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Inovação Educacional
September 10, 9:19 AM
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O que acontece quando a maioria faz uso de uma IA para realizar suas atividades laborais? E, no caso dos estudantes, quando os trabalhos passam a ser produzidos com o apoio de uma IA generativa? Luciano Sathler É PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais As diferentes aplicações de Inteligência Artificial (IA) generativa são capazes de criar novos conteúdos em texto, imagens, áudios, vídeos e códigos para software. Por se tratar de um tipo de tecnologia de uso geral, a IA tende a ser utilizada para remodelar vários setores da economia, com impactos políticos e sociais, assim como aconteceu com a adoção da máquina a vapor, da eletricidade e da informática. Pesquisas recentes demonstram que a IA generativa aumenta a qualidade e a eficiência da produção de atividades típicas dos trabalhadores de colarinho branco, aqueles que exercem funções administrativas e gerenciais nos escritórios. Também traz maior produtividade nas relações de suporte ao cliente, acelera tarefas de programação e aprimora mensagens de persuasão para o marketing. O revólver patenteado pelo americano Samuel Colt, em 1835, ficou conhecido como o "grande equalizador". A facilidade do seu manuseio e a possibilidade de atirar várias vezes sem precisar recarregar a cada disparo foram inovações tecnológicas que ampliaram a possibilidade individual de ter um grande potencial destrutivo em mãos, mesmo para os que tinham menor força física e costumavam levar desvantagem nos conflitos anteriores. À época, ficou famosa a frase: Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais. Não fazemos aqui uma apologia às armas. A alegoria que usamos é apenas para ressaltar a necessidade de investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho. A IA generativa é um meio viável para equalizar talentos humanos, pois pessoas com menor repertório cultural, científico ou profissional serão capazes de apresentar resultados melhores se souberem fazer bom uso de uma biblioteca de prompts. Novidade e originalidade tornam-se fenômenos raros e mais bem remunerados. A disseminação da IA generativa tende a diminuir a diversidade, reduz a heterogeneidade das respostas e, consequentemente, ameaça a criatividade. Maior padronização tem a ver com a automação do processo. Um resultado que seja interessante, engraçado ou que chama atenção pela qualidade acima da média vai passar a ser algo presente somente a partir daqueles que tiverem capacidade de ir além do que as máquinas são capazes de entregar. No caso dos estudantes, a avaliação da aprendizagem precisa ser rápida e seriamente revista. A utilização da IA generativa extrapola os conceitos usualmente associados ao plágio, pois os produtos são inéditos – ainda que venham de uma bricolagem semântica gerada por algoritmos. Os relatos dos professores é que os resultados melhoram, mas não há convicção de que a aprendizagem realmente aconteceu, com uma tendência à uniformização do que é apresentado pelos discentes. Toda Instituição Educacional terá as suas próprias IAs generativas. Assim como todos os professores e estudantes. Estarão disponíveis nos telefones celulares, computadores e até mesmo nos aparelhos de TV. É um novo conjunto de ferramentas de produtividade. Portanto, o desafio da diferenciação passa a ser ainda mais fundamental diante desse novo "grande equalizador". Se há mantenedores ou investidores sonhando com a completa substituição dos professores por alguma IA já encontramos pesquisas que demonstram que o uso intensivo da Inteligência Artificial leva muitos estudantes a reduzirem suas interações sociais formais ao usar essas ferramentas. As evidências apontam que, embora os chatbots de IA projetados para fornecimento de informações possam estar associados ao desempenho do aluno, quando o suporte social, bem-estar psicológico, solidão e senso de pertencimento são considerados, isso tem um efeito negativo, com impactos piores no sucesso, bem-estar e retenção do estudante. Para não cair na vala comum e correr o risco de ser ameaçado por quem faz uso intensivo da IA será necessário se diferenciar a partir das experiências dentro e fora da sala de aula – online ou presencial; humanizar as relações de ensino-aprendizagem; implementar metodologias que privilegiem o protagonismo dos estudantes e fortaleçam o papel do docente no processo; usar a microcertificação para registrar e ressaltar competências desenvolvidas de forma diferenciada, tanto nas hard quanto soft skills; e, principalmente, estabelecer um vínculo de confiança e suporte ao discente que o acompanhe pela vida afora – ninguém mais pode se dar ao luxo de ter ex-alunos. Atenção: esse artigo foi exclusivamente escrito por um ser humano. O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Luciano Sathler foi "O Ateneu" de Milton Nascimento.
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Inovação Educacional
Today, 7:18 AM
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A inteligência artificial (IA) tem se tornado cada vez mais presente em nossas vidas, desde os assistentes virtuais em nossos smartphones até os algoritmos que recomendam produtos e serviços. Mas por trás dessa revolução tecnológica estão mentes brilhantes que dedicaram suas vidas a desvendar os segredos da inteligência humana e a construir máquinas capazes de aprender, raciocinar e interagir com o mundo.
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A IA está presente até mesmo no Nobel de Química. O prêmio foi concedido a três cientistas que utilizaram a inteligência artificial para desvendar os segredos das proteínas. David Baker, da Universidade de Washington (EUA), e Demis Hassabis e John M. Jumper, da Google DeepMind (Reino Unido) foram escolhidos por suas contribuições inovadoras que revolucionaram a bioquímica e abriram caminho para avanços científicos e médicos.
Hassabis e Jumper, da Google DeepMind, desenvolveram o AlphaFold 2, um programa computacional que utiliza IA para prever a estrutura de proteínas com alta precisão. Essa ferramenta já permitiu a previsão da estrutura de mais de 200 milhões de proteínas conhecidas, acelerando significativamente as pesquisas em diversas áreas da biologia e da medicina.
Baker, por sua vez, desenvolveu o software Rosetta, que permite não apenas prever a estrutura de proteínas, mas também criar novas proteínas com funções específicas. Essa capacidade de “construir” proteínas abre caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos, materiais e tecnologias com aplicações em diversas áreas, desde a saúde até a indústria.
Para você
Mas o caminho para chegar aqui. O campo da IA existe desde os anos 50 e foi construído por muitos cientistas, alguns de destaque fundamental para o avanço do campo. De Alan Turing, o pai da computação moderna, a Fei-Fei Li, a “madrinha da IA”, essas personalidades desafiaram os limites do conhecimento e moldaram o futuro da inteligência artificial. Conheça os 10 dos maiores pesquisadores de IA da história.
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Alan Turing (1912 - 1954)
Alan Turing é considerado o pai da computação moderna e da inteligência artificial Foto: Creative Commons Alan Mathison Turing, um nome que ecoa pelos corredores da história da computação, foi muito mais que um matemático brilhante. Visionário, à frente de seu tempo, ele desvendou códigos nazistas, lançou as bases para a inteligência artificial e desafiou os limites da própria mente humana.
NEWSLETTER Estadão Pílula Um resumo leve e descontraído dos fatos do dia, além de dicas de conteúdos, de segunda a sexta. EXCLUSIVA PARA ASSINANTES INSCREVA-SE Ao se cadastrar nas newsletters, você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade. Vindo ao mundo em Londres, 23 de junho de 1912, Turing desde cedo exibiu uma mente fascinada por padrões e lógica. Em Sherborne School, seu talento para a matemática já era evidente, mas foi em King’s College, Cambridge, que floresceu. Ali, graduou-se em matemática com honras, demonstrando a genialidade que o marcaria para sempre.
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Em 1936, Turing publicou “On Computable Numbers”, um artigo que revolucionaria a computação. Nele, propôs a “Máquina de Turing”, um dispositivo teórico capaz de executar qualquer algoritmo, a base lógica para os computadores modernos. Essa máquina, que existia apenas no papel, continha a semente da era digital.
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, Turing foi recrutado para Bletchley Park, centro de decodificação britânico. Lá, liderou a equipe que decifrou o Enigma, máquina de criptografia nazista considerada inquebrável. Essa façanha encurtou a guerra, salvando incontáveis vidas, mas permaneceu secreta por décadas.
Após a guerra, Turing voltou-se para a inteligência artificial. Em 1950, propôs o “Teste de Turing”, uma forma de avaliar se uma máquina pode exibir comportamento inteligente indistinguível do humano. Esse teste, ainda hoje debatido, é um marco na filosofia da IA.
Apesar de suas contribuições vitais, Turing foi vítima da intolerância de sua época. Em 1952, condenado por “indecência grave” devido à sua homossexualidade, foi castrado quimicamente. Dois anos depois, em 7 de junho de 1954, morreu por envenenamento por cianeto, um provável suicídio.
Somente décadas após sua morte, Turing foi reconhecido como herói de guerra e pioneiro da computação. Em 2009, o governo britânico emitiu um pedido oficial de desculpas por sua perseguição. Hoje, Turing é considerado um dos maiores cientistas do século 20.
John McCarthy (1927-2011)
John McCarthy disse que a Inteligência Artificial seria a ciência e engenharia de fazer máquinas inteligentes, especialmente programas de computador Foto: Stanford University Em uma era dominada por algoritmos, aprendizado de máquina e robôs inteligentes, o legado deixado por John McCarthy, o cientista da computação que não apenas cunhou o termo “Inteligência Artificial”, mas dedicou sua vida a torná-la realidade é essencial ao falarmos do termo.
Nascido em Boston, EUA, em 4 de setembro de 1927, John McCarthy demonstrou desde cedo uma aptidão excepcional para a matemática e a lógica. Autodidata em matemática avançada, ele ingressou no California Institute of Technology (Caltech) aos 16 anos, formando-se em 1948. Seu fascínio pelo funcionamento da mente humana o levou a buscar respostas na então nascente ciência da computação.
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Em 1955, McCarthy, juntamente com outros pioneiros como Marvin Minsky, Claude Shannon e Nathaniel Rochester, organizou a Conferência de Dartmouth, um marco histórico que reuniu mentes brilhantes para discutir a possibilidade de criar máquinas inteligentes. Foi nesse evento que McCarthy cunhou o termo “Inteligência Artificial”, definindo-a como “a ciência e engenharia de produzir máquinas inteligentes”.
McCarthy não se limitou a teorizar sobre a IA. Ele também desenvolveu ferramentas para torná-la realidade. Em 1958, criou a linguagem de programação LISP (LISt Processor), especialmente projetada para manipular símbolos e listas, tornando-se a linguagem preferida para a pesquisa em IA por décadas.
Além da LISP, McCarthy fez contribuições significativas para o desenvolvimento do time-sharing, um sistema que permite que vários usuários compartilhem o mesmo computador simultaneamente, e para a lógica matemática, criando a lógica circumscription, uma forma de representar conhecimento incompleto. Ele morreu em 24 de outubro de 2011, aos 84 anos, deixando um legado duradouro na ciência da computação.
Marvin Minsky (1927-2016)
Marvin Minsky teve como área de atuação principal estudos cognitivos sobre IA Foto: Reprodução/LinkedIn Marvin Minsky foi um cientista que não apenas sonhou com máquinas pensantes, mas dedicou sua vida a desvendar os segredos da cognição e a construir as bases para a IA moderna. Nascido em Nova York, em 9 de agosto de 1927, Marvin Lee Minsky demonstrou desde cedo uma curiosidade pelo funcionamento da mente humana.
Após servir na Marinha durante a Segunda Guerra Mundial, ele se formou em matemática pela Universidade Harvard em 1950 e obteve seu doutorado em matemática pela Universidade Princeton em 1954. Minsky se dedicou ao estudo da inteligência artificial, buscando compreender como o cérebro humano processa informações, aprende e resolve problemas. Ele acreditava que a chave para criar máquinas inteligentes residia em desvendar os mecanismos da cognição humana.
Em 1959, Minsky cofundou o Laboratório de Inteligência Artificial do MIT, um dos centros de pesquisa mais importantes do mundo em IA. No local, ele liderou pesquisas pioneiras em áreas como redes neurais, robótica, visão computacional e representação do conhecimento.
Minsky desenvolveu a teoria da “sociedade da mente”, que propõe que a inteligência humana emerge da interação de múltiplos agentes mentais especializados. Ele também construiu alguns dos primeiros robôs inteligentes, como o braço mecânico com sensores táteis e a tartaruga mecânica que explorava o ambiente.
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Ele também foi foi autor de livros influentes como “Perceptrons” (1969), que explorava os limites das redes neurais, e “The Society of Mind” (1985), que apresentava sua teoria sobre a arquitetura da mente humana. Marvin Minsky faleceu em Boston, em 24 de janeiro de 2016, aos 88 anos, deixando um legado duradouro na ciência da computação e na inteligência artificial.
Raj Reddy (1937)
Raj Reddy foi vencedor do prêmio Alan Turing em 1994 Foto: Reprodução/Facebook Raj Reddy, foi um dos pioneiros da IA que dedicou sua carreira a construir pontes entre humanos e máquinas. Nascido em 1937 em Katipadu, Índia, ele graduou-se em engenharia civil na Universidade de Madras, depois se mudando para a Austrália, onde obteve seu mestrado na Universidade de New South Wales. Em 1966, Reddy concluiu seu doutorado em ciência da computação na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, dando início a uma carreira brilhante na área de inteligência artificial.
