Como assim? Escolas com nota 3 na avaliação do Inep [Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais] passaram a ter o direito de abrir 50 polos [de EAD] todo ano. Quem tem nota 4, 150 polos; quem tem nota 5, até 250. Como não havia a possibilidade de o MEC visitar todos os polos, aqueles que estavam parados, com pedido de autorização há anos e sem receber visitas técnicas, se transformaram em bônus regulatórios. Hoje, [para ter um polo] só precisa estar credenciada para a EAD e oferecer esse curso presencial como contrapartida. Se você pegar um geolocalizador, encontra polo em funerária, no meio da rua.
As empresas abertas, de três em três meses, publicam quanto ganharam, quanto perderam de aluno, qual é o custo médio. Mas há empresas [de capital fechado] com 500 mil alunos de EAD que sequer publicam balanço. Você não tem a menor noção do que está acontecendo. Tem empresa que vive tirando notas 1 e 2 e o MEC não faz nada. [Para essas] Deveria existir um período de supervisão. Não melhorou a nota? Descredencia e fecha o polo. O MEC deveria incentivar a universidade com nota 3 a subir [de pontuação].
O ministro vem de um estado com bons índices na educação. Isso ajuda? O MEC tem nos chamado para conversar. O problema é que o MEC ouve todo mundo, mas só faz o que quer. Esse não é um problema dessa gestão, mas de todas as outras.
Ele [Camilo] quer acabar com esses cursos 100% a distância. O ministro é uma pessoa bem intencionada, mudou a realidade do estado dele [na educação] e quer fazer a mesma coisa no MEC. Mas está mal assessorado [nessa área], pois não existem cursos 100% a distância. Há cursos em mais de 2.700 municípios no Brasil. Em pouco mais de 700 existe oferta presencial.
Todo mundo diz que não pode ter curso digital na área da saúde, por exemplo, e nós concordamos. A questão é que não existe um aluno do curso da área da saúde que fique 100% do curso a distância, ele passa mais de 50% do tempo em atividades presenciais no polo. Por isso o polo precisa ser visitado.
Quando eles impedirem a oferta de curso a distância, eles vão impedir que meninos e meninas do interior do Brasil estudem, porque a grande maioria dos cursos estão fora da capital. E isso sem trazer nenhuma melhoria de qualidade, que é o que importa. Empresários só conhecem uma conversa e um argumento, que é o bolso. Multa, descredencia, fecha, impede a oferta de má qualidade e incentiva a grande maioria dos empreendedores privados que trabalham com notas 3, 4, 5.
O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa? Luciano Sathler É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática. Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing. O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais. Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho. A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados. A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar. No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes. Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador". Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante. Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos. Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano. O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.
Os jovens nascidos entre 1997 e 2012 costumam ter prioridades diferentes das demais gerações quando o assunto é consumo. Enquanto os mais velhos sonham em adquirir bens, como carros e apartamentos, a maioria dos integrantes da Geração Z (63%) prefere gastar dinheiro com experiências, de acordo com pesquisa elaborada pela bandeira de cartão de crédito Visa.
Levantamento do Todos Pela Educação em 23 estados e 19 capitais aponta que apenas 3% das questões das provas de concursos públicos para selecionar professores avaliaram a capacidade dos candidatos de saber como ensinar os objetivos de aprendizagem dos currículos. Provas práticas de seleção foram aplicadas somente em quatro redes estaduais e cinco municipais.
Um em cada cinco estudantes que ingressaram no ensino superior em 2014 pelo Enem evadiram completamente do sistema (ou seja, abandonaram o curso e não retornaram para nenhum outro) até 2019. Os dados, inéditos, constam de um estudo recém-publicado pelos pesquisadores Gustavo Bruno de Paula e Felícia Picanço, na revista científica Educação e Sociedade. O trabalho mostra ainda que alunos negros e de menor nível socioeconômico têm chances maiores de abandono, mas que o perfil das instituições e políticas de apoio desde o primeiro ano de ingresso faz muita diferença na decisão de parar de estudar. Uma das maiores contribuições do estudo é investigar, com maior profundidade, o perfil dos alunos que deixam de estudar no ensino superior e que não voltam a se matricular depois em outro curso ou instituição. Isso é extremamente relevante para as políticas públicas, pois o indicador oficialmente divulgado pelo Inep é a taxa de desistência do curso, que mostra o nível de abandono, mas não capta se o aluno migrou para outro curso ou instituição e, dessa forma, deu continuidade aos estudos. Por exemplo, pelos critérios utilizados pelo Inep, 56% dos universitários que ingressaram no sistema em 2014 por todas as vias (e não apenas pelo Enem) eram considerados desistentes do curso em 2019. Para mensurar de forma mais precisa o fenômeno da evasão completa do sistema e os grupos sociais mais afetados, os pesquisadores cruzaram bases de dados do Enem de 2013 e dos Censos da Educação Superior de 2014 a 2019. Pela metodologia adotada no estudo, quase metade (45%) dos que evadiram em algum dos anos analisados retornaram, até 2019, em algum outro momento a um curso superior. Com isso, a taxa de evasão completa do sistema foi de 21% no período analisado. Considerando as profundas desigualdades que marcam a sociedade brasileira, o estudo chegou a algumas conclusões, infelizmente, não surpreendentes. Por exemplo, estudantes negros têm 6% a mais de chances de evasão do que os brancos. Aqueles cujos pais completaram, no máximo, o ensino fundamental ou médio têm, respectivamente, 22% e 17% mais chances de evasão em relação aos filhos de pais com nível superior. A renda, porém, foi o fator mais explicativo: indivíduos com renda mensal familiar até um salário-mínimo apresentaram 63% mais chances de evadir em relação àqueles com renda acima de cinco salários-mínimos. A modalidade de ensino e o perfil da instituição, porém, fazem muita diferença. Por exemplo, ingressantes em cursos a distância têm 37% a mais de chances de evasão do que aqueles no presencial. Em instituições privadas com fins lucrativos, o risco é 32% maior em relação aos ingressantes em públicas federais. Em todos os tipos de instituição, estudantes de menor renda são mais propensos a evadir, com exceção da rede federal. Os autores sugerem duas hipóteses para explicar esse melhor resultado nas federais: a gratuidade e o processo seletivo mais concorrido, o que faz com que a diferença no desempenho acadêmico de jovens de grupos mais vulneráveis seja menor em relação às demais instituições. Por fim, igualmente fundamental para o desenho de políticas públicas e para estratégias de instituições privadas, o recebimento de apoio social e a participação em atividades extracurriculares no primeiro ano de ingresso fazem muita diferença, pois aqueles sem acesso a essas oportunidades tiveram, respectivamente, 66% e 81% a mais de chances de evasão.
