Conheça a curiosa trajetória da Associação Cristã de Moços (ACM) — YMCA, na sigla em inglês — fundada em 1844 em Londres, e que se espalhou por 120 países.
O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa? Luciano Sathler É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática. Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing. O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais. Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho. A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados. A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar. No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes. Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador". Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante. Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos. Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano. O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.
Se várias vezes as escolhas do Comitê do Nobel costumam ser classificadas como desconectadas de seu tempo, o anúncio dos laureados com o prêmio de Física deste ano vai em direção oposta, jogando luz em um debate contemporâneo: os potenciais e riscos da inteligência artificial para a humanidade. O prêmio foi concedido a John Hopfield, de 91 anos, da Universidade de Princeton (EUA), e Geoffrey Hinton, 76 anos, da Universidade de Toronto (Canadá), por seu trabalho pioneiro no campo das redes neurais artificiais e do ‘machine learning’. Em maio do ano passado, Hinton pediu demissão de um alto cargo no Google e, em entrevista ao jornal americano The New York Times, denunciou o perigo das novas tecnologias em desenvolvimento., que ele mesmo ajudou a criar. Em 2018, Hinton e outros dois colaboradores de longa data receberam o prêmio Turing, frequentemente chamado de “Nobel da computação”, por seu trabalho em redes neurais. Em entrevista na manhã desta terça-feira, 8, concedida logo após o anúncio do prêmio, Hinton afirmou que a transformação imposta pela IA nos próximos anos será comparável à da Revolução Industrial, no século 19. “Mas, em vez de superar as pessoas na força física, vai superar as pessoas na força intelectual”, afirmou. “Não temos experiência de conviver com coisas mais inteligentes do que nós”, disse Hinton na entrevista. “E vai ser maravilhoso em muitos aspectos, vai nos dar um atendimento médico melhor; tornar quase todos os campos mais eficientes. Com um assistente de IA, as pessoas conseguirão executar o mesmo volume de trabalho em muito menos tempo”, acrescentou. “Isso vai trazer aumentos brutais na produtividade. Mas também temos de nos preocupar com uma série de possíveis consequências ruins, particularmente com a ameaça de que essas coisas saiam do controle”, continuou o pesquisador. Um jornalista presente lembrou da entrevista de Hinton ao The New York Times, em que ele admitia se arrepender de certos aspectos de seus trabalhos diante dos riscos a médio e longo prazo. “Há dois tipos de arrependimento”, explicou. “Há o arrependimento que sentimos quando fazemos algo que sabíamos que não deveríamos fazer. E há aquele arrependimento de algo que fazemos em certas circunstâncias e que pode acabar não terminando bem. Meu arrependimento é desse segundo tipo. Nas mesmas circunstâncias, eu faria o mesmo de novo, mas estou preocupado com as consequências, possibilidade de termos sistemas mais inteligentes do que nós e que assumam o controle.”
Desde o início dos anos 1990, testemunhei a evolução da internet, transformando-se de uma ferramenta experimental para o alicerce da economia global. As primeiras empresas dotcom enfrentaram ceticismo significativo de bancos e investidores, que viam a internet como uma moda passageira, incapaz de impactar profundamente os negócios. No entanto, a internet prosperou e remodelou indústrias inteiras, tornando-se vital em nossas vidas e em todos os setores da economia. No final dos anos 1990, a bolha das dotcoms cresceu rapidamente, com startups captando milhões de dólares em investimentos, muitas vezes com modelos de negócios incertos. Quando a bolha estourou em 2000, muitos declararam o fim do sonho da internet. Mas, como previu Rizwan Ali, ex-diretor de grandes bancos: “A internet entregará de 1.000 a 10.000 vezes mais do que o mais otimista empreendedor dotcom jamais sonhou”. Ele estava certo. Após a correção, a internet amadureceu, tornando-se a base da economia digital moderna. Hoje, estamos em um momento similar com a Inteligência Artificial (IA). Esta tecnologia promete transformar não apenas negócios específicos, mas reconfigurar toda a estrutura da sociedade e da economia, em uma escala que supera a própria internet. Executivos como Sundar Pichai (Google) e Jensen Huang (Nvidia) têm afirmado que a IA será a próxima grande onda transformadora. Pichai declarou: “Com o tempo, a Inteligência Artificial será a maior mudança tecnológica de nossas vidas. Maior que a transição do desktop para o mobile, e talvez maior que a própria internet”. Essa afirmação, embora audaciosa, é respaldada pelo impacto crescente da IA. A Nvidia, uma líder no desenvolvimento de IA, tornou-se uma das empresas mais valiosas do mundo. No entanto, após a divulgação dos resultados financeiros do segundo trimestre de 2024, as ações da Nvidia sofreram volatilidade, ilustrando que o mercado ainda ajusta suas expectativas sobre o verdadeiro valor da IA. Essa volatilidade marca não o fim, mas o início de um novo capítulo na revolução da IA. Estamos entrando na Fase II dessa evolução tecnológica, na qual seu verdadeiro potencial começará a ser concretizado. A IA já está impactando diversos setores de maneira significativa. Um exemplo é o arquiteto de sistemas britânico Joe Perkins, que utilizou o modelo GPT-4 para um projeto de desenvolvimento. Um programador experiente cobraria US$ 6.000 e levaria duas semanas para entregar o projeto; o GPT-4 concluiu a tarefa em três horas, a um custo de apenas 11 centavos de dólar. Esse exemplo demonstra a eficiência e a capacidade transformadora da IA, reduzindo custos e aumentando a produtividade. As projeções para o mercado global de IA são impressionantes. Estima-se que ele atinja US$ 260 bilhões até 2024 e possa chegar a US$ 47 trilhões até 2033, segundo a Dimension Market Research. A Goldman Sachs prevê que a IA contribuirá com um aumento de 1% no crescimento do PIB dos Estados Unidos em 2027, acelerando para 4% em 2034. Além disso, a PwC estima que a IA pode adicionar mais de US$ 15 trilhões à economia global até 2030. Esses números evidenciam uma tendência clara: a IA está se tornando um motor central do crescimento econômico, com potencial para transformar setores e criar novas oportunidades de negócios. Os avanços da IA também estão impulsionando uma mudança significativa na maneira como as empresas operam. Segundo o MIT Sloan Management, nove em cada dez organizações acreditam que a IA lhes trará vantagens competitivas. Mais da metade das empresas globais já utiliza alguma forma de aprendizado de máquina ou IA, de acordo com a O’Reilly. No setor de saúde, dois em cada cinco médicos já utilizam sistemas computacionais para apoiar diagnósticos, conforme dados da Gartner. Esses exemplos demonstram que a IA não é apenas uma tendência passageira, mas uma tecnologia com aplicações práticas e benefícios tangíveis. Enquanto a internet nos conectou e nos deu acesso a um vasto oceano de informações, a IA promete transformar a forma como utilizamos esse conhecimento, tornando processos mais eficientes, decisões mais informadas e abrindo novas fronteiras para a inovação É importante, porém, reconhecer que a IA ainda é uma tecnologia em evolução. Ela depende do input humano e não é inteiramente autônoma. A IA é um subconjunto do aprendizado de máquina, em que os dados fornecem feedback à máquina, permitindo que ela aprenda com seus erros e se torne mais eficiente. Essa capacidade de autotransformação diferencia a IA de tecnologias anteriores. Sua real inovação reside na habilidade de se corrigir e aprimorar continuamente, tornando-se uma ferramenta poderosa para resolver problemas complexos com maior rapidez e precisão. Além do impacto direto nos negócios, a IA está redefinindo a inovação e a eficiência. Uma área de grande promessa é a IA generativa, que utiliza modelos como o GPT para criar conteúdo e resolver problemas de forma autônoma. Outra tendência significativa é o uso da IA em Computação de Borda (Edge Computing), no qual a IA é instalada diretamente nos dispositivos para processar dados em tempo real, reduzindo a latência e permitindo respostas mais rápidas e eficientes. Isso é crucial em ambientes onde a velocidade de processamento é vital, como na indústria automotiva e na saúde. A IA também está desempenhando um papel fundamental na cibersegurança, ajudando a detectar e responder a ameaças de forma mais eficaz. Com a crescente integração com a Internet das Coisas (IoT), a IA está sendo amplamente utilizada para analisar dados de dispositivos conectados, melhorando a eficiência operacional e a tomada de decisões. Essa integração impulsiona a próxima onda de transformação digital, onde a IA e a IoT trabalharão juntas para criar sistemas inteligentes e autônomos, aumentando a eficiência e reduzindo custos. Diante deste cenário, a conclusão é clara: estamos à beira de uma nova era, na qual a IA será uma força motriz que irá redefinir a economia e a sociedade. Assim como a internet, a IA está prestes a remodelar nosso mundo de maneiras que ainda mal podemos imaginar. Enquanto a internet nos conectou e nos deu acesso a um vasto oceano de informações, a IA promete transformar a forma como utilizamos esse conhecimento, tornando processos mais eficientes, decisões mais informadas e abrindo novas fronteiras para a inovação. A IA representa não apenas a próxima fase da revolução digital, mas um salto qualitativo em como interagimos com a tecnologia. Ela promete não apenas transformar setores, mas reconfigurar toda a economia global, acelerando a inovação e possibilitando uma nova era de crescimento. Aqueles que aproveitarem essa onda estarão na vanguarda da próxima grande transformação, assim como aqueles que abraçaram a internet nas últimas décadas. A era da IA não está chegando; ela já está aqui. Seu impacto será, sem dúvida, maior do que qualquer coisa que já experimentamos.
