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April 25, 2012 7:44 PM
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Uniban deve indenizar bacharel de Direito em R$ 20 mil

Impedido de obter a inscrição definitiva na Ordem dos Advogados do Brasil, um bacharel em Direito conseguiu no Superior Tribunal de Justiça que a instituição de ensino onde se formou, a Uniban, o indenize pela omissão de um ponto crucial: a faculdade não tinha o reconhecimento do Ministério da Educação (MEC) para o curso de Direito.

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Curadoria por Luciano Sathler. CLIQUE NOS TÍTULOS. Informação que abre caminhos para a inovação educacional.
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September 10, 2024 9:19 AM
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Igualdade Artificial, um risco para a educação. Por Luciano Sathler

Igualdade Artificial, um risco para a educação. Por Luciano Sathler | Inovação Educacional | Scoop.it

O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa?
Luciano Sathler
É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais
As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática.
Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing.
O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais.
Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho.
A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados.
A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar.
No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes.
Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador".
Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante.
Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos.
Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano.
O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.

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April 25, 5:01 PM
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AI 2027

AI 2027 | Inovação Educacional | Scoop.it
We predict that the impact of superhuman AI over the next decade will be enormous, exceeding that of the Industrial Revolution.

We wrote a scenario that represents our best guess about what that might look like.1 It’s informed by trend extrapolations, wargames, expert feedback, experience at OpenAI, and previous forecasting successes.2
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April 25, 10:50 AM
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Escolas Inclusivas

Ebook é resultado do curso Gestão Inclusiva na Educação Especial (GIEE) e traz experiências de mais de 280 docentes da região da Grande Dourados
Até 2015, era comum no Brasil que crianças com deficiência fossem segregadas em instituições especializadas, longe do convívio com colegas da mesma faixa etária. A partir da aprovação da Lei Brasileira de Inclusão (Lei Federal nº 13.146), esse cenário começou a mudar, garantindo o direito de crianças e adolescentes com deficiência, transtorno do espectro autista e altas habilidades/superdotação de frequentarem escolas regulares, com direito ao Atendimento Educacional Especializado (AEE).

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April 25, 10:28 AM
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Curso superior melhora a saúde cognitiva

Curso superior melhora a saúde cognitiva | Inovação Educacional | Scoop.it
Entre a população idosa, muitos querem ir para a universidade pela primeira vez ou voltar para cursar uma nova graduação
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April 25, 10:01 AM
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A incrível fábrica da Embraer em Gavião Peixoto: Super Tucanos, Grippen e KC390

A incrível fábrica da Embraer em Gavião Peixoto: Super Tucanos, Grippen e KC390 | Inovação Educacional | Scoop.it
A fábrica da Embraer em Gavião Peixoto, interior de São Paulo, é uma joia da engenharia e da inovação brasileira. Inaugurada para ser a segunda maior unidade produtiva da Embraer no mundo — atrás apenas da de São José dos Campos —, ela foi projetada com foco especial na produção de aeronaves militares e estratégicas. Essa especialização se reflete em sua impressionante infraestrutura: lá está a maior pista de pouso de concreto das Américas, com 5 km de comprimento, construída para testar aviões de grande porte e futuros projetos de alta complexidade.
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April 25, 9:11 AM
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Trump Wants Teachers Trained How to Use AI. Will It Work?

Trump Wants Teachers Trained How to Use AI. Will It Work? | Inovação Educacional | Scoop.it
Um novo decreto assinado pelo presidente Donald Trump prevê a incorporação de inteligência artificial em toda a educação básica. Um dos principais focos desse plano é treinar professores sobre como integrar IA em suas aulas e fluxos de trabalho.

Esta foi uma das sete ordens executivas assinadas por Trump em 23 de abril com foco na educação, incluindo uma sobre "garantir políticas disciplinares escolares sensatas" e algumas focadas em instituições de ensino superior.

Alguns educadores e organizações educacionais receberam bem a ordem, dizendo que a alfabetização em IA para educadores e alunos é importante e muito necessária.

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“Estou muito animada com isso”, disse Pam Amendola, professora de inglês na Dawson County High School, em Dawsonville, Geórgia. “A IA não é o futuro. A IA é o presente, e precisamos da orientação do governo federal.”

Embora seu distrito ainda não tenha fornecido treinamento sobre IA, Amendola participou de treinamentos de IA em seu próprio tempo e começou a ensinar seus alunos o que é IA, como funciona e como usar ferramentas de IA de forma responsável.

Mas outros especialistas e educadores estão céticos de que o governo federal será capaz de concretizar os objetivos políticos da ordem, dado que muito financiamento e conhecimento foram cortados dos departamentos encarregados de executar esse trabalho.

Se você está falando sobre como fazer com sucesso essas conexões do nível federal para o campo, acho que muito dessa expertise já não existe mais.
Bernadette Adams, ex-assessora sênior de políticas do escritório de tecnologia educacional do Departamento de Educação
O decreto exige que os secretários de educação e agricultura, bem como o diretor da Fundação Nacional de Ciências, priorizem verbas de subsídios discricionários e programas existentes para a formação de professores. O Departamento de Educação tem a tarefa de apoiar o desenvolvimento profissional tanto de professores de ciência da computação quanto de aulas com foco em IA, e também de todos os educadores, para que integrem os fundamentos da IA ​​em todas as disciplinas.

A ordem também orienta o secretário de agricultura e o diretor da NSF a alavancar programas existentes para criar oportunidades de treinamento de professores para ajudar os professores a "integrar efetivamente ferramentas baseadas em IA" em suas salas de aula.

“À medida que a Inteligência Artificial (IA) remodela todos os setores industriais, é de vital importância que a próxima geração de estudantes esteja preparada para aproveitar essa tecnologia em todos os aspectos de suas vidas profissionais”, afirmou a Secretária de Educação, Linda McMahon, em um comunicado. “O governo Trump liderará o caminho na formação de nossos educadores para promover a educação precoce e responsável em IA em nossas salas de aula, a fim de manter a liderança americana na economia global.”

Mas é uma tarefa árdua, visto que a maioria dos professores ainda não recebeu nenhum desenvolvimento profissional em IA, como constatou o Centro de Pesquisa EdWeek em pesquisas com professores. Em uma pesquisa do Centro de Pesquisa EdWeek de outubro de 2024 , 58% dos professores afirmaram não ter recebido nenhum desenvolvimento profissional sobre o uso de IA generativa em sala de aula, e 68% afirmaram não estar usando ferramentas de IA em suas salas de aula.

Os distritos escolares precisam de ajuda para superar a enxurrada de produtos de IA
As escolas precisam desesperadamente de apoio para treinar professores sobre a tecnologia em rápida mudança que está surgindo aparentemente em todos os lugares, disse Dusty Strickland, vice-diretor da North Murray High School em Chatsworth, Geórgia.

“Meus professores, que estão fazendo tudo o que podem para garantir que nossos alunos conheçam os padrões que precisam conhecer, não têm tempo para se aprofundar apenas em [IA]”, disse ele. “É um trem em movimento muito rápido, então como podemos garantir que nossos professores consigam embarcar?”

Atualmente, os professores da Murray High School podem se voluntariar para participar de treinamentos ministrados por especialistas em tecnologia do distrito sobre o uso da tecnologia de IA já incorporada às ferramentas e programas utilizados pelo distrito, disse Strickland. Os professores que participam do treinamento voluntário costumam compartilhar o que aprenderam com os colegas.

Strickland disse que gostaria de ver o governo federal fornecer às escolas mais dinheiro para treinamento de IA para professores, bem como recursos para ajudar administradores como ele a determinar quais programas de desenvolvimento profissional e ferramentas de IA são de alta qualidade.

“Muitas pessoas estão aparecendo dizendo: 'Olá, sou um especialista', mas não sei como [fazer com que] provem que são especialistas em um campo tão novo”, disse ele.

Embora Amendola, a professora da Geórgia, esteja otimista sobre o decreto executivo, ela está cautelosa sobre quanta influência as empresas de tecnologia educacional terão na força-tarefa federal de IA a ser estabelecida pelo decreto executivo e suas responsabilidades.

Em todo o país, os distritos têm sido lentos na adoção de diretrizes e no fornecimento de treinamento em IA, devido à rápida evolução da tecnologia e à falta de expertise. Como resultado, a exposição dos educadores à IA tem vindo principalmente de empresas de tecnologia educacional que estão "oferecendo seus produtos para uso pelos distritos", disse Amendola.

É por isso que ela enfatiza que a força-tarefa federal deve contar com organizações cujo objetivo principal não seja vender produtos e serviços relacionados à IA.

Randi Weingarten, presidente da Federação Americana de Professores, criticou a ordem executiva em um comunicado , dizendo que ela abre as escolas para "empresas de tecnologia irresponsáveis" e "software não comprovado".

“Embora a IA possa ser uma ferramenta útil e importante para educadores e alunos em salas de aula, temos visto sistemas que produzem desinformação, invadem a privacidade e contam relatos históricos imprecisos”, disse Weingarten.

Em vez disso, disse Weingarten, a administração deveria “investir em salas de aula e instruções projetadas por educadores que trabalham diretamente com os alunos e que têm o conhecimento e a experiência para atender às suas necessidades”.

A ordem executiva não aborda a privacidade de dados ou o preconceito na IA
Os objetivos do decreto são, em grande parte, bipartidários por natureza. Há amplo apoio à concessão de mais recursos às escolas para o aproveitamento dessa poderosa tecnologia.

Mas também há omissões significativas na diretiva e possíveis obstáculos para converter a política em realidade, dizem alguns especialistas.

Uma preocupação é que verbas que poderiam ter sido desviadas para apoiar os objetivos do decreto executivo — bem como muitas pessoas com experiência no assunto — estejam sendo cortadas do governo federal, disse Bernadette Adams, ex-assessora sênior de políticas do escritório de tecnologia educacional do Departamento de Educação dos EUA e especialista em IA. Toda a equipe do OET, incluindo Adams, foi demitida como parte dos recentes cortes de pessoal do Departamento de Educação. O Departamento de Educação agora tem cerca de metade do número de funcionários que tinha quando Trump assumiu o cargo.

De pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Educação a especialistas de outras indústrias que assumiram cargos temporários no governo, "essas pessoas também foram expulsas e demitidas", disse Adams. "Então, se estamos falando sobre como fazer essas conexões com sucesso do nível federal para o campo, acho que muito dessa expertise já se foi."

Não é apenas a eliminação do escritório de tecnologia educacional e de outras pessoas que anteriormente forneciam conhecimento especializado em IA que prejudicará os esforços. Há também lacunas significativas na diretiva, disse Adams. A ausência mais notável é qualquer menção à privacidade dos dados dos alunos ou à parcialidade na IA — duas questões importantes que os especialistas frequentemente levantam sobre a segurança e a eficácia da IA.

Por fim, disse Adams, o decreto executivo foca na IA como uma questão trabalhista e de força de trabalho: treinar os estudantes de hoje para empregos futuros. Tanto os governos democratas quanto os republicanos têm a tendência de encarar a IA dessa forma, e essa é uma oportunidade perdida, disse ela.

“Sinto que o decreto, como está redigido, e talvez com o avanço do trabalho, as pessoas considerem isso, mas, na minha opinião, ele marginaliza o ensino e a aprendizagem, que são a essência da educação”, disse ela. “Acredito que há oportunidades educacionais reais que não são exploradas quando a IA é enquadrada apenas como uma área de conteúdo ou um plano de carreira.”
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April 25, 9:08 AM
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Inteligência artificial no direito: veneno ou remédio?

Não é ficção. Nos Estados Unidos, o aplicativo DoNotPay ficou conhecido por ser o “primeiro advogado robô do mundo”, ajudando usuários a recorrerem de multas de trânsito e pequenas causas. E na China, tribunais já utilizam inteligência artificial (IA) para analisar processos e sugerir decisões em casos de menor complexidade.
Então, preparem-se: a inteligência artificial já chegou ao mundo jurídico e não parece disposta a sair. Para alguns, ela é a salvação contra a morosidade e a burocracia dos processos. Para outros, é uma ameaça à autonomia dos profissionais do direito, que podem acabar reféns de decisões algorítmicas. Mas, afinal, a IA é um veneno ou remédio?
De um lado, a tecnologia surge como uma grande aliada, agilizando tarefas repetitivas e permitindo que advogados e magistrados se concentrem em questões estratégicas. De outro, o medo de que a IA decida sozinha e torne a atuação humana dispensável não é exagerado. Afinal, será que estamos nos aproximando de um futuro onde um software analisará provas, preverá sentenças e indicará jurisprudências sem interferência humana?
É justamente aí que a IA mostra seu valor. Ferramentas baseadas em aprendizado de máquina e processamento de linguagem natural são usadas para revisar contratos, identificar precedentes e até prever o desfecho de ações judiciais. Os chamados legal techs, softwares jurídicos especializados, são usados para organizar petições, analisar jurisprudência, verificar documentos e reduzir prazos.
Nos tribunais, sistemas automatizados agilizam a tramitação dos processos e desafogam o Judiciário. E cidadãos usam assistentes virtuais e chatbots sugerem orientações jurídicas. Tudo isso faz parecer que a IA veio para resolver problemas que há décadas atormentam os profissionais do direito. Mas e os riscos?
A empolgação com a tecnologia não deve ofuscar os desafios. Se hoje as pessoas têm controle sobre os processos, a dependência excessiva de sistemas automatizados coloca isso em xeque. Um dos principais riscos é a chamada “automatização cega”, quando operadores do Direito confiam tanto nas sugestões da IA que não questionam seus critérios.
Outro problema sério é a transparência dos algoritmos. Muitos desses sistemas funcionam como verdadeiras “caixas-pretas”, onde nem os desenvolvedores conseguem explicar exatamente como a máquina chegou à conclusão. Surgem questões preocupantes: como garantir que os sistemas são justos? Nos Estados Unidos já houve casos em que algoritmos preditivos reforçaram padrões discriminatórios no sistema penal.
Se a tecnologia é capaz de filtrar e processar um volume de informações impensável para um ser humano, ela também pode ser usada de maneira estratégica para reforçar boas práticas. Um modelo de IA treinado para verificar se há padrões discriminatórios em sentenças judiciais. Então o problema não é a ferramenta em si, mas como está programada para servir. E o mercado de trabalho?
Se a IA assumir parte das tarefas jurídicas, isso significa menos vagas para profissionais do direito? A questão divide opiniões. Especialistas alertam que a automação pode reduzir a demanda por profissionais. Outros acreditam que a IA não eliminará empregos, mas sim mudará o perfil do mercado. Em vez de substituir os operadores do direito, a IA pode criar novas oportunidades para aqueles que souberem utilizar a tecnologia a seu favor. O profissional do futuro precisará entender não só de direito, mas também de tecnologia, para atuar na interseção entre essas duas áreas. Mas o grande diferencial não será apenas o domínio técnico: será a capacidade de interpretar cenários, lidar com clientes e oferecer soluções jurídicas que vão além do previsível. Afinal, direito não é só regra, é contexto, argumentação e estratégia.
A boa notícia é que, por enquanto, a inteligência artificial não consegue replicar características humanas essenciais para o direito, como empatia, interpretação subjetiva e discernimento moral. Na prática, o direito exige um olhar humano para a análise de cada caso.
Isso não significa que a IA não possa causar problemas. Se sua adoção ocorrer sem regulamentação adequada e sem preocupação com ética e transparência, os riscos de erros, injustiças e decisões enviesadas podem comprometer a credibilidade do sistema. Por outro lado, se for bem utilizada, pode ser um instrumento poderoso para melhorar o acesso à justiça.
No fim das contas, o problema não é a IA em si, mas a forma como lidamos com ela. O futuro do direito não será definido pela tecnologia, mas pela maneira como notários e demais operadores do sistema jurídico irão utilizá-la.
Cabe entender que o grande diferencial não será conhecer as leis, mas saber lidar com gente de verdade. Afinal, cliente não é número, é pessoa, e, por mais avançada que a tecnologia seja, ela ainda não aprendeu a ouvir com empatia, entender angústias ou dar suporte que vai além do jurídico. O atendimento humanizado vira um trunfo: acolher, explicar sem juridiquês e realmente se importar com a dor do cliente fará a diferença.
Bem por isso, escritórios de advocacia em países como Canadá têm investido no “advogado concierge”, um profissional focado no acolhimento e suporte emocional ao cliente. Portanto, a IA pode até ajudar a encontrar a melhor tese, mas quem constrói confiança com quem está do outro lado da mesa é o bom e velho operador de carne e osso. Parece contraditório, mas está na hora de correr para nos digitalizar e para nos humanizar.
Andrey Guimarães Duarte é advogado e vice-presidente do Colégio Notarial do Brasil - Seção São Paulo

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April 25, 9:00 AM
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Maternidade ‘empurra’ mulheres para mercado de trabalho informal

Maternidade ‘empurra’ mulheres para mercado de trabalho informal | Inovação Educacional | Scoop.it

A maternidade aumenta as chances das mulheres de atuar profissionalmente de forma informal. A falta de flexibilidade no mercado de trabalho formal e normas sociais, que preveem maior carga de tarefas domésticas para mulheres, ajuda a explicar essa correlação. Para economistas, maior provisão de creches em horários estendidos e aumento da licença-paternidade poderiam contribuir para reduzir o problema.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad C), compilados por Janaína Feijó, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), mostram menor taxa de participação de mulheres mães no mercado de trabalho, assim como maior nível de informalidade dessas, em comparação a mulheres sem filhos e homens pais e sem filho. O cenário é ainda mais delicado para mulheres com filhos pequenos.

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April 25, 8:58 AM
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Veja como o governo está usando a tecnologia para acabar com vagas obsoletas no funcionalismo

“Os órgãos solicitam as vagas que ainda estão disponíveis em seu acervo de cargos. No entanto, muitas dessas funções estão obsoletas e fora do escopo das necessidades futuras do governo”, diz. “Por exemplo: datilógrafo, operador de elevador, motorista de veículo oficial - são funções que já não fazem mais sentido dentro da estrutura da administração pública. Portanto, o governo não vê mais razão para autorizar concursos que incluam cargos assim.”
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April 25, 8:48 AM
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IA na gestão de recursos: o que diz a regulação (e o que falta)

Marco Legal da IA, em discussão no Congresso Nacional, poderá oferecer moldura geral para o tema, mas setor financeiro precisa de orientações específicas, construídas em diálogo com mercado
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April 25, 8:41 AM
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Futuro em risco: os impactos da falta de saneamento para grávidas, crianças e adolescentes

Futuro em risco: os impactos da falta de saneamento para grávidas, crianças e adolescentes | Inovação Educacional | Scoop.it
Como sociedade, almejamos um mundo repleto de crianças e jovens saudáveis. Porém, essa não é uma realidade possível sem saneamento básico. Buscando estudar os impactos do tema na gravidez, primeira infância, segunda infância e adolescência, o Instituto Trata Brasil, em parceria com a consultoria EX ANTE, produziu o estudo inédito “Futuro em risco: os impactos da falta de saneamento para grávidas, crianças e adolescentes”. Leia o estudo completo.
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April 25, 8:32 AM
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Grupo com renda anual de R$ 750 milhões a R$ 1 bi paga 1,49% de IR | Brasil

Grupo com renda anual de R$ 750 milhões a R$ 1 bi paga 1,49% de IR | Brasil | Inovação Educacional | Scoop.it
Contribuintes que têm rendimento médio entre R$ 750 milhões e R$ 1 bilhão ao ano pagam apenas 1,49% de Imposto de Renda em média, segundo dados da Receita Federal obtidos pelo Valor por meio da Lei de Acesso à Informação.