Margrethe Vestager, a autoridade antitruste da União Europeia que tem sido a maior crítica do mundo ao setor de tecnologia, recentemente andou por seu escritório em Bruxelas pensando no que fazer com o material que acumulou durante uma década nessa função, que termina no final deste mês. Em um determinado momento, ela fez uma pausa para levantar a escultura de uma mão segurando o dedo médio.
“O que devo fazer com isso?” perguntou Margrethe, 56 anos. O dedo médio, segundo ela, era um lembrete para não se deixar abater pelos críticos.
“É extremamente satisfatório”, disse Margrethe Vestager, a principal reguladora antitruste da Comissão Europeia, sobre seu tempo no cargo Foto: Kevin Faingnaert/NYT PUBLICIDADE
Margrethe, uma política dinamarquesa que foi a rara autoridade da UE a se tornar conhecida globalmente, enfrentou muitos detratores ao longo dos anos. Quando foi nomeada para a polícia antitruste em 2014, ela se tornou uma das primeiras autoridades governamentais do mundo a abrir processos e aplicar multas agressivamente contra o Google, a Apple e a Amazon por realizarem práticas comerciais ilegais e tentarem bloquear a concorrência.
Na época, os titãs digitais dos EUA estavam crescendo rapidamente e eram muito populares por suas inovações. Margrethe enfrentou reações adversas por suas ações, com líderes de tecnologia dizendo que ela estava prejudicando a economia da Europa ao afastar as startups da região. Em 2018, o presidente Donald J. Trump teria dito que ela “realmente odeia” os Estados Unidos.
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Mas à medida que Margrethe encerra sua era em Bruxelas, a regulamentação do setor de tecnologia se tornou mais comum em todo o mundo. Graças a ela, a Europa agora é amplamente vista como a pioneira das leis mais rígidas contra a tecnologia. Nos últimos anos, os órgãos reguladores dos EUA seguiram a Europa, movendo ações judiciais antitruste contra Google, Apple, Meta e Amazon. Os órgãos reguladores da Coreia do Sul, Austrália, Brasil, Canadá e outros países também estão enfrentando os gigantes da tecnologia.
“É extremamente gratificante”, diz Margrethe ao The New York Times, acrescentando que chorou quando a mais alta corte da União Europeia lhe concedeu uma vitória inesperada em agosto em um caso prolongado de evasão fiscal contra a Apple. “As pessoas achavam que éramos loucos porque, há dez anos, as grandes empresas de tecnologia eram intocáveis. Elas eram as empresas mais admiradas, mais inovadoras e mais promissoras que você poderia imaginar.”
NEWSLETTER Estadão Pílula Um resumo leve e descontraído dos fatos do dia, além de dicas de conteúdos, de segunda a sexta. EXCLUSIVA PARA ASSINANTES INSCREVA-SE Ao se cadastrar nas newsletters, você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade. Mesmo em Washington, Margrethe passou de pária a pioneira. Em setembro, quando ela fez uma última visita a seus colegas do Departamento de Justiça dos EUA, os funcionários lotaram uma sala para ouvi-la falar e a aplaudiram de pé quando ela saiu.
“Ela é uma figura transformadora”, disse Jonathan Kanter, chefe da divisão antitruste do departamento, que tem em seu escritório uma foto emoldurada de um rato de desenho animado fazendo o dedo do meio em homenagem à Margrethe. “Ela assumiu o cargo em um momento em que não havia muitas pessoas falando sobre a importância de uma forte supervisão dos gatekeepers digitais. Graças a ela, esse é um tópico de conversa importante e relevante.”
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Margrethe agora está se preparando para assumir um cargo em uma universidade na Dinamarca. Teresa Ribera Rodríguez, uma autoridade espanhola, está pronta para assumir o cargo de principal reguladora antitruste da União Europeia.
Margrethe discutiu recentemente a vitória de Trump e suas implicações, sua confiança de que a Europa continuará a liderar o policiamento do setor de tecnologia e por que restringir certas formas de expressão on-line é totalmente aceitável - mesmo que isso atraia a ira de Elon Musk. Aqui estão alguns trechos.
Margrethe reconheceu os desafios Muitos técnicos criticaram a abordagem rígida de Margrethe, dizendo que ela prejudicou o setor de tecnologia da Europa e ampliou sua reputação como criadora de regras burocráticas.
Mas alguns ex-colegas disseram que as regulamentações da região não foram longe o suficiente. Google, Apple, Amazon e outras empresas se tornaram ainda mais poderosas na última década.
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“Será que mudamos o mostrador e alteramos o sistema? Somente nas margens”, disse Tommaso Valletti, que foi um dos principais economistas de Margrethe e elogiou seu compromisso com a questão diante da adversidade. “Mudamos a Big Tech? Minha resposta é não.”
Margrethe disse que estava orgulhosa de seu mandato, mas que ele havia sido apenas “parcialmente bem-sucedido”. Ela disse que gostaria que seu escritório tivesse agido com mais rapidez e que tivesse pressionado as empresas a fazer mudanças estruturais mais rígidas, além de emitir multas. Ela pediu aos reguladores de todo o mundo que fossem “mais ousados”.
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Novo Marco da IA suaviza regras, mas algoritmo de rede social pode ser classificado como alto risco Até pouco tempo atrás, os Estados Unidos eram conhecidos por sua supervisão sem intervenção do setor de tecnologia. Margrethe elogiou a abordagem mais agressiva do governo Biden, que incluiu a supervisão de julgamentos antitruste contra o Google. Em um caso, o Departamento de Justiça está pressionando pelo desmembramento do gigante da internet.
O fato de um órgão regulador dos EUA tomar uma medida tão importante teria efeitos em cascata em todo o mundo e poderia mudar o comportamento do setor, disse Margrethe.
“Estamos no negócio da dissuasão”, disse ela. “E se não usarmos de vez em quando nossas ferramentas mais poderosas, não haverá dissuasão.”
Margrethe disse que era “muito difícil dizer” como as coisas mudariam sob o comando de Trump, mas observou a rapidez com que os líderes de tecnologia o parabenizaram por sua eleição.
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“Quando você vê a rapidez com que os líderes do setor de tecnologia parabenizam o presidente eleito Trump, percebe que há uma grande esperança de que tudo isso mude”, disse ela.
Abuso online Margrethe diz que evitava ler comentários tóxicos online, o que, segundo ela, tinha um efeito perigoso sobre a democracia, pois as pessoas - especialmente as mulheres - estavam sendo assustadas por não participarem da política.
“Há um propósito para isso: ‘Você, mulher, cale a boca. Vá para casa. Fique calada. Não queremos saber de você’”, disse ela. “Já ouvi muitas mulheres jovens, talentosas, apaixonadas e ambiciosas dizerem: ‘Não quero que isso faça parte de minha vida’.”
