudantes de graduação” saberiam.

“Eles estão tentando evitar a decisão fugindo dela”, comentou Christoph Then, fundador da Testbiotech, organização sem fins lucrativos alemã que está entre as que se opõem às patentes. “Achamos que essas são algumas das primeiras patentes e a base de suas licenças”, acrescentou em entrevista à MIT Technology Review.
As cientistas ganhadoras do Nobel ainda compartilham uma patente CRISPR emitida na Europa e uma que está pendente.

Descoberta do século
Por volta de uma década, tem ocorrido uma verdadeira batalha pelo controle comercial do CRISPR, considerada a maior descoberta biotecnológica do século. A disputa coloca principalmente Charpentier e Doudna contra Feng Zhang, pesquisador do Broad Institute do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT, na sigla em inglês) e Universidade de Harvard – ele afirma ter inventado a técnica sozinho.

O cancelamento das patentes, afetará uma ampla rede de empresas de biotecnologia que compraram e venderam direitos na tentativa de obter exclusividade comercial para novos tratamentos médicos ou o que é chamado de “liberdade de operação” (direito de prosseguir com a pesquisa de fatiamento de genes sem ser incomodado por dúvidas sobre quem realmente detém a técnica).

Dentre essas empresas estão a Editas Medicine, aliada ao Broad Institute; a Caribou Biosciences, a Intellia Therapeuticsas, a Charpentier, a CRISPR Therapeutics e a ERS Genomics.
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October 2, 5:59 PM
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Implante cerebral da Neuralink que promete devolver a visão a cegos recebe autorização para iniciar testes | Ciência e Saúde

Implante cerebral da Neuralink que promete devolver a visão a cegos recebe autorização para iniciar testes | Ciência e Saúde | Inovação Educacional | Scoop.it
Aprovação foi concedida pela FDA, entidade responsável pela aprovação de procedimentos médicos e remédios nos EUA
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October 2, 5:54 PM
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Adultos rastreando os pais: uma nova dinâmica de controle familiar

Adultos rastreando os pais: uma nova dinâmica de controle familiar | Inovação Educacional | Scoop.it
Aplicativos de rastreamento, como Find My e Life360, transformam a relação entre pais e filhos, com gerações mais jovens monitorando a segurança dos mais velhos.
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October 2, 5:51 PM
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Entrevista: ‘Começamos a construir um Pé-de-Meia para o universitário’, diz ministro da Educação

Entrevista: ‘Começamos a construir um Pé-de-Meia para o universitário’, diz ministro da Educação | Inovação Educacional | Scoop.it
Camilo Santana adiantou que o programa será nos mesmos moldes da iniciativa já lançada para o ensino médio
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October 2, 5:44 PM
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Inteligência Artificial na Educação Explorada no Fórum de Educação Askwith

O primeiro Fórum Askwith Education do ano acadêmico de 2024–25 abordou um dos tópicos mais importantes da educação: a rápida ascensão da inteligência artificial generativa (IA) e seu impacto na sala de aula.

Uma multidão lotou o Askwith Hall na quinta-feira enquanto as principais vozes dos mundos empresarial, político e de pesquisa debatiam os impactos e mudanças que os grandes modelos de linguagem (LLMs) e a IA generativa tiveram na educação, à medida que ferramentas como o ChatGPT alteram o cenário de aprendizagem.



O evento começou com breves apresentações de três palestrantes ilustres — Professor Assistente da HGSE Ying Xu , Secretário Assistente de Planejamento, Avaliação e Desenvolvimento de Políticas do Departamento de Educação dos EUA Roberto Rodriguez, e Marta McAlister, que trabalha em Estratégia e Operações no Google for Education. Os três então se juntaram ao Reitor Acadêmico Martin West em uma conversa sobre suas apresentações e, mais tarde, responderam a uma série de perguntas do público.

Embora os três painelistas trabalhem e vejam o desenvolvimento da inteligência artificial por meio de lentes diferentes, eles concordaram em vários pontos sobre sua implementação, incluindo que os professores devem se beneficiar — e não ser substituídos — pela IA; e que as políticas e decisões tomadas agora, enquanto a tecnologia continua a evoluir, impactarão quem terá acesso a essas ferramentas e quanto benefício — ou dano — elas podem causar.

“A IA já está moldando o futuro da educação de maneiras que todos os envolvidos no setor, de formuladores de políticas e líderes a professores, alunos e pais, precisam entender”, disse West, apresentando o painel para iniciar o evento. “As tecnologias não moldam o futuro da educação por si mesmas. Em vez disso, seu impacto é mediado por como os humanos em várias funções respondem.”

Rodriguez apresentou orientações do Departamento de Educação sobre IA , incluindo sua documentação sobre IA e o Futuro do Ensino e Aprendizagem, que foi tornada pública em maio de 2023. McAlister detalhou algumas das ferramentas de IA específicas para educação que o Google está desenvolvendo e como elas podem ajudar a economizar tempo dos professores, ao mesmo tempo em que permitem que os alunos "visualizem seus sonhos" e trabalhem de forma criativa.

Xu, enquanto isso, destacou sua própria pesquisa em aprendizado assistido por IA e coleta de dados, junto com algumas maneiras potenciais pelas quais comunidades de aprendizagem podem ser deixadas para trás se o preconceito e a desigualdade não forem abordados no desenvolvimento dessas ferramentas de IA. Acima de tudo, ela enfatizou que a inteligência artificial é uma ferramenta que, quando usada corretamente, pode trazer mudanças positivas ao cenário educacional.

“Nem a IA nem outras tecnologias podem substituir salas de aula, educadores e as conexões humanas que realmente cultivam o aprendizado e o desenvolvimento dos alunos”, disse Xu, que se juntou ao corpo docente da Ed School no início deste ano. “A verdadeira questão não é quem ou o que a IA pode substituir, mas como podemos alavancar outros recursos que temos. Então, precisamos encontrar uma maneira de usar a IA para amplificar os benefícios que cada elemento neste ecossistema de aprendizagem traz aos alunos.”
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