Há uma percepção renitente, principalmente entre cérebros ultraliberais, de que os programas sociais de transferência de renda condenam as famílias à eterna pobreza. O Bolsa Família, segundo essas teorias, serviria para criar preguiçosos que desistem de procurar trabalho nas regiões mais pobres, o que teria impacto negativo na atividade econômica regional. Artigo publicado em setembro na Carta Econômica do Federal Reserve (Fed) de San Francisco contraria essa percepção. Baseia-se em estudo realizado por cinco economistas internacionais*, sob o título “O Impacto Macroeconômico das Transferências de Renda no Brasil”. A novidade do estudo, feito a partir de dados de 2004 a 2019, é que aborda em especial os efeitos potencialmente grandes e positivos do Bolsa Família na economia regional brasileira. E o resultado indica que o impacto é muito maior nas regiões mais pobres, porque os beneficiários do programa tendem a gastar seus recursos na compra de bens e serviços locais.
Os professores podem usar IA generativa de várias maneiras. Eles podem usá-la para desenvolver planos de aula e questionários. Ou os professores podem confiar em uma ferramenta de IA generativa, como o ChatGPT, para obter insights sobre como ensinar um conceito de forma mais eficaz. Em nossa nova pesquisa , apenas os professores que fizeram ambas as coisas relataram sentir que estavam fazendo mais. Eles também nos disseram que seu ensino era mais eficaz com IA. Ao longo do ano letivo de 2023-2024, acompanhamos 24 professores em escolas de ensino fundamental e médio nos Estados Unidos enquanto eles lutavam para decidir se e como usar IA generativa em seu trabalho. Demos a eles uma sessão de treinamento padrão sobre IA generativa no outono de 2023. Em seguida, conduzimos várias observações, entrevistas e pesquisas ao longo do ano. Descobrimos que os professores se sentiam mais produtivos e eficazes com a IA generativa quando recorriam a ela para obter conselhos. Os métodos padrão para ensinar padrões estaduais que funcionam para um aluno, ou em um ano letivo, podem não funcionar tão bem em outro. Os professores podem ficar presos e precisar tentar uma abordagem diferente. A IA generativa, ao que parece, pode ser uma fonte de ideias para essas abordagens alternativas. Conhecimento aprofundado, toda a semana na sua caixa postal. Assine a nossa newsletter Enquanto muitos focam nos benefícios de produtividade de como a IA generativa pode ajudar os professores a fazerem testes ou atividades mais rápido, nosso estudo aponta para algo diferente. Os professores se sentem mais produtivos e eficazes quando seus alunos estão aprendendo, e a IA generativa parece ajudar alguns professores a obter novas ideias sobre como avançar o aprendizado dos alunos. Por que isso importa O ensino K-12 exige criatividade , particularmente quando se trata de tarefas como planos de aula ou como integrar tecnologia na sala de aula. Os professores estão sob pressão para trabalhar rapidamente, no entanto, porque eles têm muitas coisas para fazer, como preparar materiais de ensino, reunir-se com os pais e avaliar o trabalho escolar dos alunos. Os professores não têm tempo suficiente todos os dias para fazer todo o trabalho que precisam. Sabemos que essa pressão muitas vezes dificulta a criatividade . Isso pode fazer com que os professores se sintam presos. Algumas pessoas, em particular especialistas em IA, veem a IA generativa como uma solução para esse problema ; a IA generativa está sempre de plantão, trabalha rapidamente e nunca se cansa. No entanto, essa visão pressupõe que os professores saberão como usar a IA generativa de forma eficaz para obter as soluções que estão buscando. Nossa pesquisa revela que, para muitos professores, o tempo que leva para obter uma saída satisfatória da tecnologia — e revisá-la para atender às suas necessidades — não é menor do que o tempo que levaria para criar os materiais do zero por conta própria. É por isso que usar a IA generativa para criar materiais não é suficiente para fazer mais. Ao entender como os professores podem usar IA generativa de forma eficaz para aconselhamento, as escolas podem tomar decisões mais informadas sobre como investir em IA para seus professores e como dar suporte aos professores no uso dessas novas ferramentas. Além disso, isso retorna aos cientistas que criam ferramentas de IA, que podem tomar melhores decisões sobre como projetar esses sistemas. O que ainda não se sabe Muitos professores enfrentam obstáculos que os impedem de ver os benefícios de ferramentas de IA generativas, como o ChatGPT. Esses benefícios incluem a capacidade de criar materiais melhores mais rapidamente. Os professores com quem conversamos, no entanto, eram todos novos usuários da tecnologia. Professores que estão mais familiarizados com maneiras de estimular a IA generativa — nós os chamamos de “usuários avançados” — podem ter outras maneiras de interagir com a tecnologia que não vimos. Também ainda não sabemos exatamente por que alguns professores deixam de ser novos usuários para se tornarem usuários proficientes, mas outros não.
NBC News' Gadi Schwartz traveled to Austin, Texas, where a private school is conducting an educational experiment that uses artificial intelligence to handle teaching.
O documentário “Uma Escola para as Adolescências”, produzido pelo Ministério da Educação (MEC) e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), discute os desafios enfrentados pelos adolescentes nessa etapa do desenvolvimento humano e os reflexos na vida escolar. Além disso, ele discute como o Ministério da Educação, redes de ensino e escolas têm atuado pela melhoria da qualidade dos anos finais do ensino fundamental. Além da participação de diversas instituições, a produção contou com a contribuição de educadores e especialistas em adolescências. O documentário apresenta o processo de construção do Programa Escola das Adolescências, a partir de um amplo diagnóstico nacional, da Semana da Escuta das Adolescências nas Escolas, construída junto às redes de ensino para evidenciar a importância de escutar os estudantes, além de considerar as suas vozes tanto no diagnóstico dos problemas quanto na construção de soluções para a melhoria das escolas dos anos finais.
No dia 10 de outubro, será lançado o livro "Educação não Presencial: polêmicas e controvérsias”, no Museu da Escola Catarinense (Mesc), em Florianópolis, às 17h. Com apoio da Fundação de Estudos Superiores de Administração e Gerência (Fesag), o evento contará com distribuição gratuita da obra e será aberto ao público.
A explosão da inteligência artificial traz muitos benefícios e desafios para as crianças que interagem com ela, especialmente em contextos educacionais e sociais.
“A grande questão é se as crianças podem se beneficiar dessas interações de IA de uma forma semelhante a como se beneficiam da interação com outras pessoas”, diz Ying Xu , professor assistente na Harvard Graduate School of Education. “Então, se falarmos sobre aprendizado primeiro, minha pesquisa, junto com a de muitos outros, mostra que as crianças podem realmente aprender efetivamente com IA, desde que a IA seja projetada com princípios de aprendizado em mente.”
Por exemplo, companheiros de IA que fazem perguntas durante atividades como leitura podem melhorar a compreensão e o vocabulário das crianças, diz Xu. No entanto, ela enfatiza que, embora a IA possa simular algumas interações educacionais, ela não pode replicar totalmente o envolvimento mais profundo e a construção de relacionamentos que vêm da interação humana, particularmente quando se trata de perguntas de acompanhamento ou conversas personalizadas que são importantes para o desenvolvimento da linguagem e social.
“Há a empolgação de que a IA tem o potencial para aprendizado personalizado e para ajudar os alunos a desenvolver habilidades para esta sociedade movida pela IA. Mas, como muitos de vocês, compartilho as mesmas preocupações sobre a perspectiva disso, o que chamamos de 'geração IA'”, diz ela. “Há tantas perguntas, ainda não temos respostas. Quando falamos sobre a capacidade das crianças de realmente encontrar respostas e aprender por conta própria, e usar 'ei' para comandar ou ativar a IA faz as crianças se esquecerem da educação. E talvez o mais preocupante para muitas pessoas seja se as crianças se tornariam mais apegadas à IA do que às pessoas ao seu redor.”