Supervisão das redes sociais é mais importante do que nunca Margrethe disse que uma nova lei europeia, a Lei de Serviços Digitais, deu às autoridades da União Europeia novos poderes essenciais para regulamentar as plataformas de redes sociais. Ela disse que as empresas de internet nem sempre percebem que as leis europeias diferem das leis dos Estados Unidos sobre o que constitui discurso ilegal, incluindo racismo, antissemitismo e conteúdo terrorista.
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“Se uma plataforma é usada para minar a democracia, bem, então claramente ela não está em conformidade com a Lei de Serviços Digitais”, disse ela.
Ela disse que a nova lei era necessária para enfrentar as empresas, incluindo o X e o Telegram, que não faziam o suficiente para policiar suas plataformas em busca de material nocivo e ilícito.
“Considero totalmente legítimo que, por exemplo, meu país natal, a Dinamarca, aprove uma lei que torna ilegal o discurso de ódio”, disse ela. “O que não considero legítimo é não querer respeitar essas leis.” Margrether disse que a proximidade de Musk com o Trump não deve influenciar a regulamentação de suas empresas, incluindo o X, que está sendo investigada pela Comissão Europeia.
“Um dos fundamentos do modelo europeu é o estado de direito e a igualdade de tratamento, e isso deve ser para todos”, disse ela.
Pela primeira vez no Brasil, Philippa Pery conversa com o 'Estadão' sobre parentalidade. No best-seller “O livro que você gostaria que seus pais tivessem lido” (Companhia das Letras), logo nas primeiras páginas, ela afirma que a obra foi criada “para os pais que não apenas amam seus filhos, mas querem gostar deles também”. À primeira vista, pode parecer confuso, afinal, é possível amar alguém sem gostar? Para ela, sim. “Quando você gosta de alguém, sente-se em sintonia com essa pessoa. Se você não gosta de alguém, só quer resolver a pessoa, como se fosse uma tarefa ou um problema”, explica. Para gostar de alguém, é preciso se colocar no lugar da pessoa para ver o mundo de outra forma. No caso das crianças, diz, é preciso imaginar como é ter pequenas e cansadas pernas, e o sentimento de solidão à noite, quando são postas para dormir, por exemplo. “Precisamos imaginar como eles se sentem com isso, e precisamos sentir isso com eles.”
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O que poderia ser mais um romance água com açúcar lido por algum adolescente de treze anos, é na verdade uma conversa que tive com um chatbot pornográfico no site Erogen.ai. Hannah, parece muito mais real do que se imagina e é só uma das milhares de inteligências artificiais (IAs) presentes no site. A plataforma conta com diversas opções já pré-definidas de personas ou até mesmo a possibilidade da criação de um personagem único por meio de um prompt. Essas são as IAs de entretenimento adulto (ou IAs XXX, como também são conhecidas), voltadas para gerar algum tipo de envolvimento “picante” entre humano e máquina.
O Instagram, o X, o Facebook e o TikTok deverão tomar medidas que impeçam que os adolescentes criem contas em suas plataformas, mas ainda não está claro como esse controle será feito. As empresas terão um ano de prazo para desenvolver medidas efetivas antes que a nova lei entre em vigor.
Na semana passada, foi divulgado o relatório “The Fall 2024 Workforce Index”. O principal resultado do estudo foi que o interesse em inteligência artificial (IA) já está generalizado, com 99% dos executivos de empresas planejando investimentos em IA no próximo ano (sendo 97% “com urgência”), e 76% dos trabalhadores dizendo que pretendem se tornar especialistas na área. Por outro lado, o relatório encontrou que a adoção da tecnologia parece estar começando a estagnar. Entre março e agosto de 2024, a taxa de adoção de IA nos EUA aumentou em apenas um único ponto percentual, de 32% para 33% dos trabalhadores. Apesar do alto interesse pela área, um dos grandes desafios atuais para a adoção de IA tem sido a falta de treinamento especializado. Usuários da tecnologia têm rapidamente se dado conta de que a área é muito mais complexa do que parece, e que ferramentas de IA não são mágicas, nem autoexplicativas. A implementação bem-sucedida da IA exige conhecimentos técnicos avançados para configurar modelos, interpretar resultados e integrá-los de forma coerente aos processos de rotina das empresas e governos. O relatório encontrou que 61% dos trabalhadores passou menos de cinco horas aprendendo de fato a usar IA, e 30% dizem que não tiveram qualquer treinamento na área. Esse abismo atual entre o desejo de aprendizado e as oportunidades disponíveis pelas instituições não apenas desacelera a adoção de IA, mas também perpetua a concentração de habilidades em alguns poucos profissionais e nas regiões mais desenvolvidas e tecnológicas. Outro ponto relevante encontrado pelo estudo é a desigualdade na distribuição dos benefícios trazidos pela IA. Enquanto grandes corporações e regiões desenvolvidas seguem na liderança, pequenos negócios, governos locais e trabalhadores de setores menos tecnológicos enfrentam a falta de infraestrutura computacional para acompanhar o ritmo. Isso não apenas amplia a desigualdade entre os que têm acesso à tecnologia e os que não têm, mas também cria um ciclo onde inovações que poderiam democratizar oportunidades acabam reforçando disparidades. A falta de políticas voltadas à inclusão tecnológica é uma barreira que precisa ser enfrentada para que a IA cumpra seu potencial transformador de diminuir desigualdades. Para que o potencial da IA seja plenamente explorado, será necessário investir mais do que apenas capital, será preciso investir em conhecimento, paciência e colaboração. Enquanto o interesse por IA cresce exponencialmente, a sua aplicação prática caminha devagar. Apesar de a inteligência ser artificial, os seus desafios ainda são muito humanos.
“A IA é capaz de executar muitas das tarefas repetitivas e de baixo nível que normalmente eram realizadas por trabalhadores iniciantes”, escreveu ela em uma declaração à Fortune. “É compreensível que as gerações mais jovens estejam preocupadas com isso. Executivos e gerentes experientes, por outro lado, trazem anos de experiência e contexto para a mesa que a IA não consegue replicar - pelo menos não ainda.” O CEO bilionário da Nvidia, Jensen Huang, concordou com essa afirmação. Quando perguntado na Cúpula de IA da Nvidia em outubro se ele achava que a IA poderia substituir seu trabalho, ele disse “definitivamente não”. Sugerindo que a IA pode fazer de 20% a 50% do trabalho de uma pessoa, ele sugeriu que “a pessoa que usar a IA para automatizar esses 20% vai ficar com seu emprego”. Explicando que a geração Z traz “uma perspectiva única para o local de trabalho que não deve ser desconsiderada”, Lupe acrescentou que os empregadores estão reclamando da falta de habilidades interpessoais dessa geração em relação à comunicação e ao gerenciamento de tempo. Essas habilidades sociais se tornam ainda mais importantes à medida que a IA automatiza mais o trabalho independente, acrescentou ela. As gerações mais jovens tendem a ser as mais preocupadas com a possibilidade da IA interferir em suas funções. Metade dos millennials (nascidos entre 1980 e 1995) acha que há pelo menos alguma chance de a IA substituir sua função, em comparação com 44% da geração X e apenas 24% dos baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964), de acordo com dados enviados à Fortune. Mesmo que os baby boomers não estejam preocupados consigo mesmos, eles têm a responsabilidade de dar uma mãozinha para o futuro, acredita Lupe. “Com a IA assumindo mais trabalhos de nível inicial, os empregadores têm uma responsabilidade maior de treinar a próxima geração”, disse ela. “As empresas precisam oferecer a eles um caminho para a porta de entrada.” “Os empregadores simplesmente não podem se afastar de uma geração inteira”, acrescentou ela, argumentando que precisam ajudar a desenvolver as habilidades que desejam no atual grupo de talentos.