O fisco mapeou a posição de renda de cada um dos mais de 141 mil contribuintes que serão afetados pela proposta do governo que visa taxar a alta renda para compensar a isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para quem ganha até R$ 5 mil ao mês. O plano é instituir um IR mínimo para quem ganha acima de R$ 600 mil ao ano.
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April 25, 8:15 AM
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Japão aprova projeto de lei para regulação ‘suave’ de inteligência artificial

Japão aprova projeto de lei para regulação ‘suave’ de inteligência artificial | Inovação Educacional | Scoop.it
O projeto de lei caracteriza a inteligência artificial como uma tecnologia que "sustenta o desenvolvimento da economia e da sociedade do nosso país" e permite que o governo assuma um papel mais proeminente na definição da estratégia para o setor.
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April 25, 5:15 PM
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Com a chegada de muitos estudantes "robôs", faculdades comunitárias lutam para responder

Com a chegada de muitos estudantes "robôs", faculdades comunitárias lutam para responder | Inovação Educacional | Scoop.it
Quando o semestre da primavera começou, a professora Elizabeth Smith, do Southwestern College, sentiu-se bem. Duas de suas aulas online estavam completamente lotadas, com 32 alunos cada. Até as listas de espera das turmas, que comportavam 20 alunos, estavam lotadas. Isso nunca tinha acontecido antes. 

“Os professores ficam animados quando há muito interesse em suas aulas. Eu pensei: 'Ótimo, vou ter um monte de alunos interessados ​​e aprendendo'”, disse Smith. “Mas rapidamente ficou claro que não era o caso.” 

No final das duas primeiras semanas do semestre, Smith havia reduzido os 104 alunos matriculados em suas aulas, incluindo aqueles na lista de espera, para apenas 15. O restante, ela concluiu, eram alunos falsos, muitas vezes chamados de bots. 

"É uma experiência surreal e de cortar o coração", disse Smith. "Agora não estou dando aulas, estou interpretando um policial." 

Ela está longe de ser a única professora a lidar com essa tendência. Desde que a pandemia forçou as escolas a adotar o modelo virtual, o número de aulas online oferecidas por faculdades comunitárias disparou. Isso foi um avanço bem-vindo para muitos alunos que valorizam a flexibilidade que as aulas online oferecem. Mas também deu origem ao fenômeno incrivelmente invasivo e singularmente moderno de estudantes robôs que agora assedia professores de faculdades comunitárias como Smith. 

O objetivo dos robôs é fraudar o auxílio financeiro estadual e federal matriculando-se em cursos e permanecendo matriculado neles por tempo suficiente para que os desembolsos sejam liberados. Eles costumam fazer isso enviando trabalhos gerados por IA. E como as faculdades comunitárias aceitam todos os candidatos, elas têm sido quase exclusivamente afetadas pela fraude.  

Isso colocou os professores na linha de frente de uma guerra contra a fraude em constante evolução, prejudicou a experiência de ensino e criou barreiras significativas ao acesso dos alunos aos cursos. O que tornou a situação na Southwestern ainda mais difícil, dizem alguns professores, é a sensação de que os administradores não fizeram o suficiente para conter a crise. 

'Não costumávamos ter que decidir se nossos alunos eram humanos' 

Um aluno digita em um laptop no Southwestern College em Chula Vista em 9 de abril de 2025. / Foto de Vito di Stefano para a Voice of San Diego

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As faculdades comunitárias começaram a ver bots gerenciados por redes de fraude invadirem aulas por volta de 2021. Esses bots geralmente parecem ser pessoas reais gerenciando redes de pseudônimos falsos de alunos. Quanto mais eles gerenciam, mais dinheiro de auxílio financeiro podem roubar. 

Quatro anos depois, não há sinais claros de que o ritmo esteja diminuindo. Só em 2024, estudantes fraudulentos em faculdades comunitárias da Califórnia desviaram mais de US$ 11 milhões em auxílio financeiro estadual e federal — mais que o dobro do valor roubado no ano anterior. 

No ano passado, o gabinete do chanceler estadual estimou que 25% dos candidatos a faculdades comunitárias eram robôs . 

Apesar da quantia exorbitante, os líderes estaduais rapidamente apontam que ela representa uma fração dos cerca de US$ 3,2 bilhões em auxílio financeiro estadual e federal desembolsados ​​no ano passado. Mas, para muitos professores de faculdades comunitárias, especialmente aqueles que ministram cursos online, o fluxo de alunos robôs mudou o significado da profissão docente, disse Eric Maag, que leciona na Southwestern há 21 anos. 

“Não precisávamos decidir se nossos alunos eram humanos; todos eram pessoas. Mas agora existe esse ceticismo porque um número cada vez maior de pessoas que ensinamos não são reais. Temos que ter essas conversas com os alunos, tipo: 'Você é real? Seu trabalho é real?'”, disse Maag. “É realmente complicado, a relação entre o professor e o aluno é quase fundamental.” 

Essas investigações lideradas por professores se tornaram mais difíceis ao longo dos anos, dizem os professores. Embora alguns robôs simplesmente não entreguem trabalhos de aula e esperem se safar, eles também usam frequentemente programas de IA para gerar trabalhos de aula que depois entregam. Determinar se um aluno é um robô pode ser uma tarefa confusa. Afinal, até mesmo alunos reais usam IA para fazer a boa e velha cola nas aulas. 

No entanto, existem alguns padrões. Cursos online assíncronos tendem a ser os mais afetados. O mesmo ocorre com turmas com grande número de alunos e cursos de curta duração, como aqueles com duração de apenas oito semanas. Alguns professores também disseram que turmas cujos nomes começam com letras no início do alfabeto também são mais afetadas. 

O tempo gasto na detecção de bots no estilo Blade Runner também sobrecarregou os professores, disse Caree Lesh, conselheira e presidente do Senado Acadêmico do Southwestern College.  

“É muito difícil criar um senso de comunidade e ajudar os alunos que estão com dificuldades quando você passa as primeiras semanas tentando descobrir quem é um bot”, disse ela. 

No entanto, encontrar os alunos fraudados o quanto antes é fundamental. Se eles puderem ser identificados e retirados antes da terceira semana do semestre, quando a Southwestern distribui os fundos de auxílio, os robôs não recebem o dinheiro que buscam. Isso também permite que os professores abram as vagas ocupadas pelos golpistas para alunos reais que foram excluídos. Mas a eliminação de um grande número de alunos também pode ser assustadora para os professores, que temem que, caso suas turmas não fiquem lotadas, eles possam ser demitidos.  

Mesmo depois de expulsar os alunos fraudulentos, o pesadelo dos bots não acabou.  

Assim que as vagas são abertas nas turmas, os professores costumam receber centenas de e-mails quase idênticos de supostos alunos solicitando sua inclusão na turma. Esses e-mails costumam soar como um alarme linguístico.  

Elas apresentam frases desajeitadas, incomuns para estudantes modernos, como "Por favor, solicito", "Atenciosamente" ou "Aguardo sua resposta positiva". Grande parte dessa linguagem rebuscada condiz com o que ela viu no conteúdo gerado por IA enviado por estudantes robôs. 

Essa corrida louca por bots para se inscrever impediu que alguns alunos se matriculassem nas aulas de que precisavam. Também deu origem a uma espécie de rede de sussurros, na qual os professores recomendam que os alunos os mencionem pelo nome ao tentarem ser adicionados a outras aulas. 

Kevin Alston, professor de administração que leciona na Southwestern há quase 20 anos, se deparou com incidentes ainda mais preocupantes. Em um semestre anterior, ele chegou a ligar para alguns dos alunos matriculados em suas aulas, mas que não haviam entregue nenhum trabalho.  

"Um aluno disse: 'Não estou na sua turma. Nem estou mais no estado da Califórnia'", lembrou Alston.  

O aluno contou que havia se matriculado na mesma turma dois anos antes, mas que havia se mudado para uma universidade de quatro anos fora do estado.  

"Eu disse: 'Ah, então os robôs pegaram sua carteira de estudante e seu nome e te matricularam novamente no Southwestern College. Agora eles estão coletando auxílio financeiro em seu nome'", disse Alston.  

Um jogo de Whack-A-Mole 

Estudantes de faculdade comunitária no Southwestern College em Chula Vista em 9 de abril de 2025. / Foto de Vito di Stefano para a Voice of San Diego
Mas o que exatamente faculdades como a Southwestern farão a longo prazo não está totalmente claro, pelo menos em parte porque o que elas farão terá que mudar constantemente. Os robôs, assim como a tecnologia de IA que frequentemente os sustenta, estão em constante evolução, deixando alguns líderes com a sensação de estarem jogando um jogo de "acerte a toupeira" com apostas altas. Isso também tornou difícil para os líderes se manterem à frente dos robôs, disse Mark Sanchez, superintendente/presidente da Southwestern. 

A faculdade lançou uma Força-Tarefa de Mitigação de Matrículas Falsas que se reúne regularmente para encontrar maneiras de se manter à frente dos bots. Mas, ultimamente, as autoridades distritais têm sido mais proativas em seus ataques de bots. Um relatório recente concluiu que cerca de 1.600 dos 26.000 alunos matriculados na faculdade eram bots. Os líderes distritais então retiraram os bots suspeitos das aulas em massa e exigiram que eles comprovassem que eram reais. Poucos o fizeram.  

Sanchez tratou exatamente a forma como a faculdade identificou bots suspeitos quase como uma técnica de espionagem classificada. 

“Temos um conjunto completo de parâmetros que estamos usando... Mas não quero nada impresso que alunos fraudulentos possam ver e dizer: 'Ok, é isso que eles estão usando. Vamos encontrar soluções alternativas para esses parâmetros', porque aí teríamos que começar tudo de novo”, disse ele. 

Em última análise, porém, ele acredita que grande parte da responsabilidade de capturar bots precisa recair sobre o estado. Quando os alunos se inscrevem na Southwestern, eles usam um sistema de inscrição estadual. Assim, quando a faculdade recebe uma lista de inscritos, já está lotada de alunos fraudados. 