Ele foi uma das primeiras pessoas a investir no desenvolvimento de sistemas de reconhecimento de fala, que permitem que computadores compreendam a linguagem humana. O pesquisador liderou estudos na Universidade Carnegie Mellon, criando sistemas capazes de transcrever a fala em texto com precisão cada vez maior.
Além do reconhecimento de fala, Reddy também se dedicou à tradução automática, buscando desenvolver sistemas que pudessem traduzir idiomas de forma rápida e precisa. Seu trabalho visionário abriu caminho para a comunicação global sem barreiras linguísticas, facilitando o intercâmbio de informações e culturas.
Reddy também fez contribuições significativas para a área de visão computacional, que permite que computadores “vejam” e interpretem imagens. Ele desenvolveu algoritmos e sistemas que permitem que robôs naveguem em ambientes complexos, reconheçam objetos e interajam com o mundo físico de forma autônoma.
Ele também se dedicou a projetos com impacto social, utilizando a tecnologia para promover a educação e o desenvolvimento em países em desenvolvimento. Ele fundou o Instituto de Robótica da Universidade Carnegie Mellon e liderou iniciativas para levar a tecnologia da informação para comunidades carentes. O pesquisador ainda está vivo, com 87 anos de idade.
Terry Winograd (1946)
Terry Winograd é atualmente professor da Universidade de Stanford Foto: Reprodução/Youtube Nascido em 1946, nos Estados Unidos, Terry Allen Winograd graduou-se em matemática pelo Colorado College em 1966, se voltando para a ciência da computação e obtendo seu doutorado no MIT em 1970. Sua tese, intitulada “Procedimentos como Representação para Dados em um Programa de Computador para Entender a Linguagem Natural”, já revelava seu interesse profundo pela intersecção entre linguagem e inteligência artificial.
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No início dos anos 70, Winograd desenvolveu o SHRDLU, um programa de computador que ficou famoso por sua capacidade de compreender e responder a comandos em linguagem natural dentro de um mundo virtual limitado, composto por blocos coloridos. SHRDLU podia mover objetos, responder a perguntas sobre o ambiente e até mesmo planejar ações, demonstrando um nível de compreensão linguística surpreendente para a época.
Apesar do sucesso de SHRDLU, Winograd percebeu as limitações da abordagem simbólica da IA, que se baseava em representar o conhecimento através de símbolos e regras. Ele argumentou que a verdadeira inteligência humana ia além da manipulação de símbolos, envolvendo aspectos como contexto, intencionalidade e compreensão do mundo real.
Essa crítica, expressa em seu livro “Understanding Computers and Cognition: A New Foundation for Design” (1986), marcou uma virada em sua carreira. Winograd se voltou para o estudo da interação humano-computador, buscando desenvolver sistemas que fossem mais intuitivos, acessíveis e integrados à experiência humana.
Winograd se tornou um defensor de uma abordagem mais humanista da tecnologia, enfatizando a importância do design centrado no usuário e da consideração dos impactos sociais e éticos da IA. Ele atualmente leciona na Universidade de Stanford aos 78 anos.
Geoffrey Hinton (1947)
Geoffrey Hinton, ganhador do Prêmio Nobel de Física em 2024 Foto: Chris Young/AP Geoffrey Hinton é um dos nomes mais fortes quando se fala de inteligência artificial. Considerado um dos “padrinhos” da IA, ele dedicou sua carreira a desvendar os segredos do aprendizado de máquina, tanto que ganhou o Prêmio Nobel de Física em 2024.
Nascido em Wimbledon, Inglaterra, em 6 de dezembro de 1947, Geoffrey Everest Hinton herdou uma linhagem científica notável. Seu trisavô foi o lógico George Boole, cujo trabalho em álgebra booleana é fundamental para a computação moderna. Após graduar-se em psicologia experimental pela Universidade de Cambridge em 1970, Hinton obteve seu doutorado em inteligência artificial pela Universidade de Edimburgo em 1978.
Hinton sempre se interessou por como o cérebro humano aprende e processa informações. Ele acreditava que a chave para criar máquinas inteligentes residia em simular os mecanismos de aprendizado do cérebro, e não em programá-las com regras e conhecimentos pré-definidos.
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O pesquisador foi um dos pioneiros no estudo de redes neurais artificiais, sistemas computacionais inspirados na estrutura do cérebro humano. Nos anos 80, quando a pesquisa em redes neurais era vista com ceticismo, Hinton persistiu em sua crença de que essa era a chave para o desenvolvimento da inteligência artificial.
Ele fez contribuições fundamentais para o desenvolvimento do algoritmo de retropropagação, uma técnica que permite que as redes neurais aprendam com seus erros e melhorem seu desempenho ao longo do tempo. Hinton também explorou o conceito de “aprendizado profundo”, utilizando redes neurais com múltiplas camadas para processar informações complexas.
Em 2018, Hinton e outros dois colaboradores, Yan LeCun e Yoshua Bengio, de longa data receberam o prêmio Turing, frequentemente chamado de “Nobel da computação”, por seu trabalho em redes neurais.
Já em maio de 2023, Hinton pediu demissão do Google e, em entrevista ao jornal americano The New York Times, denunciou o perigo das novas tecnologias em desenvolvimento, que ele mesmo ajudou a criar. Neste ano, conquistou o Nobel de Física.
Douglas Lenat (1950-2023)
Douglas Lenat em palestra no TedTalks Foto: Reprodução/Youtube Douglas Lenat se destacou como um dos pesquisadores que não procurava que a IA apenas processasse informações, mas compreendesse o mundo de forma profunda e significativa, assim como os humanos.
Nascido na Filadélfia, EUA, em 1950, Douglas Bruce Lenat demonstrou desde cedo uma paixão por desvendar os segredos da inteligência. Graduado em matemática e física pela Universidade da Pensilvânia em 1972, ele obteve seu doutorado em ciência da computação pela Universidade Stanford em 1976, com uma tese sobre aprendizado de máquina e descoberta científica.
Lenat ganhou notoriedade no mundo da IA com o desenvolvimento do programa AM (Automated Mathematician), um sistema que, a partir de conceitos básicos de matemática, era capaz de gerar novos conceitos e conjecturas, simulando o processo de descoberta matemática. AM demonstrou o potencial da IA para a criatividade e a exploração de novos conhecimentos.
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Inspirado pelo sucesso de AM, Lenat embarcou em um projeto ainda mais ambicioso: construir o Cyc (abreviação de “encyclopedia”), uma base de dados de conhecimento de senso comum que visa representar o conhecimento humano de forma compreensível para as máquinas. Cyc, iniciado em 1984, é um projeto de longo prazo que continua a ser desenvolvido até hoje, com o objetivo de criar uma IA verdadeiramente “sábia”. O pesquisador morreu em 2023.
Noam Shazeer (1975)
Noam Shazeer o homem de US$ 2,7 bilhões Foto: Google Nascido em 1975, nos Estados Unidos, Noam Shazeer trilhou um caminho de excelência acadêmica e inovação tecnológica. Graduado em matemática e ciência da computação pelo MIT, ele obteve seu doutorado em ciência da computação pela Universidade da Pensilvânia em 2009, com uma tese sobre modelos de linguagem para tradução automática.
Shazeer iniciou sua trajetória no Google em 2000, onde trabalhou por mais de 17 anos, deixando sua marca em projetos como o aprimoramento do corretor ortográfico do buscador e o desenvolvimento de modelos de linguagem avançados. Mas sua busca por uma IA conversacional mais poderosa o levou a trilhar novos caminhos.
Em 2021, Shazeer, juntamente com o brasileiro Daniel de Freitas, fundou a Character.AI, uma startup que desenvolve chatbots capazes de interagir com humanos de forma natural e personalizada, assumindo diferentes personas e estilos de conversação
Seus chatbots na Character.AI exploram as nuances da conversação humana, permitindo que os usuários interajam com personagens históricos, figuras fictícias e até mesmo versões personalizadas de si mesmos. Essa abordagem inovadora abre caminho para novas formas de comunicação e interação com a IA. O pesquisador.
Shazeer é um dos autores do artigo “Attention Is All You Need” (2017), que apresentou ao mundo a arquitetura Transformer, um modelo de rede neural que revolucionou o processamento de linguagem natural. O Transformer permitiu a criação de sistemas de IA mais eficientes e sofisticados, capazes de gerar textos coerentes, traduzir idiomas com precisão e responder a perguntas complexas.
Após 3 anos na Character.Ai o Google desembolsou US$ 2,7 bilhões para recontratá-lo um dos principais A contratação faz parte de um plano ambicioso da empresa para impulsionar o desenvolvimento de ferramentas de IA, especialmente o projeto Gemini, que visa competir com o ChatGPT da OpenAI.
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Demis Hassabis (1976)
Na foto, os ganhadores do Prêmio Nobel de Química. David Baker, da Universidade de Washington (EUA), e Demis Hassabis e John M. Jumper, do Google DeepMind, uma empresa britânica focada em soluções que usam a IA. Foto: Reprodução/Instagram/nobelprize_org Demis Hassabis surge como um nome central quando se fala de inteligência artificial. Nascido em Londres, em 27 de julho de 1976, Hassabis demonstrou desde cedo ser uma mente brilhante. Prodígio do xadrez, ele alcançou o nível de mestre aos 13 anos, competindo em torneios internacionais. Essa paixão por jogos estratégicos o levou a se graduar em ciência da computação pela Universidade de Cambridge em 1997, e a fundar a Elixir Studios, uma empresa de videogames, onde desenvolveu jogos aclamados pela crítica.
Mas ele tinha um objetivo maior: compreender a inteligência humana e replicá-la em máquinas. Em 2005, ele iniciou um doutorado em neurociência cognitiva na University College London, investigando os mecanismos da memória e da imaginação no cérebro humano. Suas pesquisas se concentraram no hipocampo, uma região crucial para a formação de novas memórias, e lançaram luz sobre como o cérebro humano cria e manipula representações mentais.
Em 2010, Hassabis cofundou a DeepMind, uma empresa de inteligência artificial com a missão de “resolver a inteligência” e usar essa solução para “tornar o mundo um lugar melhor”. A DeepMind se tornou um dos principais centros de pesquisa em IA do mundo, atraindo talentos e desenvolvendo algoritmos inovadores que combinam aprendizado de máquina, neurociência e sistemas de inteligência artificial.
Um dos marcos da DeepMind foi o desenvolvimento do AlphaGo, um programa de IA que derrotou o campeão mundial de Go, Lee Sedol, em 2016. Agora em 2024, o atual CEO da DeepMind conqusitou junto a David Baker, bioquímico norte-americano o Prêmio Nobel de Química por suas descobertas na compreensão das proteínas.
Fei-Fei Li (1976)
Fei-Fei Li, a "madrinha da inteligência artificial" Foto: Reprodução/X Nascida em Pequim, China, em 1976, Fei-Fei Li é tida como a “madrinha da inteligência artificial”. Aos 16 anos, imigrou com seus pais para os Estados Unidos, enfrentando desafios como a barreira do idioma e dificuldades financeiras. Ela se graduou em física pela Universidade de Princeton em 1999 e obteve seu doutorado em engenharia elétrica pela Caltech em 2005.
Em 2009, Li liderou a criação do ImageNet, um banco de dados com milhões de imagens rotuladas manualmente, organizadas em milhares de categorias. O ImageNet se tornou um recurso fundamental para o treinamento de algoritmos de visão computacional, impulsionando uma revolução na área.
A competição anual ImageNet Challenge, que desafiava pesquisadores a desenvolver algoritmos de reconhecimento de imagens cada vez mais precisos, acelerou o desenvolvimento do aprendizado profundo e abriu caminho para avanços significativos em áreas como reconhecimento facial, detecção de objetos e análise de imagens médicas.
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Li também se dedica a promover a diversidade e a inclusão na área de inteligência artificial. Em 2017, ela cofundou a AI4ALL, uma organização sem fins lucrativos que oferece programas de educação em IA para estudantes de grupos sub-representados, como meninas, negros e latinos.
Em 2024, Li consolidou sua posição como uma das mentes mais brilhantes da IA ao fundar a World Labs, uma startup focada em processamento visual e raciocínio avançado. Em apenas quatro meses, a empresa alcançou uma avaliação bilionária, com mais de US$ 1 bilhão de investimentos por gigantes como Andreessen Horowitz e Radical Ventures.
A World Labs busca desenvolver uma IA que se aproxime da cognição humana, capaz de compreender o mundo de forma mais profunda e contextualizada. Li acredita que essa “cognição artificial” tem o potencial de revolucionar áreas como saúde, educação e robótica, criando soluções inovadoras para os desafios da sociedade.
Além de suas conquistas como pesquisadora e empreendedora, Li também é uma líder acadêmica e uma defensora da ética em IA. Ela ocupou cargos de destaque na Universidade de Stanford e no Google, e atualmente é membro do conselho do X (ex-Twitter) e do Conselho Consultivo Científico das Nações Unidas.