Neste episódio do EdCast, Xu compartilha o que sabemos até agora sobre como a IA impacta o desenvolvimento das crianças e a importância da alfabetização em IA, onde as crianças são ensinadas a entender as limitações e a potencial desinformação da IA, bem como a necessidade de desenvolvedores e educadores promoverem a avaliação crítica do conteúdo gerado pela IA.
Transcrição JILL ANDERSON: Eu sou Jill Anderson. Este é o Harvard EdCast. [MÚSICA TOCANDO]
Ying Xu sabe que a inteligência artificial está remodelando a vida das crianças. Seja pedindo para Siri resolver um problema de matemática ou fazendo Alexa tocar uma música favorita, a IA está em todo lugar e está transformando a maneira como as crianças aprendem, se envolvem e até mesmo se socializam. Parte do trabalho de Xu é estudar como essa nova tecnologia influencia o desenvolvimento acadêmico e social das crianças.
Ela tem muita percepção sobre como a IA pode ser usada para dar suporte ao aprendizado e os desafios que ela cria para o comportamento social. Mas ela também insiste que educadores e pais podem orientar as interações de IA das crianças de maneiras que promovam o pensamento crítico e limites saudáveis. Eu queria entender melhor os riscos e benefícios de criar uma geração experiente em IA. Primeiro, perguntei a ela o quanto sabemos sobre o impacto da IA no desenvolvimento das crianças.
YING XU: Na verdade, é muito importante pensar primeiro sobre o que impulsiona o desenvolvimento das crianças. É obviamente um processo muito complicado. Mas um fator-chave são as interações sociais das crianças com os outros — normalmente com as pessoas ao redor delas, como pais, professores e colegas.
Mas com a ascensão da IA, as crianças agora têm um novo tipo de interação — uma com agentes de IA como Siri, Alexa ou ChatGPT. Então a grande questão é se as crianças podem se beneficiar dessas interações de IA de uma forma semelhante a como elas se beneficiam da interação com outras pessoas. Então, se falamos sobre aprendizado primeiro, minha pesquisa, junto com a de muitas outras, mostra que as crianças podem realmente aprender efetivamente com IA, desde que a IA seja projetada com princípios de aprendizado em mente.
Por exemplo, nos últimos anos, desenvolvi e testei companheiros de IA que envolvem crianças durante atividades como ler livros, assistir televisão e contar histórias. Para dar uma ideia mais precisa de como isso funciona, imagine uma criança lendo um livro ilustrado com seus pais. E em meus estudos, um alto-falante inteligente entra em cena para simular esse papel, lendo a história em voz alta e parando para fazer perguntas. Perguntas como os problemas que os personagens estão enfrentando, como os personagens se sentem, então o que a criança acha que vai acontecer a seguir. E a IA ouve a resposta da criança e oferece pequenas dicas, assim como um cuidador ou um professor faria se a criança precisasse de ajuda.
Então o que descobrimos é que crianças que se envolvem nesse tipo de diálogo interativo com IA compreendem melhor as histórias e aprendem mais vocabulário, em comparação com aquelas que apenas ouvem as histórias passivamente. E em alguns casos, os ganhos de aprendizagem da interação com IA foram até comparáveis aos das interações humanas. Tenho uma ressalva aqui. Então, mesmo que estudos mostrem benefícios de aprendizagem com IA, é importante lembrar que a IA não pode realmente replicar totalmente os benefícios únicos de conversas reais com outras pessoas.
JILL ANDERSON: Certo.
YING XU: Só um exemplo. Em meus estudos, enquanto as crianças eram bastante falantes com IA, elas eram ainda mais engajadas quando falavam com um humano.
JILL ANDERSON: Sim.
YING XU: E quando as crianças falam com um humano, elas têm mais probabilidade de conduzir a conversa, fazer perguntas complementares e compartilhar seus próprios pensamentos. E todos esses são elementos importantes que são críticos para o desenvolvimento da linguagem. E esses tipos de aspectos da conversação conduzidos por crianças são onde a IA ainda fica aquém.
Então, outro aspecto muito importante da pesquisa é observar como as crianças percebem a IA, como elas se sentem sobre suas interações com a IA. Crianças mais novas podem inicialmente tratar a IA como humana. Mas muitas delas também reconhecem que a IA pode parecer, falar ou agir como uma pessoa, mas a IA na verdade não tem experiências compartilhadas e empatia genuína. E a parte importante é que os alunos prosperam quando se envolvem com alguém com quem podem se relacionar, e também alguém que pode se relacionar com eles. Então, como é incerto se a IA pode formar esse tipo de conexão profunda com as crianças, devemos ser muito cautelosos sobre usar a IA como uma fonte de companheirismo.
JILL ANDERSON: Certo.
YING XU: Porque, afinal, conversas não são apenas sobre troca de informações. É sobre construir relacionamentos, e esses aspectos são muito cruciais para o desenvolvimento das crianças.
JILL ANDERSON: Na sua pesquisa, você está observando crianças relativamente mais novas, correto?
YING XU: Certo. Então, eu foco principalmente em crianças da pré-escola até o ensino fundamental.
JILL ANDERSON: É interessante, porque penso na IA como algo que realmente explodiu nos últimos dois anos. E suspeito que muito disso tenha a ver com o ChatGPT surgindo, e ele está se tornando enorme em um período relativamente curto de tempo. Mas a realidade é que você mencionou algumas coisas como Siri e até Alexa, coisas assim. As crianças têm interagido com essas ferramentas de IA há muito tempo. Existem outras maneiras comuns de crianças pequenas interagirem com IA?
YING XU: Sim, você está absolutamente certo de que a IA faz parte da vida das crianças muito antes do ChatGPT se tornar popular, há apenas alguns anos. Então, na verdade, a IA é mais prevalente do que a maioria das crianças, ou mesmo nós, percebemos.
JILL ANDERSON: Sim.
YING XU: Um ótimo exemplo é o sistema de recomendação automática do YouTube. Seus algoritmos de IA sugerem os próximos vídeos a serem reproduzidos, com base no histórico de visualização de uma criança. Então, isso é o que eu chamaria de uma maneira oculta, ou despercebida, de as crianças interagirem com a IA.
Então, há outro tipo de interação de IA que é o envolvimento direto das crianças com agentes de IA, e isso está atualmente no centro do debate acalorado em andamento. Então, o motivo mais comum para as crianças interagirem com agentes de IA é fazer perguntas e buscar informações. Então, há muitos tipos diferentes de perguntas que os alunos fazem à IA. Algumas crianças fazem perguntas motivadas pela curiosidade, como "o que há dentro de um vulcão?"
JILL ANDERSON: Certo.
YING XU: E outras crianças usam IA para ajudar com a lição de casa, "como você resolveria esse problema de matemática?" Ou solicitam informações práticas, como receitas ou o clima de hoje. Na verdade, vejo isso como uma área em que a IA pode ter um impacto positivo nas crianças, porque ampliou significativamente o acesso das crianças ao conhecimento e à informação. No entanto, um fator crítico é que as crianças devem ser capazes de se envolver criticamente com as informações e estar cientes do potencial de desinformação ou informação errada.
JILL ANDERSON: Voltaremos a esse envolvimento crítico em alguns minutos. Mas eu penso sobre isso, e eu tenho uma criança em idade escolar que ama todas essas ferramentas de IA, acha que elas são fenomenais e divertidas. E, como você mencionou, adora fazer perguntas a essas coisas. Eu tinha o ChatGPT aberto no meu computador um dia, e eles ficaram incrivelmente fascinados pela ideia de que poderiam fazer uma pergunta.
YING XU: Sim, eu poderia responder a isso. Então, eu tenho dois filhos, e eles são, na verdade, grandes usuários de agentes de IA agora. Então, eu vi muitos casos deles fazendo perguntas. E também como eles se sentem surpresos, mas também intrigados pela capacidade da IA de gerar uma resposta inteligente similar às suas perguntas.
JILL ANDERSON: Você já mencionou um pouco sobre como sabemos que isso pode ser um pouco benéfico para o aprendizado, porque é melhor do que uma criança simplesmente fazer algo sozinha. Há alguma interação aí, que parece haver alguma resposta positiva. Mas não é o mesmo que um humano, obviamente. E então eu estou pensando, e as implicações no desenvolvimento social?