“O que pedimos ao estado é que coloque protocolos realmente sólidos no sistema CCC Apply”, disse Sanchez. 

O sistema de faculdades comunitárias da Califórnia investiu mais recursos na detecção de estudantes fraudulentos, firmando parcerias com algumas empresas de tecnologia, como a ID.me, para autenticar alunos. Mas isso ainda não impediu os bots. Até março, os golpistas já haviam desviado quase US$ 4 milhões em auxílio financeiro federal e estadual. 

Tracy Schaelen é a coordenadora do corpo docente de educação a distância da Southwestern. Nessa função, ela interage com muitos dos instrutores online da faculdade. O status quo atual, em que os professores passam horas e horas investigando alunos suspeitos, simplesmente não é sustentável, disse ela.  

"Professores são contratados para ensinar. Essa é a especialidade deles, e é isso que os alunos esperam deles", disse Schaelen. 

Essa solução também não pode ser a eliminação total das aulas online, disse Schaelen. Os alunos têm cada vez mais optado por opções online , especialmente os alunos mais velhos e trabalhadores atendidos pelas faculdades comunitárias. O que realmente é necessário é uma solução tecnológica, disse ela. 

“Se reduzirmos o acesso, isso impactará nossos alunos reais”, disse ela. “Nosso objetivo é oferecer suporte aos nossos alunos reais, então a solução precisa estar nos bastidores, impedindo a entrada de bots, e não restringindo o acesso.”  

'O distrito não está se esforçando' 
Todos concordam que este é um problema nacional, não algo que afete exclusivamente a região do Sudoeste. Ainda assim, alguns professores acreditam que a administração da faculdade tem feito muito pouco para controlar a crise. Anos se passaram, mas o problema só piorou. 

"Estou extremamente decepcionado com o Southwestern College. Sinto que as pessoas que relataram isso foram ignoradas, ridicularizadas e tratadas como se não estivessem dizendo a verdade", disse Smith, o professor cujas aulas estavam cheias de robôs.  

Ela disse que tem muitos amigos que trabalham em outras faculdades comunitárias e que não conseguem acreditar que os professores da Southwestern ainda precisam passar horas do dia brincando de detetive. 

"Eles dizem: 'Sim, tivemos esse problema – há um ano. Não temos mais esse problema'", disse Smith. 

Sanchez disse entender que as pessoas querem uma "solução mágica" para resolver a crise dos bots, mas isso simplesmente não é possível. A tecnologia usada pelos golpistas é muito sofisticada e a velocidade com que eles se adaptam é muito rápida. Ele também acrescentou que sente que a frustração vem principalmente de "uma pessoa", que tem expressado publicamente sua consternação.  

“A maioria das pessoas no campus percebeu o trabalho que estamos tentando fazer para mitigar esse problema”, disse Sanchez. 

Simplesmente não é o caso, disse Lesh. Como presidente do senado acadêmico, ela ouviu de muitos professores que compartilham a frustração com a percepção de falta de ação.  

"Muitas pessoas têm expressado em reuniões do senado acadêmico sobre o quão frustradas estão porque parece que o distrito não está se mobilizando tão rapidamente quanto o corpo docente gostaria e estão deixando a tarefa de resolver o problema em nossos ombros", disse ela. 
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April 25, 5:00 PM
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OpenAI seeks to make its upcoming 'open' AI model best-in-class

OpenAI seeks to make its upcoming 'open' AI model best-in-class | Inovação Educacional | Scoop.it
TechCrunch was able to learn several details about OpenAI's upcoming 'open' AI reasoning model, which could be released early summer 2025.
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April 25, 10:48 AM
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MEC estima que metade dos polos EAD será fechada com novas regras para o setor; entenda

MEC estima que metade dos polos EAD será fechada com novas regras para o setor; entenda | Inovação Educacional | Scoop.it

Metade dos 50 mil polos de ensino superior a distância do País deve deixar de funcionar conforme estimativa do Ministério da Educação (MEC). Segundo o diretor de Regulação de Educação Superior da pasta, Daniel Ximenes, as novas normas para o setor vão estabelecer uma “estrutura mínima” desses locais, o que levará ao fechamento de muitos deles.
Os polos são ambientes que teoricamente garantiriam espaço pedagógico para o aluno de EAD em cidades onde não há uma estrutura de faculdade, mas a legislação de 2017 permitiu que eles fossem criados sem autorização prévia ou mesmo avaliação do MEC. O governo sequer visita esses locais para que possam funcionar e atualmente há polos que se resumem a salas em cima de padarias ou de postos de gasolina.
Governo já indicou que vetará graduações 100% remotas nas áreas de Engenharia e de Saúde Foto: naknakhone/Adobe Stock
“No modelo de hoje, a gente visita os municípios por aí e eles são salas comerciais”, diz Ximenes, ao participar de um evento no Semesp, entidade que reúne instituições de ensino superior particulares, em São Paulo, nessa quinta-feira, 24.
Segundo ele, as normas farão parte do decreto presidencial elaborado pelo MEC e que aguarda análise da Casa Civil para ser publicado. A expectativa é de que ele seja publicado nas próximas semanas, após sucessivos adiamentos.
Segundo a reportagem apurou, a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia qual a melhor forma de fazer a comunicação das mudanças, já que o EAD atende majoritariamente a população mais pobre. Como o Estadão mostrou, o governo diz que vetará cursos 100% online nas Engenharias e na área da Saúde, em cursos como Medicina, Enfermagem, Fisioterapia, Farmácia e Nutrição.
O EAD é apontado como uma alternativa para tornar o ensino superior mais acessível para a população mais pobre e em áreas remotas. Por outro lado, motiva críticas de especialistas sobre a qualidade da oferta - sobretudo em áreas consideradas prioritárias, como a saúde e a formação de professores (em que graduações totalmente online já foram totalmente barradas).
‘Há um exagero de polos’
“O decreto orientará qual deve ser a estrutura mínima de polo, que é um espaço para acolhimento com laboratórios, conectividade, coisas que parecem óbvias, mas que não estão devidamente reguladas”, afirmou.
Os polos também passarão a ser avaliados, diz o diretor. “Não é o que o MEC vai sair fechando, mas naturalmente haverá saneamento dessa quantidade, ajustes, hoje há um exagero de polos”, afirma.
Segundo ele, as instituições, no entanto, terão um prazo de cerca de dois anos para se adaptar às novas regras. Ele acredita que a exigência de uma estrutura mínima para esses ambientes vai “valorizar a expansão e a interiorização que a EAD”.
“A gente precisa dar condição em um País como o Brasil para que o aluno possa acessar algumas estruturas básicas, já que ele não tem uma faculdade para frequentar. Muitos alunos estão em situação de pobreza, sem bom celular, dividindo o quarto, não têm condição de ter espaço de estudo na sua casa.”
“Não se trata de perseguir o setor privado, é uma lógica de qualidade”, afirmou. Ximenes fez questão de enfatizar várias vezes durante sua palestra no evento para representantes das faculdades que o ministério quer um “pacto pela credibilidade da EAD no País”. Reforçou também que o MEC “é defensor da EAD” e disse que o modelo é uma “tendência irreversível” no mundo atual, mais dinâmico e tecnológico.

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April 25, 10:02 AM
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Advogada à frente da  Orquestra Sinfônica Brasileira quer romper a ideia de que a música clássica é ‘uma coisa antiga’

Advogada à frente da  Orquestra Sinfônica Brasileira quer romper a ideia de que a música clássica é ‘uma coisa antiga’ | Inovação Educacional | Scoop.it
Ana Flávia Cabral defende o uso de inteligência artificial no aprendizado e na produção e busca abraçar a diversidade, levando mais mulheres para posições de liderança
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April 25, 10:00 AM
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Mais da metade dos trabalhadores de plataformas digitais da AL e Caribe atua para empresas do exterior 

Mais da metade dos trabalhadores de plataformas digitais da AL e Caribe atua para empresas do exterior  | Inovação Educacional | Scoop.it

Mais da metade dos trabalhadores de plataformas digitais da América Latina e Caribe (53%) atua para empresas do exterior, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira (21) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), ligada à ONU. O levantamento mostra também que 93% dos trabalhadores dessas plataformas vivem em áreas urbanas.
O relatório considera como trabalho em plataformas digitais atividades que variam de programação e design gráfico a microtarefas repetitivas, como classificação de dados ou treinamento de sistemas de inteligência artificial.
“Este relatório é uma ferramenta fundamental para fortalecer o diálogo social e enriquecer os debates sobre como promover o trabalho decente em um ambiente digital em rápida evolução”, disse Ana Virginia Moreira Gomes, diretora regional da OIT para América Latina e Caribe.
“O crescimento da economia de plataforma abriu novos mercados e criou empregos com alta flexibilidade e baixas barreiras de entrada”, diz o estudo.
“No entanto, ela também impõe desafios para garantir que os trabalhadores tenham acesso a empregos decentes, dado que esta nova forma de trabalho traz consigo o risco de operar fora das regulamentações trabalhistas e da proteção social”, afirmam os pesquisadores.
O estudo relata que, em março de 2023, foi apresentada uma análise ao Conselho de Administração da OIT sobre as lacunas regulatórias dos trabalhos que envolvem plataformas digitais. “Neste contexto, a pesquisa da OIT foi elaborada para enriquecer os debates sobre a questão normativa”, diz o estudo, destinado a oferecer dados numéricos que buscam classificar o trabalho digital na América Latina por categorias.
Neste contexto, o estudo divide o trabalho online em dois grandes grupos. O primeiro é formado pela atividade que organiza e conecta a oferta e a demanda de trabalhadores para tarefas baseadas na web, como as que abrangem tarefas de programação e design gráfico, microtarefas administrativas e treinamento de sistemas de inteligência artificial, permitindo a conexão global entre diferentes atores do mercado distantes uns dos outros.
O segundo grupo inclui plataformas de transporte, entregas e alojamento, onde as tarefas são atribuídas de acordo com a demanda local. “Essa é uma classificação que simplifica um mundo de trabalho online cada vez mais complexo, mas ajuda a delimitar o objeto de análise, que é a natureza do trabalho em plataformas digitais para tarefas baseadas na rede”, diz o estudo.
O estudo ouviu 1.153 trabalhadores em 21 países da região. A quase totalidade deles (93%) vive em áreas urbanas. Eles têm idade média de 33 anos e 38% têm formação em grau de licenciatura ou equivalente.
Em relação ao regime de trabalho, 41,7% têm emprego formal com salário mensal ou anual e 31,2% são contratados como freelancer.
A OIT destaca que diferentemente de redes de transporte ou entrega — 90% dos trabalhadores de plataformas digitais do primeiro grupo, a de atividades mais ligadas ao home office, indicam que seus contratantes estão localizados fora da América Latina e do Caribe, principalmente nos EUA e no Canadá.
O relatório estima que na América Latina e Caribe o setor emprega cerca de 12 milhões de trabalhadores principais, 21 milhões de trabalhadores secundários e 14 milhões de trabalhadores marginais.
A OIT estima que o trabalho em plataformas digitais representa 1,7% do emprego privado no Brasil e 0,5% no Chile.