A cientista também recebeu diversos reconhecimentos por suas contribuições no campo da inteligência artificial. Foi incluída na lista TIME 100 das pessoas mais influentes em IA em 2023 e recebeu o Prêmio Intel Lifetime Achievements Innovation no mesmo ano. Em 2020, foi eleita membro da Academia Nacional de Engenharia e da Academia Nacional de Medicina dos EUA. Em 2021, foi eleita membro da Academia Americana de Artes e Ciências. Em 2024, foi incluída na lista A100 da Gold House dos asiáticos mais impactantes.
Ilya Sutskever (1985)
FILE Ñ Ilya Sutskever, the chief scientist and co-founder of OpenAI, at the companyÕs headquarters in San Francisco, March 13, 2023. OpenAI, the maker of ChatGPT, is struggling to transform itself into a profit-driven company while satisfying worries about the safety of artificial intelligence. (Jim Wilson/The New York Times) Foto: Jim Wilson/NYT Nascido na Rússia em 1985, Ilya Sutskever se mudou para Israel com sua família aos cinco anos de idade. Seu interesse pela inteligência artificial surgiu cedo, inspirado por pioneiros como Marvin Minsky e Douglas Hofstadter. Após concluir o ensino médio em Jerusalém, Sutskever se mudou para o Canadá, onde obteve seu bacharelado em matemática pela Universidade de Toronto em 2005 e seu doutorado em ciência da computação em 2012, sob a orientação de Geoffrey Hinton, um dos “padrinhos” da IA.
Sutskever se dedicou ao estudo de redes neurais artificiais, sistemas computacionais inspirados na estrutura do cérebro humano. Ele fez contribuições significativas para o desenvolvimento de algoritmos de aprendizado profundo, que permitem que as máquinas aprendam com grandes quantidades de dados e realizem tarefas complexas, como reconhecimento de imagens, processamento de linguagem natural e tradução automática.
Em 2012, Sutskever, juntamente com Alex Krizhevsky e Geoffrey Hinton, desenvolveu o AlexNet, uma rede neural profunda que venceu a competição ImageNet de reconhecimento de imagens por uma margem significativa. Essa vitória histórica demonstrou o poder do aprendizado profundo e impulsionou uma revolução na inteligência artificial, abrindo caminho para novas aplicações em diversas áreas.
Em 2015, Sutskever cofundou a OpenAI, uma organização de pesquisa em inteligência artificial sem fins lucrativos com a missão de garantir que a IA beneficie toda a humanidade. A OpenAI se tornou um dos principais centros de pesquisa em IA do mundo, desenvolvendo tecnologias inovadoras e promovendo o debate sobre os impactos sociais e éticos da IA.
Sutskever liderou o desenvolvimento da série GPT (Generative Pre-trained Transformer) de modelos de linguagem, que são capazes de gerar textos com fluidez e coerência impressionantes. O GPT-3, lançado em 2020, causou espanto por sua capacidade de gerar textos criativos, traduzir idiomas e responder a perguntas complexas.
O cofundador da OpenAI, anunciou em maio deste ano que estava deixando a startup norte-americana. Sutskever, cientista-chefe da OpenAI, fazia parte do conselho de administração que votou pela demissão do CEO e cofundador Sam Altman em novembro passado. Neste momento Sutskever está a frente da startup Safe Superintelligence que tem por objetivo produzir superinteligência - uma máquina mais inteligente que os humanos - de forma segura, de acordo com a porta-voz da empresa, Lulu Cheng Meservey.
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O crescimento acelerado da inteligência artificial (IA) no mundo, principalmente após o boom do ChatGPT, é benéfico para a humanidade. No entanto, o desenvolvimento precisa ocorrer sobre bases éticas e em benefício do bem comum - algo que pode estar sendo deixado para trás pelas gigantes de tecnologia. Essa é a opinião do belga Mark Coeckelbergh, filósofo e um dos principais pensadores em IA atualmente. Professor de Filosofia da Mídia e Tecnologia da Universidade de Viena, na Áustria, Coeckelbergh foi um dos especialistas que ajudou a formular a regulação de IA na União Europeia, uma das primeiras do tipo no mundo e inspiração para o debate brasileiro. No País para uma série de eventos, que inclui a divulgação de seu livro “Ética na IA”, publicado pela editora Ubu no Brasil, Coeckelbergh conversou com o Estadão sobre a atuação das grandes empresas em IA, o desenvolvimento rápido da tecnologia e a importância da sua regulação. Veja os melhores momentos da entrevista: Qual é sua principal preocupação em relação à ética na IA atualmente? A preocupação mais urgente é o acúmulo de poderes de grandes empresas de tecnologia e, relacionado a isso, a falta de decisão democrática sobre IA. A longo prazo, é importante também olhar os custos ambientais da IA. Esse é um tema que precisa de mais atenção. De onde deve partir a iniciativa de desenvolvimento ético de IA? As empresas tomam iniciativas e é bom que eles façam isso, mas definitivamente não é o suficiente. Então, precisamos de governos entrando no assunto, precisamos de políticas robustas para regular a IA. A forma como isso está sendo feito no momento é bastante tecnocrática. Nós temos especialistas, e eu me incluo nisso, que aconselham governos para conversar, mas a regulamentação é feita fora dos fóruns usuais e democráticos. Precisamos envolver mais pessoas também para a realização de uma regulação para a IA. Como a IA pode ter influência no processo democrático? A IA pode causar desinformação, polarização e fragmentação de um cenário, de modo que cada um fale apenas com seus próprios círculos. As pessoas não estão realmente interessadas nos pontos de vista umas das outras quando você tem essa situação e, com isso, a democracia é prejudicada. O problema é que, se houver muita desinformação e polarização, as pessoas não saberão mais em que acreditar e ficarão inseguras quanto à qualidade do conhecimento que encontrarem e à confiabilidade das informações, também encontradas online, por exemplo. E quando isso acontece, cria-se uma esfera que está pronta para abordagens mais autoritárias. Não é possível ter democracia e falar sobre as coisas se você não sabe do que está falando se a base do que você tem em comum está danificada. Coeckelberg foi um dos conselheiros na discussão da lei que regulamenta a IA na Europa Foto: Daniel Teixeira/Estadão Ainda é possível desenvolver IAs com princípios éticos? Há sempre essa diferença entre a velocidade da tecnologia e a velocidade da ética. Mas eu estou otimista que ainda podemos fazer algo, porque algumas pessoas têm essa ideia de que a IA é uma espécie de força autônoma que vai para um futuro determinado. E eu acho que o que precisamos é uma outra visão da IA, sendo sempre conectada com os humanos. Seu livro sobre Ética foi lançado antes do ChatGPT e o ‘boom’ da IA generativa. Se o sr. tivesse que fazer um acréscimo ao livro após esse fenômeno, qual seria? Quando eu escrevi o livro sobre a ética da IA, nós não tínhamos coisas como a IA generativa, então, agora, esses problemas poderiam ser tratados mais profundamente diante dessas novas tecnologias. Também temos, agora, problemas mais concretos, por exemplo, de plágio e sobre a criatividade. Qual é o lugar da criatividade humana, já que essas IAs também podem criar imagens, podem escrever? Há novas perguntas sobre isso. A evolução da IA tem tido um crescimento meteórico nos últimos anos. Esse crescimento é sustentável? Definitivamente, a forma como a IA está se desenvolvendo não é sustentável. Não apenas no campo da ética, mas também em um sentido de custos ambientais. Nós precisamos fazer algo sobre isso. Eu acho também que a IA não é o único problema que nós temos. Basicamente, o problema das mudanças climáticas é enorme e nós também temos que pensar sobre como a IA se relaciona com isso. Então, temos que desenvolver a IA de uma forma mais sustentável, de uma forma que possa contribuir para mitigar mudanças climáticas em vez de fazer as coisas piorarem. É possível ter crescimento sustentável sem regulação? Há sempre essa narrativa de competição, tanto dentro de países, com as diferentes empresas competindo, mas também geopoliticamente, como os EUA contra a China. Eu acho que é uma forma muito particular de olhar as coisas, e também há sempre o argumento de que a inovação é difícil se você tem uma regulação. Isso não é verdade. Eu acho que podemos ter um nível mínimo de regulação, onde os princípios éticos e políticos são respeitados, onde a IA é mais democrática, e ao mesmo tempo, ter campo de jogo para as empresas. No final, é bom para o negócio também se os sistemas são mais éticos e mais sustentáveis, então elas também podem ganhar em longo prazo. O Brasil é um dos países que está tentando regulamentar a IA, a exemplo do que foi feito na Europa. Qual é a importância de um país como o Brasil ter suas próprias regulamentações sobre isso? O Brasil é um país grande, com um grande mercado, então é importante também ter uma regulação. Também é importante que países como o Brasil possam ter um papel construtivo na IA, no sentido de que eles podem estimular o desenvolvimento de tecnologias éticas. Porque o que está acontecendo agora é que as grandes empresas de tecnologia, principalmente dos EUA, estão em uma situação em que elas exportam suas tecnologias para a Europa, para o Brasil e assim por diante. E é importante que, em vez de apenas nos conformarmos com isso, nós também façamos algo sobre isso. Há muita criatividade, há muitas pessoas no Brasil que podem fazer isso e eu acho que é possível. Acabamos de ver a IA ser reconhecida com dois prêmios Nobel na última semana. Veremos a IA assumir a liderança em outras áreas importantes de nossas vidas? Nós tivemos dois grandes prêmios em física e química em IA e eu acho que isso indica o papel central que a tecnologia tem tomado em nossas sociedades. Isso é uma coisa muito contundente e o que nos diz é que devemos nos esforçar o suficiente para encontrar uma maneira de lidar bem com a IA e imaginar nosso futuro. Um futuro não contra a tecnologia, não sem a tecnologia, mas um futuro com uma tecnologia que é sustentável e que contribui positivamente para as vidas das pessoas e para o bem comum.
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Today, 7:09 AM
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A convite do departamento de Ciências da Universidade de Coimbra, cantora e compositora pesquisará o assunto durante um semestre, em Portugal: 'É um momento interessante de criação através dela', disse em entrevista ao videocast 'Conversa vai, conversa vem'
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Today, 6:46 AM
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Já é um fato estabelecido que a IA tenha desestimulado a leitura em sua forma imersiva e tradicional, então é preciso ter cuidado Por Demi Getschko Na última quinta-feira, 3, tomou posse, como novo acadêmico da Academia Paulista de Letras, o jornalista e colunista deste jornal, Eugênio Bucci. Posso colocar como ponto muito positivo de minha trajetória o ter tido o privilégio de encontrá-lo e conviver em diversas instâncias da vida. Tendo como padrinho o ilustre jurista e intelectual Celso Lafer, Eugênio assumiu a cadeira 12 da APL. Ambos brindaram os presentes com excelentes e provocativos discursos. Da parte que diz mais respeito ao nosso tema, destaco uma tirada espirituosa de Eugênio, quando já perto do final de seu discurso, e fazendo referência ao tema do momento – a Inteligência Artificial e seus riscos – chamou a atenção para algo que considerava igualmente preocupante e talvez, sistematicamente descurado: o avanço da “ignorância artificial”. As risadas que se seguiram à boutade talvez reforcem que, de fato, não estaríamos dando a atenção devida. Começo por notar o adjetivo “artificial”. O conceito básico aqui é “algo feito com artifício”, por algum agente, um “artífice”. Não se trata de mera oposição a “natural”, mas atém-se ao fato de ser uma criação humana. Ou seja, essa “ignorância” é diferente da “falta de informação e de conhecimento sobre algo”, como seria a ignorância natural. Talvez seja algo construído de forma lenta, talvez insuspeitada. Não é o caso de brotarem teorias conspiratórias, mas talvez de constatarmos os efeitos que advêm da exposição contínua e intensa ao mundo de redes e toda sua parafernália. Que hoje a IA tenha desestimulado a leitura em sua forma imersiva e tradicional, parece um fato estabelecido. Como diz Huxley em “Admirável Mundo Novo”, “não consumiremos muito se ficarmos sentados, lendo…”. Consegue-se um resumo instantâneo de qualidade incerta, bastando pedí-lo a uma ferramenta de IA. Poupa-nos o trabalho de destrinçar o texto e as ideias do autor, e nos provê um resumo insosso e bastante superficial. Não é muito diferente o que se passa com nossas atuais fontes de informação, das quais aproveitamos, se tanto, a manchete. E para eventual sentimento de solidão e isolamento, há os avatares que nos fazem companhia, consolam e divertem. A associação da velocidade e da ubiquidade da internet, com do poder dos algoritmos em nos enredar, faz com que tenhamos nossa porção gratuita de “felicidade”, como acontecia com o SOMA no Admirável Mundo Novo. Nada disso desmerece ou diminui os avanços espantosos da tecnologia, nem serve para desestimular o uso das novas ferramentas. Já existe até uma “engenharia de ‘prompts’” visando a nos capacitar a pedirmos com mais acurácia o que esperamos obter da IA. Mas devemos nos manter atentos. Relembrando os discursos daquela sessão na APL (enquanto procuro acompanhar também os resultados do primeiro turno das eleições, a apenas minutos do fechamento das urnas…), outra provocação vem à mente: em seu discurso de apresentação do postulante, Celso Lafer citou um adágio, que penso atemporal. Disse ele: “a verdade não morre, mas tem uma vida miserável...”.