YING XU: Então, há muito que poderíamos dizer sobre como a IA pode impactar o desenvolvimento social das crianças. E uma área é a etiqueta social, dizer "obrigado", "com licença" e coisas assim. As crianças aprendem etiqueta social por meio de interações com outras pessoas que modelam os comportamentos socialmente apropriados. Mas a IA nem sempre segue nossas normas sociais ou incentiva o uso de linguagem educada. Então, observamos casos em que as crianças fazem exigências ou até mesmo insultam a IA.
[RISADA]
E a preocupação é que esses comportamentos seriam transferidos para as interações da vida real das crianças com as pessoas. Então, na verdade, ainda não temos evidências conclusivas para isso, mas há algumas evidências sugerindo que as crianças podem adquirir hábitos linguísticos de suas conversas com IA e usar essa linguagem posteriormente quando interagem com outras pessoas. No entanto, ainda não se sabe se as crianças estão fazendo isso por brincadeira porque é divertido e bobo, ou se reflete uma mudança real no comportamento.
De qualquer forma, é uma preocupação o suficiente para que as empresas de tecnologia tenham começado a implementar estratégias para evitar que a IA diminua a polidez das crianças. Por exemplo, o Echo Dot da Amazon introduziu um "modo educado", onde se uma criança disser "por favor" ao fazer uma pergunta, a Alexa responderá com "obrigada por perguntar tão gentilmente". Então, pode ser um passo na direção certa. Mas também representa um risco de obscurecer, da perspectiva das crianças, os limites entre a IA e os humanos.
JILL ANDERSON: Isso é realmente fascinante. Você teve alguma ideia adicional sobre as implicações no aprendizado acadêmico?
YING XU: Sim. Então, para o aprendizado acadêmico, quando as crianças recorrem à IA como o ChatGPT para obter ajuda com dever de casa e tarefas, a questão-chave é: elas estão realmente se envolvendo no processo de aprendizado ou estão ignorando-o ao obter uma resposta fácil da IA? Na verdade, temos evidências bastante robustas sugerindo que o acesso a ferramentas de IA pode melhorar o desempenho dos alunos nas tarefas. Então, por exemplo, ao escrever uma redação, os alunos que usam o ChatGPT como assistente tendem a produzir redações de maior qualidade. No entanto, a questão aqui é: os alunos ainda podem escrever redações melhores quando não têm mais acesso ao ChatGPT?
JILL ANDERSON: Hum.
YING XU: Então, esse é o foco de muitos estudos atuais. Um tema emergente sugere que se a IA for projetada como uma ferramenta de andaime para orientar as crianças no desenvolvimento de suas habilidades de escrita, em vez de simplesmente fornecer respostas diretas, ela pode ter um impacto mais duradouro no aprendizado. Mas ainda há a questão de quanto andaime a IA deve fornecer. Às vezes, não é necessariamente algo ruim para os alunos que ficam presos em um problema e trabalham nele por um longo período. Esse é um tipo de luta que queríamos chamar de "luta produtiva". É útil para o aprendizado, pois cria espaço e tempo para os alunos construírem seu próprio entendimento. Então, para estudos futuros, o que realmente queríamos pensar é o impacto de ferramentas como o ChatGPT. Como elas devem ir além do foco em melhorias de desempenho de curto prazo para perguntar se o ChatGPT pode promover um aprendizado mais profundo e de longo prazo.
JILL ANDERSON: Hm. O que sabemos sobre a capacidade das crianças de avaliar informações que recebem da IA?
YING XU: Essa é uma ótima pergunta. Acho que até mesmo adultos estão tendo problemas para avaliar informações geradas por IA. Então, as crianças realmente encontram uma grande quantidade de informações todos os dias, e não é apenas um problema de IA.
Desde o surgimento da internet e das mídias sociais algumas décadas atrás, as crianças têm enfrentado cada vez mais desafios para avaliar fontes de informação confiáveis. Mas a IA generativa e o ChatGPT na verdade tornam as coisas um pouco mais complicadas. Então, se você pensar sobre quando você pesquisa no Google, você obtém uma ampla gama de fontes com citações, certo? Mas com o ChatGPT ou IA generativa, ele combina e remixa tudo para você. Você realmente não consegue dizer de onde a informação vem.
Então, essa falta de transparência pode, às vezes, desencorajar as crianças a questionar a credibilidade das informações. E, além disso, se você pensar em como você interage com o ChatGPT, ele apresenta informações em um estilo de conversação, muito parecido com a forma como os humanos se comunicam, o que pode confundir a linha entre o conhecimento humano e o conteúdo gerado por máquinas.
Então, como as crianças realmente avaliam informações da IA? Na verdade, ainda não há muitos estudos sobre isso. Mas podemos obter alguns insights de pesquisas que exploraram a confiança das crianças em robôs — particularmente aqueles que também podiam falar e responder perguntas.
Então, essa pesquisa descobriu que as crianças usam estratégias de julgamento semelhantes para avaliar informações fornecidas por humanos e robôs. Frequentemente, seu julgamento é baseado em se o robô ou humano deu informações precisas no passado e em sua percepção da expertise do humano ou robô. Mas ainda assim, vemos que algumas crianças são melhores em utilizar essas estratégias para calibrar sua confiança, e algumas crianças tendem a confiar cegamente em qualquer informação que a IA forneça.
Então essa habilidade é provavelmente influenciada pelo conhecimento prévio deles na área do assunto -- se eles realmente sabem algo sobre o tópico que estão discutindo -- e também pela compreensão de como a IA funciona. Muitas vezes chamamos isso de "alfabetização em IA". E pesquisas mostram que crianças, mesmo em idade pré-escolar, podem aprender alfabetização em IA, o que as ajuda a avaliar de forma mais eficaz os pontos fortes e as limitações da IA.
JILL ANDERSON: Você sabe se já existe muita coisa acontecendo nessa área de alfabetização em IA?
YING XU: Então, na verdade, há um bom número de programas voltados especificamente para crianças em idade escolar para ensiná-las os mecanismos subjacentes de como a IA funciona. Mas não tenho certeza se há muitos que já estejam disponíveis comercialmente, porque a maioria do que vi existe no mundo da pesquisa, nos projetos de pesquisa. Mas uma coisa que estou muito interessado em fazer é desenvolver intervenções que sejam incorporadas nas ferramentas de IA com as quais as crianças estão realmente interagindo como uma forma de fornecer suporte contínuo quando elas se envolvem com informações de IA.
Então, por exemplo, poderíamos fornecer prompts para encorajar os alunos a refletir e pensar sobre a credibilidade das informações antes de prosseguirem para compartilhar as informações ou confiar nas informações. Então, essa estratégia foi considerada útil para encorajar alunos do ensino médio e fundamental a avaliar criticamente as informações das mídias sociais, porque essa pausa na verdade cria um espaço para os alunos e jovens realmente pensarem se devem confiar nas informações.
JILL ANDERSON: Então, parece que há muitas oportunidades para educadores criarem ferramentas de alfabetização em IA e incorporarem esses tipos de ferramentas em suas salas de aula, mas ainda não chegamos lá, pelo menos para as massas, para fazer isso.
YING XU: Sim, vejo que deveria ser um esforço coletivo — não apenas da parte dos educadores, mas também dos desenvolvedores das ferramentas de IA. Por um lado, educadores e escolas poderiam organizar workshops de IA, iniciativas e programas que ensinassem diretamente aos alunos conhecimento sobre IA e estratégias para ajudá-los a avaliar informações de IA.
Mas, por outro lado, os desenvolvedores e aqueles que projetam ferramentas de IA também devem incorporar esses prompts de reflexão e mensagens de alerta em seu produto de IA para sinalizar, ou instruir especificamente, os alunos que a IA pode distribuir desinformação. E é muito importante que você pare e pense se uma informação é confiável.
JILL ANDERSON: É fascinante pensar em quão rápido houve algum tipo de resposta a esse fator de polidez. Como se eles tivessem começado a incorporá-lo em certos componentes dessas ferramentas. E isso faz você se perguntar se esse será um tipo de caminho mais novo que veremos a IA seguir — para crianças, pelo menos — fazendo essas pausas para que elas questionem e pensem criticamente sobre o que estão acessando.
YING XU: Sim, então isso é interessante. Então, se você olhar atentamente para sua interface do ChatGPT, há na verdade um pequeno sinal de alerta na parte inferior. "O ChatGPT pode cometer erros. Verifique informações importantes."
JILL ANDERSON: Eu estava no ChatGPT outro dia e notei isso.
YING XU: Sim. Então eu diria que a comunidade de pesquisa e os desenvolvedores estão realmente se movendo muito rápido, respondendo a muitos dos desafios que surgem do envolvimento das pessoas com essas ferramentas de IA generativas.