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April 25, 9:10 AM
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'Science of Reading’ Advocates Underscore: It’s Not Just About Phonics

'Science of Reading’ Advocates Underscore: It’s Not Just About Phonics | Inovação Educacional | Scoop.it
Students need ‘serious and intentional’ teaching about the structure of language.
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April 25, 9:02 AM
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Reino Unido exigirá que redes sociais protejam crianças de conteúdo adulto

Reino Unido exigirá que redes sociais protejam crianças de conteúdo adulto | Inovação Educacional | Scoop.it
A agência de supervisão das telecomunicações no Reino Unido (Ofcom) anunciará nesta semana códigos de boas práticas para impedir que crianças tenham acesso a conteúdo adulto em plataformas como X e Meta, como parte da Lei de Segurança On-line, que emerge como um possível ponto de tensão nas negociações comerciais entre Reino Unido e Estados Unidos.

As plataformas de relacionamento social on-line, assim como os serviços de busca e de jogos eletrônicos, serão informadas que precisam remover ou restringir de acordo com a idade o acesso a conteúdo adulto, como pornografia, ou encontrar outras formas de proteger crianças de certos materiais “legais, mas prejudiciais”, segundo fontes a par do assunto.

A lei, que está sendo implementada em etapas após ser aprovada em 2023, marca uma das maiores reformulações na maneira como os britânicos acessam as plataformas sociais on-line, incluindo Instagram, X e Facebook.

A executiva-chefe (CEO) da Ofcom, Melanie Dawes, disse ao “Financial Times” em 2024 que o setor se deparava com uma “grande mudança” em sua forma de operar.

Na prática, os códigos trazem grandes mudanças no modo como os algoritmos distribuem o conteúdo adulto, removendo-o completamente ou implementando verificações rigorosas de idade para impedir que menores de 18 anos acessem sites e aplicativos com esse tipo de material.

As plataformas sociais on-line podem precisar passar a usar ferramentas rigorosas de verificação de idade, como exigir detalhes de cartão de crédito pela primeira vez, ou tecnologias como estimativa facial da idade.

As firmas de tecnologia terão outras maneiras de impedir que crianças vejam material adulto - como usar áreas “limpas”, nas quais se removeria qualquer tipo de pornografia, que muitas vezes é comum até em plataformas com limites de idade abaixo de 18 anos.

Pela lei, além de pornografia, menores de 18 anos não podem mais deparar-se com publicações sobre suicídio, automutilação e transtornos alimentares, e devem ser protegidos de material misógino, violento, odioso ou abusivo, segundo a Ofcom.

Os códigos sugerem medidas práticas que as plataformas podem adotar para cumprir suas obrigações, como configurar os algoritmos para filtrar conteúdo prejudicial de alimentação das plataformas sociais on-line e das buscas que crianças fazem na internet.

As empresas de tecnologia tiveram até a semana passada para realizar o que se chamou de “avaliação de acesso infantil”, para determinar se seu serviço - ou parte dele - tinha probabilidade de ser acessado por crianças. Facebook, Instagram, Snap, X e TikTok permitem usuários a partir de 13 anos.

Não consigo imaginar o governo de Keir Starmer oferecer a segurança infantil em troca de um acordo comercial”
— Beeban Kidron
As empresas têm até o fim de julho para concluir uma avaliação separada dos riscos que seu serviço representa para crianças e, em seguida, começar a aplicar medidas para mitigar esses riscos. Empresas que violarem a lei poderão receber multas de até 18 milhões de libras esterlinas (US$ 23 milhões) ou 10% de sua receita mundial.

A Ofcom também deve lançar uma consulta adicional sobre outras medidas, como o uso de inteligência artificial (IA), para combater conteúdo ilegal, e da chamada “comparação de hash”, para impedir o compartilhamento de imagens íntimas não consensuais e conteúdo terrorista.

A técnica compara certos conteúdos, como vídeos, fotos ou textos, com um banco de dados de conteúdo ilegal.

A agência reguladora também proporá protocolos de resposta a crises para eventos emergenciais, como as manifestações que irromperam no Reino Unido no terceiro trimestre.

Partes da Lei de Segurança On-line - como ordenar que plataformas sociais on-line, ferramentas de busca e aplicativos de mensagens removam rapidamente material ilegal e reduzam o risco de que esse conteúdo apareça - já foram colocadas em vigor.

No entanto, ativistas defensores da segurança on-line temem que os EUA exijam que a lei seja atenuada como parte de negociações comerciais com os EUA, tendo em vista que as novas imposições recaem em grande parte sobre sites de plataformas com sede no país.

Autoridades americanas fizeram questionamentos sobre a lei em uma reunião com a Ofcom em março, enquanto o vice-presidente dos EUA, J. D. Vance, levantou questões sobre violações da liberdade de expressão relacionadas a empresas de tecnologia americanas quando o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, visitou a Casa Branca, em fevereiro.

“Não consigo imaginar um cenário em que o governo de Keir Starmer ofereceria a segurança infantil em troca de um acordo comercial, porque fazer isso seria, na prática, tornar o governo inapto para governar”, disse a baronesa Beeban Kidron, membro independente da Câmara dos Lordes, a câmara alta do Parlamento, do Reino Unido, e ativista pelos direitos digitais.

A Snap informou que “apoia os objetivos da Lei de Segurança On-line e que continua a trabalhar com a Ofcom em sua implementação”.

A Meta informou que todos os adolescentes do Reino Unido usuários de suas plataformas, incluindo Instagram e Facebook, foram transferidos para novas “Contas de Adolescentes” para ajudar a cumprir as novas regulamentações, embora pessoas de 17 e 18 anos possam desativar as restrições.

O X informou estar “tomando todas as medidas necessárias para garantir a conformidade com a lei do Reino Unido”, enquanto o TikTok ressaltou que também cumprirá as disposições.
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April 25, 9:00 AM
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Movimento sindical brasileiro na encruzilhada

O movimento sindical tradicional está numa encruzilhada. E isso não ocorre apenas no Brasil, onde partidos de centro têm ocupado espaços estratégicos nesse campo e muitos trabalhadores por aplicativos se identificam mais com a oposição.
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April 25, 8:56 AM
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Governo avalia que decisão do TCU permite incluir só parte do Pé-de-Meia no Orçamento 

Governo avalia que decisão do TCU permite incluir só parte do Pé-de-Meia no Orçamento  | Inovação Educacional | Scoop.it
"A gente não consegue incluir hoje R$ 12 bi no Orçamento", afirmou um integrante da equipe econômica ao Valor. Caso fosse incluído o valor integral do programa no Orçamento, o governo provavelmente teria que promover um bloqueio dessa grandeza na verba discricionária dos ministérios. O primeiro relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas do ano — documento que aponta necessidade de contenção de gastos — será divulgado dia 22 de maio.

Ainda segundo apurou o Valor, o governo deve enviar um projeto de lei ao Congresso Nacional corrigindo a lei do Pé-de-Meia para estabelecer que não podem ser feitos novos aportes no Fundo de Incentivo à Permanência no Ensino Médio (Fipem), criado para fazer os pagamentos do programa. O projeto vai estabelecer que o aporte tem que ser direto de recursos do Orçamento para o Fipem, que é administrado pela Caixa Econômica Federal.
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April 25, 8:48 AM
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MEC acirra rigor sobre cursos EAD de saúde