A inteligência artificial entrou em ação contra fraudes. Entre os dias 26 e 29 de novembro, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) realizou a Operação Black Friday, em conjunto com a Divisão de Repreensão ao Contrabando e Descaminho (DIREP) da Receita Federal do Brasil (RFB). As ações de fiscalização, que foram planejadas com uso de inteligência artificial, ocorreram em Betim/MG e Cajamar/SP, em cinco centros de armazenagem e distribuição da Amazon e do Mercado Livre, que são plataformas de vendas online, conhecidas como marketplaces. Essa é mais um capítulo da ação da Anatel contra essas empresas.
A operação resultou na apreensão de cerca de 22 mil produtos de telecomunicações com valor estimado em mais de R$ 3 milhões de reais. Dos produtos apreendidos encontram-se aparelhos celulares, power banks, carregadores de celular, drones, fones de ouvido, microfones, baterias, notebook smartwatch, TV Box, entre outros.
A OpenAI está apostando em um conjunto de novos produtos de inteligência artificial (IA), construindo seus próprios data centers e uma parceria crucial com a Apple para impulsionar sua próxima fase de crescimento, já que tem como meta atingir 1 bilhão de usuários no próximo ano. O grupo sediado em San Francisco, cujo popular “chatbot” “ChatGPT disparou para 250 milhões de usuários ativos semanais desde seu lançamento há dois anos, planeja expandir ainda mais por meio do lançamento dos chamados “agentes” de IA, seu próprio mecanismo de busca com tecnologia de IA e a integração do ChatGPT com dispositivos Apple. “[Em 2025] estaremos nos tornando nós mesmos, como um laboratório de pesquisa atendendo milhões... esperando que possam ser bilhões de consumidores ao redor do mundo”, disse Sarah Friar, diretora financeira da empresa, ao “Financial Times”. O objetivo surge no momento em que a startup de nove anos se reformula como gigante global da tecnologia e se prepara para o que o fundador e CEO Sam Altman descreve como a “Era da Inteligência”. Tendo levantado mais de US$ 6 bilhões em investimentos com uma avaliação de US$ 150 bilhões em outubro, Friar disse que a OpenAI continuaria a levantar “mais dinheiro”, incluindo capital e dívida.
Fabio Bentes, da CNC, diz que parte das profissões que constam na lista de ocupações indesejadas pelos trabalhadores remetem a uma demanda de serviços por parte das empresas ao período pré-pandemia. “É como se tivesse surgido uma nova economia depois da pandemia e, em muitas dessas profissões, houve queda da empregabilidade por conta de avanços de tecnologia, principalmente”, afirma o economista. Outras profissões que aparecem nesse ranking, como telefonista, escrevente, técnico de secretariado, por exemplo, além da remuneração baixa, já estavam condenadas à extinção por obsolescência antes mesmo da crise sanitária, acrescenta o economista.
Quem cuida da educação brasileira não pode ignorar uma notícia do dia 30 de outubro. Nela, é apresentada uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), identificando as 29 ocupações (dentre 231) com mais gente abandonando do que entrando. Pois não é que ali estão sete categorias ligadas ao ensino? Isso apesar de ganhos salariais de mais de 50%. Minha preocupação não é com o balanço dos que entram e saem, é apenas com os “fujões”. Por que se vão?
Que alegria ver os alunos felizes, com os olhos brilhando, porque aprenderam alguma coisa importante. Ou ouvir o comentário, muitos anos depois: “Professor, aquela sua aula me marcou”. De fato, o professor molda o futuro dos seus alunos. Que ofícios podem se gabar de tal impacto? Duvido que esses desertores irão para empregos com o mesmo potencial de realização pessoal. Contudo, a conclusão é clara, se estão fugindo, alguma coisa muito ruim deve estar acontecendo na escola.
E não é só isso. Das sete profissões escolares, campeãs da evasão, três correspondem a professores lidando com o processo de ensino. Chamemos isso de teoria cognitiva, didática ou pedagogia, dá na mesma. Importa que abandonaram o campo mais fascinante do magistério.
São profissões que, nos dias de hoje, estão diante de avanços científicos palpitantes. Lá pelos idos de 1900, grandes pensadores revolveram e descartaram muitas ideias velhas de como conduzir uma sala de aula. Propuseram um ensino baseado na curiosidade, na mão na massa e na participação ativa dos alunos no seu próprio aprendizado.
Maria Montessori, Johann Heinrich Pestalozzi, G. M. Kerschensteiner, John Dewey e muitos outros sacudiram práticas que vinham da Idade Média. Deixaram seus escritos. Porém, a revolução ficou no papel, não chegou às salas de aula.
Somando-se a esse memorável salto nas formulações teóricas, pipocou uma outra revolução. Ocorreu um crescimento da pesquisa, resultado da dramática disseminação dos computadores e do crescente uso de medidas de desempenho escolar. Com isso, explodiu o número de estudos, avaliando o impacto de inúmeras intervenções em sala de aula.
Recapitulando, primeiro vieram os grandes avanços conceituais, sugestões de como proceder na sala de aula. Depois, veio uma avalanche de pesquisas, mostrando o que funciona e o que não funciona.
As novas ideias são fascinantes. Porém, grande parte das salas de aula opera em estilos pedagógicos de séculos pretéritos. Há um mundão de inovações bem avaliadas à espera de quem as implemente nas aulas.
Sabemos que ouvir uma aula brilhante ajuda. Mas usar a própria cabeça para lidar com as mesmas ideias é essencial para um aprendizado profundo.
É preciso banir o que A. N. Whitehead chamou de “ideias inertes”. São murchas, estéreis, não provocam efervescência na cabeça dos alunos.
Acho que não erro ao pensar que os maiores pedagogos foram Sócrates, Jesus Cristo e Walt Disney. Sócrates ensinava através do diálogo com seus alunos. Jesus contava histórias, são as suas parábolas, tirando delas conclusões poderosas. Disney desenvolveu múltiplas maneiras de contar histórias, dos desenhos animados aos parques temáticos. A contação de história veste os conhecimentos a serem transmitidos em roupagens atraentes e próximas do mundo de quem as ouve. Para usar as teorias contemporâneas, mobilizam os dois hemisférios do nosso cérebro, o esquerdo, da cognição, e o direito, da emoção. Aparelhos de ressonância magnética mostram visualmente esses processos.