JILL ANDERSON: As pessoas estavam muito receosas ou muito animadas com todas essas novas ferramentas. Como você acha que pais e educadores podem ajudar a orientar as interações de seus filhos com a IA?
YING XU: Então, eu definitivamente vi tanto entusiasmo quanto ceticismo quando se trata de IA. Então, há a empolgação de que a IA tem o potencial para aprendizado personalizado e para ajudar os alunos a desenvolver habilidades para esta sociedade movida por IA. Mas, como muitos de vocês, eu compartilho as mesmas preocupações sobre a perspectiva disto, o que chamamos de "geração IA".
Há tantas perguntas que ainda não temos respostas. Quando falamos sobre a capacidade das crianças de realmente encontrar respostas e aprender por si mesmas, e usar "hey" para comandar ou ativar a IA faz as crianças esquecerem da polidez. E talvez o mais preocupante para muitas pessoas é se as crianças se tornariam mais apegadas à IA do que às pessoas ao seu redor.
Acredito que tanto as esperanças quanto as preocupações são válidas. Mas a questão é: como devemos abordar a IA em meio a essa incerteza? Minha opinião é que devemos adotar a IA bem projetada e centrada na criança como uma ferramenta valiosa para dar suporte ao desenvolvimento das crianças — não como uma substituição da interação humana, mas como um complemento às interações que as crianças já têm com suas famílias, professores e colegas.
Aqui estão duas sugestões de como podemos conseguir isso. Acho que, primeiro, precisamos ajudar as crianças a manter limites saudáveis com a IA sendo transparentes sobre a natureza da IA. É essencial que elas entendam que estão interagindo com um programa, não com uma pessoa. Essa clareza ajuda a evitar confusões e também fortalece sua capacidade de se envolver com a IA de forma mais eficaz. E o programa de alfabetização em IA sobre o qual acabamos de falar pode ser importante para capacitar as crianças a se envolverem com a IA com confiança e reflexão. E a segunda sugestão que tenho seria que a IA deveria ser projetada para encorajar conexões humanas. Em um estudo recente, nossa equipe desenvolveu uma IA que permitiu que um personagem Sesame se envolvesse com crianças enquanto liam um livro juntos. Mas o que é diferente da maioria dos produtos de IA é que essa IA não apenas fornece avisos para as crianças, mas também fornece avisos para fazer com que os pais permaneçam envolvidos na discussão com seus filhos.
E descobrimos que isso não só apoia o desenvolvimento da linguagem das crianças, mas também fortalece as conexões familiares por meio de atividades compartilhadas. Na verdade, estou muito otimista de que, se pudéssemos adotar algumas dessas estratégias, poderíamos abraçar as novas oportunidades de aprendizado que a IA oferece, preservando ao mesmo tempo as conexões humanas insubstituíveis que são tão cruciais para o desenvolvimento das crianças.
JILL ANDERSON: Muito disso me lembra da resposta às telas em [INAUDÍVEL] infantil. Isso ecoa muitas das ideias semelhantes, de que as telas não são necessariamente ruins. Sempre houve um movimento por um tempo demonizando a televisão, e depois demonizando os telefones e coisas assim. Mas pelo que eu entendi, muito disso é como você se envolve com as crianças para fazer parte dos jogos ou dos programas? Ou como você faz perguntas a elas? E parece muito semelhante com a IA.
YING XU: Sim, então tivemos muitas discussões semelhantes e medos e entusiasmos semelhantes no passado. E acho que uma coisa importante para considerarmos, especialmente quando pensamos sobre o impacto que essas tecnologias têm nas crianças, é que as crianças existem em um ecossistema. Então, há muitas fontes de apoio que podem ajudá-las a aprender e se desenvolver — e a tecnologia não é a única fonte. E se você pensar sobre o impacto da tecnologia, ela ajuda ou atrapalha o desenvolvimento das crianças — não por meio do envolvimento direto das crianças com essa tecnologia, mas é mediada por muitos outros fatores que as cercam. Então, por exemplo, até mesmo o mesmo programa de televisão teria efeitos diferentes nas crianças. E às vezes depende se a criança realmente tem um membro da família sentado ao lado dela —
JILL ANDERSON: Certo.
YING XU: --e ajudá-los a digerir e compreender o que está sendo ensinado no programa. Então, há tantos fatores diferentes que precisamos pensar sobre como abordamos essa questão de forma mais holística.
JILL ANDERSON: Bem, há muita coisa aqui, muitas oportunidades, especialmente para educadores, para criar ferramentas, currículos e maneiras de adotar a IA com crianças. Então, muito obrigada.
YING XU: Obrigado.
JILL ANDERSON: Ying Xu é uma professora assistente na Harvard Graduate School of Education. Eu sou Jill Anderson. Este é o Harvard EdCast, produzido pela Harvard Graduate School of Education. Obrigado por ouvir.
A política de cotas voltada a pessoas trans e travestis avança nas universidades públicas brasileiras. Só no último mês, Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), UFF (Universidade Federal Fluminense) e UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) decidiram destinar vagas ao grupo a partir de 2025, na graduação e na pós. Elas se uniram a outras 15 instituições do país nessa política, apoiada pelo MEC (Ministério da Educação) —mesmo as unidades de ensino tendo independência constitucional para tal decisão. Para a pasta de Camilo Santana, a adoção de um sistema de cotas específico para pessoas transgênero e de outros grupos LGBTQIA+ é ferramenta importante e deve ser aprofundada.
No momento, no entanto, a IA tem uma "falta geral de âncora no mundo", o que torna esse tipo de raciocínio básico e flexível uma dificuldade. Mas o estudo da IA pode ser para além de computadores. Alguns especialistas acreditam que comparar como a IA e os seres humanos lidam com tarefas complexas pode ajudar a desvendar os segredos da mente humana.
Para o cientista, professor e escritor Silvio Meira, um dos maiores experts em IA no país, é urgente recapacitar e aprimorar os profissionais da nova era, para tentar mitigar os riscos de uma geração sem emprego e sem rumo "As pessoas acham que tudo está mudando rápido demais, só que não é verdade. Pela primeira vez na história, temos que conviver com agentes não humanos com competências e habilidades equivalentes ou maiores do que as nossas. Estamos sendo desafiados em algo que achávamos ser nosso: a capacidade de pensar. E é por isso que tudo parece tão diferente e acelerado.” Refletir sobre a tecnologia e o futuro é algo que Silvio Meira faz todos os dias. Professor, engenheiro, escritor e cientista-chefe da consultoria TDS Company, ele é figurinha carimbada nas listas de brasileiros mais influentes do ano. E não apenas porque ajudou a fundar o Porto Digital, o primeiro parque tecnológico brasileiro, com sede em Recife. Mas sim pela clareza com que transforma as ideias que discute nas aulas de aula – seja na Cesar School ou na UFPE – em lições de estratégia para empresas. Além de consultor, Meira é membro do conselho de companhias como CI&T, Magalu, MRV e Tempest. Confira como o cientista vê o futuro do trabalho e da inovação no país. ÉPOCA NEGÓCIOS Qual vai ser o maior impacto da IA no futuro da humanidade? SILVIO MEIRA Um dos maiores impactos, claro, será na força de trabalho. E ele virá de uma forma surpreendente, porque a gente esperava que os sistemas fossem capazes de substituir o motorista de ônibus ou de táxi, o varredor de rua, o garçom, os profissionais que realizam atividades repetitivas. Mas não é isso que está acontecendo. Na verdade, a IA está ganhando força nas atividades que dependem de um conhecimento sofisticado. Tarefas como dirigir um ônibus são mais difíceis para a IA, porque dependem de uma percepção da realidade que ela não tem. Ela não vai conseguir parar no lugar