Os cursos de ensino superior a distância das áreas de saúde e engenharia serão obrigados a ministrar a maior parte do seu conteúdo acadêmico de forma presencial, segundo Daniel Ximenes, diretor de regulação de ensino superior do Ministério da Educação (MEC). O número de alunos estudando nessa modalidade de aprendizado praticamente dobrou desde a pandemia e, atualmente, 50% dos universitários brasileiros estão matriculados numa graduação on-line.
A mudança é uma das medidas do novo marco regulatório do ensino a distância, que está para ser anunciado pelo MEC desde dezembro e agora depende da aprovação do presidente Luis Inácio Lula da Silva. O governo dará um prazo de dois anos para que o setor faça as adequações às novas regras.
“O EAD cresceu de forma exponencial, sem uma estrutura, com um tripé de qualidade, regulação e avaliação precários. É complexo, mas precisamos desse marco regulatório”, disse, ontem, o diretor do MEC, durante evento realizado pelo Semesp, sindicato do setor, em São Paulo.
O representante da pasta informou ainda que os polos de ensino a distância passarão a ser fiscalizados. “Hoje, há registro de 50 mil polos de ensino a distância e nem a metade têm estrutura adequada. Muitos são apenas salas comerciais”, disse Ximenes.
A expectativa é que, com a exigência de maior quantidade de aulas presenciais, os polos sejam readequados, com mais laboratórios e salas com equipamentos de tecnologia para as aulas. Não haverá fechamento de polos por parte do MEC como já ocorreu no passado.
Mas, o MEC vai também mudar as regras de concessão de polos de ensino a distância. Hoje, as instituições de ensino podem abrir até 250 polos por ano, o que é visto pela atual gestão como exagerado. A ideia é restringir esse volume, mas esse ponto será detalhado por meio de novas portarias divulgadas após a publicação do marco regulatório. Também haverá portarias informando qual o percentual de presencialidade necessário para os cursos da área de saúde, engenharia, pedagogia e formação de professores.
Para a presidente do Semesp, Lúcia Teixeira, as medidas apresentadas são positivas porque visam a qualidade dos cursos.
Desde que assumiu a pasta, em 2023, o ministro Camila Santana tem sido rigoroso em torno do ensino a distância, reclamando da qualidade dos cursos. No mês passado, afirmou que cursos de enfermagem 100% on-line serão proibidos.
No ano passado, o ministro determinou que graduações de pedagogia e licenciaturas a distância precisam ter 50% de presencialidade. Além disso, em junho de 2024, o MEC proibiu a abertura de novos cursos, vagas e polos de ensino a distância até a publicação do novo marco regulatório, cuja previsão inicial era ter seu decreto publicado em dezembro. O adiamento em praticamente quatro meses incomodou o setor.
O governo deve flexibilizar a exigência de que 50% do conteúdo didático seja ministrado de forma presencial para cursos de pedagogia e licenciatura tendo em vista a carência de polos na rede pública. Nas universidades públicas, o número de cursos EAD ainda é pequeno.
Sobre os cursos de enfermagem que o ministro do MEC afirmou recentemente que terão de ser totalmente presenciais, deve haver uma flexibilidade possibilitando parte do conteúdo pedagógico ser on-line, mas a maior carga horária ainda terá que ser ministrada de forma presencial, em salas de aula ou polos.
O diretor do MEC explicou ainda que as atividades acadêmicas síncronas (ao vivo) como, por exemplo, discussão de um tema entre alunos e docentes é que demandarão presença de professores ou tutores por turma e não aulas. Havia uma informação do mercado de que para cada turma de 50 alunos em aulas síncronas seria exigida a presença de um tutor, o que é visto pelas instituições de ensino como um aumento de custo.

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April 25, 8:40 AM
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As crianças esquecidas no século 19

As crianças esquecidas no século 19 | Inovação Educacional | Scoop.it

O equivalente a mais de 5 mil piscinas olímpicas de esgoto despejado na natureza. Mais de 340 mil internações - e isso só em 2024 - causadas por falta de saneamento básico, que atinge cerca de 49 milhões de pessoas, quase um quarto da população brasileira. Os números relacionados à falta de saneamento básico no país são grandiosos. Os dados são assombrosos, principalmente para uma nação que conta com um dos dez maiores PIBs do mundo. Nenhum deles, no entanto, me assusta mais do que pensar nos riscos a que cada criança é exposta ao viver nessas áreas de infraestrutura precária. Como é não ter acesso a uma água que se pode beber, lavar frutas e legumes e tomar banho sem risco? O que acontece quando uma criança ingere a água do banho, que pode estar em contato com fossas e outros arranjos sanitários insalubres?
A maior parte dos leitores deste texto nunca viveu algo parecido: estações de tratamento de água começaram a ser instaladas nos grandes centros urbanos há um século e meio, em 1876. Mas um quarto da população vive, nos dias de hoje, em condições sanitárias análogas às do século 19.
É extremamente bem atestada a relação direta entre a queda da mortalidade infantil e a expansão do saneamento básico. Na década de 1870, as chances de uma criança brasileira morrer antes de 1 ano de idade eram superiores a 80%. No restante do mundo não era muito diferente. As crianças na primeira infância são ainda hoje as mais atingidas pela ausência de saneamento básico, causadora de uma lista ampla de doenças: diarreia, cólera, hepatite A, dengue, febre amarela, doença de Chagas, malária, leptospirose etc. Para crianças pequenas em situação de pobreza, cada uma dessas doenças representa risco de morte. Em uma criança, esse percentual chega a 75%.
Falta de água ou ingestão de toxinas e outras substâncias presentes na água não tratada também afetam a memória, a atenção e o aprendizado. Além disso, metais pesados, como chumbo e arsênio, podem causar danos neurológicos. Contaminantes químicos e pesticidas podem enfraquecer a imunidade, afetar o crescimento e aumentar riscos de doenças, além de alterar hormônios e provocar distúrbios metabólicos. Esses são dados da National Scientific Council on the Developing Child, Universidade Harvard.
Costumamos nos referir à água como um recurso, um elemento ou substância. Prefiro o ponto de vista indígena, que a coloca como parte integrante da vida, da mesma forma que somos nós. Precisamos elevá-la ao nível de uma existência que precisa ser cuidada, afinal não há possibilidade de vida sem ela. Mas estamos falhando nessa tarefa. A mais recente (e uma das maiores) metanálises sobre o assunto, que reuniu 20.000 artigos, feitos entre 1976 e 2022, evidencia a deterioração da qualidade da água em escala global.
Dentre os diversos agravantes, o processo de urbanização é o maior responsável - e ele não vai deixar de ocorrer. As cidades continuam em expansão. A questão é como fazer isso sem degradar. A resposta passa pela construção de uma cultura de tratamento, gestão e cuidado com a água e com todos que dependem dela, principalmente aqueles na primeira infância, que estão entre os mais frágeis dessa cadeia.
Os números mostram isso. A despeito de todos os avanços da medicina, 70 mil crianças de 0 a 4 anos foram internadas em hospitais do país em 2024, vítimas de doenças relacionadas à falta de saneamento básico. Em 2023, 601 hospitalizados nessa faixa etária não sobreviveram (os óbitos de 2024 ainda não foram consolidados). Mesmo as que se curam podem ter seu futuro comprometido pelas doenças associadas à falta de saneamento. A primeira infância é a fase de maior desenvolvimento neurológico e físico dos seres humanos. Episódios sucessivos de diarreia, por exemplo, fazem com que o corpo da criança desvie a energia necessária para o seu desenvolvimento para sobreviver a essas crises.
A mesma dinâmica ocorre com outras doenças --além do fato que algumas delas podem deixar sequelas específicas. Uma pesquisa do Instituto Trata Brasil mostra que a criança que não teve acesso ao saneamento desde o nascimento, aos 11 anos, não terá atingido os marcos básicos avaliados pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Ela pode ter dificuldade para calcular o troco ou identificar ironia num texto. Na adolescência, a diferença de aprendizado equivale a 1,8 ano a mais de escolaridade para quem tem acesso a saneamento em relação a quem não tem.
Infelizmente, as desigualdades se apresentam em camadas que se sobrepõem. A falta de saneamento afeta aqueles que vivem em situação de maior vulnerabilidade e, dentro desse grupo, os mais atingidos são as populações preta, parda e indígena. Enquanto 92% das pessoas amarelas e 83% das brancas declaram ter acesso a esses serviços, apenas 75% das pessoas pretas, 69% das pardas e 29% das indígenas contam com ele.
A universalização de água tratada e sistema de esgoto é, portanto, imprescindível e urgente. Só a economia para o SUS chegaria a R$ 50 milhões a cada ano, todos os anos. Mais importante do que vantagens financeiras, entretanto, é o fato de que não dá para proteger o desenvolvimento integral das crianças que vivem sem essa infraestrutura. Este deve ser argumento suficiente para priorizar a expansão dessas redes. Trata-se de um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para 2030. O cálculo para atingir essa meta é que cada município invista R$ 230 por ano, por habitante. A média hoje está em R$ 111, e há locais que não têm nenhum planejamento para expandir este valor.
Ao pensar em cada criança que vive no contexto de privação desses serviços, cinco anos é tempo demais. Portanto, a possibilidade de não universalizar o saneamento básico nem mesmo nesse prazo é inconcebível. Essa é uma meta que precisa dos esforços dos três entes do pacto federativo para ser atingida. O tamanho de cada município e seus respectivos recursos não podem ser razão para condenar a sua população a um saneamento precário. Não falta tecnologia nem experiência para expandir a infraestrutura adequada para todos. Sabemos fazer. Sobretudo, não faltam razões. Não podemos falar em diminuição da pobreza, da desigualdade ou em qualquer desenvolvimento real do país enquanto ainda temos uma parcela tão grande da população esquecida no século 19.

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April 25, 8:19 AM
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Brasil fecha 2024 com 29 mil restaurantes a menos | Empresas

Brasil fecha 2024 com 29 mil restaurantes a menos | Empresas | Inovação Educacional | Scoop.it
O Brasil encerrou 2024 com um saldo de quase 29 mil restaurantes a menos em relação a 2023. No ano passado, foram abertos 368 mil negócios entre restaurantes, lanchonetes, padarias e pizzarias, ao mesmo tempo em que 397 mil pontos fecharam as portas. Entre os fatores que pesaram no dia a dia desses negócios, além dos econômicos, está o crescimento do delivery, que ganhou impulso na pandemia de covid-19 e tem se mantido mesmo com o fim do isolamento social.

Os dados fazem parte do Índice de Desenvolvimento do Food Service, levantamento feito pela Wise Sales em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia). Segundo o documento, 65% dos estabelecimentos fechados eram caracterizados como não MEI (sigla para microempreendedor individual).

Esse resultado evidencia que os restaurantes mais tradicionais, em geral com espaço físico dedicado, continuam enfrentando maiores dificuldades para se manterem ativos. Em entrevista ao Valor, o CEO da Wise Sales, Caio Saad, afirmou que isso ocorre porque, além da ascensão do delivery, o setor concorre com outros serviços de entretenimento.

“Antes, uma das formas de o consumidor buscar o entretenimento era ir até o restaurante, para socialização, para ter essa experiência. Hoje, o consumidor fica em casa, eventualmente ele vai pedir delivery, mas vai assistir a uma série no streaming, por exemplo. As tão faladas ‘bets’ [casas de aposta], nos últimos 18 meses, cresceram demais e também fizeram com que a renda discricionária, que é aquela que sobra no fim do mês para você poder ir até um restaurante, seja gasta de outras formas”, disse.