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Today, 6:42 AM
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Um smartphone é um testemunho do poder da padronização. Composto por componentes de centenas de fornecedores, ele pode encontrar um sinal em praticamente qualquer lugar do mundo e se conectar a uma grande variedade de dispositivos auxiliares, tudo porque inúmeras empresas se submeteram a um conjunto comum de especificações técnicas. O modo como essas regras são definidas é um mistério para a maioria das pessoas. Órgãos globais, como a Organização Internacional de Padronização (ISO) e a União Internacional de Telecomunicações (UIT), reúnem periodicamente empresas e especialistas em tecnologia para elaborar acordos. Durante décadas, esse processo foi dominado pelos Estados Unidos, pela Alemanha e pelo Japão, cujas empresas se beneficiaram muito com o sistema. A IBM, uma empresa americana de computação que detém mais de 100 mil patentes, ganhou no ano passado um belo valor de US$ 366 milhões (R$ 2 bilhões) com o licenciamento de sua propriedade intelectual. A Qualcomm, uma empresa americana de semicondutores cuja tecnologia é onipresente em dispositivos sem fio, obtém cerca de um quarto de seu lucro bruto com o licenciamento. Há muito tempo os governos reconhecem o valor da definição de padrões. No passado, a Grã-Bretanha e a Alemanha brigavam pelas especificações dos telegramas. Hoje, a batalha pelos padrões é entre a China e o Ocidente. O que está em jogo é o futuro de tecnologias que vão desde a comunicação sem fio até a computação quântica e a inteligência artificial (IA). Nos últimos anos, a China vem se tornando mais assertiva no processo de definição de padrões. No mês passado, a ITU aprovou três novos padrões técnicos que serão incorporados à tecnologia móvel de sexta geração (6G). As regras estão relacionadas à forma como as redes integram a IA e produzem experiências imersivas em áreas como a realidade virtual. Elas foram desenvolvidas pela Academia Chinesa de Ciências (CAS), que é controlada pelo governo central, e pela China Telecom, uma empresa estatal. Apesar dos esforços do governo dos Estados Unidos para manter os equipamentos chineses fora das redes móveis no maior número possível de países, a tecnologia sem fio continuou a se tornar cada vez mais chinesa. Graças, em parte, à adoção de seus padrões no exterior, a Huawei, fabricante chinesa de equipamentos de telecomunicação, ganhou mais dinheiro desde 2021 licenciando sua tecnologia para empresas do que pagando a elas pela sua tecnologia. O crescente papel da China na definição de padrões vai muito além das redes móveis. Empresas chinesas como a Xiaomi, fabricante de smartphones, e a BOE Technology, maior produtora de telas de LED do mundo, também parecem estar se beneficiando de royalties vinculados a padrões técnicos. A Hikvision, fabricante chinesa de tecnologia de vigilância apoiada pelo governo da China (e colocada na lista negra dos Estados Unidos), tem se envolvido cada vez mais na definição de padrões. A China tem até mesmo desempenhado um papel de liderança na formação dos primeiros padrões globais para a tecnologia quântica. Ao contrário do Ocidente, que tende a recorrer a empresas privadas e associações do setor no processo de definição de padrões, a abordagem da China é liderada por seu governo. Em 2018, o governo estabeleceu um plano para que o país esteja na vanguarda dos padrões técnicos em áreas que vão de telecomunicações a drones e IA até 2035. Os padrões chineses são desenvolvidos em institutos estabelecidos sob os ministérios do governo. Os esforços são coordenados pela Administração de Padrões da China (SAC), que organiza a maioria das interações do país com os órgãos de padrões globais. Os funcionários de normas do Ocidente sentem inveja dessa atenção generosa. Ao visitar a China, fiquei surpreso ao descobrir que havia dezenas de milhares de pessoas concentradas no desenvolvimento de normas em todo o país e que os membros seniores da burocracia chinesa tinham um forte domínio de regras técnicas complicadas. O governo chinês também fez um esforço conjunto para que seus funcionários fossem nomeados para órgãos de padrões internacionais. Eles ocuparam cargos de alto escalão em várias organizações importantes e integraram os comitês técnicos onde as decisões são tomadas. Muitas reuniões sobre padrões globais agora são realizadas na China. O governo da China também procurou alterar a forma como os padrões são definidos. Ele tentou desviar a atenção das confabulações lideradas por empresas para a UIT, um órgão da ONU onde tem maior influência. Também organizou mais de 100 acordos bilaterais de padrões, principalmente com países do sul global. Durante uma conferência com líderes africanos no mês passado, ela acrescentou novos acordos com Benin e Níger. Padrões duplos Esses acordos dão à China maior apoio para suas especificações técnicas preferidas em órgãos como a UIT, observa Alex He, do Centre for International Governance Innovation, um think-tank canadense. Mesmo que isso não aconteça, a China ainda poderá se beneficiar da adoção de seus padrões em países com os quais estabeleceu acordos bilaterais. As empresas ocidentais que se recusarem a adotar os padrões chineses poderão se ver impedidas de entrar nesses mercados. Para o governo da China, o que está em jogo é mais do que os lucros das empresas. Os padrões podem codificar valores sociais profundamente em uma tecnologia. Muitos recursos da Internet projetada pelo Ocidente, por exemplo, tendem a promover a privacidade individual em detrimento do controle centralizado, o que irrita o governo autoritário da China. Assim, nos últimos anos, a Huawei tem feito campanhas para reescrever os padrões que sustentam a Internet. Em 2019 e 2022, a Huawei propôs protocolos alternativos de Internet na ITU que teriam permitido um nível muito maior de controle governamental. Nenhuma delas foi bem-sucedida, mas receberam apoio de Estados-membros como Irã, Rússia e Arábia Saudita. Em abril, o Conselho de Comércio e Tecnologia, um fórum de cooperação entre a América e a Europa sobre questões econômicas, divulgou uma declaração dizendo que as democracias devem permanecer na vanguarda das tecnologias emergentes, inclusive definindo os padrões que as sustentam. A crescente influência da China no processo de definição de padrões globais não passou despercebida pelos formuladores de políticas nos Estados Unidos e na Europa. Assim como a China, eles estão começando a interferir mais no processo de definição de padrões, diz Tim Rühlig, do Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia, outro think-tank. O Chips and Science Act dos Estados Unidos, sancionado em 2022, deu ao National Institute of Standards and Technology, um órgão governamental, a tarefa de desenvolver padrões para IA e segurança cibernética, e ampliou seu papel na coordenação do envolvimento dos Estados Unidos com órgãos de padrões internacionais. Do outro lado do Atlântico, alguns formuladores de políticas querem que o Instituto Europeu de Normas de Telecomunicações (ETSI) desempenhe um papel mais importante no combate à crescente influência da China na UIT e em outros órgãos globais. Nesse processo, o Ocidente vem abandonando seu compromisso com uma abordagem de baixo para cima e baseada no mercado para definir padrões técnicos. “Estamos sendo forçados a minar um sistema que tem sido muito eficaz e com o qual temos lucrado há muito tempo”, lamenta Rühlig. Em mais de um sentido, a China está fazendo com que o Ocidente siga suas regras.
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Today, 6:26 AM
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Carta ao presidente americano Franklin D. Roosevelt em 1939 teria estimulado programa que desenvolveu uma das invenções mais destrutivas da história humana: a bomba atômica.
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Today, 6:18 AM
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A capacidade humana de rir tem sido objeto de muitos debates filosóficos.
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Today, 6:03 AM
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Estudo revela que manter crianças por mais tempo no ambiente escolar ajuda mães a ter maior participação no mercado de trabalho
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Today, 6:02 AM
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Cresce procura por escolas bilíngues e por aquelas que oferecem ensino em tempo integral; veja vantagens
Estudar em uma escola bilíngue oferece diversas vantagens para crianças e adolescentes. A mais conhecida é o domínio de uma língua estrangeira. Seja ela o inglês, o alemão ou o francês, entre outras, o ambiente imersivo ajuda a ampliar o conhecimento de outro idioma.
Mas não para por aí. Jovens que estão matriculados nesse tipo de colégio podem usufruir de outros benefícios: aumento do repertório cultural, convivência com crianças de culturas diferentes, estímulo ao sistema cognitivo.
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Today, 5:58 AM
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Para mitigar o impacto da medida, instituições fizeram mudanças em seus processos de admissão, implementando políticas que focam a classe social, como iniciativas para atrair alunos de áreas rurais e programas que preveem isenção de mensalidade para estudantes de baixa renda.
Mas o efeito dessas novas políticas não está claro. Em paralelo, grupos conservadores já questionam as universidades que conseguiram manter o percentual de alunos negros e hispânicos, sugerindo que algumas instituições podem ter burlado a determinação da Suprema Corte.
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Today, 5:55 AM
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"A gente está vivendo uma crise dos limites. Os pais se sentindo muito desautorizados, muito desprestigiados, incapazes de pôr limite nos filhos", afirma a psicanalista Vera Iaconelli em seu curso na recém-lançada CasaFolha.
A situação, diz ela, é inédita. "Os pais dos anos 50 e 60 erravam um monte, mas estavam fazendo aquilo que achavam que valia. Hoje, os pais não têm nem a convicção para errar."
Autora dos livros "Criar Filhos no Século XXI" e "Manifesto Antimaternalista", entre outros, Iaconelli analisa na CasaFolha diversas questões relacionadas a esse fenômeno e aponta algumas causas —entre as quais a busca cada vez mais frequente por manuais e 'coaches' de parentalidade.
"Não tem nada mais destrutivo da parentalidade do que o especialista entrar no lugar de alguém que vai dizer 'como faz' para você. Porque ele te desautoriza e, se você estiver sem o manual, sem o especialista, você não sabe quem você é", afirma a psicanalista em uma de suas aulas.
Com mais de 30 anos de experiência e doutora em psicologia pela USP, ela diz que o recurso ao especialista até pode ser bem-vindo, desde que ele não trate pais e filhos como figuras genéricas que só precisam reproduzir uma cartilha.
A crítica pode soar como paradoxo ao ser enunciada por alguém que tem um curso chamado "Criar filhos no século 21" dentro da CasaFolha, uma plataforma de streaming da Folha com aulas exclusivas.
Sua proposta, contudo, é justamente fazer uma discussão para permitir que pais, mães e cuidadores em geral possam se colocar em um lugar de mais autorização. "Não uma autorização que vai ser dada pelo curso", diz ela, "mas que cada um vai reconhecer em si a partir do momento em que começar a refletir sobre seu verdadeiro lugar ao lado dessas pessoas [filhos e filhas]."
Todas as aulas de Iaconelli já estão disponíveis para assinantes em casafolhasp.com.br. A iniciativa começou com dez cursos completos de personalidades de destaque em diversas áreas, e novos conteúdos serão incluídos todos os meses.
A partir da próxima quinta-feira (17), por exemplo, a plataforma terá dois novos cursos: "Criando marcas de valor", com a multiempresária Natalia Beauty, e "O potencial do cérebro", com a neurocientista Suzana Herculano-Houzel.
SAIBA COMO É O CURSO DA VERA IACONELLI São 11 aulas dentro da CasaFolha
Aula 1 - Introdução Aula 2 - Desafios da parentalidade Aula 3 - O mito do instinto materno Aula 4 - Crítica ao maternalismo Aula 5 - O que muda com a chegada dos filhos Aula 6 - Primeiros dias Aula 7 - A importância dos limites Aula 8 - Crise da adolescência Aula 9 - Internet Aula 10 - A hora de sair de casa Aula 11 - O que é essencial na criação Iaconelli, que é colunista da Folha, argumenta em uma de suas lições que o problema da desautorização aparece na hora em que é preciso negar algo a uma criança e estabelecer certas regras.
"Vêm milhões de teorias sobre a importância de não contrariar, de o filho não ficar traumatizado, não sofrer." Ao mesmo tempo, surgem dúvidas sobre o próprio papel dos pais e das mães: "quem sou para botar limite?", "eu também erro", "eu tenho que explicar tudo para ele".
Para a psicanalista, esse tipo de comportamento fere a lógica das gerações. "Você tem quase que uma criança sendo questionada sobre como ela própria quer ser educada. Como se ela tivesse condição de responder isso."
De acordo com Iaconelli, por trás dessa dificuldade está o que ela chama de "fantasia de performance": pais e mães têm tamanha preocupação com a eficiência no desempenho de suas funções que nem tentam nada diferente da cartilha, pois não se permitem errar. Como se fosse possível não errar.
Como resultado, eles hesitam —e a criança percebe. Se existem brechas nas regras, se falta convicção aos pais, a criança não para de insistir, pois sabe que, no final, ela vai ganhar a queda de braço.