certo, esperar o tempo certo, sair na velocidade certa, no meio do trânsito caótico de São Paulo, Recife e Rio de Janeiro. Mas na hora de prestar um exame para o exercício da medicina nos Estados Unidos, ou o equivalente ao exame da OAB no Brasil, esses grandes modelos linguísticos superam em muito as habilidades e competências humanas. Conseguem resolver problemas com um índice de acerto muito grande. NEGÓCIOS Então, o que a IA vai realmente substituir são os profissionais do conhecimento? Meira Sim, o trabalho cognitivo repetitivo de alto nível. Isso corresponde a parte das tarefas do advogado, do designer, do engenheiro, do jornalista, do programador, do profissional médico que analisa imagens complexas de tomógrafo e assim por diante. A gente não esperava por isso. Então, vai haver um impacto dramático. Nos Estados Unidos, por exemplo, a avaliação do Goldman Sachs é de que cerca de 40% de todas as funções que um advogado exerce hoje serão desempenhadas por grandes modelos linguísticos. E haverá variados graus de substituição para muitas outras capacidades, associadas a um número gigantesco de profissões, de contador, gerente, profissionais que achávamos que eram insubstituíveis – mas não são. NEGÓCIOS Mas nem todos os profissionais perderão seu emprego, correto? Meira Nem todos. Precisamos levar em conta que esses sistemas superam em muito as habilidades e competências dos seres humanos medianos. A performance é 50%, 60% melhor, em média. Veja bem, a vasta maioria do trabalho humano não é espetacular. É mais ou menos. Essas pessoas serão substituídas. Mas a IA não é capaz de superar os grandes especialistas em sua área de atuação, ou um pesquisador muito sofisticado. Esses permanecerão, enquanto os outros serão dispensados. NEGÓCIOS O que pode levar a problemas socioeconômicos sérios. Qual seria a solução? Meira Precisamos de políticas públicas de grande porte, grande alcance e longo prazo. É necessário reeducar os humanos para um mundo que tem inteligência artificial em todo canto. E ninguém no Brasil está discutindo isso agora, o que é catastrófico. Quando há grandes transições socioeconômicas sem políticas públicas que as acompanhem, surge uma dissonância, uma desarticulação entre o trabalho que está desaparecendo e o que está surgindo. Por exemplo, o Brasil tem 1,2 milhão de advogados com carteira da OAB. Se 40% deles forem dispensados, teremos 500 mil profissionais qualificados desempregados. Estamos falando de pessoas que custaram caríssimo ao país. E podemos sair mapeando isso para uma gama gigantesca de profissões. Não vai ter ninguém que não seja afetado. Ou os profissionais vão precisar mudar de área ou se qualificar mais dentro das suas competências. Se não houver uma política pública para ajudá-los, eles não vão conseguir. E hoje eu não vejo nenhum indício de que isso vá acontecer. NEGÓCIOS Você vê exemplos de outros países se preparando para isso de maneira mais adequada? Meira A Europa tem uma boa política para inteligência artificial. Os Estados Unidos são um caso à parte, porque há muitas oportunidades e regras bastante flexíveis no mercado de trabalho. Há iniciativas bacanas rolando no Canadá. E claramente a China tem pensado muito em tudo o que a gente está falando aqui, e tem tomado providências. Na comparação com o que outros países têm feito, estamos parados. NEGÓCIOS Nesse momento, fala-se muito em regulação da inteligência artificial. Como vê esse movimento? Meira Nós temos uma tentativa de legislação sendo feita a partir do Senado, que é desatualizada e confusa. O fato é que ela não ajuda a criar uma estratégia brasileira para a IA. Você só pode regular um assunto para o qual já existe uma estratégia. Regular uma coisa só para dizer o que não deve ser feito tem um efeito extremamente danoso para os interesses econômicos nacionais. Não adianta ter uma lista do que não fazer, se você não tem uma lista do que fazer. Como focar nas proibições se eu não tenho uma estratégia referente à indústria, à formação do capital humano, ao investimento em pesquisa e desenvolvimento, à mudança de currículos e assim por diante? Se não tenho nenhuma estrutura, nenhum estímulo? A boa notícia é que há em andamento um processo para criar as bases de uma estratégia brasileira para inteligência artificial. Isso foi solicitado pelo Presidente da República e está sendo feito agora. A minha esperança é que essa estratégia saia bem antes de a gente começar a colocar em votação o projeto de regulação, e que ela sirva para reescrevê-lo. NEGÓCIOS Quais outras mudanças o mundo empresarial vai sofrer nos próximos anos por causa da IA? Meira Muitas. Se você olhar para quais eram as dez maiores empresas do mundo antes da internet, não havia quase nenhuma digital. Era empresa de petróleo, de varejo, bancos e assim por diante. Hoje, todas as dez primeiras são de tecnologia: Apple, Amazon, Alphabet, Meta e por aí vai. Mas isso também já está mudando. O que está surgindo hoje são as empresas especializadas em inteligência artificial. Veja a Nvidia, que faz infraestrutura para IA: as vendas no primeiro trimestre deste ano cresceram 262% em relação ao mesmo período no ano passado, e o lucro aumentou 628%. Portanto, hoje estamos falando de movimentos de mercado acima de 500%, o que é uma monstruosidade. Vemos a Microsoft, que está associada à OpenAI, anunciando a construção de data centers de dezenas de bilhões de dólares. Não é uma coisa trivial. Quando os investimentos vão para a casa de bilhões, é porque muitos esperam mudanças radicais nas fundações da economia. NEGÓCIOS Como você vê hoje o ecossistema de inovação no Brasil? Meira Vejo muita iniciativa e pouco resultado concreto. No Brasil, há muita gente falando sobre inovação e empreendedorismo, mas a inovação em si é rara. Um produto novo não é uma inovação. Só se tornará uma inovação se mudar o comportamento de fornecedores ou consumidores. Outro problema é que o Brasil trabalha no curto prazo. Mas para você criar um ecossistema de inovação sustentável leva pelo menos 30 anos. O Vale do Silício começou em 1948. O Porto Digital está no ano 24. A gente tem mais de 400 empresas e gera mais de R$ 5 bilhões de faturamento. Mas o nosso plano é de 50 anos. Precisamos de mais ecossistemas desse tipo, para mostrar às pessoas como se faz. Inovar é uma coisa complexa e difícil. Não é todo mundo que vai conseguir. Precisa ter preparo, estudo, dedicar-se horas, noites a fio e os fins de semana também. Mas não diria que é sofrido. É delicioso, para falar a verdade. Mas exige aprofundamento e demanda trabalho e tempo.
O Bradesco BBI revisou os seus modelos para as empresas do setor de educação, de forma a incorporar os resultados mais fracos no curto prazo e, de forma conservadora, os riscos potenciais relacionados às próximas mudanças na regulamentação da educação a distância (EAD) e excesso de oferta em medicina. Os impactos em seus preços-alvo foram de uma redução entre 14 e 21% em relação ao EAD e Medicina.
Esta é a 9a edição das Quase 24 h ao Vivo. Neste ano, 2024, a transmissão iniciou-se às 18h do dia 14 de outubro, horário de Brasília. A transmissão é dividida em quatro links (sucessivos) para garantir a qualidade da transmissão e a gravação completa. Este é o 1o (dos 4 links/turnos) da transmissão. Abaixo, a lista dos convidados/temas de cada um dos bate-papos:
14 de outubro NOITE 18h | Dora Kaufman | Inteligências Artificiais 19h | Gustavo Esteves | Menos Achismo, Mais Dados 20h | Luciano Sathler, PhD | Microcertificações com Blockchain 21h | Jose Eustáquio Diniz Alves | Revolução Demográfica 22h | Juliana Ragusa | Cultura Maker e Inovação Pedagógica 23h | Saulo Reis | Data Science
@CertifikEDU e @strateegia apoiam esta edição com certificados digitais (Open Badge) e com plataforma para debates com assistentes de IA, respectivamente.