O relatório mostra que 70% dos novos estabelecimentos foram registrados como MEI, o que aponta para o crescimento da informalidade no setor de alimentação fora do domicílio. “Quando a gente olha para como a expansão do delivery aconteceu no Brasil ao longo dos últimos anos, vemos que os MEIs puxaram o crescimento do food service”, afirmou Saad.

Neste contexto, são comuns os casos de cozinhas sem espaço físico para atendimento presencial, conhecidas como “dark kitchens”. Esse modelo ganhou força especialmente durante a pandemia, quando muitas pessoas viram no delivery uma oportunidade de renda extra enquanto restaurantes tradicionais estavam fechados e o consumo presencial era inviável.

Do total de negócios que se iniciaram no ano passado, quase 23% foram voltados exclusivamente ao delivery, somando mais de 65 mil. No entanto, a pesquisa ressalta que os estabelecimentos focados em entregas foram também responsáveis por 24,26% dos fechamentos do setor, o que evidencia um mercado competitivo e relativamente saturado.

De acordo com o levantamento, as dificuldades para manter margens de lucro saudáveis esbarram em custos logísticos, altas taxas cobradas por plataformas de entrega e a dificuldade de fidelizar clientes em um segmento onde o preço frequentemente é o principal fator de decisão. O cenário macroeconômico de aumento da inflação e da taxa de juros também pressiona o setor, em especial o segmento de não MEIs.

“O endividamento inviabiliza o próprio crescimento e sustentação, principalmente desses pequenos estabelecimentos, que são menos estruturados. Lembrando que o food service é um mercado extremamente pulverizado, onde mais de 80% do ‘share’ [participação de acordo com a receita] desse mercado advém dos pequenos e médios”, afirmou o CEO da Wise Sales sobre a necessidade de políticas públicas de redução de tributos e renegociação de dívidas.

Culinária brasileira e padarias mais longevas
O levantamento também faz uma análise de tipologia dos estabelecimentos, de acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (Cnae) e análise dos cardápios. O grupo “restaurantes brasileiros”, que engloba as categorias de “restaurantes comuns”, “comida saudável” e “churrascarias”, é o mais numeroso, com 401,1 mil estabelecimentos. Na sequência estão as lanchonetes, com 188,5 mil; as confeitarias, com 126,6 mil; e as hamburguerias, com 101,1 mil.

Considerando o tempo de vida do negócio, as padarias são os empreendimentos mais duradouros, com uma média de funcionamento de 16 anos. Os restaurantes de comida chinesa aparecem em segundo lugar, com uma média de 11,8 anos, seguidos pelos bares, que duram 10,8 anos em média.

Na análise geográfica, do total de 1,25 milhão, 644,5 mil estabelecimentos estão na região Sudeste, que tem a maior concentração de restaurantes. Na sequência está o Nordeste, que conta com 234,7 mil; o Sul (194,1 mil); o Centro-Oeste (107,4 mil) e o Norte (68,4 mil).

Food service puxa a indústria
De acordo com o levantamento da Abia, as vendas da indústria de alimentos para o food service, em termos nominais, cresceram 10,4% em 2024 na comparação com o ano anterior, alcançando R$ 260,9 bilhões. A participação do segmento nas vendas da indústria para o mercado interno alcançou 28%, superando o observado em 2023 (27,6%), porém ainda abaixo da parcela registrada em 2019, de 33,1%.

“Embora a participação do food service ainda esteja abaixo do patamar pré-pandemia, a partir de 2021 o setor retomou seu padrão de crescimento anterior a 2020, com taxas superiores às verificadas no varejo alimentar, impulsionado pelo aumento do poder aquisitivo da população, o que favorece a demanda por serviços de alimentação fora do lar”, afirmou o presidente da Abia, João Dornellas.

Mesmo com a perspectiva de juros elevados, o executivo afirma que o segmento de food service deve continuar em expansão. Isso porque o consumo interno de alimentos tende a ser estimulado por fatores como a expansão da massa de renda da população ocupada, projetada em 2,5%, e a geração positiva de empregos.

“Isso significa mais renda disponível, o que favorece tanto o varejo quanto o food service. A demanda no canal de alimentação fora do lar tem alta correlação com a renda, e a tendência é de crescimento contínuo, ainda que em ritmo ajustado ao desempenho da economia”, disse.
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April 25, 8:11 AM
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Como é definido o preço de um livro no Brasil? Saiba quais são as despesas que influenciam o custo

Como é definido o preço de um livro no Brasil? Saiba quais são as despesas que influenciam o custo | Inovação Educacional | Scoop.it
As editoras brasileiras precisam estar com as contas na ponta do lápis para operar. Tudo é detalhe. Equações são feitas para manter o processo editorial em ritmo saudável, e, em geral, calcula-se o preço de um livro a partir de análises específicas. Nas reuniões editoriais, não há fórmula pronta, fora o ajuste das partes de maior ou menor custo na hora de fechar um orçamento. Os valores de cada etapa editorial costumam sofrer variações mediante oferta, demanda e políticas praticadas pelas casas editoriais.

O setor, hoje, está de olho nas métricas e em tendências de comportamento. A cultura virtual e a resposta do público têm influenciado no conteúdo do que se publica, embora não abale esse ofício secular em suas estruturas. A figura do editor, historicamente associada a um perfil romântico, se transformou. Mas formar um bom catálogo e ter uma base forte de leitores ainda são as principais ambições de um publisher.

Tendência que vem se consolidando na última década, a segmentação tem sido vista pelas editoras como uma opção para ampliar público. Criam-se os selos, pequenas editoras dentro de editoras, em que são construídos catálogos direcionados a leitores específicos. Grupos como Alta Books, Companhia das Letras, Record, Globo, Leya e Autêntica têm apostado nessa forma de diversificação. Há selos para títulos juvenis, best-sellers, clássicos, autoajuda etc.

Para alcançar status, a bibliodiversidade é vista como base do ecossistema. “O catálogo tem que ser diversificado. Ter o best-seller, que vende muito, e ter também os long-sellers, que demoram mais para vender, mas trazem reputação e valor crítico para o catálogo da editora”, afirma Rejane Dias, diretora editorial do Grupo Autêntica. “Um sucesso comercial dá fôlego para que uma editora possa investir em títulos menos comerciais.”

O mercado editorial funciona como uma aposta de mercado de futuro”
— Maria Carolina Borin
A pesquisadora de mercado editorial Maria Carolina Borin, que já passou pelo setor comercial da Fósforo e da Cosac Naify, faz uma síntese: “O mercado editorial funciona como uma aposta de mercado de futuro”. Para ela, o valor de capa de um título reflete os custos de uma cadeia de profissionais especializados, para além da matéria-prima - que encareceu nos últimos anos.

Segundo Borin, os custos de um livro já começam quando a editora fecha uma proposta e precisa pagar um adiantamento ao autor para ter direito de publicar a obra. “Propostas para autores estrangeiros são maiores porque o padrão de negociações costuma ser em dólar. Em todos esses anos no mercado editorial, vi de tudo, livros comprados por menos de US$ 5 mil a valores fora da curva, que chegaram a US$ 50 mil.”

O Valor consultou orçamentos de alguns livros com perfis semelhantes em editoras de variados portes, com custos totais entre R$ 60 mil e R$ 90 mil, em que boa parte dos adiantamentos - à exceção de best-sellers - flutua entre US$ 1 mil e US$ 5 mil. Segundo Borin, o cenário costuma ser ainda mais desfavorável para autores nacionais e estreantes, que recebem adiantamentos em real - quando recebem. Já para títulos concorridos, o cenário muda completamente. As editoras participam de leilões e o investimento é pesado.

Quando o livro está nas livrarias - último ato do longo processo editorial -, o autor recebe royalties calculados com base no valor de cada venda, geralmente 10% por unidade. Essa porcentagem reservada ao autor, no entanto, costuma ser descontada até ser quitado o adiantamento pago no princípio do processo. Só depois o autor receberia royalties integrais. Assim, se a tiragem esgotar e houver interesse por novas edições, negociam-se novos royalties para o autor.

No momento em que chega o original, tratando-se de um autor estrangeiro, a próxima etapa da produção do livro é a tradução, em que o padrão é cobrar um preço fixo. O Sindicato Nacional dos Tradutores (Sintra) estabelece uma média de R$ 43 por lauda (2.100 caracteres). Se um livro é traduzido de uma língua como o russo, em que há menos tradutores do que o inglês no Brasil, o custo por lauda tende a aumentar. O mesmo vale para um tradutor especialista, que tem preço diferenciado.


Rejane Dias: “Um sucesso dá fôlego para investir em títulos menos comerciais” — Foto: Ana Paula Paiva/Valor
Em casas reconhecidas por suas traduções, como a Editora 34, essa etapa pode chegar a até 30% do orçamento de um livro. A tradução é um trabalho que demanda muita pesquisa e pode levar meses. Caso a editora consiga uma bolsa para subsidiar a tradução, geralmente oferecida por embaixadas e programas culturais, os custos são atenuados.

Não é incomum os valores de adiantamento e tradução representarem boa parte do orçamento. Em alguns casos, chegam a representar até mais de 50% do custo final de um livro. Tradução feita, o texto segue para o preparador. Esse profissional esclarece equívocos, resolve questões textuais, aponta mudanças, sugere revisões e trabalha no texto para dar fluidez no todo. Por ser mais trabalhosa, a preparação sai mais cara do que a revisão: o preço de uma lauda varia entre R$ 8 e R$ 12.

Geralmente, as grandes editoras investem no trabalho de dois ou três revisores. A primeira revisão costuma ser mais elevada do que as seguintes, que tendem a ser menos trabalhosas. Em média, cobra-se entre R$ 5 e R$ 10 uma primeira revisão, sendo que a segunda raramente chega a R$ 4 por lauda. Revisão e preparação, juntas, representam entre 5% e 15% nos custos finais de um livro, segundo os orçamentos obtidos.