Vera Iaconelli participa de gravação para a CasaFolha, no estúdio da TV Folha, em São Paulo - Dirceu Neto/Folhapress Quebrar esse ciclo vicioso nunca é fácil; o cabo de guerra em torno dos limites começa muito cedo, desde as primeiras birras do bebê, e não há fórmula mágica para resolver os impasses, insiste Iaconelli.
Nem só de crise dos limites sofre a parentalidade moderna. Uma característica típica do presente e que torna a função mais complexa hoje do que no passado é a onipresença da internet.
"Se a gente imaginar que a infância é uma proteção que a gente criou para as crianças não terem acesso ao mundo adulto até que elas estivessem formadas, a internet pula o cercadinho da infância e faz com que a criança tenha acesso a inúmeras coisas inadequadas para o desenvolvimento dela", sustenta a psicanalista.
Ela diz que a sociedade paga um preço alto por ter permitido a chegada dessa tecnologia sem regulação, pago na moeda do adoecimento psíquico de crianças e adolescentes: ansiedade, insatisfação com o próprio corpo, depressão, suicídio.
Em seu curso na CasaFolha, Iaconelli reflete sobre esses e vários pontos relacionados com a parentalidade, mas sem nunca prometer nenhuma garantia de que vai dar certo. Ao contrário.
"Quem está buscando garantir ser bom pai ou boa mãe, eu acho que um bom começo é saber que não existe essa garantia e reconhecer que somos humanos, que a gente transmite a nossa humanidade", afirma a psicanalista. "E o paradoxo é que isso permite que a gente seja, no final, melhores pais e melhores mães."
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Today, 5:41 AM
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Para utilizar uma analogia familiar ao tema, é possível descrever a indústria brasileira de videogames como uma criatura mítica, de gigantesca abrangência e longos e numerosos tentáculos. É difícil definir a intensidade de sua força, mas é impossível negar sua grandeza. Seu alcance é imprevisível e pode atravessar fronteiras. Boa parte da população, porém, jamais teve contato direto com ela ou desconhece sua existência.
É uma contradição curiosa, dado o alcance atual dos jogos eletrônicos pelo país e a importância cada vez maior que esse ramo do entretenimento ocupa nas rotinas e mentes do público de todas as idades, principalmente o jovem. Se existe uma indústria, por que os produtos criados por empresas nacionais não estão entre os mais conhecidos e consumidos pelos brasileiros? Essa é apenas uma de muitas questões sem resposta quando se avalia o impacto desse business.
De acordo com um mapeamento recente da Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Digitais), existem 1.042 estúdios em atividade espalhados por todos os estados da Federação - mas o número deve ser bem maior, já que há poucos meses não existia a formalização do trabalho de desenvolvimento de jogos no país. Essas empresas produziram mais de 2.600 jogos próprios entre 2020 e 2022.
“Hands of Timber”, do Woodwork Game Studio, formado por estudantes do curso de Jogos Digitais da PUC-SP — Foto: Divulgação “O Brasil é um polo de desenvolvimento da América Latina, e nesse momento todas as regiões têm empresas fazendo jogos”, afirma Carolina Caravana, vice-presidente da Abragames, que credita a evolução do segmento a um círculo virtuoso, estimulado pela consolidação dos games no cotidiano do brasileiro. “Jogar faz parte da cultura popular. A partir do momento em que a pessoa tem acesso ao game, pode pensar em trabalhar com isso”, explica. “Como essa barreira tem sido rompida, cada vez mais novos entrantes começam a empreender.”
Nem todo game pode ser considerado um produto comercial, pelo menos não na ótica de parte dos criadores autodenominados “independentes”. “Tem uma grande parcela de empreendedores que querem ser sustentáveis com tamanho pequeno e potencializar faturamento, mas sem necessariamente virar uma grande corporação, uma empresa transnacional”, acrescenta Caravana.
Um exemplo de operação de pequeno porte e alta produtividade é o JoyMasher. Formado pela dupla Thais Weiller e Danilo Dias, o estúdio baseado em Curitiba produziu vários títulos de temática retrô desde que começou suas atividades em 2012, quando ambos trabalhavam em outros empregos.
“Embora tivéssemos o sonho de viver disso, parar de trabalhar parecia adicionar uma pressão que não seria condizente com fazer jogos bons”, conta Weiller. “Então, de dia trabalhávamos em nossas escalas normais de oito horas, e de noite e nos fins de semana ‘descansávamos’ fazendo jogos.”
De tempos para cá, desenvolver games no Brasil tornou-se uma possibilidade viável como nunca. Além da acessibilidade a ferramentas gratuitas, existe um caminho facilitado para o lançamento dos jogos, por meio de marketplaces digitais, como a loja online Steam, que vende jogos para PC, e a Google Play, para dispositivos móveis. Cursos superiores em faculdades são numerosos e apoiam alunos a começarem a empreender ainda dentro da sala de aula.
É o caso do Woodwork Game Studio, formado por estudantes do curso de Jogos Digitais da PUC-SP. “A gente começou com a premissa: vamos fazer games que a gente goste de jogar”, explica o diretor de negócios Pedro Oliveira, 22 anos. A equipe de 14 integrantes, formada por jovens programadores e artistas, funciona em esquema colaborativo e ainda não recebe por seus trabalhos. O portfólio da empresa novata apresenta os projetos criados como trabalhos acadêmicos pelos alunos. Um desses, “Hands of Timber”, será publicado oficialmente pela publisher brasileira QUByte em 2025.
Olimpio Neto, do Petit Fabrik: “A receita de um jogo ‘AAA’ poderia rodar a cidade de Manaus por um ano” — Foto: Divulgação Além dos estímulos dos professores, o time da Woodwork aproveitou a capacitação do Crie Games, um projeto de aceleração do Sebrae focado em mentorias com especialistas. “Foi bem importante. Eu saí com outra cabeça em termos de games e negócio”, diz Oliveira, que vai se graduar no fim do ano.
“Existem mais jovens desenvolvedores fazendo games do que há dez anos, porque a barreira de entrada não é tão alta”, diz Marcelo Gimenes Vieira, editor do site The Gaming Era. Entretanto, ele aponta que a profissionalização ainda é uma lacuna a ser preenchida. “Existe essa aura romântica de que game é arte e cultura, mas também é produto, e às vezes os criadores se esquecem disso”, diz ele. “Falta aos estúdios brasileiros uma cabeça pensante em business, e talvez esse pensamento muito purista seja um problema.”
A situação pode evoluir com a recente aprovação do Marco Legal dos Games, conjunto de leis que regula a fabricação, importação, comercialização, desenvolvimento e uso comercial de jogos eletrônicos no Brasil (jogos de azar do tipo bets não estão incluídos). A medida visa favorecer os pequenos criadores que jamais se viram motivados a legalizar suas empreitadas criativas.
“O foco é fazer com que o setor público entenda como funciona o ecossistema de jogos, para que as melhores decisões sejam tomadas e as ações sejam efetivas”, afirma Caravana.
Atualmente, o conceito de criação de games no Brasil é amplo e não necessariamente passa pelo entretenimento. Além de jogos casuais para celulares e títulos autorais para computadores e consoles (PlayStation, Nintendo e Xbox), os estúdios nacionais produzem “advergames” (para campanhas publicitárias), “serious games” (com viés educativo), simuladores profissionais e recursos variados de gamificação para empresas, além da forte presença no segmento de outsourcing.
Se levado em consideração apenas o entretenimento, seria possível uma desenvolvedora sobreviver vendendo games baseados em suas IPs (propriedades intelectuais)? Quando se consideram estúdios de médio porte já consolidados, nota-se que é um segmento especialmente jovem, com empresas com não mais de dez anos em atividade. Dentre essas, boa parte já passou por falências ou processos de renascimento até encontrarem certa estabilidade.
Carolina Caravana, da Abragames: “Todas as regiões [do Brasil] têm empresas fazendo jogos” — Foto: Divulgação É o caso da paulistana Mad Mimic. Fundado por desenvolvedores formados em cursos superiores de games, o estúdio tentou várias iniciativas até emplacar seu primeiro projeto autoral, o jogo de ação cooperativa “No Heroes Here”, lançado em 2017.
Autopublicada, a empreitada foi fomentada por um edital da Prefeitura de São Paulo e estimulada por bons feedbacks em eventos internacionais. “Foi nosso primeiro case de sucesso, em que a gente errou tudo que podia e também acertou várias coisas, aprendendo como consertar nossos erros”, diz o CEO do estúdio, Luis Fernando Tashiro.
O projeto mais recente, a aventura estrelada por piratas “Mark of the Deep”, será lançado para PC e consoles nos próximos meses, pelo preço médio de R$ 40. Segundo Tashiro, a meta otimista de faturamento após um ano é de US$ 1 milhão, com a maior parte da receita proveniente de vendas fora do Brasil.
Com 40 funcionários contratados em esquema híbrido e um escritório na Vila Mariana servindo como base, a Mad Mimic sonha em alcançar sustentabilidade a longo prazo exclusivamente com suas criações originais. “Nosso objetivo é ter pelo menos de três a cinco anos de caixa”, diz Tashiro. “Assim, conseguimos manter a empresa fazendo os nossos próximos jogos e, a partir daí, vamos gerando receita.”
Mesmo com o foco em jogos próprios, a Mad Mimic ainda se vê obrigada a alocar um terço de sua equipe para a execução de trabalhos a outras empresas, para manter um fluxo constante de faturamento. A prática, diz, é praxe entre estúdios de tamanho médio. “O Brasil é um país de outsourcing, a gente exporta muito serviço”, afirma Tashiro.
Uma das tendências mais expressivas da indústria de desenvolvimento do país é a especialização no fornecimento de serviços artísticos e técnicos a projetos internacionais de grande orçamento. É o caso do estúdio pernambucano Puga, adquirido em 2022 pela Room 8 Group, conglomerado de origem ucraniana especializado em outsourcing.
Luis Fernando Tashiro, da Mad Mimic, espera faturar US$ 1 milhão com “Mark of the Deep” — Foto: Nilani Goettems/Valor “Para mim, a empresa nunca foi um filho, sempre foi um negócio”, afirma Rodrigo Carneiro, que foi CEO da Puga e atualmente exerce o cargo de head of market na Room 8. “Como empreendedor, minha visão é de desenvolvimento de negócios que possam atrair investidores ou interessados em aquisição. Se consigo criar algo que tenha a capacidade de ser vendido ou que chame atenção de investidores, isso quer dizer que o negócio está no caminho certo.”
De acordo com Carneiro, a compra da Puga por um grupo estrangeiro foi um resultado condizente com o planejamento estratégico pavimentado ao longo dos anos. “A gente sempre preparou a empresa para o crescimento e a venda foi uma consequência”, afirma. “Em 2018, éramos só quatro pessoas. Quando vendemos a Puga em 2022, já tínhamos mais de 150 pessoas.”
Inevitavelmente, diferenças culturais e processuais afloram quando uma empresa de menor porte se torna parte de uma corporação internacional. “Em uma startup, você sabe o nome de todo mundo, tem sua forma de trabalhar, uma visão do todo”, diz Carneiro. “Estranhei ao sair de uma startup para uma corporação com milhares de funcionários, em que você precisa colaborar com centenas de pessoas, com muitos processos e políticas bem definidas. Mas, com o tempo, vai entendendo que faz todo sentido.”
Neste ano, outra empresa de outsourcing nordestina passou por um processo semelhante de reestruturação internacional. A Kokku, também do Recife, tornou-se parte do conglomerado britânico de mídia OV Entertainment. Não por coincidência, tanto Puga quanto Kokku surgiram das cinzas da extinta Jynx Playware, produtora de jogos fundada na capital pernambucana no início dos anos 2000.
A Kokku teve seu primeiro reconhecimento mundial executando serviços artísticos ao jogo “Horizon Zero Dawn”, sucesso da plataforma PlayStation lançado pela Sony. “Ninguém esperava que empresas do Brasil pudessem fazer parte de uma produção tão grande. Isso nos lançou a um status inédito, depois de seis anos batalhando, errando, quase indo à falência”, conta Thiago de Freitas, fundador da Kokku, que após a fusão passou a exercer o cargo de CEO da OV.
Apesar de ser baseado na Inglaterra, o grupo OV (que além da Kokku inclui o estúdio argentino de tecnologia 3OGS) planeja adquirir outras empresas sul-americanas, expandindo seu alcance para segmentos como cinema e TV. “O futuro do desenvolvimento de entretenimento vai sair da América do Sul, porque agora o mundo todo está investindo nos talentos e empresas da região”, aposta Freitas.
Mauricio Longoni (sentado, à esq.) e parte da equipe da Epic Games Brasil: foco no ecossistema de ‘Fortnite’ — Foto: Divulgação “Ao chegar à maturidade, logo começaremos a produzir as nossas propriedades intelectuais, que também serão disruptivas suficientes para fazer um grande abalo no mercado. Vai ser um processo natural.”
Outra aquisição recente que mexeu com as estruturas da indústria local foi o da produtora Aquiris, de Porto Alegre, que após um aporte da publisher americana Epic Games passou a se chamar Epic Games Brasil.