A entrada de filhos em escolas de período integral libera tempo para que mães possam voltar mercado de trabalho, aumenta taxas de ocupação entre esse grupo e também a renda das famílias. É o que mostra estudo de economistas do Núcleo de Estudos Raciais (Neri) do Insper e do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). O estudo revela que os resultados são ainda mais relevantes quando se olha para mães mais jovens, população negra e também em recortes de escolaridade e renda. “A literatura acadêmica mostra que colocar a criança na escola tem efeito importante sobre a inserção da mulher no mercado de trabalho, ajudando a reduzir a desigualdade de gênero. O que esse trabalho revela é que esse efeito cresce se as mães tiverem mais horas livres durante o dia”, diz o pesquisador do Neri e do Ibre, Daniel Duque, que assina o trabalho com Michael França e Milena Mendonça. A partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, os pesquisadores focaram nos indicadores de mercado de trabalho de mães (e pais) de filhos que fizeram a transição de escolas públicas de meio período para período integral. Eles olharam para dados de 2016 a 2023, quando a parcela de alunos em escolas públicas passou de 4,6% para 9,2% no Brasil. Entre mães com filhos de 6 a 17 anos que fizeram a transição para escolas em período integral, a participação no mercado de trabalho - estar empregado ou a disposição em procurar emprego - subiu 1,88 ponto percentual (p.p.) na comparação com mães cujos filhos permaneceram no ensino tradicional. A taxa de ocupação avançou 1,19 p.p. Essas mães trabalharam, em média, 0,83 hora por semana a mais e o rendimento do trabalho cresceu em R$ 38,72. Entre mães de filhos mais jovens, entre 6 e 12 anos, o efeito da escola em turno duplo é ainda mais pronunciado. A taxa de participação no mercado de trabalho subiu 3,93 pontos percentuais, enquanto a ocupação avançou 2,89 pontos. Elas também trabalharam 1,6 hora a mais por semana. Para mães negras e pardas com filhos entre 6 e 17 anos, esse efeito também é maior: a taxa de ocupação cresce em 2,43 pontos percentuais, enquanto a jornada de trabalho semanal avança 1,2 hora. No recorte de mães com filhos mais novos, a taxa de participação sobe em 4,73 p.p., e a ocupação, em 4,3 p.p. A jornada semanal cresce em 1,8 hora. Resultados na mesma direção são observados entre mães com o ensino médio incompleto. Entre aquelas com filhos entre 6 e 17 anos, a participação no mercado de trabalho sobe 3 pontos percentuais, e a ocupação, 2,97 p.p. Essas mães trabalham 1,2 hora a mais por semana, na comparação com mães de escolaridade semelhante cujos filhos permaneceram em turno único. Novamente, mães com filhos mais jovens são mais beneficiadas - a participação no mercado, ocupação e jornada semanal cresce, respectivamente, em 4,62 p.p., 2,72 p.p. e 1,2 hora. “Esses resultados fazem sentido, já que famílias mais ricas têm opção de pagar escola particular, que pode ter carga horária maior. Além disso, crianças menores exigem uma carga maior de cuidados, o que é aliviado quando elas passam a ficar mais tempo na escola”, diz Duque. Pesquisa mostra que mulheres com filhos mais tempo na escola trabalharam e ganharam mais O efeito da escola integral sobre a participação no mercado de trabalho dos homens não é significativo. Para os autores, isso reforça a tradicional divisão desigual da carga de cuidados em relação aos filhos entre famílias brasileiras. Os pesquisadores também não analisaram possíveis diferenças regionais, mas Duque avalia que o efeito do ensino em tempo integral seja mais intenso no Norte e Nordeste. Isso ocorre porque Estados dessas regiões têm parcela maior de famílias vulneráveis, mais filhos por família e também maior número de crianças menores, já que o perfil demográfico é mais jovem. O trabalho também aponta que o ganho salarial encontrado pela maior inserção feminina no mercado de trabalho equivale a cerca de 10% do gasto para dobrar a quantidade de horas letivas, considerando apenas uma sala de aula com 30 alunos e seis professores e o piso nacional da educação (R$ 4.420). “Muito se fala sobre como um gasto corrente maior com a implementação do ensino integral teria um efeito futuro sobre a economia, de crescimento. O que estamos mostrando é que já existem efeitos ocorrendo neste exato momento com a adoção da política”, diz Duque. A maternidade é um dos fatores determinantes na inserção mais baixa da mulher no mercado de trabalho. Segundo a Pnad Contínua, o nível de ocupação entre mulheres ficou em 48,1% no segundo trimestre, recorde histórico da pesquisa, iniciada em 2012. Ainda assim, está 20,2 pontos percentuais abaixo do nível de ocupação entre homens (68,3%). Um estudo recente de técnicos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) mostrou que mulheres têm, em média, 20% menos chance de estarem no mercado de trabalho que homens que também tiveram filhos. Esse efeito é agravado entre famílias de renda mais baixa e também perdura no tempo. Mesmo dez anos após o nascimento da criança, a chance de uma mãe estar trabalhando é 13% menor que o de um pai. Outro trabalho, da economista do Ibre Janaina Feijó, mostrou que mesmo as mulheres que permanecem no mercado de trabalho têm sua carreira afetada pela decisão de ter filhos. A proporção de mães em cargos mais altos (e que pagam salários melhores) é de 23%, contra 38% de mulheres em geral - homens são 62%. Segundo Duque, os próximos passos da pesquisa envolvem explorar se a qualidade do ensino na região em que se encontra a escola integral afeta a participação das mães no mercado de trabalho. Outro ponto a ser estudado é como políticas de transferência de renda afetam a participação feminina. Duque é autor de estudos que mostram que a expansão do programa Bolsa Família desencorajou a participação no mercado de trabalho dos mais vulneráveis. “O Bolsa Família tem entre as condicionalidade a manutenção do filho na escola. Uma hipótese é a de que mães em famílias que recebem o Bolsa Família não desejam participar do mercado de trabalho. Se este for o caso, o efeito do ensino integral sobre a penalidade da maternidade seria nulo. Por outro lado, pode ocorrer que essas mães, sabendo dessa condicionalidade, encorajam seus filhos a ter frequência maior nas escolas e, com isso, liberem quantidade de tempo maior para outras tarefas, incluindo trabalhar”, explica.
Chamou a atenção da especialista a prevalência da tese da “subordinação algorítmica”, que tem normalmente como partes as plataformas de transporte e entregas 99 Tecnologia, Uber, Rappi e iFood. Também se discute em ações envolvendo inteligência artificial, de acordo com o levantamento, dano moral por uso de dados sensíveis de empregados pelas empresas. Com a subordinação algorítmica, alegam os trabalhadores, estariam sujeitos às ordens do algoritmo, com risco de sanção disciplinar e até expulsão da plataforma devido à falta de assiduidade de conexão ao aplicativo e das notas atribuídas pelos clientes. Os trabalhadores argumentam ainda que não têm liberdade nem autonomia para definir os preços dos serviços prestados, nem possibilidade de escolha dos clientes. Para eles, haveria atividade de fiscalização, regulamentação e disciplina no trabalho por aplicativo.
Segundo Jane Nelsen, criadora da disciplina positiva em 1981, a educação positiva requer uma mudança de paradigma e treinamento aprofundado. Ela observa que muitos programas criados a partir da metodologia original carecem de uma base científica sólida e acabam confundindo os pais. “Isso está gerando mais confusão do que um caminho claro para os pais”, destaca Jane.
A produção contou com a gravação de diversos especialistas sobre o tema. A partir do contexto apresentado, é mostrado o processo de construção da política de fortalecimento dos anos finais do MEC, o Programa Escola das Adolescências, especialmente a partir da Semana da Escuta das Adolescências nas Escolas. Esta foi realizada para mobilizar e apoiar as redes de ensino, refletindo sobre os impactos dessa iniciativa nas escolas.
Cidades como Ararendá (CE), União da Serra (RS) e Coronel Pilar (RS) têm se destacado por suas práticas educacionais de sucesso. Através de dados fornecidos pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), é possível ver como essas localidades conseguem superar a média nacional em termos de eficiência educacional. Esses municípios investem pesadamente em infraestrutura escolar e na formação de educadores, além de implementar programas inovadores de ensino que incluem literatura e tecnologia em suas estratégias pedagógicas.
Evento acontecerá entre 16 e 17 de outubro, em Brasília (DF), sobre governança de dados e processos decisórios baseados em evidências na gestão de políticas educacionais. Inscrições estão abertas ao público
A BBC News Brasil ouviu especialistas em formação e jovens das periferias para entender como eles estão superando algumas das barreiras sociais que dificultam a entrada no mercado de trabalho
Entretanto, nada disso é possível se a organização não possuir capacidade de coleta de informações, armazenamento, processo e análise eficiente. É justamente dentro desse âmbito que as plataformas de dados habilitadas para inteligência artificial (IA) se transformam nas maiores aliadas para gerar essas funcionalidades, trazendo valor e inovação para o ecossistema digital das marcas.
Fato consumado no mercado de trabalho, o uso da inteligência artificial (IA) na educação também já é uma realidade. O recurso vem transformando a forma como professores ensinam e alunos aprendem. Diversas escolas adotam essa tecnologia para personalizar o aprendizado, otimizar o ensino e preparar os estudantes para um futuro cada vez mais digital. O treinamento contínuo dos professores e o desenvolvimento de ferramentas próprias fazem parte do trabalho.
Christine Lourenço, diretora pedagógica do Grupo Salta, responsável pelos colégios pH, Pensi e Elite no Rio, destaca o impacto transformador da inteligência artificial na educação.
"No frontstage, a IA personaliza a aprendizagem, permitindo que cada aluno aprenda no seu próprio ritmo. No backstage, otimiza o tempo dos professores, facilitando o planejamento e a criação de materiais. Contudo, precisamos estar atentos aos desafios que surgem, como a possibilidade de dependência e a necessidade de um uso crítico e ético por parte de alunos e educadores", diz.