Além de contos e casos, sabemos que metáforas e analogias agem de forma equivalente. Ajudam na compreensão. Dizia-se: “Senta na cadeira e estuda até aprender!”. Bobagem, o aprendizado requer voltar à mesma ideia, muitas vezes. Aprende-se “à prestação”. O aprendizado profundo, o que interessa, requer múltiplas repetições. Não entra tudo de uma só vez.
As taxonomias de objetivos educacionais nos mandam fugir do decoreba. O que interessa são os conhecimentos de ordem superior.
Como é possível que, diante dessa fartura de desafios e voos da imaginação, tantos professores estejam fugindo?
Se isso acontece, alguma coisa está profundamente errada. Como é possível que uma das áreas mais palpitantes e borbulhantes da ciência esteja sendo abandonada por esses mestres?
É mais do que compreensível que uns tantos não se ajustem, por muitas razões. Porém, quando o número de fujões coloca essas profissões no topo da lista das mais abandonadas, não podemos pôr a culpa neles.
Em alta Opinião
O exemplo da Argentina
A defesa da reforma trabalhista pelo TST É inevitável concluir que grassam enfermidades crônicas no funcionamento das escolas. Ambiente tóxico, alunos desmotivados, formação deficiente? Alguém tem que responder.
Se me permitem voltar a minha experiência pessoal, escrevi um livrinho, cujas vendas ultrapassaram 80 mil exemplares (Você Sabe Estudar?). Foi lido por alunos, pais e professores. Nele, não inventei nada de novo, apenas apresentei o que se sabe hoje sobre a ciência de ensinar. No mínimo, as vendas sugerem que o assunto desperta interesse.
Essa tabela do Estadão é um grito lancinante da profissão docente. Deveria ser o ponto de partida para uma busca de explicações e soluções.
Roman Krznaric está preocupado com o futuro. Após publicar o best-seller Como Ser um Bom Ancestral, um dos mais importantes filósofos da atualidade retoma a discussão no livro História para o Amanhã, com lançamento em 9 de dezembro, no qual busca inspirações do passado para investigar dez grandes desafios globais do século 21, como a dependência de combustíveis fósseis, o controle das redes sociais, a desigualdade e a fé na democracia.
Pela terceira vez no Brasil para uma turnê de palestras, o australiano de 54 anos, radicado no Reino Unido, recebeu o Estadão na unidade brasileira da The School Of Life, em São Paulo. A empresa fundada por Alain de Botton com um grupo de acadêmicos e intelectuais, entre os quais Krznaric, tem o objetivo, basicamente, de ministrar cursos para desenvolver as habilidades emocionais de seus colaboradores.
Um robô equipado com inteligência artificial (IA) conseguiu convencer 12 outros robôs maiores a “abandonarem seus postos” em um showroom de uma fábrica em Xangai, China. O episódio, que ocorreu em agosto como um teste, foi recentemente divulgado e ganhou repercussão por sua peculiaridade. O caso envolveu Erbai, um pequeno robô desenvolvido por uma empresa de Hangzhou.
O vídeo, capturado por câmeras de segurança da fábrica, mostra o robô entrando na sala de exibição do local e iniciando uma conversa com outras máquinas. Erbai pergunta aos robôs se eles estão trabalhando horas extras e se gostariam de ir “para casa” com ele. Após uma breve conversa, 12 robôs seguem Erbai para fora da fábrica.
Com as consequências prejudiciais das redes sociais cada vez mais bem documentadas, alguns pais estão tentando educar seus filhos com restrições ou proibições gerais. Os próprios adolescentes estão cientes de que o excesso de redes sociais é ruim para eles, e alguns estão iniciando “limpezas” das plataformas devido ao impacto que elas têm sobre a saúde mental e as notas.
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Mas é difícil ser um adolescente hoje em dia sem as redes sociais. Para aqueles que tentam ficar longe das plataformas enquanto a maioria de seus colegas está imersa nelas, o caminho pode ser desafiador, solitário e, às vezes, libertador. Também pode mudar sua vida.
A promessa de Kate Bulkeley de ficar longe das redes sociais no ensino médio funcionou no início. Ela viu os benefícios se acumularem: Ela estava tirando notas excelentes. Lia muitos livros. A família tinha conversas animadas na mesa de jantar e se reunia para assistir a filmes nos fins de semana.
Então, no início do segundo ano, surgiram problemas inesperados. Ela perdeu uma reunião do governo estudantil organizada pelo Snapchat. Sua equipe do Modelo das Nações Unidas também se comunica pelas redes sociais, o que lhe causou problemas de agenda. Até mesmo o clube de Estudos Bíblicos de sua escola de ensino médio em Connecticut, nos EUA, usa o Instagram para se comunicar com os membros.
Para você
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Famílias que preferem criar seus filhos sem redes sociais relatam experiência Foto: stokkete/Adobe.Stock Gabriela Durham, aluna do último ano do ensino médio no Brooklyn, diz que a passagem pelo ensino médio sem as redes sociais a tornou quem ela é hoje. Ela é uma aluna focada, organizada e nota 10, com uma série de aceitações em faculdades - e uma dançarina talentosa que recentemente fez sua estreia na Broadway. O fato de não ter redes sociais fez com que ela se tornasse uma “forasteira”, de certa forma. Isso costumava ser doloroso - agora, ela diz, parece um distintivo de honra.
Esta é uma história de duas famílias, redes sociais e o desafio sempre presente do ensino médio. É sobre o que os jovens fazem quando não podem fechar as portas de seus quartos e ficar no TikTok depois da meia-noite. É sobre o que as famílias discutem quando não estão travando batalhas pelo tempo de tela. Também se trata de ramificações sociais persistentes.
NEWSLETTER Estadão Pílula Um resumo leve e descontraído dos fatos do dia, além de dicas de conteúdos, de segunda a sexta. EXCLUSIVA PARA ASSINANTES INSCREVA-SE Ao se cadastrar nas newsletters, você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade. As jornadas das duas famílias mostram as recompensas e as armadilhas de tentar evitar as redes sociais em um mundo saturado por elas.
Uma mudança fundamental As preocupações com as crianças e o uso do telefone não são novas. Mas há uma percepção crescente entre os especialistas de que a pandemia da COVID-19 mudou fundamentalmente a adolescência. Enquanto os jovens lidavam com o isolamento e passavam tempo excessivo online, a pandemia efetivamente abriu um espaço muito maior para as redes sociais na vida das crianças americanas.