Na última década, a Aquiris estabeleceu-se como um estúdio de prestígio internacional, graças à boa repercussão de “Horizon Chase”, simulador de corridas de carros inspirado na estética dos anos 90. Agora, sob nova direção, a empresa deixa suas propriedades em segundo plano para exercer o papel de braço de desenvolvimento da Epic, sendo responsável por criar conteúdos sazonais para “Fortnite”, um dos jogos online mais populares do mundo.
“A Aquiris já estava trabalhando com a Epic em alguns projetos, e em certo momento fez sentido unirmos forças”, explica Mauricio Longoni, anteriormente CEO da Aquiris e atual diretor executivo da Epic Games Brasil. “Continuaremos a dar suporte aos nossos jogos antigos, mas nosso foco agora é apoiar o ecossistema de ‘Fortnite’ por causa do crescimento que isso pode trazer. É um game de apelo global e o Brasil é um dos países que mais o joga.”
“Temos aqui o mesmo tipo de talento que vemos em qualquer mercado mundial, e esse investimento da Epic é a prova da qualidade desse talento”, afirma Longoni. “É o começo de um novo capítulo na história do desenvolvimento brasileiro, em que as pessoas têm a oportunidade de trabalhar em grandes jogos, aprender e desenvolver suas experiências, e isso só vai crescer a partir daí.”
De acordo com a Abragames, ainda existe dificuldade em mapear estúdios distantes dos principais centros, em especial dos estados do Norte e Centro-Oeste. Uma exceção é o Petit Fabrik, de Manaus, que se destaca como o mais conceituado da região conhecida como Amazônia Legal.
Temos aqui o mesmo tipo de talento que vemos em qualquer mercado mundial” — Mauricio Longoni “Para efeito de comparação, a Finlândia tem 5 milhões de habitantes e uns 250 estúdios de jogos. O Amazonas tem 4 milhões de habitantes e não tem 5 estúdios formalizados”, diz Olimpio Neto, CEO da Petit Fabrik. “Gasta-se muito para treinar a população para trabalhar em fábricas na Zona Franca. Com o mesmo investimento na indústria criativa, cuja matéria-prima é inteligência e criatividade, daria para transformar as vidas de muitas gerações. Mas ninguém discute isso.”
O executivo crê que investimentos em empresas da região amazônica teriam potencial transformador. “Todo mundo gosta de falar que a Amazônia precisa de uma nova matriz econômica. A receita de um jogo ‘AAA’ [de grande orçamento] poderia rodar a cidade de Manaus por um ano. E eu não preciso derrubar uma única árvore para criar um jogo global”, diz Olimpio, que será um dos curadores de uma mostra com ênfase em jogos desenvolvidos na região Norte - a Gamecon Acre, que acontecerá em Rio Branco de 31 de outubro a 2 de novembro, com entrada gratuita ao público.
Historicamente, os eventos apresentam-se como alternativas eficazes para o consumidor final ter contato com produções nacionais. Em junho, a segunda edição do Gamescom Latam (antigo BIG Festival), em São Paulo, ofereceu em sua programação cerca de 80 jogos produzidos no país. De acordo com a organização, das mais de mil empresas registradas na área de business, 636 eram brasileiras.
Outro evento que costuma dar espaço aos estúdios independentes é o tradicional Brasil Game Show (BGS), cuja 15ª edição, nesta semana, vai até o dia 13. Na concorrida área “Avenida Indie”, pequenos produtores se amontoam em estandes enfileirados, mostrando suas criações ao público.
“O objetivo desse espaço é dar destaque às produções nacionais, gerar oportunidades de negócios e levar ao público opções interessantes que não costumam ter a mesma visibilidade dos ‘AAA’”, conta Marcelo Tavares, CEO da BGS. A promessa para este ano é a apresentação de jogos de mais de 50 estúdios, em maioria nacionais.
Apesar de tantas barreiras já transpostas, o maior desafio da indústria de desenvolvimento nacional ainda parece de difícil superação: convencer a população a apreciar e consumir os games nacionais.
“Fazer o jogo brasileiro cair na graça do povo é um negócio distante, porque a nossa cultura ainda é muito sobre jogos casuais de celular ou títulos grandes para consoles, como ‘Fifa’ e ‘Call of Duty’”, afirma Lucas Toso, produtor do podcast “Controles Voadores”, focado no mercado indie. “Mas o cenário independente não precisa de 200 milhões de brasileiros jogando suas criações. Se um estúdio conseguir vender 10 mil cópias de seu jogo, ele já vai conseguir bancar o próximo.”
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Horas depois que o pioneiro da inteligência artificial (IA) Geoffrey Hinton ganhou o Prêmio Nobel de Física, ele dirigiu um carro alugado até a sede do Google, na Califórnia, para comemorar.
Hinton não trabalha mais no Google. O professor de longa data da Universidade de Toronto também não fez sua pesquisa pioneira na gigante da tecnologia.
Nobel da Física reforça ligação de IA com a ciência Foto: Noah Berger/AP PUBLICIDADE
Mas sua festa improvisada refletiu o momento da IA como um blockbuster comercial que também alcançou os píncaros do reconhecimento científico.
Isso foi na terça-feira, 8. Então, na quarta-feira, 9, dois funcionários da divisão de IA do Google ganharam o Prêmio Nobel de Química por usar a IA para prever e projetar novas proteínas.
Para você
“Isso é realmente uma prova do poder da ciência da computação e da inteligência artificial”, disse Jeanette Wing, professora de ciência da computação da Universidade de Columbia.
Questionado sobre os históricos prêmios científicos consecutivos pelo trabalho de IA em um e-mail na quarta-feira, Hinton disse apenas: “As redes neurais são o futuro”.
NEWSLETTER Estadão Pílula Um resumo leve e descontraído dos fatos do dia, além de dicas de conteúdos, de segunda a sexta. EXCLUSIVA PARA ASSINANTES INSCREVA-SE Ao se cadastrar nas newsletters, você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade. Nem sempre foi assim para os pesquisadores que, décadas atrás, fizeram experiências com nós de computadores interconectados inspirados nos neurônios do cérebro humano. Hinton compartilha o Nobel de Física deste ano com outro cientista, John Hopfield, por ajudar a desenvolver esses blocos de construção do aprendizado de máquina.
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Os avanços das redes neurais vieram da “pesquisa básica e orientada pela curiosidade”, disse Hinton em uma coletiva de imprensa após sua vitória. “Não se trata de jogar dinheiro em problemas aplicados, mas de permitir que os cientistas sigam sua curiosidade para tentar entender as coisas.”
Esse trabalho começou bem antes da existência do Google. Mas um setor de tecnologia abundante facilitou para os cientistas de IA a busca por suas ideias, ao mesmo tempo em que os desafiou com novas questões éticas sobre os impactos sociais de seu trabalho.
Um dos motivos pelos quais a atual onda de pesquisa em IA está tão intimamente ligada ao setor de tecnologia é que apenas algumas corporações têm os recursos para desenvolver os sistemas de IA mais poderosos.
Leia também Nobel de Física se demitiu do Google para falar do perigo da inteligência artificial: o que ele diz
Dobradinha da inteligência artificial no Nobel de Física e de Química é sinal de uma nova era
“Essas descobertas e essa capacidade não poderiam acontecer sem um enorme poder computacional e enormes quantidades de dados digitais”, disse Wing. “Há muito poucas empresas - empresas de tecnologia - que têm esse tipo de poder computacional. O Google é uma delas. A Microsoft é outra.”
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O Prêmio Nobel de Química concedido na quarta-feira foi para Demis Hassabis e John Jumper, do laboratório DeepMind do Google, sediado em Londres, juntamente com o pesquisador David Baker, da Universidade de Washington, pelo trabalho que pode ajudar a descobrir novos medicamentos.
Hassabis, CEO e cofundador do DeepMind, que o Google adquiriu em 2014, disse à AP em uma entrevista na quarta-feira que seu sonho era modelar seu laboratório de pesquisa com base na “incrível história” do Bell Labs. Criado em 1925, o laboratório industrial com sede em Nova Jersey foi o local de trabalho de vários cientistas ganhadores do Prêmio Nobel ao longo de várias décadas, que ajudaram a desenvolver a computação e as telecomunicações modernas.
“Eu queria recriar um laboratório de pesquisa industrial moderno que realmente fizesse pesquisa de ponta”, disse Hassabis. “Mas é claro que isso requer muita paciência e muito apoio. Tivemos isso do Google e tem sido incrível.”
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Hinton entrou para o Google no final de sua carreira e saiu no ano passado para poder falar mais livremente sobre suas preocupações com os perigos da IA, especialmente o que acontecerá se os humanos perderem o controle das máquinas que se tornam mais inteligentes do que nós. Mas ele não chegou a criticar seu antigo empregador.
Hinton, 76 anos, disse que estava hospedado em um hotel barato em Palo Alto, Califórnia, quando o comitê do Nobel o acordou com um telefonema na manhã de terça-feira, o que o levou a cancelar uma consulta médica marcada para o final do dia.
Em alta Link
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Google é derrotado nos tribunais em caso de monopólio e terá que abrir o Android para concorrentes Quando o cientista, privado de sono, chegou ao campus do Google em Mountain View, ele “parecia bastante animado e nem um pouco cansado”, enquanto seus colegas abriam garrafas de champanhe, disse o cientista da computação Richard Zemel, ex-aluno de doutorado de Hinton, que se juntou a ele na festa do Google na terça-feira.
“Obviamente, agora existem essas grandes empresas que estão tentando lucrar com todo o sucesso comercial e isso é empolgante”, disse Zemel, que agora é professor da Columbia.
Mas Zemel disse que o mais importante para Hinton e seus colegas mais próximos é o que o reconhecimento do Nobel significa para a pesquisa fundamental que eles passaram décadas tentando desenvolver.
Entre os convidados estavam executivos do Google e outro ex-aluno de Hinton, Ilya Sutskever, cofundador, ex-cientista-chefe e membro da diretoria da OpenAI, fabricante do ChatGPT. Sutskever ajudou a liderar um grupo de membros da diretoria que destituiu brevemente o CEO da OpenAI, Sam Altman, no ano passado, em uma turbulência que simbolizou os conflitos do setor.
Uma hora antes da festa, Hinton usou seu púlpito do Nobel para criticar a OpenAI durante os comentários de abertura em uma coletiva de imprensa virtual organizada pela Universidade de Toronto, na qual agradeceu aos antigos mentores e alunos.
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“Estou particularmente orgulhoso do fato de que um dos meus alunos demitiu Sam Altman”, disse Hinton.
Solicitado a explicar melhor, Hinton disse que a OpenAI começou com o objetivo principal de desenvolver uma inteligência artificial geral melhor que a humana “e garantir que fosse segura”.
“E, com o tempo, descobriu-se que Sam Altman estava muito menos preocupado com a segurança do que com os lucros. E acho que isso é lamentável”, disse Hinton.
Em resposta, a OpenAI disse em um comunicado que está “orgulhosa de fornecer os sistemas de IA mais capazes e mais seguros” e que eles “atendem com segurança centenas de milhões de pessoas a cada semana”.
É provável que os conflitos persistam em um campo em que a criação de um sistema de IA, mesmo que relativamente modesto, exige recursos “muito além daqueles de uma universidade de pesquisa típica”, disse Michael Kearns, professor de ciência da computação da Universidade da Pensilvânia.
Mas Kearns, que faz parte do comitê que escolhe os ganhadores do principal prêmio da ciência da computação - o Prêmio Turing - disse que esta semana marca uma “grande vitória para a pesquisa interdisciplinar” que estava sendo construída há décadas.
Hinton é apenas a segunda pessoa a ganhar tanto o prêmio Nobel quanto o prêmio Turing. A primeira, o cientista político Herbert Simon, ganhador do Turing, começou a trabalhar no que ele chamou de “simulação computacional da cognição humana” na década de 1950 e ganhou o prêmio Nobel de economia em 1978 por seu estudo sobre a tomada de decisões organizacionais.
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Wing, que conheceu Simon no início de sua carreira, disse que os cientistas ainda estão apenas no início da descoberta de maneiras de aplicar os recursos mais poderosos da computação em outros campos.
“Estamos apenas no começo em termos de descoberta científica usando IA”, disse ela.