Christine também menciona o papel crucial da IA na inclusão de alunos com necessidades especiais, ao facilitar o aprendizado com materiais acessíveis e ferramentas que promovem equidade no ambiente escolar. Ela exemplifica o uso da ferramenta com tecnologias como softwares de reconhecimento de fala, que ajudam alunos com dificuldades motoras a escrever por comando de voz; e leitores de tela, que permitem que estudantes com deficiência visual acessem conteúdos escritos. Além disso, cita sistemas de tradução automática para alunos com deficiência auditiva, como a tradução de textos para Língua Brasileira de Sinais (Libras), e plataformas que personalizam o ensino, adaptando-se ao ritmo e ao estilo de aprendizagem de cada aluno.
Ela destaca ainda que o Grupo Salta está implementando a IA em várias frentes, incluindo a capacitação de professores por meio de workshops e uma eletiva para alunos sobre o uso produtivo dessas tecnologias.
"Menciono também os chatbots, que servem como monitoria remota para ajudar os alunos com dúvidas sobre o material didático. A IA pode reconhecer padrões de consumo de conteúdos e recomendar vídeos, textos e podcasts; avaliar a proficiência dos alunos e sugerir exercícios adequados; e compilar dados acadêmicos para auxiliar na criação de planos de ação personalizados. Acreditamos que integrar a IA com métodos tradicionais cria um ambiente de aprendizagem mais dinâmico e inclusivo, preparando nossos estudantes para um futuro tecnológico", afirma ela.
Implicações éticas Já o Colégio pH dá os primeiros passos na implantação da inteligência artificial. O tema será incorporado às Oficinas de Aprendizagem, que já acontecem dentro da grade curricular da escola, em dois tempos de aula por semana.
As oficinas são de ciências, matemática e redação, e, a partir do primeiro semestre de 2025, a instituição incluirá a educação digital nessas aulas, em que os estudantes vão poder usar a IA para trabalhar possibilidades relacionadas ao conteúdo. A nova disciplina buscará ainda fazer com que os alunos consigam analisar criticamente a informação que obtiverem e salientar sua responsabilidade no uso da ferramenta, com discussões sobre as implicações éticas da IA e temas como privacidade e viés algorítmico.
"O uso ético da IA é crucial. Não se trata apenas de habilidades técnicas, mas de uma compreensão profunda do impacto dessa tecnologia", afirma Igor Oliveira Vieira, coordenador do colégio. "Ao fomentar um ambiente de discussão, preparamos nossos alunos para serem líderes inovadores e conscientes".
Ajuda para os professores No Colégio Ao Cubo, a IA foi introduzida como uma ferramenta de apoio aos professores, especialmente na correção de redações e na criação de planos de estudo personalizados. A tecnologia também é usada em uma tutoria on-line. Segundo Rodrigo Reis, diretor da instituição, a IA funciona como um “primeiro corretor”, identificando erros básicos e deixando os professores livres para focarem em aspectos mais profundos das produções dos alunos.
"Com a IA, o tempo de correção de uma redação diminui de 17 para cerca de três minutos, permitindo ao professor mais tempo para planejar atividades criativas e acompanhar individualmente cada estudante", explica.
A ferramenta também personaliza o aprendizado, ajustando o nível de dificuldade das atividades com base nas competências de cada aluno. José Antonio Júnior, diretor-geral do Ao Cubo, destaca que a IA identifica as facilidades e dificuldades dos estudantes em diversas áreas, promovendo uma educação mais individualizada.
"O sistema ajusta automaticamente o nível de desafio das atividades, ajudando a superar um dos maiores desafios da educação básica: a uniformização das metodologias de ensino, proporcionando uma educação de excelência e humanizada", ressalta.
Além do suporte acadêmico, o uso da IA é voltado para o desenvolvimento de habilidades críticas. Nas aulas de redação, os alunos são incentivados a utilizar a tecnologia como ferramenta de análise e produção de perguntas, em vez de buscar respostas prontas.
"Essa abordagem promove a alfabetização visual e a capacidade de interpretação crítica, preparando os alunos para exames como o Enem", explica o coordenador de Redação, Daniel Bravo.
A aluna Isabela Ramadas, da 1ª série do ensino médio, elogia a integração da IA nas atividades:
"Ela me ajudou a refletir sobre questões que eu não havia considerado. O processo de formular perguntas nos leva a novos insights e amplia nossa capacidade de análise", disse.
No Mopi, as primeiras experiências com a IA começaram no ano passado, com treinamento da equipe docente e conscientização dos alunos sobre o uso responsável do recurso. Para os professores, foi criado um aplicativo que ajuda a reduzir o tempo gasto na elaboração de avaliações.
"Temos alunos de inclusão que precisam de provas adaptadas. Então, o professor, em vez de precisar formular novas questões do zero, pode pegar uma prova regular e lançar nesse aplicativo baseado em IA, que vai fazer a conversão das questões respeitando todos os processos de adaptação e nuances necessárias", explica Luiz Rafael Silva, coordenador pedagógico do Mopi e um dos desenvolvedores da plataforma, ao lado do professor de química Felipe Domingues.
"O aplicativo tem também o formulador de questões. O professor pode, por exemplo, pegar um link com reportagens em texto, vídeos ou áudios, dizer os conhecimentos que quer abordar, se deseja questões de múltipla escolha ou discursivas, e a plataforma elabora modelos de simulados parecidos com avaliações externas, como o Enem."
Outra funcionalidade é a validação de questões, destaca Silva.
"O professor pode pegar uma prova inteira, jogar no aplicativo e descobrir se as questões têm o nível de dificuldade fácil, médio ou difícil para determinada série e as habilidades e conhecimentos exigidos em cada uma delas. Ele ainda dá o gabarito e, se a prova for de múltipla escolha, justifica por que as demais alternativas estão erradas. Por fim, faz o cálculo de toda a pontuação da prova e uma previsão da média que a turma pode alcançar realizando a prova. Conseguimos comparar a média feita pela IA e a média real, e não há muita discrepância. O professor consegue antever como os alunos vão se sair na prova que elaborou", detalha.
Em breve, esse mesmo aplicativo será capaz de sugerir planos de aula:
"O professor vai dizer as habilidades e competências que quer desenvolver, e o nosso app vai sugerir um plano de aula, dentro do que acreditamos no processo de aprendizagem, colocando o aluno como protagonista."
Além dos professores, o Mopi tem uma equipe de monitores, ainda graduandos em Pedagogia, que, além de treinarem a metodologia da escola e a condução da didática em sala de aula, precisam apresentar para a direção aulas utilizando alguma ferramenta de IA.
"Esses monitores poderão virar nossos professores. Então, já preparamos os futuros profissionais para essa realidade de uso intenso da IA, da qual não temos como fugir" diz Silva.
A instituição pretende ainda criar tutores guiados por IA, para ajudar alunos no contraturno escolar.
"Há estudantes que não conseguem se organizar para estudar fora da escola. Estamos pensando numa ferramenta para auxiliá-los a dividir seu tempo entre os conteúdos mais necessários. Neste caso, o aluno vai apresentar sua demanda e o tutor, alimentado por nossa base de dados, vai identificar as lacunas que ele tem e orientá-lo", esclarece Silva.
Uso em sala de aula O Colégio Adventista, na Tijuca, também está promovendo uma capacitação específica para seus professores do ensino fundamental I, focada em formas de integrar a IA ao planejamento de aulas e atividades. A iniciativa, liderada pela professora Érica Abreu, visa a preparar os alunos para um futuro digitalizado, tornando as aulas mais dinâmicas e interativas.
"Essa capacitação oferece ferramentas práticas para integrar a tecnologia ao cotidiano escolar, tornando as aulas mais dinâmicas", afirma Érica.
Além disso, a professora implementou um projeto com alunos do 9º ano, que usaram IA para produzir conteúdos sobre Getulio Vargas, tema que será apresentado a alunos do 5º ano.
"Os alunos do 9º ano vão ensinar os mais jovens, promovendo uma troca de conhecimento e demonstrando o potencial da IA no processo educacional", explica Érica.
Esse projeto destaca a importância da manipulação consciente da IA, capacitando os alunos a utilizarem a tecnologia como uma ferramenta auxiliar no aprendizado.
"Nós não estamos sendo manipulados pela inteligência. Ao contrário, a IA é uma ferramenta que potencializa a relação ensino-aprendizagem", conclui a professora.
Para 79% dos trabalhadores participantes do levantamento, a personalização da experiência no ambiente corporativo pode melhorar a relação com o trabalho e para 77% ela poderia melhorar o bem-estar de uma forma geral e incentivar a permanecer mais tempo na organização onde atuam.
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