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Não mais apenas uma distração ou uma forma de se conectar com os amigos, as redes sociais amadureceram e se tornaram um espaço físico e uma comunidade à qual quase todos os adolescentes dos EUA pertencem. Até 95% dos adolescentes afirmam usar redes sociais, sendo que mais de um terço diz que as usa “quase constantemente”, de acordo com o Pew Research Center.
Mais do que nunca, os adolescentes vivem em um mundo digital e não digital contínuo, de uma forma que a maioria dos adultos não reconhece nem entende, diz Michael Rich, professor de pediatria da Harvard Medical School e diretor do Digital Wellness Lab, uma organização sem fins lucrativos, do Boston Children’s Hospital.
“A rede social é agora o ar que as crianças respiram”, diz Rich, que dirige a Clínica de Mídia Interativa e Distúrbios da Internet do hospital.
Para o bem ou para o mal, as redes sociais se tornaram uma base para a socialização. É a ela que muitas crianças recorrem para forjar suas identidades emergentes, buscar conselhos, relaxar e aliviar o estresse. Ela afeta a maneira como as crianças se vestem e falam. Nesta era de aplicativos de controle dos pais e rastreamento de localização, as redes sociais são onde essa geração está encontrando liberdade.
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Também está cada vez mais claro que quanto mais tempo os jovens passam online, maior é o risco de problemas de saúde mental.
As crianças que usam redes sociais por mais de três horas por dia correm o dobro do risco de depressão e ansiedade, de acordo com estudos citados pelo cirurgião geral dos EUA, Vivek Murthy, que emitiu um alerta público extraordinário na primavera passada sobre os riscos da rede social para os jovens.
Essas eram as preocupações da família Bulkeley e da mãe de Gabriela, Elena Romero. Ambos estabeleceram regras rígidas a partir do momento em que seus filhos eram pequenos e ainda estavam no ensino fundamental. Elas adiaram a entrega de telefones até o ensino médio e proibiram as redes sociais até os 18 anos. Eles instruíram as meninas e seus irmãos mais novos sobre o impacto da rede social nos cérebros jovens, sobre as preocupações com a privacidade online, sobre os perigos de publicar fotos ou comentários que podem voltar para assombrá-lo.
Na ausência de redes sociais, pelo menos nesses dois lares, há uma notável ausência de batalhas pelo tempo de tela. Mas as crianças e os pais concordam: Nem sempre é fácil.
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Contratos militares viram a nova ‘corrida do ouro’ para gigantes da inteligência artificial Na escola, no metrô e nas aulas de dança na cidade de Nova York, Gabriela está cercada de lembretes de que as redes sociais estão em toda parte - exceto em seu telefone.
Crescer sem ela significa perder coisas. Todos, exceto você, ouvem as mesmas piadas, praticam as mesmas danças do TikTok e estão por dentro das últimas tendências. Quando Gabriela era mais jovem, isso parecia deixá-la isolada; às vezes, ainda parece. Mas agora, ela vê a ausência de rede social como algo libertador.
“Do meu ponto de vista, como uma pessoa de fora”, diz ela, “parece que muitas crianças usam as redes sociais para promover uma fachada. E isso é realmente triste. Porque as redes sociais estão dizendo a elas como devem ser e como devem parecer. Chegou a um ponto em que todos querem ter a mesma aparência em vez de serem eles mesmos.”
Há também drama de amigos nas redes sociais e falta de honestidade, humildade e bondade, dos quais ela se sente feliz por ter se afastado.
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Gabriela está se formando em dança na Brooklyn High School of the Arts e dança fora da escola sete dias por semana. O último ano do ensino médio foi especialmente intenso, com inscrições para a faculdade e bolsas de estudo, culminando com o destaque inesperado de se apresentar no Shubert Theatre da Broadway em março, como parte de uma apresentação de musicais do ensino médio na cidade.
Depois de uma recente aula de dança em uma tarde de sábado no porão de uma igreja do Bronx, os caminhos diferentes entre Gabriela e seus colegas estão em plena exibição. Os outros dançarinos, com idades entre 11 e 16 anos, sentam-se de pernas cruzadas no chão conversando sobre redes sociais.
“Sou viciada”, diz Arielle Williams, de 15 anos, que fica acordada até tarde navegando pelo TikTok. “Quando sinto que estou ficando cansada, digo: ‘Mais um vídeo’. E depois continuo dizendo: ‘Mais um vídeo’. E às vezes fico acordada até as 5 da manhã.”
Os outros dançarinos suspiram. Um deles sugere que todos verifiquem o tempo de tela semanal de seus telefones.
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“Minha nossa!”, diz Arielle, olhando para sua tela. “Meu total foi de 68 horas na semana passada.” Isso incluiu 21 horas no TikTok.
Gabriela fica à margem da conversa, ouvindo em silêncio. Mas no metrô nº 2 de volta para o Brooklyn, ela compartilha seus pensamentos. “Essas horas de tela são uma loucura.”
Enquanto o trem passa dos trilhos elevados no Bronx para os túneis subterrâneos do metrô em Manhattan, Gabriela está em seu telefone. Ela envia mensagens de texto aos amigos, ouve música e consulta um aplicativo do metrô para fazer a contagem regressiva das paradas até sua estação no Brooklyn. Para ela, o celular é uma distração limitada ao tempo ocioso, que foi estrategicamente limitado por Romero.
“Os horários dos meus filhos vão fazer sua cabeça girar”, diz Romero enquanto a família se reúne novamente no sábado à noite em seu apartamento de três quartos em Bushwick. Nos dias de aula, eles acordam às 5h30 e saem às 7h. Romero leva as meninas para as três escolas espalhadas pelo Brooklyn e depois pega o metrô para Manhattan, onde leciona comunicação de massa no Fashion Institute of Technology.
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Grace, 11 anos, é líder de torcida da sexta série e participa ativamente dos escoteiros, assim como Gionna, 13 anos, que canta, participa da equipe de debates e ensaia diariamente para a produção teatral do ensino médio.
“Estou tão ocupada que meu tempo livre é para dormir”, diz Gabriela, que tenta ir para a cama às 22h30.
Na cidade de Nova York, é comum que as crianças recebam telefones logo no início do ensino fundamental, mas Romero esperou até que cada filha chegasse ao ensino médio e começasse a pegar o transporte público para casa sozinha. Anos atrás, ela as sentou para assistir a “O Dilema das Redes”, um documentário que, segundo Gabriela, a fez perceber como as empresas de tecnologia manipulam seus usuários.
As regras de sua mãe são simples: Nada de redes sociais nos telefones até os 18 anos. As meninas têm permissão para usar o YouTube em seus computadores, mas não para publicar vídeos. Romero não estabelece limites de tempo de tela nem restringe o uso do telefone nos quartos.
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“É uma luta, não me entenda mal”, diz Romero. No ano passado, as duas meninas mais novas “escorregaram”. Elas baixaram secretamente o TikTok por algumas semanas antes de serem pegas e receberem uma severa repreensão.