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Today, 7:17 AM
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Em disputa com a Epic Games, empresa deverá permitir lojas de apps de concorrentes em seu sistema operacional
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As pessoas que conseguem lidar bem com os desafios à medida que envelhecem têm maior probabilidade de viver mais, segundo um novo estudo. Os pesquisadores descobriram que os idosos com níveis mais altos de resiliência mental têm 53% menos probabilidade de morrer nos próximos 10 anos do que aqueles com os níveis mais baixos. Mesmo com problemas crônicos de saúde ou um estilo de vida pouco saudável, as pessoas com alta resiliência mental permaneceram 46% e 38% menos propensas a morrer dentro de 10 anos do que aquelas com menor fortaleza. “A resiliência é frequentemente discutida em termos de fatores de proteção, permitindo que adultos em ambientes normais mantenham uma estabilidade relativa mesmo diante de eventos altamente perturbadores”, escreveu a equipe de pesquisa liderada por Yiqiang Zhan, professor associado de epidemiologia da Escola de Saúde Pública da Universidade Sun Yat-Sen, na China. “Esse estudo é único no estabelecimento de uma associação estatisticamente significativa entre resiliência psicológica e mortalidade por todas as causas na população idosa e aposentada, mesmo depois de considerar os fatores de confusão”, concluíram os pesquisadores em um comunicado à imprensa da universidade. As boas habilidades de enfrentamento podem ajudar a compensar doenças crônicas de longo prazo ou deficiências em idades mais avançadas, acrescentaram. No entanto, não ficou claro se a capacidade de lidar com as situações e se adaptar está associada a um envelhecimento mais lento ou a um menor risco de morte, ressaltaram os pesquisadores. Para examinar isso, eles analisaram dados de mais de 10.500 participantes em um estudo de saúde e aposentadoria nos EUA envolvendo pessoas com 50 anos ou mais. A resiliência mental dos participantes foi determinada usando escalas que mediam qualidades como perseverança, calma, senso de propósito e autoconfiança, disseram os pesquisadores. Os resultados iniciais mostraram que quanto maior a resiliência mental de uma pessoa, menor o risco de morte. A associação foi mais forte em mulheres do que em homens. Analisando mais detalhadamente, os pesquisadores dividiram os participantes em quatro grupos com base em seu nível de resiliência mental. As pessoas com os níveis mais altos de resiliência mental tinham uma chance geral de 84% de sobreviver nos próximos 10 anos, seguidas por 79% e 72% para os dois grupos intermediários. As pessoas com os níveis mais baixos de resiliência tiveram 61% de chance de sobrevivência, de acordo com os resultados. O novo estudo foi publicado em 3 de setembro na revista BMJ Mental Health. Os resultados indicam que ter um propósito e permanecer otimista diante da incerteza pode ajudar uma pessoa a perseverar em circunstâncias que, de outra forma, poderiam reduzir a expectativa de vida, concluíram os pesquisadores. “As descobertas ressaltam a possível eficácia das intervenções destinadas a promover a resiliência psicológica a fim de reduzir os riscos de mortalidade”, escreveram os pesquisadores em um comunicado à imprensa da revista.
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Today, 6:50 AM
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Com o processo de envelhecimento acelerado do Brasil, as empresas passaram a desenvolver programas exclusivos para a contratação de trabalhadores com mais 50 anos. Em geral, esses profissionais, sobretudo aqueles com idade superior a 60 anos, são vistos com mais inteligência emocional e maturidade para lidar com os desafios do dia a dia. O Brasil passa por uma transformação importante no mercado de trabalho. Nunca tantos brasileiros com mais de 60 anos estiveram ocupados. No segundo trimestre do ano passado, eram 8,042 milhões, um recorde, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na varejista Grupo Pereira, que abrange 125 unidades de negócio - incluindo 31 lojas da rede de supermercados Comper e 60 do Fort Atacadista -, a contratação de trabalhadores mais velhos ocorre ao longo de todo ano e é incentivada com a divulgação nas portas das lojas do grupo e nas redes sociais. “A grande vantagem de ter trabalhadores com mais de 60 anos é o nível de maturidade que eles já têm. Não são tão imediatistas E no varejo, todo dia é uma luta para entregar a meta de resultado, atender bem o cliente e saber que a loja tem de estar perfeita para o dia seguinte”, diz Pedro Maia, head de marketing e ESG do grupo. São cerca de 20 mil funcionários no Grupo Pereira. Desse contingente, 5% têm mais de 60 anos. “Estamos em praças com pleno emprego, como é o caso da região Sul. Há uma grande dificuldade de contratação”, afirma Maia. “No momento que vimos essa dificuldade, unimos o útil ao agradável.” Os números do IBGE confirmam esse cenário de pleno emprego apontado pelo executivo. Segundo o órgão, o desemprego na região Sul foi de 4,7% no segundo trimestre, número abaixo do apurado para todo o País (6,9%) no mesmo período. No Grupo Pereira, as vagas para os trabalhadores mais velhos podem se dar para funções mais simples, como repositor de gôndola, mas é possível ocupar posições na parte de operação e em cargos de supervisão. “São profissionais que conseguem assumir cargos de supervisão e coordenação”, afirma Maia. “Tem facilidade para tratar pessoas. A juventude, às vezes, não tem essa inteligência emocional eles já vêm com bagagem de casa.” Na RD Saúde, a meta é chegar em 2030 com 6% dos empregados com mais de 50 anos. Hoje, ao todo, a companhia tem quase 62 mil funcionários - 1.715 tem mais de 50 anos e 590 estão acima dos 60 anos. “Esse é um grande desafio, porque abrimos 300 farmácias (previsão para 2024 e 2025), então o número de funcionários cresce muito”, diz Cassiana Toledo, gerente de diversidade e inclusão da empresa. A grande maioria dos trabalhadores da companhia - cerca de 80% - atua nas farmácias, em diferentes posições, como atendentes, farmacêutico e gerente de loja. “O nosso negócio é trabalhar com a longevidade. E, às vezes, essa identificação (do cliente mais velho) com uma pessoa da mesma faixa etária transmite mais confiança”, afirma Cassiana. “Não é que as outras pessoas não tenham, mas é uma identificação importante.” Nos últimos anos, a Nestlé também ampliou a quantidade de funcionários com idade superior a 50 anos. “Em 2019, começamos a olhar para as vagas afirmativas. E isso vem crescendo e ganhando relevância dentro da companhia”, diz Augusto Drumond, head de diversidade e inclusão da empresa no Brasil. De início, foram contratadas 60 pessoas com mais de 50 anos de forma temporária para trabalhar em mercados e supermercados parceiros para uma campanha corporativa. “São pessoas que têm uma interação direta com o consumidor nesse momento que é tão importante para o negócio”, diz Drumond. “Elas acumularam um conhecimento e uma forma de lidar com o nosso consumidor que é muito particular. Chegam na companhia com a vontade fazer e entregar o melhor.” Hoje, esse programa desenvolvido pela Nestlé aumentou o número de vagas para 600. Ao longo dos últimos quatro anos, portanto, foram cerca de 2 mil vagas temporárias destinadas para profissionais com mais de 50 anos. “E no ano passado, a gente deu um passo muito importante ao olhar de forma mais ampla para a vaga afirmativa, sem ser em postos temporários. Nas nossas marcas com lojas próprias, temos esse olhar de vagas (afirmativas) definitivas“, afirma Drumond. Na companhia, além dos postos temporários, 2 mil funcionários são fixos e têm mais de 50 anos. “Começamos também a ter vagas na divisão técnica, ou seja, nas fábricas, mas ainda sem um programa estruturado.” A empresa de telecomunicações Atento, que tem 51% do quadro de funcionários (de 50 mil funcionários) formado por jovens, também criou um programa de Taletos 50+ como parte da política de diversidade e inclusão do grupo. Hoje a companhia tem 890 profissionais ativos com a faixa etária entre 60 e 79 anos. Outra iniciativa é fomentar e aumentar o respeito mútuo, incentivando uma troca e convívio harmonioso e colaborativo entre as gerações. “Isso inclui questões relacionadas às vivências geracionais, como também aspectos físicos, culturais e sociais que moldam nossas identidades e interações”, afirma a empresa. O diretor-geral da Robert Half América do Sul, Fernando Mantovani, diz que encontrar o equilíbrio entre as diversas gerações no ambiente de trabalho tem sido desafiador. Segundo ele, a maioria das empresas, cerca de 68%, enfrenta dificuldades na colaboração intergeracional. Os principais obstáculos incluem conflitos entre gerações (32%) e dificuldades de comunicação e integração entre profissionais de diferentes idades (29%), completa o executivo. “Por outro lado, é amplamente reconhecido que a diversidade impulsiona a inovação e o crescimento sustentável. O que muitas empresas ainda não perceberam é que a inclusão de talentos seniores pode ser um grande diferencial competitivo.” Companhias que apostam na diversidade etária promovem uma troca de experiências em que inovação e sabedoria se complementam. Outro ponto é que a inclusão geracional vai além da contratação de profissionais. “Não basta diversificar a equipe, é fundamental criar ambientes que favoreçam a colaboração intergeracional e implementar programas que valorizem o conhecimento acumulado ao longo dos anos”, completa Mantovani.
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Apesar de algumas limitações, ferramenta é capaz de resumir vídeos do YouTube, gerar apresentações e criar guias de estudo
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Today, 6:26 AM
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Carta ao presidente americano Franklin D. Roosevelt em 1939 teria estimulado programa que desenvolveu uma das invenções mais destrutivas da história humana: a bomba atômica.
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Today, 6:22 AM
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Os dilemas morais apresentam situações hipotéticas diante das quais devemos agir. O fato de estarem em nosso idioma nativo ou em um segundo idioma pode influenciar o tipo de resposta que damos.
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Grande parte da comunicação entre as plantas acontece no subsolo, facilitada por grandes redes de fungos conhecidas como 'rede global florestal' ou 'internet das árvores'.
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Prova mede o conhecimento em outra língua e pode ajudar interessados a ganhar bolsa em uma universidade
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Poucos dias depois da volta às aulas, os estudantes italianos se deparam com um novo sistema de avaliação, que mira o comportamento deles dentro da escola. Aprovada em definitivo pelo Parlamento no fim de setembro, a reforma retoma a nota de boa conduta em alguns níveis e introduz punições mais severas para quem for considerado indisciplinado.
Criada na Itália no início do regime fascista de Benito Mussolini (1883-1945) pelo então ministro Giovanni Gentile, no cargo de 1922 a 1924, a regra da nota de comportamento, em diversas versões, vigorou até 1977, ressurgiu em 2008 e havia sido abolida parcialmente em 2017. Agora, além de ser readotada no ciclo equivalente ao ensino fundamental 2, terá efeito maior para o ensino médio.
O ministro da Educação da Itália, Giuseppe Valditara, participa de um comício do partido de ultradireita Liga em Pontida, no norte do país. Na placa, se lê a frase 'defender as fronteiras' - Piero Cruciatti - 6.out.24/AFP Entre as medidas em vigor está a possibilidade de o aluno repetir o ano se receber nota de comportamento inferior a 6, independentemente das demais disciplinas. Para aquele que tirar nota 6, são previstas atividades de recuperação em educação cívica, como um texto sobre "cidadania ativa e solidária".
A reforma é uma iniciativa do ministro da Educação e do Mérito, Giuseppe Valditara, do partido Liga, de ultradireita. "Representa um passo fundamental para a construção de um sistema escolar que responsabilize os jovens e devolva autoridade aos docentes", disse ele após a aprovação do texto.
A mudança conta com o apoio da associação nacional de diretores de escola. Como justificativa, são citados casos de comportamento considerados graves e incomuns, como atos de violência contra dirigentes e professores. A nova lei prevê multas de € 500 a € 10 mil (R$ 3.000 a R$ 60 mil) para quem comete crimes de agressão contra funcionários de institutos de educação.
1 10 Quem é Giorgia Meloni, primeira mulher a governar a Itália e herdeira do fascismo Giorgia Meloni, 45, nasceu em Roma e cresceu no bairro popular de Garbatella. Segundo conta em biografia, viveu infância com dinheiro contad Andreas Solaro - 25.set.22/AFPMAIS
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VOLTARFacebookWhatsappXMessengerLinkedinE-mailCopiar link Por outro lado, a reforma é criticada pela União dos Estudantes e por políticos da oposição, que classificam a medida de autoritária e de retrocesso. "É uma reforma de segurança. Não incide muito no processo educativo, a não ser pela punição", diz Cristiano Corsini, professor de pedagogia e avaliação escolar da Universidade Roma Tre. "A nota de conduta tem raízes no fascismo e também faz referência ao ambiente carcerário —quem tem boa conduta recebe benefícios."
Para o professor, "avaliar comportamento é diferente de dar nota para comportamento". "Avaliar significa poder melhorar, construir uma relação de respeito às pessoas e às regras. Dar uma nota de conduta é uma visão autoritária."
Um dos pontos críticos do texto é o uso de números na avaliação, em vez de conceitos. "Isso dá impressão de objetividade e precisão. Parece algo científico, mas frequentemente não é", diz Corsini. A avaliação do comportamento será realizada por um grupo de professores e já vale para o ano escolar recém-iniciado.
lá fora Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo
Carregando... Outro tópico controverso, segundo especialistas, é que o mau comportamento vai pesar mais sobre a avaliação final de quem conclui o ensino médio. Mesmo se o aluno obtiver notas altas em todas as outras disciplinas, se receber menos que 9 em conduta não poderá se formar com a avaliação geral máxima.
Na visão de Corsini, isso dá ao docente um excesso de poder. "Ele pode condicionar a carreira universitária, por exemplo, de um estudante que tenha levantado a mão para expressar uma opinião crítica. A avaliação foi concebida como uma arma, não como um instrumento para melhorar as atividades."