“Como não existe uma tabela fixa [para tradução e revisão], a precificação dessas etapas se baseia na troca de experiências dos profissionais. Se uma editora está pagando determinado valor por lauda, em tradução, revisão ou preparação, a tendência é que a concorrência acompanhe esse valor ao longo do tempo. As conversas são essenciais para evitar discrepâncias no mercado editorial, embora elas existam”, afirma uma profissional de revisão.


Roberto Borges e Régis Mikail: “Cada livro é uma equação específica” — Foto: Divulgação
“Uma editora menor, independente, não paga necessariamente menos por uma revisão, tradução ou preparação do que uma empresa maior. O que costuma acontecer, para equilibrar as contas, é reduzir o número de publicações”, relata outra.

Em algum momento do processo, espera-se que entre a preparação e as revisões o livro pare nas mãos dos profissionais que desenvolvem o projeto gráfico - diagramação, editoração eletrônica e design. A escolha da capa de um livro é uma das decisões mais importantes para as vendas. Há editoras que recorrem a bancos de imagens. Para outras, a ousadia compensa para o livro se destacar nas prateleiras, mesmo que o investimento no trabalho de artistas e estúdios especializados encareça a etapa. Os preços costumam variar bastante.

Quando o livro é finalizado e o arquivo fechado, é hora de seguir para a gráfica. Essa etapa pode significar mais uma boa parte do orçamento. No caso de grandes editoras, que produzem em maior quantidade, a matemática compensa. Quanto mais se imprime, mais barata fica a produção, e o preço da unidade do livro despenca.

“Todas as editoras fazem cotações com diversas gráficas para negociar os melhores preços. O papel é uma commodity dolarizada, logo sofreu um forte impacto com a alta do câmbio - assim como aconteceu com os adiantamentos”, diz Amanda Orlando, editora dos selos Globo Livros, Biblioteca Azul e Principium.

A falta de matéria-prima tem aumentado os custos gráficos. Segundo a Globo, a etapa encareceu 15%. “Sofremos com uma escassez dos papéis mais utilizados na impressão de livros. Nos últimos anos, dados os desafios do cenário econômico brasileiro, o preço dos livros sofreu um aumento principalmente por conta do crescimento das despesas gráficas”, diz Orlando.


Amanda Orlando: “Sofremos com uma escassez dos papéis mais utilizados na impressão de livros” — Foto: Tissiana Chaves/Divulgação
Em editoras como Antofágica, Ubu, Carambaia e Ercolano, a questão gráfica é parte da filosofia do negócio. “O design sempre foi uma preocupação central para a editora. O acabamento, a escolha do papel e a qualidade da impressão são elementos essenciais para nós”, dizem Roberto Borges e Régis Mikail, fundadores da editora Ercolano.

“Cada livro é uma equação específica - por incrível que pareça, nem sempre a capa dura é um investimento maior -, mas entendemos que o design gráfico não é apenas um detalhe estético e, sim, parte da experiência de leitura. Esse cuidado tem um peso importante no orçamento, mas faz parte do que queremos entregar ao leitor: livros que sejam pensados em cada detalhe.”

Levando em conta um título estrangeiro com média de 200 páginas, é possível estipular uma tradução por algo em torno de R$ 9 mil. Revisões e preparação, juntas, vão custar mais R$ 4 mil à editora. A esse valor, soma-se um adiantamento de US$ 2 mil, algo em torno de R$ 12 mil. Assim, somente os custos editoriais chegam à casa dos R$ 25 mil.

Já na etapa gráfica, considerando preço do papel e uma tiragem de 3 mil exemplares, é possível prever um custo de mais R$ 30 mil - em que a unidade do livro sai por R$ 10. Somadas, as duas etapas totalizam R$ 55 mil gastos pela editora (ou R$ 18,33 por cópia), sem contar as despesas com distribuição, armazenamento e os custos fixos da operação da empresa.

Se esse livro chega à praça por R$ 54,49, o preço médio em 2024 segundo o Painel do Varejo de Livros, é preciso descontar a porcentagem retida pela livraria após a venda, que é cerca de 40% (R$ 21,80), antes de calcular o que volta para a empresa. No Brasil, pratica-se o modelo de consignação: é como se a livraria pegasse emprestado o livro da editora e, só depois de vendido, pagasse pelo produto.

“Em média o valor pago pelo livro só chega depois de 60 ou 90 dias para a editora. E só nesse tempo é possível ver se o livro está vendendo bem, se está em uma curva ascendente”, diz Maria Carolina Borin.

Retornarão para a editora cerca de R$ 33 para abater o investimento. Deste valor, supondo que a tiragem esgote, o que é raro para um livro que não seja best-seller, os gastos com tradução compreenderiam R$ 2,75; revisão e preparação, R$ 1,50; adiantamento de autor perto de R$ 6; e os custos com gráfica e papel, R$ 10. O lucro, portanto, seria de R$ 13 por livro. Neste caso, para não dar prejuízo, o título precisaria vender mais da metade de sua tiragem - um processo demorado para a maioria dos long-sellers, dizem editores consultados pelo Valor.

Quando o livro chega às livrarias, leitores esperam desconto. A prática é comum em feiras do livro de universidades como USP e Unesp, onde editoras disponibilizam parte de seus catálogos com pelo menos 50% de desconto. Lançamentos, geralmente, não estão nas listas. Enquanto isso, em plataformas de varejo como Amazon, é possível ver lançamentos mais baratos, mesmo quando comparados aos valores em sites de editoras.

“É insustentável para a saúde financeira das livrarias e editoras independentes praticar descontos agressivos como fazem as grandes plataformas. Contamos com uma clientela fiel para não sacrificar nossas margens de lucro, que são modestas. Precisamos manter toda uma estrutura, que não é barata”, diz Adalberto Ribeiro, sócio-fundador da Livraria Simples, livraria de rua no bairro do Bixiga, em São Paulo.

“Acreditamos que autores, editores e livrarias trabalham juntos para conectar leitores aos livros. [...] Estamos cientes do debate atual e seguimos comprometidos em discutir com o governo e os formuladores de políticas os possíveis impactos de uma proposta que pode aumentar o preço dos livros para os consumidores”, informa a Amazon.

Não existe uma proposta que mire aumentar o preço de livros por parte do governo. O que há é o projeto aprovado na Comissão de Educação e Cultura do Senado no fim de 2024, a Lei Cortez, que limita descontos em lançamentos a 10% nos primeiros 12 meses de lançamento de um livro.

Nas reuniões de definição de preços, são analisados o perfil do livro, público-alvo, concorrência e os custos totais de produção. O valor final é estudado com cuidado, afinal, a primeira preocupação de um editor é não encarecer um título e afastar o leitor. Segundo a mais recente edição da pesquisa Retratos da Leitura, o Brasil deixou de ter 6,7 milhões de leitores nos últimos quatro anos e 53% da população brasileira não leu um livro inteiro em 2024. O alto preço dos livros foi listado como um dos principais motivos desta baixa.

Borin relembra uma das lendas pela qual a editora de Charles Cosac ficou conhecida: a definição subjetiva dos preços dos livros. “A Cosac Naify foi lendária quando pensamos em originalidade, qualidade editorial e gráfica. Ela deixou um legado. Mas, na hora de definir preços, era comum não levar em consideração os custos de produção. Os livros ficavam caros, e o preço de capa não cobria os gastos.”

Rejane Dias diz acreditar que uma formulação eficiente de preços segue métricas, dados e projeções de mercado. Ela destaca que para cada livro é desenvolvida uma estratégia. “Tem livro que é commodity”, afirma, referindo-se aos best-sellers que classifica como “romantasia juvenil” - romances para adolescentes que se passam em mundos fantásticos, um filão repercutido e turbinado por redes sociais como o TikTok.

Para Amanda Orlando, o leitor hoje tem o poder de influenciar toda a cadeia editorial instantaneamente: “Receber uma boa crítica ou uma indicação de um influenciador de alcance nas redes sociais pode tornar um livro um best-seller do dia para a noite”.

Esse fator tem pesado nas negociações internacionais. “Muitas obras se tornam disputadas em leilões acirrados no mundo inteiro por se transformarem em fenômenos nas redes. Foi o que aconteceu com a série ‘The Bad Billionaire Bosses’, de Kyra Parsi, um dos títulos mais disputados nesta edição da Feira do Livro de Londres, cujos direitos foram adquiridos por grandes ofertas de editoras de todo o mundo após a autora se tornar um dos maiores fenômenos do BookTok”, conta Orlando.

A parceria com influenciadores e o investimento em equipes de marketing e divulgação são outros custos que as editoras levam em consideração na hora de fechar um orçamento. Nos últimos anos, as empresas fortaleceram ou precisaram criar departamentos de comunicação com foco em redes sociais.

Entre o planejamento de campanhas e o conteúdo que é produzido, há fatores inesperados. “Já aconteceu de um título que está há bastante tempo no catálogo esgotar depois de um influenciador falar sobre. O mercado do livro precisa acompanhar de perto essas pessoas”, afirma Dias.

A diretora editorial da Autêntica conta que uma de suas últimas grandes apostas é a biografia do piloto inglês Lewis Hamilton, escrita por Michael E. Sawyer. O título foi adquirido em leilão por um valor alto e já havia passado por várias etapas editoriais, estava com preço definido e tem previsão de publicação pela editora Vestígio ainda para este semestre. Mas, no meio do caminho, havia outro livro do astro das pistas na praça.

A concorrência colocava em pré-venda outra biografia do piloto por um preço menor. Com as planilhas já batidas e acordo selado entre financeiro e editorial, não houve por que bater cabeça com números. Segundo Dias, em situações como essa, é preciso bancar a aposta. “Nesses casos, quando há dois livros com perfil semelhante, é preciso confiar no trabalho que realizamos com nossos livros e na identificação do público com a marca. Mesmo que o nosso seja mais caro, o prestígio da editora agrega valor.”
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