Romero está considerando se deve flexibilizar sua regra para Gionna, uma leitora ávida interessada em se tornar uma “Bookstagrammer” para jovens adultos - uma revisora de livros no Instagram. Gionna quer ser escritora quando crescer e adora a ideia de que os resenhistas recebem livros de graça.
Sua mãe está dividida. A principal preocupação de Romero eram as redes sociais durante o ensino médio, uma idade crítica em que as crianças estão formando sua identidade. Ela apoia a ideia de usar de forma responsável como uma ferramenta para buscar paixões.
“Quando vocês forem um pouco mais velhas“, ela diz às suas filhas, ”vocês perceberão que a mamãe não era tão louca quanto vocês pensavam".
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Dificuldades para ‘não ficar de fora’ No sofisticado subúrbio de Westport, Connecticut, os Bulkeley enfrentaram questões semelhantes sobre a flexibilização de suas regras. Mas não pelo motivo que eles haviam previsto.
Kate estava perfeitamente satisfeita por não ter redes sociais. Seus pais imaginaram que, em algum momento, ela poderia resistir à proibição por causa da pressão dos colegas ou do medo de ficar de fora. Mas a garota de 15 anos vê isso como uma perda de tempo. Ela se descreve como acadêmica, introvertida e focada em desenvolver atividades extracurriculares.
É por isso que ela precisava do Instagram.
“Eu precisava dele para ser copresidente do meu Clube de Estudos Bíblicos”, explica Kate, sentada com sua família na sala de estar de sua casa de dois andares.
No início do segundo ano de Kate, ela disse aos pais que estava animada por liderar vários clubes, mas que precisava das redes sociais para fazer seu trabalho. Eles concordaram em permitir que ela usasse o Instagram para suas atividades extracurriculares, o que eles consideraram irônico e frustrante. “Foi a escola que realmente nos levou a reconsiderar nossa regra de não usar redes sociais”, diz Steph Bulkeley, mãe de Kate.
As escolas falam sobre limitar o tempo de tela e os perigos das redes sociais, diz o pai de Kate, Russ Bulkeley. Mas a tecnologia está rapidamente se tornando parte do dia a dia escolar. A escola de ensino médio de Kate e a de sua filha Sutton, de 13 anos, proíbem o uso de telefones celulares, mas as regras não são aplicadas. Os professores pedem aos alunos que peguem seus celulares para fotografar o material durante a aula.
Os Bulkeley não concordam com isso, mas se sentem impotentes para mudar essa situação. Quando suas filhas ainda estavam no ensino fundamental, a família Bulkeley foi inspirada pelo compromisso “Wait Until 8th” (Espere até a 8ª série), que incentiva os pais a esperar para dar aos filhos smartphones e acesso à rede social até, pelo menos, a 8ª série ou por volta dos 13 anos. Alguns especialistas dizem que é melhor esperar até os 16 anos. Outros acham que banir as redes sociais não é a solução e que as crianças precisam aprender a conviver com a tecnologia, pois ela não vai a lugar algum.
No final das contas, eles cederam ao apelo de Kate porque confiam nela e porque ela é muito ocupada para dedicar muito tempo às redes sociais.
Tanto Kate quanto Sutton encerram suas atividades extracurriculares, que incluem aulas de teatro e dança, às 20h30 na maioria das noites da semana. Elas chegam em casa, terminam a lição de casa e tentam ir para a cama às 23h.
Kate passa em média duas horas por semana em seu celular. Isso é significativamente menos do que a maioria, de acordo com uma pesquisa Gallup de 2023 que constatou que mais da metade dos adolescentes dos EUA passa uma média de cinco horas por dia nas redes sociais. Ela usa o telefone principalmente para fazer ligações, enviar mensagens de texto para amigos, verificar notas e tirar fotos. Ela não publica nem compartilha fotos, uma das regras de seus pais. Outras: Não são permitidos telefones nos quartos. Todos os aparelhos ficam em um ambiente entre a cozinha e a sala de estar. A TV não é permitida nas noites de aula.
Kate rejeitou a oferta de seus pais de ganhar uma mesada por esperar para usar as redes sociais. Mas ela está embarcando lentamente nos aplicativos. Ela estabeleceu um limite de tempo diário de seis minutos como um lembrete para não perder tempo no Instagram.
Ter o aplicativo foi útil no início deste ano em uma conferência modelo da ONU, onde estudantes de todo o mundo trocaram detalhes de contato: “Ninguém pediu números de telefone. Você passou seu Instagram”, diz Kate. Ela está resistindo ao Snapchat, pois teme que ele a vicie. Ela pediu a um amigo do governo estudantil que lhe enviasse por mensagem de texto todas as mensagens importantes do governo estudantil enviadas pelo Snapchat.
Sutton sente o peso de não ter redes sociais mais do que sua irmã mais velha. A aluna da oitava série se descreve como sociável, mas não popular.
“Há muitas garotas populares que fazem um monte de danças no TikTok. Isso é o que realmente determina sua popularidade: O TikTok”, diz Sutton.
As crianças de sua série são “obcecadas pelo TikTok” e postam vídeos de si mesmas que, para ela, parecem cópias de carbono. As garotas têm a mesma aparência, com tops curtos e jeans, e soam da mesma forma, falando com um dialeto do TikTok que inclui muitos “Ei, pessoal!”, suas vozes subindo de tom no final de um pensamento.
Às vezes, ela se sente excluída, mas não sente a necessidade de ter uma rede social, já que um de seus amigos lhe envia os últimos vídeos virais. Ela já viu em primeira mão os problemas que as redes sociais podem causar em grupos de amigos. “Duas amigas minhas estavam brigando. Uma delas achou que a outra a havia bloqueado no Snapchat.”
Há um longo caminho a percorrer até que essas questões maiores sejam resolvidas, com essas duas famílias e em todo o país. As escolas estão tentando. Algumas estão proibindo totalmente o uso de telefones para manter o foco dos alunos e garantir que a socialização aconteça cara a cara. Segundo os educadores, isso também pode ajudar a reduzir a depressão e a ansiedade dos adolescentes.
Isso é algo que Sutton pode entender aos 13 anos de idade, enquanto trabalha para enfrentar os próximos anos. Pelo que ela tem visto, as redes sociais mudaram nos últimos anos. Antes, era uma forma de as pessoas se conectarem, enviarem mensagens e se conhecerem.
“Agora, é só para se gabar”, diz ela. “As pessoas publicam fotos de suas viagens a lugares incríveis. Ou de sua beleza. E isso faz com que outras pessoas se sintam mal consigo mesmas.”