Desde que assumiu, há dois anos, o governo da primeira-ministra Giorgia Meloni adotou uma série de medidas linha-dura na segurança. Poucos dias antes de a reforma escolar virar lei, em 25 de setembro, outro projeto foi aprovado na Câmara com novos crimes e penas mais severas para, entre outras coisas, quem protesta dentro de presídios ou bloqueando ruas, como os ativistas climáticos costumam fazer na Itália. O texto foi para o Senado.
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Today, 5:57 AM
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A demora para conquistar um espaço no mercado formal vai além dos cargos de chefia. Em dezembro de 2022, a geração Z ocupava 25,1% das vagas formais no Brasil em regime CLT. Já a geração millennial, com a mesma idade (até 27 anos, em 2008), ocupava 33,8% das vagas.
Elvis Cesar Bonassa, diretor da Kairós, alerta que há uma ambiguidade no comportamento das gerações no mercado de trabalho: mesmo ocupando espaço menor, os jovens empregados em 2022 representavam 30% da geração Z.
Já aqueles jovens empregados em 2008 representavam um percentual menor, 26% da geração millennial. "Ou seja, a geração Z consegue proporcionalmente mais empregos e, no entanto, ocupa uma parte bem menor do mercado de trabalho."
Isso ocorreu, pois, em números absolutos, o total de jovens com trabalho formal subiu 3,8%, de 10,6 milhões, em 2008, para 11,04 milhões, em 2022.
O mercado de trabalho teve um crescimento nesse período, de 31,4 milhões para quase 44 milhões de postos de emprego formal, fazendo cair a participação proporcional dos jovens.
O envelhecimento da força de trabalho ajuda a explicar a demora para que os mais jovens ocupem cargos de comando nas empresas.
"Parece haver um menor ímpeto de envolvimento dessa geração com o trabalho formal e colocar como meta pessoal alcançar um posto de comando, como gerações anteriores pareciam ter. Também há pessoas mais velhas ocupando os cargos de chefia por mais tempo, a distância temporal não foi suficiente para uma troca de geração", diz ele.
Segundo Bonassa, como a geração Z parece valorizar mais a qualidade de vida do que a fidelidade ao emprego e a ascensão profissional rápida a qualquer custo, isso se reflete em sua trajetória no mercado.
"As formas virtuais de trabalho dão uma sensação maior de liberdade e poucos jovens parecem dispostos a ficar 12 horas por dia em uma empresa tradicional."
A diferença entre gerações no ambiente de trabalho é algo que motiva João Prandini, 26. "Mesmo nas startups em que eu trabalhei, não era um ambiente tão novo assim. Os chefes já eram pessoas formadas em suas áreas, que trabalharam para grandes empresas e queriam começar seus próprios projetos."
Tendo grande parte de sua experiência de trabalho durante a pandemia, ele conta ter se acostumado ao trabalho remoto ou, pelo menos híbrido, e que essa flexibilidade acaba pesando na escolha de uma vaga. O designer mora em São Paulo e hoje trabalha para uma empresa com sede nos Estados Unidos.
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Today, 5:53 AM
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Em 1941, a Lei das Contravenções Penais previa a proibição dos jogos de azar, embora a existência de cassinos fosse tolerada. De lá para cá, muita coisa mudou. Cassinos foram proibidos e fechados, e o jogo se tornou monopólio das casas lotéricas, geridas pelo poder público e limitadas em número e extensão.
O que não mudou, contudo, foi o intento humano de tentar manipular a sorte, arriscando a ganhar ou perder em eventos que dependem do acaso. A voracidade pelas apostas inflou uma extensa atividade paralela, no qual despontou o jogo do bicho, capitaneado por agentes às margens da lei, mas não tão às margens da sociedade.
Jovem mostra tela de celular com app de apostas, em Brasília - Pedro Ladeira - 12.jan.2024/Folhapress Passado meio século, o mercado legal de apostas foi reaberto. A aprovação da lei 13.756/2018 criou um regime de autorização para a exploração privada das apostas de quota fixa e determinou um prazo de dois anos, prorrogável por mais dois anos, para sua regulamentação. Nesse período, proliferaram as bets, empresas que exploram os mais variados tipos de apostas, com sedes no Brasil e no exterior.
Movimentaram valores impressionantes, patrocinaram times de futebol e impactaram o mercado de bens de luxo, com a aquisição de aeronaves, automóveis e obras de arte. Com o fim da clandestinidade, o jogo tornou-se um personagem oficial das propagandas, arenas e redes sociais.
Em 2023 foi promulgada a lei 14.790, que pôs de pé as primeiras regulamentações, em uma tentativa de conter um crescimento desgovernado do mercado de apostas esportivas, proteger o consumidor e evitar que o setor fosse usado para a lavagem de dinheiro. O governo definiu regras para o cadastramento das empresas no Ministério da Fazenda, estabeleceu diretrizes para sua tributação e determinou a retirada do ar das casas de apostas sem pedido de outorga na Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA). Em outras palavras, deu um passo para sanear o setor.
1 4 Moradores da periferia são os mais viciados em jogos online Na periferia de São Paulo, a vontade de enriquecer se alia à necessidade de resolver questões financeiras dentro de casa. Por isso, muitos r Allison Sales/FolhapressMAIS
VOLTARFacebookWhatsappXMessengerLinkedinE-mailCopiar link Mas há mais a ser feito. O crescente endividamento da já combalida população brasileira com o jogo é preocupante. Ainda que não haja consenso sobre valores, impressionam os volumes gastos no setor pelos beneficiários do Bolsa Família. Empresas de varejo e de ensino sentem os impactos da troca de bens de consumo e educação por fichas de apostas, e cresce a preocupação com o endividamento e o possível vício de adolescentes nos cassinos virtuais.
Tais problemas não são argumentos para demonizar o setor. Gostemos ou não, os jogos e apostas como entretenimento existem desde os tempos imemoriais, e é preciso assegurar que esse tipo de entretenimento seja legítimo e não atividade criminosa. Por isso, não parece adequado defender o regresso a um sistema de proibição total, ou uma política de paternalismo excessivo —mas alguns cuidados são importantes na regulação do setor.
Um deles: resguardar a idoneidade e seriedade do mercado de bets.
É necessário aprimorar regras de supervisão e funcionamento das empresas; restringir certas formas de publicidade, em especial as direcionadas aos jovens, e o uso de cartões de crédito ou formas de endividamento para apostar; definir critérios de compliance e de prevenção de lavagem de dinheiro. É importante que as empresas do setor comuniquem atividades suspeitas de seus clientes às autoridades de inteligência financeira e preservem dados e informações a respeito de suas operações.
1 6 Regulamentação de bets no Brasil O projeto de lei para autorizar as empresas de apostas com alíquota fixa a funcionar no Brasil foi aprovado ao fim de 2018. Depois dessa eta Pedro Affonso/FolhapressMAIS
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VOLTARFacebookWhatsappXMessengerLinkedinE-mailCopiar link Outra cautela é proteger o consumidor de tais serviços, para que não se torne um jogador patológico. Para além dos danos sociais do superendividamento das famílias, é preciso pensar nos danos psíquicos à saúde do apostador adicto —o SUS e os CAPs (Centros de Atenção Psicossocial) não estão equipados para lidar com esse problema.
Por fim, como se trata de um mercado que movimenta bilhões de reais, deve-se resguardar o interesse do Estado brasileiro como ente arrecadador. Uma vez que está concedendo —por meio de outorga— a exploração de atividade considerada de alto risco para o usuário, deverá receber a contrapartida em tributos (aplicáveis à casa de apostas e ao apostador, a depender do valor do prêmio), de modo que possa reverter tal arrecadação em benefício da sociedade.
É um caminho longo a ser percorrido, e a solidez dos primeiros passos será decisiva para a consolidação de um mercado regulado, seguro e capaz de promover uma atividade econômica legítima, com as proteções necessárias aos usuários, ao fisco e à segurança pública.
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Inovação Educacional
Today, 5:31 AM
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A ausência de saneamento básico, que ainda afeta ao menos 49 milhões de brasileiros, segundo dados do Censo de 2022, tende a causar danos irreversíveis em crianças de 0 a 6 anos e contribui diretamente para a desigualdade de renda no longo prazo. Conforme mostra o estudo “Futuro em risco: os impactos da falta de saneamento para grávidas, crianças e adolescentes”, elaborado pelo Instituto Trata Brasil, a falta de acesso a esgoto e água tratada prejudica o desenvolvimento cognitivo nos primeiros anos de vida, além de causar afastamentos em creches e escolas devido a doenças como diarreia e desnutrição. De acordo com o estudo, no longo prazo, ao analisar 35 anos de vida profissional, haverá, em média, uma diferença de 46,1% maior nos rendimentos de quem teve acesso ao saneamento básico desde a primeira infância. No cálculo do Instituto Trata Brasil, durante esse período, quem teve acesso consegue obter uma média de R$ 251.670,81, enquanto quem foi privado do saneamento consegue ganhar R$ 125.656,49. A diferença de R$ 126 mil pode representar, por exemplo, a capacidade de comprar ou não uma casa própria ao longo da vida adulta. “O saneamento básico é primordial para o desenvolvimento físico e neurológico de uma criança e, consequentemente, para o aprendizado dela”, comenta a presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto. “Quando se fala de primeira infância, o grande impacto é na saúde, pois as crianças acabam não tendo os nutrientes necessários devido a diarreias frequentes e todos os outros problemas relacionados à falta de saneamento. Além da diarreia, outras doenças de veiculação hídrica são a dengue e a cólera, por exemplo, que proliferam devido à água parada ou contaminada. Conforme aponta o levantamento, baseado em dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 (IBGE), entre as 18,3 milhões de crianças de até seis anos registradas no país naquele momento, 6,6 milhões tinham algum histórico de afastamentos por doenças de veiculação hídrica ao longo do ano do ano, comprometendo diretamente a frequência em creches, pré-escola e atividades sociais. “Em outros termos, aproximadamente 4 a cada 10 crianças com idade até 6 anos se afastaram de suas atividades rotineiras em razão de diarreias e doenças transmitidas por insetos e animais”, pontua o relatório do Instituto Trata Brasil. De acordo com a presidente-executiva do instituto, a incidência dos afastamentos e a própria contaminação em si, que suga a energia das crianças para sobreviver em vez de estar se desenvolvendo cognitivamente, gera uma defasagem quase irreversível para o futuro dessas crianças. “Na segunda infância [dos 7 aos 11 anos] os problemas de saúde causados pela falta de saneamento já não são tão altos quanto na primeira infância, mas é muito difícil de recuperar e a gente vê o reflexo no desempenho escolar de maneira muito direta.” Segundo o estudo, a estimativa é de que há um atraso médio de 1,8 ano de escolaridade de jovens de 19 anos que não tiveram acesso a saneamento. Uma das avaliações desse impacto é apontada pelo estudo no Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) de 2021, que mediu o desempenho escolar por meio das notas obtidas pelos alunos do 5º ano do ensino fundamental, cuja maioria tinha idade entre 10 e 11 anos. Ao avaliar as diferenças de notas nas provas de língua portuguesa e matemática para os alunos de um primeiro grupo que não dispunha de água tratada na rua de sua residência e o segundo que desfrutava dessa infraestrutura, o estudo observou que o grupo sem água tratada uma nota em língua portuguesa 20,9 pontos inferior à nota do grupo com água tratada na rua. Na prova de matemática, a diferença foi semelhante, de 19,1 pontos entre os dois grupos. “Assim, a soma das notas das duas provas acumulou uma diferença de 40,0 pontos a menos no grupo de alunos sem água tratada na rua de sua residência”, indica o relatório. Apesar dos dados mostrarem evolução no acesso ao saneamento básico no país, o problema ainda está longe de ser resolvido porque, segundo outros levantamentos do Trata Brasil, 102,7 milhões de brasileiros ainda moram em residências com algum tipo de privação de saneamento – a moradia não está ligada na rede geral de abastecimento de água ou a água não chega de maneira regular ou não tem reservatório para armazenar a água que chega, ou não está ligada à rede coletora de esgoto ou sequer banheiro tem. Em termos absolutos, o maior número de pessoas com algum tipo dessas privações estão no Nordeste brasileiro (40,3 milhões de pessoas 39,5% do total), mas todas as regiões do país ainda enfrentam o desafio de universalizar o saneamento básico Embora o Novo Marco legal do Saneamento Básico, de 2020, determine que o saneamento básico precise chegar a 100% dos brasileiros até 2033, o Trata Brasil diz que, no ritmo atual, o objetivo não será alcançado até 2070. “Aquele velho ditado de que obra enterrada não dá voto ainda é realidade em algumas regiões do país. Muitas vezes os governantes enxergam o saneamento como um passivo político, e não um ativo, mesmo que o acesso à água e coleta e tratamento de esgoto traga benefícios desde a redução nos custos de saúde à melhora do desempenho escolar e renda média futura”, lamenta Pretto. “E muitas vezes a população também não exige o avanço do acesso ao saneamento por desconhecimento desses benefícios a longo prazo."
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