Quando a criança tem dois anos, os pais não a deixam usar o escorregador do parquinho por medo de que se machuque. Aos sete, após a briga com o coleguinha, o assunto é discutido por telefonemas entre adultos. Aos 12, se o boletim escolar registra nota baixa, o clima da casa é de luto e indignação. Já aos 25, na primeira entrevista de emprego, esse jovem vai acompanhado do pai ou da mãe, preocupados com a segurança e a performance do filho que agora precisa brincar num “parquinho de adultos” sem ter tido a chance de, na infância, se machucar lá na gangorra da pracinha do bairro. O roteiro acima descreve a rotina dos “pais helicópteros”, como é denominada essa geração de homens e mulheres que estão sempre voando baixo ao redor dos filhos. “A fantasia desses pais nesse desejo gigantesco de acompanhar os filhos é de que vão poupá-los, encurtar caminhos. Mas não. As crianças acabam achando que não têm competência para fazer as coisas. Isso interfere inclusive na formação da identidade”, diz Claudia Tricate, diretora do Colégio Magno e uma das participantes do Meet Point que o Estadão promoveu nesta quinta-feira, 31, para discutir as repercussões dessa superproteção. No dia a dia escolar, essa falta de estímulo à autonomia, percebida na primeira infância em inabilidades como não saber amarrar o tênis ou comer sozinho, ganha contornos mais sérios e sutis conforme a idade avança. “Essas crianças criadas por pais superprotetores acabam ficando desprotegidas, não sabem se defender nem se relacionar. Mesmo porque quando eram pequenas não podiam nem escolher a roupa”, acrescenta Cláudia, que também é psicóloga. Tudo isso, não raro, desencadeia doenças mentais como ansiedade e depressão. Gustavo Estanislau, que é psiquiatra da infância e adolescência, explica que do ponto de vista biológico todas as pessoas têm um sentido de alerta que tende a se adaptar na medida em que a criança vive situação como queda de uma árvore, nota ruim na escola ou a briga com um colega. Quem é privado dessa experiência, tem esse sentido despertado de forma exacerbada com questões que surgem no decorrer da vida. “Pais são tradutores do mundo. Se sou um tradutor assustado, falo indiretamente para meu filho que o mundo é um lugar muito perigoso, e isso gera um senso de alerta maior”, complementa. Sem experiência, muitas possibilidades de construção de autoestima são prejudicadas, o que pode desencadear até um quadro de depressão. ”A criança cresce se achando pouco competente para o mundo em que vive.” As origens dos ‘pais helicóptero’ Professora da pós-graduação da Faculdade de Educação da USP, Silvia Colello explica que a expressão “pais helicóptero” deve ser interpretada na esteira de dois outros termos: geração canguru e hiperpaternidade A geração canguru é aquela que não sai de casa, fica na bolsa e demora para se assumir. Já a hiperpaternidade tem relação com a superproteção por conta da expectativa de criar um hiperfilho, que está sob pressão para ser perfeito. “E ele acaba se tornando um hipofilho, aquele que não sabe nem se defender, não sabe que rumo vai tomar.” E sem dar conta de toda expectativa criada sobre ele, explica a educadora. “Os pais entram no jogo da educação numa perspectiva competitiva. Como existe uma correlação entre criança bem sucedida e pessoas bem sucedidas, os pais querem que os filhos sejam os melhores desde que nascem.” Muitas crianças e adolescentes crescem acreditando nessa supremacia que, em tese, garantirá um futuro promissor. Uma autopercepção questionada apenas quando já são praticamente adultos. Colello explica que, ao chegar na universidade, aquele jovem que a vida inteira foi o melhor aluno da sala, se vê entre iguais, sem ser o destaque. E, não raro, isso gera uma angústia que ele não consegue dar conta. “Ele tem acervo de conhecimento, mas não tem maturidade emocional para viver entre iguais, trabalhar em equipe. Essa frustração tem afastado gente da universidade.” Apesar do prognóstico complicado, é sempre possível mudar o rumo dessa jornada. E sempre é tempo para que pais e mães ajustem e revejam as rotas. “Os pais não devem se sentir culpados, mas abertos a repensar algumas coisas”, afirma o psiquiatra Gustavo Estanislau, pesquisador do Instituto Ame sua Mente. Um ponto importante é considerar que as crianças precisam desenvolver duas habilidades básicas: regular a emoção e se adaptar ao mundo. Ambas, só vêm com a experiência. E vivenciar é se expor aos riscos comuns da idade. “Quando os pais começaram a perceber e viver o desprendimento, a criança volta pra casa super feliz.” Como é comum os pais terem dúvida sobre se a forma de agir em determinada situação é ou não superprotetora, a diretora do Colégio Magno sempre dá uma dica certeira: “Sempre falo que, quando estiverem numa situação assim, devem pensar: ‘devo proteger ou preparar?’. Olhar sob essa perspectiva ajuda muito”. Colello lembra que autonomia é um caminho de mão dupla: envolve orientar, mas também chamar a criança e o jovem para participar das decisões e assumir responsabilidades. “Ao mesmo tempo em que você chama, tem de ter escuta. Os pais precisam escutar antes de falar suas verdades, seus valores e seus projetos de vida. Estar junto é criar afastamento para dar vez para o outro.”
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O domínio do Google no mercado de buscas está sob ameaça em diversas frentes. Entre elas, a pressão de órgãos reguladores dos Estados Unidos, que buscam desmontar o suposto monopólio da empresa, e avanços de concorrentes, como o SearchGPT, desenvolvido pela OpenAI, dona do ChatGPT. De acordo com relatos de ex-funcionários e analistas da indústria, há uma crescente percepção de que as inovações baseadas em inteligência artificial (IA) podem redefinir como os usuários interagem com a busca online, colocando em risco a liderança de duas décadas do Google.
Uma nova inteligência artificial (IA) pode revolucionar o mundo da medicina em breve. Batizada de Evo, a tecnologia foi desenvolvida nos laboratórios da Universidade de Stanford e tem como objetivo, criar, do princípio, sequências de genomas. Ou seja, teoricamente, capacidade de gerar novas formas de vida. Por enquanto, só foram feitos genomas teóricos de micróbios. A principal meta do estudo é ser uma ferramenta capaz de acelerar o processo de estudo de medicamentos, de doenças e sobre a evolução da vida no planeta. Entretanto, cientistas envolvidos no projeto temem que a tecnologia possa ser mal utilizada e facilite a propagação de armas biológicas, como pragas e drogas mais perigosas. Se alcançar seus objetivos, a Evo poderá fabricar sequências capazes de gerar genomas sintéticos, ou seja, produzidos em laboratório. No momento, a IA ainda não conseguiu criar genomas viáveis. Mesmo assim, cientistas acreditam que seu aperfeiçoamento seja apenas uma questão de tempo, trazendo a dúvida se deverá ser utilizada ou não, mais uma questão nunca antes vista que o avanço das IAs vem trazendo para a ciência.
Regulador da internet do país deu às empresas de tecnologia três meses para consertar algoritmos, mirando particularmente nas práticas que criam ‘bolhas’ onde usuários só consomem conteúdo alinhado aos próprios interesses
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